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História Is burning - Capítulo 2


Escrita por: porfircah

Capítulo 2 - Capítulo 2


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Quando decido olhar a hora, me surpreendo que já tenha passado das 2h da tarde, e percebo que tinha esquecido que tinha que ter feito o intervalo. Decido ir até o vestiário pegar a minha maçã e me dirigir até o escritório do Dr. Sanders.

Dou duas batidinhas na porta antes de abrir, e ele sorri quando me vê. Entro comendo a minha maçã, visto que estou usando o meu intervalo pra estar aqui.

- Até que enfim, Dari. Pensei que estivesse esquecido.

- Apenas não vi a hora passar. - O encaro desconfiada. - Vamos lá, o que precisa de mim?

- Você é muito direta. - Solta um suspiro. - Bom, como sabe eu estou indo viajar daqui a dois dias pra conferência de medicina, lá eles vão falar sobre o novo regime que será adotado nos hospitais e os reajustes de salários. Minha família vai ir comigo, mas eu gostaria que você fosse também. O que me diz?

Como assim? Penso levando um baita susto.

- Por que eu?

Ele dá um suspiro novamente. E me olha meio chateado.

- Você tem sido uma ótima funcionária, não se distraí facilmente e posso apostar que seria uma ótima ouvinte. E outra você vai e pronto, sou seu chefe e quero você lá.

O quê?

Esse cara pirou de vez. Uma conferência? Foda-se, não gosto de conferências.

- Dr. Sanders, - dou um suspiro antes de continuar - não acho que eu seja qualificada pra isso. Não sou uma pessoa, digamos sociável.

Como ele não viu isso ainda?

- Eu sei Dari. Essa é uma das razões porque eu quero que vá, não vai ser corrompida facilmente. - Ele solta uma gargalhada escandalosa. - Você precisa sair mais, vive trancada naquela sala e atendendo os pacientes.

- É o meu trabalho. - Falo com sarcasmo. Aposto que vivem falando de mim nesse hospital, "coitadinha da Dari, ela precisa de amigos", patético.

- Sei que é. Por isso, como está tudo resolvido, pode voltar a trabalhar.

Bufo e saio da sala batendo a porta com um pouco mais de força do que normalmente. Acabo a minha maçã e jogo o que sobrou no lixo voltando a trabalhar novamente. Pelo jeito vai ser o meu último plantão antes da viagem.

 

 

•••

 

 

O tempo passa muito rápido e quando vejo o meu plantão já acabou. E a única coisa que quero no momento é a minha cama.

Comparado há ontem hoje o tempo está congelante, um ar cortante de inverno se infiltra no meu pescoço me causando um arrepio desconfortável logo quando saio de dentro do hospital. O que está acontecendo com o clima? Definitivamente o que mais desejo é a minha cama.

Coloco o capacete e saio em direção a minha casa, o dia continua carregado e cinza e me admiro ao pensar que acho que tem algo bonito nisso, ando perdendo a sanidade. Decido parar em um Starbucks pra tomar um chocolate quente antes de ir seguir pra casa. Estaciono a moto e entro no estabelecimento ao tirar o capacete.

Ouço o sininho da porta e entro na fila pra pedir, que por sinal está enorme. O que essa gente faz aqui há essa hora? São apenas 8h45 da manhã. Solto um suspiro frustrado. Acho que deveria ir pra casa.

Logo a minha vontade de tomar um chocolate quente toma conta de mim me fazendo ficar na fila. Começo olhar ao redor reparando nos quadros de atores e bandas famosas, entre eles um quadro muito extravagante da banda One Direction me fazendo bufar. Isso não é cultura americana! A balconista com certeza deve ser fã.

Meu pé começa a bater impacientemente no chão, um sinal de que o tédio começou a me dominar. Só não saio da fila porque há apenas dois garotos na minha frente que parecem não saber o que pedir e ficam de palhaçada com a balconista. Os dois estão completamente encostados no balcão, como se estivessem cantando ela ou algo do tipo e ela parece entusiasmada com isso. Não consigo ver o rosto dela, mas com certeza ela está dando pulinhos de felicidade. Mil vezes patético.

Eles finalmente decidem o que querem e me posiciono logo atrás de um dos garotos que tem um cabelo meio comprido e cacheado, esperando que ele saia da frente pra eu fazer o meu pedido. Ele pega um milk shake de chocolate e fico sem entender porque alguém com esse frio do caramba quer tomar um milk shake, mas ok, nada de julgar Dari.

Eles estão rindo de algo que a balconista falou e aposto que ela colocou o número do telefone dela no copo deles. Qual é, eles não vão sair?

- Acho que vocês não são os únicos que querem pedir. - Falo com desdém.

O garoto da minha frente parece levar um belo susto quando ouve a minha voz, acho que é porque eu estava muito perto dele. Ele se vira muito rápido se atrapalhando com o copo de milk shake na mão e no segundo seguinte me encharcando completamente com ele.

Fico paralisada sentindo o gelado do milk shake entrar em contato com o meu rosto e minha blusa. Uma fúria me domina e tenho voltando de raspar a cabeça dessa coisa parada na minha frente me olhando espantado. Ele parece cair em si, me olhando rapidamente de cima a baixo e logo começando a falar muito rápido.

- Meu Deus! Me desculpa, sério, eu não sabia que você estava tão perto, por favor, me desculpa. Eu não tive a intenção, sério mesmo, ei, sério..

O fito ainda sem conseguir falar nada por conta da raiva que está dentro de mim. Ele não vai calar a maldita boca?

- Já entendi. Agora pare de falar.

Ele me olha espantado pelas palavras que saíram da minha boca, mas seu olhar logo é transformado em confusão. Seu amigo está se segurando pra não dar uma risadinha. Seu olhar passa mais uma vez pela minha blusa encharcada e ele sorri.

- Olha se você quiser posso ir com você ali comprar uma blusa, sem problemas e daí te pago o que você ia pedir..

- Não - O interrompo, ainda o fulminando com o olhar. - Não quero mais estragos por hoje, obrigada.

Ele parece... chocado? Sério que ele achou que eu ia aceitar? Por favor, né. Me viro pra sair logo dali e quando estou quase na porta ele meio que grita.

- Não precisa ser grossa, garota. Só quis ajudar.

Viro lentamente surpresa por ele ter aberto a boca pra me insultar. Isso parece ser um grande esforço vindo dele. Dou um sorriso irônico e saio dali.

Sorte a dele que eu estava com muito frio e não voltei lá pra acabar com aquela merda. Eu deveria ter comprado um chocolate quente e ter jogado na bunda dele, isso sim. Que idiota.

Visto o meu capacete e monto na moto com um sorriso irônico ainda estampado na cara. Essa foi engraçada, nunca esperaria isso em uma típica quinta feira, mas ainda sinto vontade de voltar lá dentro e tocar um chocolate quente naquele idiota. Eu bem que podia realmente fazer isso.

Antes do meu lado mal me dominar e ir lá queimar a bela cara dele, o sininho da porta me alerta que tem alguém saindo. Olho rapidamente e me vejo ainda mais surpresa por constatar que era logo quem eu esteja planejando maneiras de queimar. A raiva me domina mais uma vez e antes que eu faça uma besteira dou partida na moto e me preparo pra sair, mas ele tenta se posicionar na minha frente me impedindo.

- Esper...

Dou-lhe um olhar de morte pensando na possibilidade de atropelá-lo, mas apenas desvio rapidamente e saio fazendo o caminho de casa. Ele realmente não deve temer perder a própria vida.

Preciso de um banho quente.

É o único pensamento que me domina no momento, por isso acelero e chego em casa. Estaciono a moto, tiro o capacete e faço o caminho em direção ao elevador. Fico esperando a porta abrir, e logo que ela abre dou de cara com a minha querida vizinha, a Dona Judite.

Ela me lança um sorriso falso e percebo que vai começar a falar sem parar. Mas ao abrir a boca paralisa ao ver o estado em que me encontro, fazendo logo em seguida uma cara de nojo.

- Não toma banho a quantos dias, querida?

- Bati o meu record de três meses.

Rio interiormente, enquanto ela faz uma cara de que vai vomitar.

- Eu te aconselharia a...

- Não se meter na minha vida, que tal? - Digo rude a cortando. Entro no elevador e aperto repetidamente o botão do quarto andar pra chegar logo no apartamento.

Caminho pelo corredor pegando a chave, abrindo a porta e entrando. Como é bom estar em casa. Solto um suspiro ao largar as coisas em cima da bancada e coloco uma água pra esquentar, pra depois do banho tomar um chá quentinho.

Vou direto para o banheiro e tiro a roupa, logo entrando para o banho quente. Resolvo não demorar muito, já que quanto mais eu ficar aqui mais difícil vai ser sair. Desligo o chuveiro e um arrepio de frio passa por mim, me seco e me enrolo na toalha ao sair do banheiro correndo pra logo vestir uma roupa quente.

Depois de vestida, vou até a cozinha preparar um chá e comer uns biscoitos. Escoro-me na bancada pensando sobre a tragédia que aconteceu hoje. Não consigo acreditar que consegui me controlar pra não jogar nada na cara daquele homem, acho que só não fiz porque ele parecia não saber como agir com a situação. Claro, o amigo dele estava se divertindo me vendo daquele jeito, mas ele parecia estar bem desconfortável com a situação. Mas o que será que ele ia me dizer lá na rua? Ele não iria se humilhar e pedir desculpa novamente, ele já tinha feito isso. Curiosidades à parte, nunca saberei.

Caminho até a sala e ligo a TV. Mesmo que não esteja passando algo bom, decido ficar ali completamente jogada no sofá, com preguiça demais pra levantar e fazer algo útil.

Acabo adormecendo e quando acordo leva um susto por estar completamente tomada pelo escuro. Não me lembro de ter desligado a TV. Olho em direção a janela e vejo que os outros apartamentos também estão no escuro, deve ter faltado luz.

Dominada pela fome, pego meu celular vendo que tem duas chamadas de números desconhecidos, decido excluir e ligo a lanterna indo até a cozinha esquentar um pedaço de lasanha que tem na geladeira. Coloco no micro-ondas e durante alguns minutos tento fazer com que ele funcione, mas ele não liga de jeito nenhum, só então me lembro que não tem luz. O anta. Resolvo comer a lasanha fria mesmo colocando ela em cima da bancada me sentando pra comer, e tomo um belo susto com o som da campainha tocando naquela hora.

Levanto contrariada e caminho no escuro até a porta, abro-a e dou de cara com o porteiro segurando uma lanterna e apontando ela pro meu rosto.

- Pois não? - Digo com dificuldade em olhá-lo com a luz nos meus olhos.

- Um rapaz deixou isso pra você na portaria.

Ele me entrega um papel amassado.

- Quem?

- Não sei.

- Como não sabe?

- Ele não disse.

- Mas é o seu trabalho saber isso.

- Meu trabalho é estar na portaria e não ser um homem de recados.

- Então, o que tá fazendo aqui?

- Vim lhe entregar isso, afinal ganhei um bom dinheiro.

Olho pra ele incrédula, porém decido deixar a discussão pra outra hora.

- Sério? Obrigada, pode ir.

- Não vai abrir?

- Não.

Fecho a porta na cara dele e volto a me sentar. Lógico que vou abrir. Abro rapidamente e me vejo surpresa ao ver o que está escrito nela.

 

"Ei...

Se estiver lendo vai ver que te segui até o seu prédio, e como não sabia o número do seu apartamento resolvi deixar pro porteiro te entregar. Eu também não sabia o seu nome, mas foi fácil o porteiro te identificar, foi só eu dizer que era uma garota rude, chata e de nariz em pé, e um pouco sinistra, que ele conseguiu. Ele não quis me dizer o seu nome, mas foi só eu lançar umas notas no balcão que ele quase instalou uma câmera no seu apartamento. Bom, queria que realmente me desculpasse pelo milk shake, e que aceitasse uma blusa nova. Mas não vou ficar me culpando, sendo que foi você que me deu um susto, então não merece nada disso. Até mais.

X, Harry"

 

O encaracolado me deixou uma carta? É isso mesmo?

Eu não acredito que ele veio até aqui pra deixar uma carta, ele por acaso está no fundamental? Quem é que faz uma carta? O pior é que ele acabou de provar que é do tipo psicopata, me seguiu até aqui, provavelmente já sabe o número do meu apartamento e o meu nome só por ter subornado o porteiro interesseiro. E ainda tem a cara de pau de me insultar? Isso é hilário. Me pego rindo sozinha e histericamente, devido ao momento de insanidade em que me encontro. Um pouco sinistra... Bom isso é verdade eu acho, mas não importa. Acho que pela primeira vez alguém conseguiu me surpreender, e não gostei nada desse sentimento. Não sei com agir, e eu sempre sei como agir.

Não esperava isso dele, pois quando se virou na minha direção, após ter esbarrado em mim, parecia ter vontade de chorar ou se esconder. E é nessas circunstâncias que me arrependo de não andar sempre com a minha câmera. Daria uma bela foto. Mas pra que eu ia querer uma foto desse momento?

Ao levantar e ir limpar a cozinha, pensamentos estranhos e conflituosos ficam na minha mente, e estes me perseguem quando vou ao banheiro me escovar e ao deitar na cama, tentando dormir e falhando completamente. Isso é o ruim de ser enfermeira, o sono nunca vem na hora certa. Mas acabo adormecendo ao lembrar que fazia tempo que não era surpreendida por alguma coisa.

 

 

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