História Is It Enough? - "Camila Cabello"

Lauren's  P.O.V

Hoje o dia foi normal, nada fora da minha rotina monótona (casa - escola, escola - casa), exceto pelo fato de eu ter sido acordada por uma Dinah completamente animada, pulando na cama e me chamando de "baleia branca".

Já vi que esses dias na casa da DJ seriam difíceis...

Nesse momento, estou em um completo tédio assistindo a uma aula de história, algo que nunca havia acontecido antes, já que a professora me distraía bastante. (Huehue)

Ela era muito gostosa, e no dia de hoje usava uma saia preta, extremamente justa, que ficava a uns 4 dedos acima dos joelhos, com uma camisa social branca por dentro da saia. 

Com os últimos acontecimentos em minha vida, meus pensamentos impróprios com aquela mulher foram esvaídos e deram lugar às lembranças da noite anterior. Todas aquelas palavras sendo repetidas em minha mente, milhares de vezes.

Sinto um aperto no peito e começo a tremer.

"Droga, eu não posso... Não agora!"

Um calor fora do normal toma conta de meu corpo, os tremores se intensificam e meu estômago começa a se revirar.

- Lauren, você está bem? - Ouço Mani perguntar antes de me levantar e correr ao banheiro.

Abri a porta com certa violência, me ajoelho em frente ao vaso e coloco tudo para fora. Levanto com dificuldade, dou a descarga e seco as pequenas gotas de suor que se formavam em minha testa.

Quando abro a porta, dou de cara com Mani. Ela possuia uma expressão preocupada e me olhava de cima a baixo. 

- É melhor eu chamar a Dinah. - Disse enquanto segurava meus cabelos para me auxiliar a limpar-me.

- Não é necessário, eu vou sair um pouco, apenas diga pra ela que eu volto em tempo para o jantar. 

- Se cuida, Laur. 

Me despeço de Normani e vou em direção aos fundos do colégio, onde havia uma abertura na cerca, em que os alunos costumavam fugir para matar aula.

"Dessa vez é por uma boa causa."

Me aproximo da cerca e atravesso sem muitas dificuldades. 

Eu me via perdida em meio àquela movimentação toda. Fazia tempo que eu não  parava para observar as pessoas andando nas ruas, os carros, o céu, em sua constante mudança... Fazia tempo que eu não sentia o sol, com toda a sua grandeza, libertando seus raios de vida em meus rosto... 

Eu caminhava em meio a esse ambiente urbano, ouvindo os sons dos pássaros ao fundo, pensando em como eu era louca por prestar atenção à esses detalhes. 

Decidi que no momento, não havia nada melhor para fazer, a não ser me deixar levar pelas ruas movimentadas de Miami. Meus sentimentos de culpa, raiva, medo, angústia, se foram por uma fração de segundos quando sentei em um banco de uma praça qualquer e avistei um livro. Parecia que havia sido esquecido há pouco tempo.

Sua capa era avermelhada. Havia um céu nublado que mantinha uma pipa solitária. Ao lado inferior esquerdo, havia a imagem de um garoto, que olhava para a imensidão do céu.

"O caçador de pipas"

O título estava estampado ao centro da capa, embaixo de um nome que se sobressaía "Camila Cabello".

Peguei o livro e passei a observá-lo. Passei as mãos calmamente sobre a face do garoto, ia subindo até chegar ao título. Meus dedos indicador e médio passaram sobre o nome "Camila" e um rápido arrepio tomou conta do meu corpo.

"Quem seria ela?" 

"O que esse livro estaria fazendo aqui, no banco de uma praça deserta?"

Muitas perguntas tomaram conta de meu ser, algo me dizia que eu tinha que encontrar o motivo daquele livro estar ali e descobrir quem era a garota, já que seu nome não saía da minha cabeça.

Eu iria atrás das respostas, mas hoje, eu só queria beber até esquecer meu próprio nome. 

[...]

O relógio de meu celular marcava 23:51. Eu havia caminhado tanto, e agora me encontrava caída em um canto qualquer de um beco fétido. Eu estava apenas com uma saia, já que os garotos haviam feito o que queriam comigo, em troca de bebida. Eu me sentia suja por me entregar desse jeito à pessoas que nunca tinha visto antes, mas pelo menos, a bebida me garantia um resquício de felicidade. 

Meu corpo doía. 

Eu possuía em meus braços o livro que encontrara na praça mais cedo. Não o havia lido, portanto não sabia do que se passava a história, mas algo me dizia que eu devia guardá-lo com todo o coração.

Sinto as lágrimas rolarem livremente pelo meu rosto ao ler o nome tão contundente da autora. 

E ali, em meio àquele turbilhão de sentimentos, permito-me entregar ao sono.