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História Irresistible Desire - Ao Anoitecer: parte 2


Escrita por: LiihAndrade

Notas do Autor


Boa leitura! Espero que gostem :)

Capítulo 4 - Ao Anoitecer: parte 2


Fanfic / Fanfiction Irresistible Desire - Ao Anoitecer: parte 2

Chegamos, depois do que me pareceu meia hora, até um Pub consideravelmente espaçoso. Sua fachada era completamente preta, e algumas frases em neon vermelho se espalhavam por ali; as portas e janelas espaçosas dali tinham seu parapeito igualmente vermelho. Aquele não parecia ser um ambiente adepto a adolescentes, mas não que isso fosse respeitado: o Pub se encontrava lotado por gente que parecia ter a minha idade, todos com sorrisos em suas faces e copos na mão.

 Aquele lugar parecia ter vida própria.

Jake abriu a porta dupla para mim e fomos procurar uma mesa para sentarmos. Algumas máquinas de jogos se espalhavam pelo local, assim como mesas de sinuca e de Poker. Várias garçonetes passavam por onde conseguiam e a música alta inibia um pouco o barulho de risadas e gritos de comemoração que alguns soltavam esporadicamente por ter ganhado algo nas máquinas. 

Aquele não parecia um bom lugar para Jake me ajudar a arrumar a capa do jornal… Mas naquele momento eu não me importei muito com isso.

— Aqui está bom? — Perguntou-me a respeito de uma mesa ao lado de uma máquina de músicas.

— Claro — Respondi com um sorriso.

A mesa era redonda e negra, enquanto seus assentos possuíam almofadas vermelhas —  Parecia que todo o local era decorado dessa maneira. Sentamo-nos um ao lado do outro, e Jake colocou sua cadeira em frente a minha, de modo que nossas pernas involuntariamente se entrelaçavam quando nos mexíamos. 

— Você já veio aqui antes? — Jake me perguntou ao perceber que eu reparava em tudo do lugar.

— Eu acho que não… Mas não tenho certeza. Minha memória não é uma das melhores — Respondi brincando, ao passo que Jake sorriu para mim.

— Então é verdade sobre o acidente?

— Você não sabia?! — Perguntei surpresa, talvez não tão surpresa por Jake não saber sobre o acidente, mas sim por eu não ter me perguntado antes se nós dois já nos conheciamos. E, pelo visto, a resposta era não.

— Eu não quis acreditar em boatos, você sabe como eles são… Preferi ouvir pela sua boca. — Jake então olhou para os meus lábios e eu senti meu rosto corar.

Como eu era boba.

Para disfarçar a minha vergonha, chamei uma das garçonetes e pedi algo para tomar. Os nomes das bebidas eram os mais estranhos possíveis, sendo a maioria nomes de bandas ou cantores famosos. Acabei pedindo um "Rolling Stones", enquanto Jake se decidia entre um "Aerosmith" ou um "Sex Pistols" — acabamos nos divertindo com isso.

Passaram alguns momentos até que a bebida chegou. Ficamos conversando sobre diversos assuntos, e rimos bastante. Jake era um cara legal e, se antes havia o mínimo de desconfiança sobre ele, aos poucos esse sentimento se distanciava de mim. 

De repente, a conversa acabou. Ficamos nos olhando, como se estivéssemos vidrados. Eu não conseguia decifrar o que ele estava pensando de mim através de seus olhos, mas Jake parecia me olhar como se eu fosse translúcida. Ao perceber isso, abaixei meus olhos para a minha bebida e coloquei o canudo na ponta dos meus lábios, tentando achar um assunto para parar aquele momento.

— Então você não me conhecia antes? — Perguntei, afastando um pouco o canudo e me debruçando um pouco mais sobre a mesa. O barulho alto da música e a multidão que se instalava no lugar estava começando e me deixar confusa e já não conseguia ouvir tão bem Jake, por isso estávamos mais perto do que era seguro.

— Cheguei ano passado na cidade. Mas bem que queria te conhecer um pouco melhor, Caitlin.

Jake piscou pra mim e colocou sua mão no meu joelho, já que minha perna estava apoiada na sua cadeira. Um arrepio cresceu sobre mim, mas eu já não estava com vergonha, na verdade não sabia muito bem o que estava sentindo; talvez fosse um misto de nervosismo com vontade de sair um pouco da zona de conforto que havia se instalado em meu interior desde o acidente. A verdade é que eu estava há muito tempo sem ter aquele tipo de contato com uma pessoa, especialmente com um homem. Não sabia como deveria me comportar ou se tinha algum jeito específico de me comportar naquela situação — Para ser ainda mais sincera, não me lembrava ao certo de como era... Um beijo.

Seu rosto se aproximava cada vez mais do meu, enquanto sua mão acariciava vagarosamente a minha coxa. Seus olhos se fecharam, e a situação pedia para que os meus também se fechassem para que as nossas bocas pudessem, finalmente, acabar com aquela tensão. Bem no momento em que ele avançou para o beijo e finalmente minha mente decidiu deixar isso acontecer… Minha mão, como em um reflexo, se colocou entre nós.

Nossos olhos se abriram e, enquanto Jake me olhava como se ainda pudesse acontecer aquele momento, eu, subitamente, olhei para ele com uma cara de “o que a gente ia fazer?!” e tentei disfarçar a situação com um sorriso de bochecha a bochecha:

— Está quente aqui, não está? — Perguntei retoricamente, fingindo me abanar com as mãos — Eu preciso ir ao banheiro, você sabe onde fica?

Jake sorriu, percebendo o meu disfarce, mas mesmo assim deixou com que eu “fugisse” dele por alguns segundos.

— É só ir reto e virar à esquerda.

Sorri para ele e me levantei da cadeira.

O ambiente estava tão lotado que não conseguia ver o lugar que Jake havia apontado. As pessoas me empurravam de cá para lá e acabei sendo levada por elas, que me desviaram um pouco do percurso. Já não dava mais para ver Jake nem o ambiente mais calmo no qual estávamos. Acabei tropeçando em alguém e, sem querer, fui parar em uma das mesas de sinuca. Os jogadores, bem mais altos e fortes que eu, me olharam de uma maneira agressiva, como se eu estivesse atrapalhando o jogo deles. Dei alguns passos para o lado e fiquei em um corredor entre as quatro mesas de sinuca que se dispunham em pares. Apoiei-me em uma mesa que parecia estar vazia, provavelmente os jogadores tinham acabado de sair dela, e tentei me acalmar: a multidão havia despertado em mim um pouco de claustrofobia. 

Nas pontas dos pés, tentava enxergar por cima das pessoas a porta do banheiro, ou ao menos a porta dos fundos para poder tomar um ar.

De repente, algo me chamou atenção.

Subi em uma espécie de degrau que tinha ao lado de cada pé da mesa de sinuca e, esticando ao máximo que podia o meu corpo, consegui ver o que tanto me chamara a atenção.

Uma garota ruiva, que aparentava ter a minha idade, estava encostada à parede com um copo em mãos. Contra o seu corpo, alguém a encurralava contra a parede, porém sem a forçar a ficar lá. Aquele que a cercava fazia, as vezes e calculadamente, carícias no rosto da garota, alterando, esporadicamente, com passadas de mão em sua cintura. Ela parecia adorar isso.

Foi então que percebi quem era ele.

Aquele era o meu vizinho.

De boca aberta, tentei me esticar mais ainda para ver melhor a cena — de tal forma que quase acabei caindo. Fiquei nas pontas dos pés e prestei ainda mais atenção.

Heath estava debruçado sobre a garota, tendo seu braço contra a parede acima do rosto dela, enquanto seu corpo e rosto quase roçavam na ruiva. Por ser mais alto que a garota, suas costas esguias estavam arqueadas e seu rosto se curvava para poder olhá-la no rosto , não perdendo de forma alguma a desenvoltura e os movimentos calculados típicos dele.

Apesar daquilo, o que mais me chamava atenção eram as suas roupas. O coturno que calçava de couro parecia sujo de lama, de tal forma que conseguia ver de onde eu estava, e também aparentava estar todo desamarrado. O final de sua calça jeans um pouco larga também estava suja de lama no local em que o coturno a cobria. A camisa preta que vestia parecia muito fina, tendo seus músculos e costas marcados por ela, afinal parecia estar ensopada. Seu cabelo molhado também entregava a prova de uma só conclusão: agora tinha certeza de que tinha sido Heath o invasor da minha casa mais cedo.

Arregalei meus olhos.

No início, tentei pensar racionalmente:

“Tudo bem… Talvez não tenha sido ele. Ele pode ter se molhado no caminho para cá, ou quem sabe eu estou muito longe, e a roupa dele esteja perfeita de perto. Além do mais, isso não quer dizer nada e…”

Mas quando percebi, já estava me esgueirando entre a multidão para chegar até Heath e tirar satisfações.

Fui jogada novamente em diversas direções pelas pessoas, mas dessa vez estava tão decidida a chegar ali e tão brava, mesmo sem saber direito o porquê, que cortava as pessoas e até mesmo chegava a empurrar outras que não saiam da minha frente.

A minha visão começava a ficar embaçada, e algumas vezes ela se escureceu por completo, mas não estava me importando com isso.

Quando finalmente cheguei atrás dele, senti meu corpo esquentar.

Coloquei minha mão sobre o seu ombro e puxei-o para que olhasse para mim. Com alguma dificuldade, ele se deixou virar por mim e, quando me viu ali, prostrada em sua frente, virou-se completamente, deixando a garota com quem estava antes no vácuo.

— Caitlin Dagger… — Heath disse com um meio-sorriso de lado. Sua voz estava um pouco rouca e parecia embargada em uma sensação de calma diferente; como se nada pudesse lhe afetar e, mesmo assim, estivesse ferido por algo.

Inibi todos os sentimentos que ele conseguia me passar e pensei somente no momento em que a porta do meu quintal se abriu e alguém, ou melhor, ele estivera a sós comigo. Afinal, o que ele pretendia fazer ali comigo?

— Por que você fez aquilo?! — Gritei inconformada, a alguns centímetros apenas dele — O que você queria?!

Heath continuava a me olhar, porém não demonstrava reação nenhuma: nem de confusão, nem de curiosidade. Apenas estava ali, com a sua mandíbula contraída e me olhando com atenção. Fora de mim e com raiva por ele não demonstrar nada e nem confessar que havia sido ele, dei um soco em seu ombro — Heath pareceu nem sentir, e mal se mexeu.

A garota que estava com ele foi embora e então nós dois ficamos a sós. A multidão formava uma espécie de bolha a nossa volta. Minha respiração começava a ficar pesada e a sensação de estar sozinha com Heath me inundava em algo que não conseguia identificar dentro de minha mente. Mesmo assim estava decidida a ter a última palavra ali.

— Se você tentar mais uma vez… Eu juro que eu… — Tentava concluir, mas a minha cabeça e a minha vista pareciam girar em círculos — Juro que você…

A sensação que eu tinha era a mesma de alguns meses depois do acidente. Tudo a minha volta girava e parecia estar distante de mim, ao mesmo tempo em que me sentia sufocada. Olhei com medo para Heath — aquele sentimento sempre me apavorara.

— Hei… O que foi? — Heath me perguntou segurando o meu rosto — Você está bem?

Tentei me desvencilhar de seu toque, mas por mais que insistisse, meu corpo não obedecia. Cheguei até mesmo a cambalear e tive que me apoiar em seu corpo para não cair, porém ainda tentava dizer confusa:

— Não… Não encosta em… Mim…

Senti a minha pressão abaixar descomunalmente e nuances de temperatura se alteravam em meu corpo. Olhei para Heath piedosamente, como se implorasse para que ele me ajudasse a acabar com aquilo. Foi então que meu corpo caiu.

A última coisa da qual me lembrava eram os braços de Heath me carregando para longe da multidão e daquele lugar.

XXX

Acordei com uma dor de cabeça terrível.

Meus cílios pareciam grudados, assim como os meus lábios. Depois de algum esforço, consegui abrir meus olhos e nada ao meu redor parecia fazer sentido. 

Estava deitada em uma cama, lençóis cinzas cobriam parte do meu corpo. Por alguns segundos, fiquei paralisada apenas olhando para o teto, tentando lembrar de algo que havia acontecido para eu ter parado em uma cama. Aos poucos, minha mente foi se recompondo e consegui sentar na beirada do colchão.

Tateando no escuro, tentava achar com as pontas dos dedos o interruptor para acender a luz, porém de forma alguma eu conseguia encontrá-lo; parecia até mesmo que não se encontrava no lugar de costume. Com esforço, levantei-me da cama e fui até a janela, que inibia a passagem dos raios de luz por causa da cortina. Retirei o tecido escuro e então o quarto se iluminou.

Olhei com dúvida ao meu redor. Conforme minha visão se acostumava à luz e minha pupila conseguia começar a diferenciar os móveis e os objetos no quarto, um semblante cada vez mais confuso se alojava em minha expressão. Olhei pela janela e o que encontrei me deixou ainda mais confusa: aquela era a minha casa através da janela?

Foi então que percebi: a cama na qual estava deitada não era minha. Os lençóis, os móveis, a luminária, a janela… O quarto. Nada daquilo era meu.

“Por que estou no quarto do Heath?!”.


Notas Finais


Críticas, elogios ou reclamações serão muito bem aceitos e amados :)


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