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História Isabella - Operação cupido


Escrita por: Estherzinha13

Capítulo 18 - Operação cupido


Já fazia alguns meses desde que Paulo partiu. Ele não voltava nem aos fins de semana nem em feriados. Minha vida estava perfeita e feliz. E totalmente normal. Exceto por minhas amigas. Elas estavam quase histéricas: estávamos indo para o 1° ano do ensino médio e três delas estavam com paixões: Mari estava a fim de um cara mais velho com quem ela não havia sequer trocado uma palavra chamado Guilherme Maia; Cecy gostava de um menino bonito (filho da antiga professora de geografia); e Liv gostava de um menino mais velho que era super amiguinho dela. Obviamente, sobrou para nós outras fazer o arranjo, principalmente para moi aqui! Por ser a única não solteira, sobrou para mim o grande arranjo de casais, porque o meu deu certo! Começamos a traçar os planos em março, quando Liv assumiu o amor. Nossos intervalos coincidiam, o que era uma vantagem. Bem, decidimos dar um empurrão básico: Davi já o conhecia e era amigo dele desde que o ano começara. Assim sendo, ele conseguiu facilitar Berniv. Ele conversou sobre Liv com ele, tentando fazer alguma coisa. No final, ele começou a falar mais com Liv. Há quase um mês, eles já se conversavam assim. Um mês de enrolação até ele convidá-la para um baile que estava acontecendo esta noite. Reunimo-nos em minha casa para planejar o que fazer, afinal, todas demos um jeito de ir para o baile. Primeiro, pensamos em um vestido, mas precisava ser algo mais perfeito. Fomos a um shopping próximo para comprá-lo. Encontramos um vestido azul em vários tons, como de tivesse o efeito de placas reluzentes por todo ele. Tinha manga única em seu ombro esquerdo, onde colocamos uma pequena borboleta depois. Depois da compra, voltamos para a minha casa para maquiá-la. Passamos um batom vermelho e um blush leve para disfarçar sua palidez natural, além de um pouco de sombra azul e rímel. Depois disso, estava pronta.

Eu e as outras nos arrumamos de maneira bem mais simples e fomos para acompanhar o progresso do plano e ajudá-la discretamente se necessário. Estávamos prontas. Davi levou-nos até o baile enquanto conversávamos. Chegando lá, dividimo-nos para procurar Bernardo. Mari foi com Cecy, Rafha e Gigi, Larissa e Dani, eu e Davi, Liv sozinha. Davi decidira deixar minha cadeira de rodas, pois ela ficaria longe de perigo. Ele então me segurava pela cintura, de modo que parecia que eu estava de pé e ele apenas me abraçava. Em um momento, vi que tudo estava cheio. Nunca gostei de tumultos. Eu e Davi estávamos em uma mesinha no canto, procurando pelo garoto que nos trouxera até ali. No entanto, já se passara algum tempo desde que chegáramos. Davi decidiu trazer uma água para ambos. Ele levantou-se e foi para o lugar onde estavam as bebidas. Alguns minutos depois, um garoto que eu nunca vira na vida, cabelos cor de areia e olhos cinzentos, sentou-se à minha frente.

- Quem é você? - perguntei, mais alto do que o som.

- Guilherme. E você?

- Isabella.

- É um prazer te conhecer!

Assenti para ele, sem saber o que dizer. Com o canto do olho esquerdo, vi Mari chegando animada. Com o outro, vi Davi, com a cara fechada.

- Mari!!!! - acenei, nem um pouco discreta. 

Ela sentou-se à mesa, e Guilherme começou a imediatamente conversar com ela. Deixei escapar um baixo suspiro aliviado quando Davi voltou a sentar.

- Quem é ele? - sussurrou Davi, uma pontada de ciúmes em sua voz. 

- Um estranho. Ele sentou aqui e se apresentou como Guilherme. Mari também sentou e eles começaram a conversar.

Naquele momento, vi que ambos se distanciavam, rumo ao meio da pista.

- Não converse tanto com estranhos. - ele falou.

- Relaxe. Sou toda sua. - abri um sorriso, que ele acabou retribuindo.

- Isaaaaaaaaa!!!!!!!!

- Cecy?! O que foi?

- Mari já te contou?

- Não...? Ela acabou de ir para a pista.

- Isso eu sei. Mas... - ela abriu um sorriso de cumplicidade. -  Está vendo ali, perto da caixa de som?

Levantei-me ao máximo, procurando o que era. Davi ficou de pé e me levantou, apontando discretamente para um casal se beijando ao lado do som. Distingui o cabelo "ruivo" parecido com o da Priscila de Minha Vida Fora de Série como sendo o da garota. O menino tinha um cabelo preto. Não contive o sorriso. Se minhas pernas obedecessem, eu provavelmente estaria dando pulinhos.

- Conseguimos!!!!! - comentei com Cecy, entusiasmada.

Ela concordou com o mesmo entusiasmo, batendo palminhas.

- Vou procurar as meninas para terminar de avisar, afinal, acho que Mari não vai mais. - dizendo isso, apontou para o meio da pista, onde pude distingui-la beijando Guilherme.

- Nossa! Ela foi rápida, hein?

- Ainda mais para o primeiro beijo! Mas, bem, não julguemos. Fui!

Ela saiu acenando, rumo às outras. 

Olhei para Davi, que sorria para mim. Meus lábios curvaram-se para cima também. A música alta de antes foi trocada por Careless Whisper de George Michael. Davi, escutando a lenta melodia, pegou-me pela mão e levou-me de encontro ao seu peito. Ali mesmo, ele começou a girar no ritmo, conduzindo-me. Fechei os olhos e deixei-me levar pelas batidas de seu coração. Senti a magia da canção ser combinada com o fato de eu dançá-la com aquele a quem amo. O pulso da música penetrava meu coração, deixando ali uma marca. Não ruim. Uma memória. Uma memória que eu sempre guardaria com carinho em minha mente. Davi mantinha sua mão esquerda em minha cintura e a direita em minha nuca. Seu queixo pousava em minha cabeça, esta repousando delicadamente em seu peito. Sentia-me aquecida e protegida naquele abraço do qual eu jamais quereria sair. 

Mas, logo que a música acabou, foi rapidamente trocada por Never Enough, do One Direction.

Quase forçando minhas pernas a pular, fiz um improviso, tentando dançá-la, mas era impossível. Eu não levava jeito para dançar. Então, contentei-me em cantar o refrão:

"Lips so good, I forget my name

I swear I could give you everything

I don't need my love

You can take it, can take it

I don't need my heart

You can break it, can break it

I just can't get too much of you, baby

It's never, it's never enough

Never enough

It's never enough

Never enough

Come on!"

(Lábios tão bons, esqueci meu nome

Juro que eu poderia te dar qualquer coisa

Não preciso do meu amor 

Pode pegá-lo, pegá-lo

Não preciso de meu coração

Pode parti-lo, parti-lo

Só não consigo ter demais de você

Nunca é o bastante

Nunca o bastante

Nunca é o bastante

Nunca o bastante

Vamos lá!)

Mal terminei de cantá-lo, Davi me gira pela mão e me imobiliza contra si, logo em seguida beijando-me.

Assim que me vi livre do choque, beijei-o de volta. Seus lábios me convidavam a chegar cada vez mais perto, eliminar a distância entre nós. 

Naquele momento, era tudo o que eu queria.

- Vamos, Cinderela! - disse uma voz atrás de mim, fazendo com que eu soltasse Davi e quase caísse no chão.

- G-Gigi?!

- Vamos. Você insistiu em ir de meia-noite, que é agora. Já chamei as outras. Vamos.

Assenti, corada. Davi, do mesmo jeito que entramos, levou-me à saída. 

Missão Berniv concluída com sucesso.

***

Depois de alguns dias, Liv e Bernardo assumiram o namoro. Mas nossa missão não estava acabada: Parece que um beijo bastou para deixar alguém apaixonadinha por alguém que ela mal conhecia...

Um mês depois da festa, eu estava conversando com Mari no fim do corredor, mas ela não parecia prestar muita atenção.

- Mari, tudo bem? Você parece distante...

- Não é nada, só estou pensando...

- Em quê? Ou melhor, em quem?

Ela abriu a boca, como que surpresa com meu complemento. Em seguida, suas bochechas ganharam um tom avermelhado.

- Foi paixão à primeira vista, né? Com aquele Guilherme?

Ela mordeu o lábio inferior e assentiu.

- Sabia! E aí? O que você sabe sobre ele? 

- Ele está um ano à nossa frente. Estuda aqui também. É amigo do líder do grêmio, são da mesma turma. Ele é surfista e seus pais são médicos. Ele parece ser inteligente.

- Pois bem.

Chamei as meninas, que estavam no fim do corredor olhando os avisos da escola.

- Operação nova! - exclamei, parecendo deixá-mas animadas.

- Quem é? - perguntou Larissa.

- Operação Guimar! 

- ...?

- Vocês lembram do garoto que ficou com Mari quando a gente juntou Bernardo e Liv?

Elas assentiram em resposta.

- É ele.

Passei a elas as informações que eu tinha sobre o garoto em questão.

- E então? Onde ele está agora? O intervalo dele é com o nosso! - perguntou Rafhinha, aparentemente animada com a possibilidade de conhecê-lo.

- Boa! Vamos atrás dele! - concordou Cecy.

Dei de ombros, assim como as outras. Decidimos começar a procurar por sua sala. 2° do ensino médio, CM. Aparentemente, Mari o encontrou rápido e quase desceu as escadas correndo. Como eu e Gigi estávamos na "retaguarda", seguramos-na antes que ela sumisse. As outras também notaram e perguntei:

- Quem é? - ela apontou para um garoto que olhava o celular encostado na parede. - Muito bem. Ele surfa, certo? - perguntei, indicando sua localização para as outras. - Vamos atacá-lo em sua própria área: a praia. Você tem casa de praia, certo? Vá conversar um pouco com ele. Fale sobre isso. 

Sem questionar, ela interrompeu a conversa dele com outro garoto. Como ela conseguiu, não faço ideia. Mas ela puxou Cecy junto dela, para não ficar sozinha. Elas começaram a conversar com eles animadamente. Depois do primeiro passo, foi fácil. Mari começou a ficar bem próxima de Guilherme. 

Nas férias de verão, que são no meio do ano, conseguimos dividir-nos em duas casas de praia: Liv, Gigi e Rafha na casa de Mari e Cecy, Larissa e Dani na minha, já que tínhamos casas de praia próximas. Descobrimos um "lual" que haveria por perto e demos um jeito de chamá-lo. Mari, que é uma dançarina tão boa quanto eu (que sou paraplégica e nem antes disso sabia dançar direito) e precisamos ensiná-la a dançar hula. Cecy, Larissa e Rafha encarregaram-se dessa parte. Eu, Gigi e Dani bolamos o plano. Liv cuidou do visual, bonito e digno de um lual. Uma saia de folhas (com um biquíni por baixo) e um top que parecia o da Ariel, como que feito por duas conchas. Flores azuis ressaltaram sua pele morena. Uma tornozeleira e uma pulseira feitas com as mesmas flores enfeitavam-na. Depois que todas terminaram sua parte, Davi acompanhou-nos até a praia ali perto, onde o evento estava acontecendo. Todas caracterizamo-nos parecidas, usando flores diferentes para nos distinguirmos. Davi entrou no jogo, usando a saia de folhas e um colar de flores. Novamente, minha cadeira de rodas ficou para trás, e pude contar apenas com o apoio de Davi. Assim que chegamos à praia, encontramos alguns rapazes surfando sob a luz do luar. Mari fez um gesto que deu a entender que seu coração parara. Lentamente, distingui o cabelo loiro de Guilherme dentre eles. Pouco depois, ele saiu do mar, vindo em nossa direção. Fingindo não vê-lo, separamo-nos de Mari, para deixá-los à sós. Davi me levou para perto da fogueira e sentou-se ao meu lado, deixando-me em uma posição boa o bastante para vê-los. Gui pingava a água salgada do mar. Suas mãos seguravam o queixo de Mari. Eles falaram alguma coisa e se abraçaram, vindo para perto da fogueira também. Começaram a hula, que todas as moças deveriam participar. Mas, quando me chamaram, tive que explicar que não podia e o porquê. Mas todas as minhas amigas estavam lá. Assisti enquanto elas dançavam, animada por todas saberem dançar muito bem. Desviei o olhar para Guilherme, que fitava Mari admirado. Sorri comigo mesma pelo sucesso de nosso plano. Ou quase. Ainda não tínhamos certeza. Logo que a dança terminou, vi estrelas nos olhares de Mari e Gui. Vi que Mari entrou na fila para passar sob a barra baixa. Ela perdeu o equilíbrio e quase caiu sobre a areia. Mas Gui segurou-a antes que caísse. 

- Obrigada... - escutei quando ela falou, por mais baixo que tivesse sido.

Ele tirou-a dali e levou-a a uma floresta um pouco afastada. Eu sabia que ia acontecer alguma coisa. Quase lendo minha mente, Davi pergunta:

- Quer segui-los?

Mas, depois de pensar um pouco, respondi:

- Daqui a pouco. Vamos dá-los um pouco de privacidade. Além disso - apontei para as meninas, que embrenhavam-se na floresta, procurando-os às escondidas. -, elas já foram. Por hora, fiquemos. 

- Então merecemos aproveitar um pouco o lual.

Dizendo isso, nos aproximamos mais da fogueira, mas longe das outras pessoas. Ele ficou de pé e me puxou contra seu peito. Sua pele morena estava iluminada pelo fogo, assim como seus olhos brilhantes. Minhas mãos repousavam em seu peito, que pulsava cada vez mais rapidamente. Sua mão em minha cintura nua enviava arrepios por todo o meu corpo. A outra mão dele repousava delicadamente em meus cabelos. Involuntariamente minhas mãos deslizaram até enlaçar seu pescoço. Ele me suspendeu para mais perto de si e tocou meus lábios com os dele. Sua pele estava quente ao toque, aquecendo cada parte de meu corpo. Ele me segurava perto de si, abraçando-me fortemente. Enrosquei meus dedos em seus cabelos. Soltando-me um pouco, mas ainda me abraçando, Davi começou a correr para a mata, perto do local aonde Mari e Gui tinham ido. Fazia sentido. Ali, ninguém nos acharia. Davi me apoiou em uma árvore e pegou uma orquídea rosa que estava em uma árvore, prendendo-a em meu cabelo. Sorri para ele.

Mas não estávamos a sós.

Escutei um barulho nas folhas próximas e olhei naquela direção, testemunhando novamente Mariana e Guilherme aos beijos, desta vez sob as copas das árvores.

Missão Guimar cumprida com sucesso.

***
 

Pouco depois, Mari e Gui assumiram o namoro.

Mas nossa missão não tinha terminado ainda.

Estávamos nós oito almoçando depois do primeiro dia de aulas, uma pequena comemoração por termos chegado tão longe, até o ensino médio. Os meninos estavam almoçando com outros amigos, e Cecy aproveitou para nos contar.

- Vocês conhecem Chacon? Do tipo, Matheus Chacon, o filho da professora Rita?

- O cupido bateu aqui de novo? - perguntou Mari, animada.

- Sim... - respondeu.

Entramos em comemoração instantânea. Até que o vemos entrar no restaurante. Olhei para Cecy e para Davi. Meus cúmplices. Sinalizei para que me acompanhassem. As meninas seguiram minha linha de raciocínio e ficaram quietas enquanto íamos os três ao encontro dele.

- Oi, Chacon! Como vai? - falou Davi, apertando sua mão.

- Vou bem, Davi. - seu olhar se desviou para Cecy. - Ah, oi! Maria Cecília, certo?

Ela assentiu, sorridente.

- E você é...? - perguntou-me.

- Isabella, a namorada do Davi. Prazer conhecê-lo!

- O prazer é meu. Vamos sentar?

Concordei com a cabeça e rodei para uma mesa com quatro espaços, afastando uma cadeira. Sentei-me ao lado de Davi, deixando Cecy e Chacon lado a lado. Conversamos por um tempo, o suficiente para fazer com que trocássemos telefones. Um grande passo, hein?

Mas ainda demoraram dias, semanas, meses até que acontecesse alguma coisa.

14/11, meu aniversário e de Mari. Como ela estava fazendo 18, ela fez uma festa grande, com um tema que eu amei: baile de máscaras. Produção total nela, que parecia com uma rainha. Por insistência dela, me tornaram uma princesa. Mas Cecy estava parecendo tão nobre quanto eu. Enquanto Mari usava um vestido dourado e máscara prateada com uma coroa de ouro na cabeça, eu tinha um vestido rosa mais simples, com apenas alguns brilhos e flores costuradas na barra da saia. Uma máscara com rosas adornava meu rosto e eu tinha uma coroa de prata na cabeça. Mas Cecy...

Tornamos seu vestido um céu noturno, azul-escuro cheio de brilhos que lembravam estrelas. Deixava os ombros á mostra, mas as mangas iam até os pulsos. Sua máscara da mesma cor tinha um brilho dourado. Prendêramos seu cabelo em um coque com broches de diamante. As primeiras a entrar fomos eu e Mari, e tive que usar minha velha cadeira de rodas. Cecy entrou logo em seguida, e vi um queixo cair. Olhei na direção de Chacon, que usava uma máscara preta com alto-relevo. Ele arregalara os olhos, em choque. Cecy o viu e sorriu timidamente, acenando com uma mão. Logo em seguida, misturamo-nos à multidão. Vi Chacon tirando Cecy para dançar. Davi, que viera para o meu lado, tirou-me da cadeira e levou-me para a pista, para dançar um pouco e acompanhar os avanços de Chacon e Cecy. Davi me guiou em uma valsa ritmada, segurando-me pela cintura. Perdidos na multidão dançante, achei o mais novo casal: Cecília e Matheus estavam a se beijar enquanto dançavam a lenta melodia. Mas meu olhar não ficou ali por muito tempo. 

Davi usou uma mão para erguer meu queixo, e meu olhar encontrou o dele. Sorri para ele, que me girou ao som de "Total Eclipse of The Heart", na versão de Glee (Mari é gleek, fazer o quê?). Fomos para o lado de fora do salão em busca de ar fresco. Ninguém estava ali. Uma piscina se encontrava no meio do espaço. Novamente, Davi me puxou para uma dança. Seu nariz tocou o meu. 

*Splash!*

Caímos na água, os dois. Olhei para a superfície, onde ninguém estava à vista. Então quem...?

Ignorei aquilo e nadei a braçadas para perto de Davi. Ele me segurou novamente, poupando meus braços de muito esforço. Ele olhou em meus olhos e não contive um sorriso. Assim, ele me beijou, em uma piscina. 

- Vamos cantar os parabéns? - perguntou alguém do lado de fora.

- A-Ah! Adriana, é você! Já estamos indo! - falei para a mãe de Mari. 

Davi me tirou de lá, carregando-me em seu colo. Enlacei seu pescoço enquanto ele me levava para dentro, totalmente molhada. Ele me segurou pela cintura enquanto cantávamos parabéns para Mari. Com o canto do olho, vi Cecy e Chacon abraçados. 

Mais uma missão terminada e bem-sucedida.

***

 

Poucos dias depois, eles também assumiram o relacionamento. Mas uma surpresa me aguardava.

- Larissa, tudo bem? - perguntou Dani enquanto nós três lanchávamos juntas e as outras saíam procurando o que fazer.

- Perdida em pensamentos?

Ela assentiu.

- Sobre quem?

- Longa história...

- Temos vinte minutos até tocar.

- Tudo bem. Um amigo do meu pai tem um filho, Marcos. Eles se encontraram há uns dias e descobrimos que se mudaram do Brasil, São Paulo, para cá. Ele é lindo... - falou. - E vai começar a estudar na nossa turma. Ele morou aqui por alguns anos, mas passou dois no Brasil e vai ter que fazer o primeiro daqui. Ele tem 16 anos, tem um cabelo loiro meio castanho, uma barba parecida com a do Peeta de Jogos Vorazes, mas que fica muito bem nele, pele branquinha e olhos azuis que parecem um lago congelado. Lindo... Ele chega de vez semana que vem. 

- Sério?! Nossa, o cupido tem algumas flechinhas aqui! 

- Com certeza! - concordou Dani com entusiasmo.

Naquele momento, as meninas voltaram da "caça".

- Alguém falou em cupido? - perguntou Rafhaela. 

Larissa recontou a historia para elas, que ficaram eufóricas com a descrição.

- Ei! Virem o olho, ele já é meu! - falou ao fim.

Rimos um pouco. Mas a euforia não demorou a voltar. Em uma semana, o tal novato chegou. Larissa o chamava de Marquinhos, provavelmente apelido de criança dele. Mas acabamos por usar também, sem querer. Logo demos um jeito para ele entrar no "grupinho" de Davi, Gui, Bernardo e Chacon. Viraram amigos próximos, e empurramos Larissa para ele. De qualquer modo, ele parecia se apoiar um pouco nela, por ser a única que conhecia bem. 

07/02 era o aniversário de Lucas, amigo de Mari, nosso e dos meninos, que não chamou muita gente: seus amigos, incluindo Davi, Chacon, Guilherme, Bernardo, Marquinhos e nós oito. Foi na casa dele, que era grande. Como éramos um grupo médio, decidimos jogar jogos de equipe, começando com Cranium. Larissa ficou no mesmo grupo de Marquinhos e acabou tirando para fazer um desafio: Pegar dois dados e colocar um na cabeça de cada um. De costas um para o outro, deveriam dar-se as mãos e dar cinco passos sem derrubá-los. Como os dois tinham alturas baixas para os padrões de seus respectivos sexos, acabaram tendo que fazer eles dois, por terem alturas próximas. No momento em que seus dedos se entrelaçaram, quase vi uma faísca pular dali. Eles cumpriram o desafio com facilidade, tendo uma sincronia óbvia. O próximo jogo, sugerido por ele, era uma adaptação de verdade ou desafio com uma garrafa; cada um escreveria um desafio e juntar-se-iam todos. Todos se posicionavam em um círculo e girava-se a garrafa. Aquele para quem a tampa apontasse deveria retirar um papel e cumprir o desafio ali descrito. E começou o jogo. Foi levado na brincadeira até o primeiro papelzinho sério ser tirado por Larissa. "Beije o próximo jogador sorteado". 

A garrafa rodou pelo chão.

Guilherme, Bernardo, Matheus.

Davi.

Não.

Quase.

Marquinhos.

E a garrafa parou. 

Olhei de um para o outro. Larissa parecia ainda se recuperar do susto do papel. Marquinhos tinha um olhar surpreso, mas deu de ombros e ficou de pé. Larissa imitou o gesto. Eles deram um passo na direção do outro e ele abraçou-a pela cintura. Ela enlaçou seu pescoço com os braços e eles se beijaram. Um, dois, três... Pareciam ter se esquecido que era um jogo. Eu, como não queria cortar o barato deles, voltei meu olhar para Davi e fiz um coração com as mãos, que ele retribuiu com um sorriso de derreter o meu coração. 

- Era um beijo, não mil e um, mas tudo bem. - falou Gigi para eles, que, parecendo lembrar da nossa presença no recinto, afastaram-se, envergonhados. 

Olhei para Gigi com ar de repreensão, mas estava feito. Quando os papéis finalmente acabaram, decidimos esconde-esconde. Sim, esconde-esconde. Hide-and-seek. Cache-cache. A brincadeira infantil. Mas foi nossa única sugestão. Tive que pedir ajuda a Davi, mas é a vida. Notei que Marquinhos levava Larissa para um canto escondido no segundo piso, onde ficavam os quartos. Pedi que fôssemos para lá, mas perdemo-nos de vista. Assim sendo, nos escondemos no armário de Lucas. Dentro do quarto. Mas era o único lugar em que não nos achariam. Chacon e Cecy eram os contas. Escutamos passos do lado de fora e meus músculos se retesaram. Davi se inclinou para perto de mim, cobrindo-me com seu corpo. Meu rosto ficou preso entre o fundo do guarda-roupas e o peito de Davi e fechei os olhos, aproveitando o calor que emanava de seu corpo próximo. Escutamos passos entrando no quarto. Chacon, notei. Ele analisou quase todo o quarto, eliminando apenas lugares onde, via de regra, não cabia ninguém. No caso, o armário onde estávamos e o espaço sob sua cama. Em seguida, ele saiu. Relaxei os músculos, continuando firme ali graças a Davi, que também relaxara. Ele voltou seu olhar para mim e aproximou a boca de minha face. Em seguida, beijou o canto de minha boca. Em seguida, afastou-se para a linha de minha mandíbula, onde beijou até o pescoço. Ren. A Maldição do Tigre. Claro. 

Ele se afastou, a respiração acelerada. Em seguida, escutamos o barulho de beijos não muito distantes. Por sobre o ombro de Davi, pude enxergar um movimento sob a cama de Chacon. Distingui o cabelo loiro de Marquinhos e o óculos preto de Larissa e vi que estavam escondidos ali, se beijando. O jogo não bastou, pensei, sorrindo. Voltei a olhar para Davi, içando-me com os braços em seus ombros e beijando seus lábios suavemente. 

Mais um casal formado. 

Eu estava feliz naquela noite. Não sabia o que viria a seguir. Ao sair, no entanto, com o canto do olho, vi um cabelo loiro bem familiar. E este não era de Guilherme, Chacon ou Marcos...
 



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