Isqueiro Azul
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E eu amei-te por tanto tempo, ordinário, mas o problema é que você nunca me amou de verdade. Nunca. E a falta de amor que incendiava meu peito doía mais do que conseguia explicar em palavras para qualquer um que me perguntasse.
Você vivia me dizendo sim, e, logo em seguida, me enchendo de seus nãos tão insensíveis, só para depois me negar todo o amor prometido a mim nas nossas noites gozadas, Baekhyun.
Quase me amou, quase se deu, quase se entregou, quase ficamos juntos, quase fomos felizes, mas, afinal: quantos quase cabem dentro de ti? Nunca soube dizer, mas os seus “quase” me estraçalharam por dentro; e, desta forma, acabei por cair num precipício de dor sem fim, de uma forma que não suportei.
“Você me machucou” – foi a desculpa mais rasa que alguém poderia dar para o término de um namoro, mas foi somente isso que você, o cara que eu amei por anos e anos da minha vida, teve a audácia de dizer. E eu sabia que havia feito-o chorar, e lutava comigo mesmo para esquecer de todo o mal que acabei por lhe causar, mas você nem sequer se sentia mal pelo buraco que havia cavado em meu peito.
E, Deus, mesmo assim eu continuo sendo grato por tê-lo na minha vida, por cada noite, por cada sorriso; assim como por cada ofensa, por cada mancha roxa que havias deixado em meu corpo por conta do amor feroz que alimentamos por tempo demais, até que ele nos atacou. Talvez, por conta disso, ainda te espere em outra dimensão, em outra vida, em outra encarnação, onde possamos realmente nos amar sem carregar toda nossa venenosa dor junto.
Sei que vou sofrer, vou, mas não dá mais. E tudo o que me sobra de concreto de ti são as chaves do seu apartamento, e esse isqueiro azul, com suas digitais e cheiro, assim como meu corpo ominoso.
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