Aproveitando a minha disposição, preparei um café da manhã. Não sou uma chefe de cozinha, mas aprendi fazer várias coisas com a minha mãe. De repente, ouço alguém bater na porta.
- Já vai! - Quase grito indo em direção a porta. Arregalo os olhos ao ver quem bateu na mesma.
- Oi, filhinha! - Eu fiquei sem reação enquanto o meu pai abria os braços para me abraçar. Eu não retribui.
- O que você faz aqui? - Pergunto e ele entra.
- Estava com saudades de você, filha. Você não? - Ele questiona tranquilamente enquanto senta no sofá e eu fecho a porta.
- Primeiramente, eu nem sabia que você estava vivo. Segundamente, se estivesse com saudades teria me procurado bem antes. - Falo cruzando os braços e me aproximando. Ele sorri. Meu pai não estava tão acabado. Teria por volta de 40 anos e mantinha uma aparência muito boa. Permanecia com seus cabelos castanhos, sem nenhum fio de cabelo branco sequer. Não mudou muita coisa.
- É que... Aconteceu tanta coisa na minha vida, Anna. Você não tem noção. - Ele respira fundo e eu o encaro.
- Você deixou sua mulher e a filha sozinhas. Isso não tem justificativa. - Levanto a sombrancelha.
- Eu sei, eu sei... Sabia que você está parecendo a sua mãe? Tão bonita quanto ela. - Ele fala enquanto se levanta e observa a casa.
- Não me falou o que faz aqui. - Disse, fria. Ouço meu celular tocar. Era o Matt. Ele ligou apenas para me avisar que deram alta ao Daryl. Ele parecia aliviado e eu fico feliz por isso.
- Namoradinho?
- Não, só… um amigo. - Respondo desviando meu olhar para meu pai.
- Será que não tem um lugar pra o seu pai aqui? - Ele pergunta olhando pra cima.
- O que!?
- É, filha… Eu posso ficar um tempo aqui?
- Aqui só cabe eu e o Romeu. Você vai ter que arranjar outro lugar. - Sento no sofá.
- Romeu? - Franze o cenho.
- Sim, o meu cachorro. Não lembra? - Aponto para o Romeu que dorme tranquilamente.
- Ah… Eu me lembro. - Ele sorri levemente e vai em direção ao Romeu para acariciá-lo. - Quanto tempo, garotão. Ele cresceu muito. - Desvia o olhar pra mim e eu assinto sorrindo. - Olha, é só até eu arrumar outra coisa. Aliás, eu sou seu pai. Não é certo você me negar uma moradia. - Me encara seriamente.
- Sério? Nem lembrava. - Digo irônica e ele cruza os braços. - Tá… De quanto tempo você precisa?
- Acho que 1 ano… - Arregalo os olhos e ele continua. - Estou brincando. Menos de 1 mês, eu acho...
- Ok, ok… - Respiro fundo. Eu não estava esperando por isso agora. O meu pai aparecer, assim, do nada, era a última coisa que eu esperava. Eu não sei se estou pronta pra conviver com ele, nem que seja por pouco tempo.
Nós tomamos café da manhã tranquilamente, sem muitas conversas. O meu pai me elogia pelo comida. Eu não sou muito boa na cozinha, mas de vez enquando eu arrisco.
Já era noite, meu pai já havia arrumado suas poucas malas e eu já estava na minha cama. Como não tinha outro quarto, ele aceitou dormir no sofá. Tá, não é tão confortável, mas não havia outra escolha. De repente, ele abre a porta e se aproxima.
- Boa noite, minha filha. - Meu pai sorri se agachando na cama.
- Você me trata como se eu fosse uma criancinha. - Reviro os olhos e logo depois sorrio.
- Eu não mandei crescer. - Dá de ombros.
- Bom, agora eu vou dormir, tenho que trabalhar amanhã. Boa noite... Fernando. - Dou um leve sorriso.
- Por que não me chama de… pai? - Eu respiro fundo me sentando na cama.
- Porque isso tudo é muito novo pra mim. Eu não estou preparada pra isso. - Suspiro. - E se tá pensando que já está livre de mim, está muito enganado. Eu ainda estou chateada.
- Difícil, hein. Você é bem difícil, Laura 2. - Ele sorri se dirigindo a porta.
- Hey! - Não consigo evitar uma risada.
- Tenha bons sonhos… Com o tal do Matt, né isso? Quero conhecê-lo logo logo. - Diz com um ar de superioridade.
- O que? Eu não sei do que tá falando, seu Fernando. - O encaro tentando não rir.
- Eu vi suas mensagens com ele, filhinha. Estou de olho. - Pisca o olho e sai do quarto. Eu me acabo de rir. Não posso acreditar que ele andou espiando as minhas mensagens.
Respiro fundo e penso em tudo que aconteceu hoje. Eu tento assimilar que o meu pai apareceu. Sim, o meu pai. E eu jamais esperava isso. Não que eu não quisesse, nem que eu não estava com vontade de vê-lo novamente. Confesso que vai ser um pouco difícil acreditar nele e me acostumar com a sua presença depois do que a mamãe falou. Mas o que importa agora é que ele voltou. E... isso é bom. Na verdade, isso é muito bom. Mesmo com todas as coisas erradas que o meu pai fez no passado, eu sinto que ele mudou. Eu aprendi muito com ele e quero continuar aprendendo.
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