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História Irresistible Desire - No Quarto Dele


Escrita por: LiihAndrade

Notas do Autor


Boa leitura :)

Capítulo 5 - No Quarto Dele


Fanfic / Fanfiction Irresistible Desire - No Quarto Dele

Devo ter esfregado minhas mãos em meus olhos mais de dez vezes, e ao menos duas vezes olhei através da janela para ter certeza de que aquilo era verdade, eu estava realmente no quarto dele.

Prontamente, pensei em abrir a janela e fugir imediatamente para o meu quarto; talvez essa fosse a forma mais segura de se resolver aquela situação. Mas então refleti melhor: Heath não estava ali, eu ainda estava com as minhas roupas em meu corpo e, aparentemente, ele não tinha feito nada comigo além de ter me trazido para a sua cama quando desmaiei.

“A curiosidade matou o gato…” Lembrei do provérbio e um arrepio subiu pela minha espinha. Andando de um lado para o outro em frente a janela, tentei mudar a expressão: “Bem… O Heath é gato, então minha curiosidade é inofensiva para mim… E além do mais, sempre gostei mais daquele outro ditado: Quem não arrisca não petisca.”

Parei de andar de um lado para o outro e um breve sorriso se abriu em meu rosto, talvez pelos meus pensamentos ou talvez pela tensão que estava sentindo por decidir ficar ali. Parecia que não conseguia me conter dentro de meu corpo.

“Estou parecendo uma avó com esses ditados… Então é isso: ficarei. Eu posso aproveitar para descobrir mais sobre ele e saber o que exatamente aconteceu ontem para ele me trazer até aqui. Ou até mesmo…” . Uma ideia surgiu em minha mente:

Aproximei-me de sua escrivaninha, próxima a janela, que possuía quatro gavetas enfileiradas. Nem eu mesma acreditava que ia fuçar suas coisas, não sabia nem mesmo o motivo pelo qual eu queria descobrir mais sobre ele: provavelmente ali não tinha mais que alguns papéis e documentos… Mas quando percebi, já estava com as minhas mãos prestes a abrir as gavetas.

Fiquei por quase um minuto me decidindo se iria mesmo abrir; virava muitas vezes para conferir se Heath ainda não estava ali, afinal não queria de jeito algum ser pega fuçando suas gavetas. Então, tomei coragem e um suspiro longo saiu por meus lábios. Lentamente, comecei a puxar a primeira gaveta para fora, e aos poucos seu interior se mostrava para mim. Conseguia ver o que parecia ser a parte inferior de um objeto: era prateado em um lado, e uma leve protuberância se encaixava no prateado, em um tipo de relevo da cor preta. Quando puxei um pouco mais a gaveta, pude ver o gatilho. Heath tinha uma arma!

“Ah não… Parece que a curiosidade vai realmente matar o gato…!”

Fechei a gaveta com pressa, e fiquei um pouco assustada com o seu barulho, afinal não sabia se Heath conseguia me ouvir. Peguei um barbante que estava em cima da mesa e amarrei à maçaneta da primeira gaveta, ligando-a a última delas, desse jeito, ele não conseguiria abri-la e pegar sua arma para me matar. Ao menos que cortasse a linha… O que era bem fácil. Mas aí então eu já teria fugido.

Ouvi passos subindo a escada, e um arrepio passou por mim. Joguei o barbante para a mesa e corri para a cama, sentando-me no meio dela, como se nada tivesse acontecido e eu tivesse acabado de acordar. Joguei os lençóis por cima do meu colo e das minhas pernas, e comecei a fingir estar me espreguiçando, até mesmo com bocejos.

Os passos se silenciaram e então meus olhos encontraram Heath parado à soleira da porta. Ele cruzou seus braços e apoiou seu ombro no batente da porta, apenas me observando de longe com um sorriso despojado. Aquele sorriso. Olhei para ele da mesma maneira, tentando demonstrar confiança, mas não tinha certeza se estava dando certo… Ele realmente me tirava do sério. E parecia que especialmente naquela manhã, como se de propósito, Heath estava ainda mais… Impressionante. 

Seu cabelo negro estava bagunçado como de costume, e seus olhos pareciam mais profundos por causa da luz. Uma camiseta branca, fina e com um óculos de sol que puxava sua gola para baixo, era complementada por uma jaqueta de couro, não muito pesada, escura, se bem que não fosse totalmente preta. Usava um cinto por sobre sua calça jeans desgastada, e o que calçava… Bem, confesso que parei de analisar o que vestia logo em sua camiseta, afinal meu olhar era sempre voltado ao seu rosto, mas de canto de olhos parecia ser uma bota preta.

Ficamos nos encarando por tempo o suficiente para que eu me desconcentrasse totalmente, e desistisse de tentar imitar seu olhar desafiador. Heath, ao perceber isso, alargou seu sorriso malicioso, ainda com seus braços cruzados.

— Bom dia, Cait — disse com certa diversão, piscando para mim.

Ao ouvir sua voz, percebi que não tinha total controle sobre a situação; na verdade, parecia que não tinha controle algum. Eu estava em seu quarto, em seu território, não sabia até que ponto ele iria comigo, e não sabia até que ponto eu estaria realmente segura. Apesar de acuada, um sentimento estranho se apossava de minha mente, como uma espécie de adrenalina, quase como um desafio. Foi então que pensei: talvez o melhor jeito de me defender, fosse atacar; Não deixá-lo tão a vontade comigo, mostrar que também podia agir como ele.

— Bom dia, Heath — tentei imitar o jeito com o qual dizia o meu nome, e até mesmo ousei piscar para ele.

— Bons sonhos? — Heath perguntou, tirando sua jaqueta e seu óculos e os jogando para um canto do quarto, logo depois foi se aproximando lentamente da cama onde eu estava.

Eu não sabia como responder sua pergunta de uma forma provocante ou irritante, mas achei que só continuar falando do jeito cheio de marra que ele falava já era o suficiente:

— Nenhum… Na verdade… 

Heath chegou bem próximo a mim e, afastando uma mecha do meu cabelo que estava em meu rosto, falou com sua voz rouca e maliciosa, as vezes passando seu olhar dos meus olhos para a minha boca:

— Pensei que iria demorar um pouco mais para te ter na minha cama…

Minha boca se abriu, enquanto meus olhos se arregalaram. Eu não acreditava que ele tinha dito aquilo! Assim, na cara! Joguei os lençóis que estavam em cima de mim para o lado e, inconformada, disse, pronta para sair daquela cama:

— Você é um idiota!

Heath jogou sua cabeça para trás e abriu um sorriso, achando graça na minha reação. Fui para a beirada da cama e me levantei com raiva. Quando já estava prestes a sair batendo os pés em direção a porta, senti sua mão segurar o meu pulso, me puxando para si. Heath me segurava como se eu fosse uma criança e não tivesse força nenhuma sobre ele, enquanto eu tentava de qualquer jeito dar uma cotovelada em seu estômago para sair dali.

— Me solta…! Agora! — Gritava me remexendo contra o seu abraço por trás.

— Era só brincadeira, Cait… — Heath disse e, apesar de eu não conseguir ver seu rosto, sabia que ainda estava com aquele sorriso sacana no rosto.

— Sabe, eu devia chamar a polícia… — Disse com raiva.

Os braços fortes de Heath me apertaram de tal forma que não conseguia mais me mover, apesar dos meus esforços descomunais. Sentia o meu quadril colado ao seu, assim como o seu abdômen encostava nas minhas costas. Ele então colocou seu rosto muito próximo ao meu pescoço, apoiando-o em meu ombro. Senti que Heath teve de se arquear para isso, afinal era bem mais alto que eu. Comecei a sentir sua respiração quente no meu pescoço, e então parei de lutar contra o seu abraço; porém ainda estava inconformada com o seu jeito.

— A polícia? — Heath me perguntou rindo e, sussurrando em meu ouvido, perguntou: — Por que, Cait?

— Bem, eu não sei, talvez porque você me sequestrou…! — Falei sarcasticamente, voltando a tentar sair dali, porém mais uma vez meu esforço foi desperdiçado — E agora você ainda está tentando me manter aqui, à força… Contra a minha vontade. E PARA DE ME CHAMAR DE CAIT!

Heath soltou uma risadinha abafada contra o meu pescoço, e meu corpo inteiro se arrepiou. Tudo bem… Talvez não estivesse ali totalmente contra a minha vontade, mas sem dúvida estava ali contra toda a minha moral e sanidade que pensava ter… Antes de conhecer Heath.

— Eu não sequestrei você, C-a-i-t… Você desmaiou, lembra? Se não fosse por mim, quem sabe o que poderia ter acontecido… — Ele disse terminando as ultimas palavras em um sussurro e, virando o meu corpo e fazendo com que eu olhasse seus olhos, falou com o olhar mais irônico que já tinha visto: — Não precisa agradecer.

Eu não sabia se batia nele ou sorria para ele. Optei apenas por fazer uma cara de desprezo à sua piada, mas confesso que achava divertido a falta de vergonha em Heath. Parecia que ele falava o que lhe desse vontade, sem temer as consequências, porém, ao mesmo tempo, parecia saber exatamente o que causaria em mim. Aquele jogo mental que ele fazia comigo, sem ao menos eu ter aceitado jogar, estava começando a me irritar.

— Você fica linda quando está irritada, Cait.

Nossos olhos se encontraram, e por um momento pensei enxergar algo dentro deles; não exatamente em seus olhos, mas sim algo além deles. Não conseguia definir o que sentia daquela impressão, era como aqueles vãos momentos nos quais sentimos um cheiro, ou tocamos em algo, e subitamente nossas mentes nos levam a lugares já insólitos e abandonados de nossas mentes. Meus olhos se arregalaram ao perceber este sentimento tão… Inesperado. 

Me afastei um pouco de Heath.

— Está tudo bem? — Ele me perguntou preocupado, sentando-se junto a mim na beirada de sua cama — Você precisa de alguma coisa?

— Não é nada… A minha cabeça está doendo um pouco. — Disse, colocando uma de minhas mãos no meu rosto — Eu só estou um pouco confusa…

Heath me olhava com atenção, parecia até mesmo preocupado comigo. Ele se levantou da cama e pareceu buscar alguma coisa em sua jaqueta, que estava jogada em um canto. Quando voltou a se sentar ao meu lado, reparei que estava com algo em suas mãos… Parecia uma barra de chocolate.

— Eu não sabia muito bem o que comprar pra você, hoje mais cedo… — Heath disse com cuidado, como se não quisesse falar algo errado que me deixasse pior que já estava — Achei que não tinha como errar com chocolate.

Eu olhei para ele desconfiada. Heath estava realmente fazendo algo legal por mim?!

— Você colocou veneno nele? — Perguntei antes de pegar o presente. 

— Não tive escolha… Você foi esperta demais trancando a minha gaveta com barbante para não conseguir te matar. — Heath respondeu ironicamente.

Aquela frase poderia ter me assustado, porém entendi que ele estava apenas brincando… Fiquei um pouco envergonhada por ele ter percebido que eu havia visto sua arma e, principalmente, que eu havia pensando que ele fosse me matar com ela, mas então outra coisa me chamou atenção.

— Calma, você falou que foi comprar o chocolate hoje mais cedo? — Perguntei e então a realidade voltou a minha mente: — Que horas são?!

— Quase nove e quinze… — Heath respondeu calmo.

— A escola!

Estava completamente atônita, não queria me atrasar para escola por ter ficado no quarto do Heath! O que meu pai acharia disso? Afinal, Joe tinha marcado para mim uma consulta com a psicóloga do colégio logo no primeiro período, se eu perdesse… 

Muitas coisas voltaram a minha cabeça, como a capa do jornal, os meus materiais que ainda não estavam arrumados e nem a minha aparência… Foi então que me lembrei do…

— Jake! — disse me dando um tapa na testa — Ah… Não! Eu deixei Jake plantado ontem no pub, não deixei?! E a psicóloga…!

Joguei-me contra o colchão, achando que já não dava mais pra resolver nada. Heath, com um sorriso satisfeito, colocou um de seus braços ao redor do meu corpo, deixando sua cabeça pender bem próxima a minha. Desvencilhei-me rapidamente de seu movimento, não querendo outro momento… Quente… Entre nós. Precisava ir o mais rápido possível para a escola, e o mais importante: o mais rápido possível para longe de Heath. Ele já havia causado problemas demais para um dia.

Fiquei de pé olhando para ele, enquanto Heath se apoiava em seus cotovelos no colchão, deixando a mostra os músculos de seu braço. Logo me virei para a janela, era melhor que eu não o olhasse demais — tinha medo do que poderia acontecer se ele sussurrasse mais alguma coisa em meu ouvido, ou simplesmente me olhasse com aqueles olhos dilacerantes.

Corri para a janela e a empurrei para cima. Consegui me sentar em sua quina, logo depois joguei meu corpo para o telhado.

— Você sabe que pode sair pela porta, não sabe? — Heath brincou, se levantando e vindo até a janela também.

— O meu pai não sabe que eu passei a noite com você…Quero dizer, no seu quarto…

Ele abriu um sorriso malicioso.

"É claro que eu tinha que me confundir com as palavras e dar uma oportunidade para ele me irritar… Como sou esperta…!” Pensei ironicamente, revirando os olhos e esperando que ele não jogasse mais uma frase maliciosa para cima de mim.

— Me deixa te levar para a escola, então… — Ele sugeriu, enquanto eu já me afastava com cuidado no telhado.

Virei-me para ele e sorri, percebendo que ele começava a se preocupar em levar um fora. Acho que Heath não estava acostumado a isso. 

Voltei para perto da janela e aproximei meu rosto do seu rosto, deixando nossos lábios perigosamente próximos. Heath já abria um sorriso vitorioso, achando que eu havia aceitado sua proposta. Com calma, abri meus lábios e sussurrei para ele:

— Eu esqueci o meu chocolate. Pega pra mim, Heath?

Ele então jogou sua cabeça para trás, parecendo frustrado, enquanto eu ria. Ele foi até sua cama e me trouxe a barra, mas antes de me entregar pediu um beijo em troca. Eu apenas revirei meus olhos, esperando que ele entendesse o recado de que não iria conseguir, e então consegui a minha barra de chocolate. 

— Por que você tem que ser assim, Cait Dagger? — Heath me perguntou, mordendo o seu lábio inferior.

— Assim como? — Perguntei, me afastando novamente da janela.

Heath se debruçou sobre o parapeito e, me olhando da cabeça aos pés, respondeu como se em um sussurro:

Tão minha…

De costas para ele, fingi que não tinha escutado sua resposta, apesar de meu corpo queimar ao ouvir suas palavras.

Continuei meu caminho pelas telhas. Olhei para baixo e encontrei o estreito caminho de pedras que levava aos bosques ali por perto. Por nossas casas possuírem muitos recortes, certos pontos de nossos telhados formavam como uma cobertura sobre o caminho, ficando muito próximos, de modo que conseguia saltar para a minha casa sem muito esforço.

Agora sabia como Heath conseguia entrar no meu quarto. 

Sem olhar para baixo, saltei e consegui me apoiar na parede da casa, recuperando meu equilíbrio. Ainda sem olhar para trás, para não ter que encarar Heath, abri minha janela sem muito esforço — parecia que sua trava não era uma das melhores. Entrei no quarto e só então ousei olhar através da janela para o seu quarto. Por sorte, ele já não estava mais lá.

Ouvi meu pai fechando a porta de seu escritório, provavelmente estava prestes a sair de casa. Aproveitei a deixa e fui pedir carona à ele, explicando que havia acordado tarde demais e perdido o horário.

Achei melhor não mencionar o que, ou melhor, quem havia me feito perder o horário.


Notas Finais


Críticas, elogios ou reclamações serão muito bem aceitos e amados :)


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