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História Isabella - Estela!


Escrita por: Estherzinha13

Capítulo 15 - Estela!


POV. Davi

- Socorro! - escutei um grito estrangulado vindo do corredor. Isa. - Socorro, alguém me ajude!!

- Isa!

Levantei-me da carteira. Joanna parou a aula para sair. Mas a porta não abria. Droga. Paulo trancou a porta.

- Professora, saia de perto da porta.

Ela obedeceu e ligou para os caras da segurança. Forcei a porta, que rangeu nas dobradiças. Outras pessoas da turma começaram a me ajudar a abrir, enquanto outras ficavam histéricas. Depois de várias tentativas sem sucesso, a porta voou das dobradiças. A sala foi tomada pelo silêncio. Os gritos haviam cessado. Corri, empurrando as pessoas ao meu redor.

- Isa! - gritei, correndo cada vez mais.

Seu corpo inerte jazia imóvel no chão. Ajoelhei-me diante dela e vi um filete de sangue escorrer por sua nuca. Desesperado tomei seu pulso. A pulsação estava acelerada, o que era bom. Ela estava viva. Seu peito suavemente subia e descia. Sem me conter, peguei-a em meu colo e fui até a entrada da escola com ela. Liguei para a ambulância, que demorou a chegar. A cada segundo que se passava, mais forte meu coração palpitava. O cabelo dela estava duro por causa do sangue seco. Quando finalmente a ambulância chegou, entrei com Isa. Coloquei-a na maca com cuidado, temendo deixá-la ainda pior. O médico começou a fazer uma série de procedimentos e me impôs algumas questões:

- O que aconteceu?

- Não sei. Encontrei-a assim jogada no chão, a cabeça numa quina.

- Ela estava com alguém?

- Meu primo. Mas ele fugiu.

- Você sabe se ela tem algum problema físico?

- Paraplegia desde os doze anos. Ela tem quinze.

- Certo... Onde está a cadeira de rodas dela?

- Quebrada no corredor da escola.

- Tem o contato de algum familiar dela?

- Os pais.

- Ligue para eles, por favor.

Assenti e disquei o número.

- Alô? - uma voz embargada de mulher atendeu.

- Tia Elker, aqui é Davi. Só um momento.

Passei o telefone ao médico, que contou mais ou menos o ocorrido e disse onde era o hospital. Ele desligou e me entregou. Mediu a pressão de Isa.

- Perdeu muito sangue. Foi uma pancada muito forte.

Ele pegou uma atadura e enrolou frouxamente em seu pescoço, para não impedi-la de respirar e estancar o sangramento.

- Ela estava passando algum tipo de pressão emocional ou coisa assim?

- A irmã de oito anos dela foi sequestrada. Souberam esta manhã.

- Prepare-se para o pior. - olhei para ele espantado. - Ela não vai morrer, mas pode, veja bem, pode perder a memória ou acabar com tetraplegia. Se prepare para isso. Mas depende da intensidade do choque e do tempo de inconsciência dela. Ela também pode ficar muito desestabilizada durante o sono.

Assenti, assustado com a possibilidade. Peguei sua mão fria e beijei sua bochecha, sentando em um banquinho enquanto o médico continuava os processos. Chegando ao hospital, levaram-na. Não me deixaram entrar. A princípio, tive raiva. Mas poderia ser sério. Eu poderia atrapalhar. Então, pensei em algo útil que eu poderia fazer: Estela!

Saí do hospital determinado. Caminhei o mais rápido possível, tropeçando em alguns trechos. Cheguei à causa de Paulo em tempo recorde e ofegante. Bati à porta e sua mãe atendeu.

- Tia - ela franziu a testa. -, por favor, me escute!

- Não devo nada a você, Davi. Muito menos um favor.

- Mas... Paulo está com a irmã de Isabella, que mora aqui na frente!

- Ele não faria isso! Saia daqui!

Ela fechou a porta na minha cara. Comecei a me desesperar, pensando no estado de Estela. Como eu a acharia? Será que estaria bem? E Isa, como ficaria?

Espantando as dúvidas, bolei um plano. Simples, mas útil. Eu sabia como entrar e como sair. Garanti a bateria do meu celular e entrei na casa pelos fundos em silêncio. Subi as escadas. Ninguém. Escutei batidas na porta e fiquei paralisado, escondendo-me nas sombras.

- Mãe! Abre a porta! - Paulo gritou.

Rapidamente subi o resto da escadaria. Encontrei a sala pela qual Bella entrara e esperei. Pouco depois, o barulho de passos se aproximando e Paulo entrou. Ele pisou numa região específica do piso, que acabou por se abrir. Paulo caiu num buraco. E eu pulei atrás.

Ao finalmente deparar-me com a sala escura na qual eu estivera trancado por um dia, vi que Paulo falava agachado, perto de uma menininha com a voz embargada que chorava a gritos.

Estela.

Pude distinguir uma mancha vermelha em seu braço, escorrendo até o chão. Quase ataquei-o ali mesmo, mas decidi ficar parado, para o bem de Estela. Assim que Paulo sumiu na máquina e me encontrei em escuridão total, escutei o choro de Estela e acendi a lanterna de meu celular. Apontei-a para Estela, que tinha uma expressão assustada no rosto.

- Q-quem está aí? - ela começou a tremer.

- Calma, Estela. - apontei a lanterna para o meu rosto, iluminando-o por cima. - Sou eu, Davi.

- P-Por favor! Me ajude! - ela choramingou, debatendo-se contra as cordas inutilmente.

Aproximei-me dela com meu pequeno canivete na mão. Abaixei-me ao seu lado e rapidamente soltei as amarras, vendo manchas de sangue seco em todo seu corpo, e sangue fresco em seu braço. Rasguei a manga da minha camisa e enrolei em seu ferimento. Peguei-a no colo e segurei-a cuidadosamente, sua cabeça pendente demonstrando que ela desmaiara. Com o celular, calculei meu peso somado ao dela e subi no "elevador". Emergimos da terra em frente à casa de Isa. Peguei um táxi e levei-a ao hospital. Chegando lá, esperei algum tempo na fila, segurando Estela. Imaginei que Isa acordaria em breve, isso  se já não estivesse acordada. Passei na frente da sala dela, da qual o médico acabara de sair.

- Sr...? - perguntei. - Isabella, a paciente que está aí, está bem?

- Sim. Nós precisamos costurar o corte, mas ela vai ficar bem. Deve acordar em algumas horas. Estão terminando de tirar os aparelhos e vão levá-la à sala de recuperação. Vou esterilizar as máquinas.

- Que bom. - suspirei. - Obrigado.

- E esta pequena? O que aconteceu?

- Foi mantida refém. Não sei exatamente o que aconteceu, mas ela está com manchas de sangue pelo corpo todo. - ergui-a para que visse. Seus olhos se arregalaram.

- Meu Deus! Quantos anos ela tem?!

- Oito.

- Dr. Martin! - gritou para a sala onde Isa estava. - Temos uma emergência! Saia agora!

Pouco depois, um médico com cabelos pretos e olhos azuis, embaçados por causa dos óculos fundos dele.

- O que houve, Ruy? - Ruy ergueu o queixo em minha direção e Martin arregalou os olhos ao ver o estado de Estela. - Meu Deus! Precisamos de uma sala, rápido! Socorro, rápido!

Uma mulher chegou pelo corredor e notei que era a recepcionista. Ela tinha o cabelo azul-escuro e um olhar frio da mesma cor. Seus lábios se comprimiram ao ver a garota em meu colo e sua expressão severa se suavizou um pouco.

- A sala 17 está disponível. Entrem, os aparelhos já foram devidamente esterilizados.

- Obrigado. Vamos. - falou Martin.

Ele pegou Estela de meus braços e levou-a para a sala ao lado com Ruy. Socorro recuperou a cara fechada.

- Ela vai ficar bem. Agora, saia.

- A minha namorada está nesta sala! - exclamei, apontando para a porta ao meu lado. - Por favor, deixe-me vê-la!

- Isso não é da minha conta.

Ela virou-se de costas para mim, voltando para a recepção.

- Por favor - pedi, sentindo uma lágrima no canto do olho. - deixe-me vê-la mais uma vez. É tudo o que eu peço.

Seus ombros caíram e ela se virou. Pude ver que estava triste também.

- Está bem, garoto. Entre lá.

Apesar do choque por ela ter cedido tão fácil, não tive tempo de perguntar. Ela virou de novo e caminhou até a recepção. Entrei na sala em silêncio. Isa jazia em uma maca. Vários tubos estavam em seu corpo. Beijei sua testa, abatido por vê-la naquele estado.

- Bella. Por favor, não me deixe. Estou aqui, esperando por você. Assim como Estela. - sussurrei.

Sentei-me na poltrona ao lado e a porta se abriu, revelando o vulto de Ruy.

- Dr. Ruy...?

- Ah, você está aqui! Só para avisar que sua filha está bem.

- O quê?! Não, ela não é minha filha! É irmã da minha namorada!

- Ah, sim. Perdão. Mas ela está bem. Martin está cuidando dela. - desconfortável, pigarreou. - Ah, poderia se retirar...? Eu preciso tirar os equipamentos. Ela não precisa mais dele.

Assenti e saí. Quando Ruy finalmente saiu (os equipamentos em um saco plástico), entrei de novo. Isa continuava inconsciente. Sentei numa poltrona ao lado da maca e peguei sua mão. Com a outra, tirei o celular do bolso. Dez ligações perdidas. Todas elas das amigas de Isa. Retornei para Maria Cecília, que aparentemente era a mais próximos dela. Nem tocou direito e ela atendeu.

- DAVI!!!!!! - sete vozes gritaram.

- Meninas...?

- PELO AMOR DE DEUS, Davi, o que aconteceu com Isa?! Ela está bem?!

- Sim. Não sei exatamente o que aconteceu, mas ela está bem. Estou no hospital com ela. E Estela.

- Estela?! - exclamaram em coro.

- Sim. Eu a achei e trouxe para cá. Ela está sendo tratada neste exato momento.

- Qual é o hospital? - perguntou Mari.

Passei-lhes o endereço. Elas disseram que chegariam em breve. Aparentemente, iam de Uber. Recostei a cabeça no encosto da poltrona, concentrando meus sentidos apenas na mão de Isa. Com este sentimento, adormeci rapidamente, sucumbindo a um sono sem sonhos.

Tremores invadiram minha mão e vi que Bella se remexia sob as cobertas da maca, como que em um pesadelo. Ela se debateu cada vez mais e acabei sendo forçado a pegá-la em meu colo para que ela não destruísse o quarto.

- Bella, acorde. - falei, tentando fazer com que se aquietasse. Sua agonia me deixava inquieto. - Por favor.



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