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História Isabella - Trabalho


Escrita por: Estherzinha13

Notas do Autor


Oii! Espero realmente que gostem, perdoem quaisquer erros de gramática ou ortografia.

Capítulo 3 - Trabalho


No dia seguinte, tivemos aula com Andrey. Aula de história. De novo, um sono incrível. Mas ele foi fazer o novo mapa. Só então notei que Paulo, meu vizinho, estava na minha turma. Andrey me colocou na frente. Fixa na segunda cadeira. Ele colocou Paulo à minha frente e Davi atrás de mim. Duas meninas ao meu lado, Maria Cecília e Mariana, também fixas, à frente delas Rafhaela e Giovana, e Daniele e Larissa atrás delas. Não creio que tenham sequer notado minha existência até agora (exceto nas aulas de Paulo Nunes). Não sabia se ria ou se chorava. Era bom dormir nas aulas de história e matemática, que eram 101% chatas. Agora, na frente... Pelo menos eu não estava só. Paulo parecia me ignorar. Davi tirava as dúvidas comigo. As meninas cochichavam entre si. Fui tirada de meus pensamentos pela voz retumbante do professor de canto, que também me dava aulas de coral.
- Bom dia! Vejo que temos novatos aqui! Assenti, tentando não demonstrar meu sono.
- Saibam que as portas do coral daqui está sempre de portas abertas, o mesmo que Isabella faz comigo!
Ele gostava de me matar de vergonha, não era possível! Eu era a única do fundamental 2, desde o sexto ano. Ninguém queria fazer. Mas eu gostava. Quando ele acabou a apresentação, mandou que fizéssemos grupos de nove. Éramos 36, então quatro grupos. Ele organizou. A primeira fila, que tinha mais gente, e algumas pessoas do fundo, e a última, com outras pessoas do fundo, um grupo do fundo, e eu e as pessoas ao meu redor. Ai, ia ser duro. Ele disse que o grupo deveria se organizar para... Compor uma música. Mandou que nos juntássemos. Organizaram-se ao meu redor.
- E então? O que podemos fazer?
- Eu posso fazer a melodia. Eu sei fazer partitura. Vocês dizem o que querem e eu faço.
- E a letra? - perguntou Giovana.
- Isa escreve bem... - comentou Davi.
- É... Obrigada...
- Então tá. Mas nada muito meloso. Quero uma música que comece lenta e fique rápida...
E começou-se uma discussão infinita. Argh. Era por isso que eu não gostava de trabalhar em grupo. Muita confusão. O professor saiu ao fim da aula. Rodei para casa. Meu pai não podia me pegar. Comecei o caminho quando Davi e Paulo me alcançaram. Os dois conversavam. Como meu mau-humor havia passado, arrisquei um oi. Paulo ignorou. Davi acenou.
- Precisa de ajuda? O caminho é longo...
- Não, está tudo bem.
Ignorando-me, ele começou a me empurrar pelo caminho. Era até confortável. Paulo parecia querer me fuzilar. Ele disse ao primo:
- Eu vou andando. Não quero ser visto com ela.
- "Ela" tem nome, Paulo.
- Tanto faz. - ele seguiu o caminho.
- Perdoe meu primo, Isa. Ele parece ter um certo ciúme de você. Ele não gosta de vê-la conversando com rapazes.
Comecei a rir. Ciúme?! Eu fui atropelada e perdi minhas pernas para falar com ele e ele nunca mais falou comigo.
- Mas e você. Fale da sua vida depois que você se mudou e eu também.
- Bem, eu passei um tempo em Mossoró com meus avós. Minha mãe passou a economizar muito, ela trabalhou vários anos da vida dela em um hospital para que pudéssemos voltar a Natal. Ela conseguiu comprar uma casinha em um condomínio de casas. Estávamos a caminho de lá quando uma ambulância bateu no nosso carro, pela frente. Os estilhaços do vidro foram a última coisa que eu vi, ao som da sirene. Dizem que é sorte ser atropelado por uma ambulância. Eu perdi meus pais por isso.
Fiquei em silêncio por um instante, tentando processar. Acabei deixando uma lágrima cair. Ele a viu e secou com o polegar.
- Depois disso - retomou. -, quando eu acordei, me perguntaram quem era meu parente mais próximo. O primeiro que me veio à mente foi Paulo. Acabaram me mandando para cá.
- Mas... É tão triste... Você merece um final melhor, você é tão bom...
- Obrigado... - ele murmurou.
Fizemos o resto do trajeto em silêncio. Ele me deixou na porta de casa e foi para a dele. Passei o dia refletindo a história dele. Ele perdeu a casa para a falta de dinheiro e os pais para o excesso dele. E eu reclamava de ter perdido as pernas para uma desatenção. Fui olhar meu Whatsapp para ver se havia alguma mensagem. O grupo de música. Estavam discutindo a melodia e pedindo uma letra para mim. Às pressas para não pegarem muito no meu pé, improvisei um poeminha:

"Primavera

Quando se vê uma flor
No final de setembro
O mundo explode em cor
Até o fim de novembro

De cores a Terra se reveste
Com um toque de harmonia
Ilumina-se cada corpo celeste
Num hino de amor e alegria

A beleza vem com a estação
Enfeitada pelo amor natural
Que derrete o mais duro coração
E alegra a área rural

Cada flor única e especial
Com uma história a ostentar
Para a vida é essencial
Sabê-las apreciar

As flores trazem o amor
E afastam a pior dor
Introduzem o calor
E espantam o mau-humor"

E mandei junto: "Espero que não esteja meloso demais."
Giovana, no entanto, respondeu: " Tá sim, pode refazer"
E aí Maria Cecília entrou, assim como as outras:

MC: Ai, Giovana, você também reclama de tudo!
Daniele: Pois é, a gente tem uma semana! Isso já é alguma coisa!
Rafhaela: Eu também não gostei muito não...
Eu: Decidam-se e depois me digam se refaço ou não no privado!
E desliguei o celular, jogando-me na cama.
***
Alguns dias depois, decidiram reunir-se na casa de Paulo. Cheguei lá depois de todos. Rodei para dentro e descobri que estavam no andar de cima. A mãe de Paulo foi chamar todos para descerem. No entanto, só Davi veio.
- Aqui. Eu te ajudo.
Antes que eu percebesse o que ele estava fazendo, me vi de pé. De pé...? Vi que as mãos de Davi estavam em minha cintura, sobre as minhas. Ele me apoiava, meus pés sobre os deles. Ele começou a subir a escada, minhas pernas atrofiadas imitando seus movimentos. Não consegui conter a alegria. Eu podia não estar andando por força própria, mas... Era quase um milagre, eu sequer me firmava sobre minhas pernas desde o acidente! Subir uma escada era... Sem palavras para descrever. Sorri alegremente enquanto ele subia os degraus um a um, com cuidado para não me machucar. Ele me colocou sentada na cama de Paulo e sentou-se ao meu lado. Sem me conter, dei-lhe um abraço e sussurrei-lhe emocionada ao ouvido:
- Obrigada, obrigada, obrigada... Você não sabe o quanto isso foi bom para mim...
Senti lágrimas de alegria escorrerem de meus olhos direto para sua camisa. Ele me abraçou de volta e disse:
- Por nada. Eu fico feliz de te ver feliz.
Um "hummmm..." coletivo saiu da boca das meninas. Paulo mantinha uma expressão séria.
- Na verdade, meninas, não tem nada de romântico nisso! Eu só estou emocionada porque esta é a primeira vez que eu subo uma escada desde que eu perdi minhas pernas.
Mariana começou a rir descontroladamente como um... Porquinho-da-índia.
- Não me achem louca. Eu rio assim!
Comecei a rir.
- Pelo visto, ninguém é normal neste mundo...
Isso gerou um riso coletivo. No final, não conseguimos decidir coisa alguma e marcamos de tentar de novo no dia seguinte. Todos os dias, Davi me ajudava a subir e descer as escadas. Eu me sentia nas nuvens. Eu sabia que não conseguiria nunca fazer sozinha, mas mesmo com ajuda era emocionante. Sempre. A apresentação de música chegou. Tiramos 10. O professor era muito benevolente. Ainda bem. Sem perceber o tempo passar, logo iniciou-se agosto, e, com ele, o aniversário de Davi.



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