História Isso é guerra! - Capítulo Único

Estava escuro. Já era tarde da noite. Sakura permanecia escondida esperando pelo momento mais oportuno de atacar. O silêncio invadia o local brutalmente e qualquer suspiro poderia revelar a posição do oponente. A rosada tomava cuidado para não vacilar. Temia que o Uchiha fosse mais cauteloso ainda e acabasse pegando-a de surpresa.

Não muito longe dela estava Sasuke com tanto ou mais cuidado. Como previsto por Sakura, ele não havia baixado a guarda por nenhum momento a espera de apenas uma chance para acabar com ela de uma vez por todas. O moreno fechou os olhos e pensou por alguns minutos. Altamente concentrado, ele percebeu algo que Sakura não teve tanto cuidado de esconder: seu cheiro. Agora por todo lado podia-se sentir o perfume delicado que estava misturado com o ar. Abriu os olhos e finalmente um sorriso vitorioso saiu de seus lados, afinal tinha certeza que a vitória seria dele. Se preparou mentalmente e contou até três.

Sakura estava com o coração acelerado, não sabia quando atacar e tinha medo de que ele a atacasse primeiro. Quando de repente…

— ISSO É GUERRA! – Gritou Sasuke partindo em direção à Sakura que em questão de segundos ficou pronta para receber os golpes dele.

— EU VOU VENCER – Retrucou furiosa se defendendo.

Eles estavam sobre a cama de casal do quarto principal da casa. Os dois travesseiros que cada um possuía em suas mãos eram suas armas e com eles golpeavam um ao outro. Não demorou muito e as penas começaram a sair do travesseiro e voarem por todo o quarto. Eles estavam muito sérios. Levariam essa batalha até o fim para saber quem era o melhor. Guerra de egos. Estavam cansados, porém não iriam se render antes que o oponente desistisse. Eles eram valentes e estavam lutando com toda a força que tinham.

— O que é isso? – Perguntava a gentil senhora de cabelos negros e pele alva. Dona Mikoto havia se assustado com o barulho que vinha do quarto em que as crianças estavam.

— Mãe, a Sakura disse que é melhor que eu então resolvi provar que ela está errada. – Dizia Sasuke que em plenos oito anos de idade não aceitava que NINGUÉM ousasse dizer que, em qualquer circunstância, fosse melhor que ele.

— Só por isso? – Riu ao ouvir o motivo bobo de seu filho e logo percebeu que ele ficara irritado – Não fique assim! – Tentou consolá-lo passando a mãos sobre os cabelos dele e então Sasuke parou de fazer manha. – E o que você tem a me dizer Sakura?

— Eu venci, tia! – Ao dizer isso, Sakura pegou o travesseiro que não havia largado por nenhum minuto e bateu com tanta força em Sasuke que ele caiu da cama e ela então sorriu – Quem ri por último sempre ri melhor.

Sasuke levantou do chão mais irritado do que antes e quando já se preparava para puxar os cabelos da menina sua mãe o repreendeu.

— Não ouse fazer isso, Sasuke!

O menino imediatamente parou e sentou na cama emburrado. Sakura lhe mostrou a língua, sempre divertida. Havia ganhado dele pela primeira vez numa guerra de travesseiros. Estava orgulhosa dela mesma.

A campainha tocou.

— Deve ser sua mãe Sakura, vem? – Mikoto estendeu a mão para a menina que falou:

— Já vou tia! Pode ir na frente. – Ela então obedeceu e deixou a menina com Sasuke. Sakura arrumou sua mochila e, quando terminou, percebeu que seu amiguinho que antes parecia bravo agora estava triste.

— O que foi? – Perguntou carinhosa parada em frente a ele.

— Você vai embora – Disse baixo, mas ela conseguiu escutar.

— Eu volto! – Disse rapidamente e surpreendeu o menino com um beijo estalado na bochecha e, logo em seguida, disparou pelas escadas correndo até o encontro de sua mãe. Era assim às vezes, a mãe de Sakura ia a algumas festas do trabalho do pai da menina e voltava sempre muito tarde. Então, a solução era deixá-la na casa de Sasuke, pois era muito amiga de Mikoto. Eles também se gostavam muito, apesar das pequenas desavenças diárias.

Sakura foi embora e Sasuke passou a noite toda pensando sobre o primeiro beijo que ganhara de uma menina.

— Irritante. – Falava para si mesmo deitado na cama de seus pais e observando o teto com um sorriso bobo nos lábios. Como é bonito o primeiro amor!