Point of view Maria Clara – Califórnia, EUA.
Quarta-feira, 18 de janeiro de 2017. 10:30.
1 semana. 7 dias. 168 horas. 10080 minutos. 604800 segundos.
Uma semana aguentando, milagrosamente, um idiota chamado Hayes Grier. Uma semana aguentando o Grier e o Alex se provocando – lê-se: quase caindo na porrada -. Uma semana que Paulo, Tyler e eu fizemos uma amizade incrível. Uma semana que Kylie briga comigo por não ir visita-la - se bem que ela poderia fazer isso, é só ela levantar aquela bunda grande da cadeira e atravessar a rua, porra, ela mora, literalmente, na casa da frente da minha!
Neste exato momento eu estou colocando o uniforme da aula de educação física. Maravilhoso, não? Logo após o recreio eu teria que me exercitar, e, para melhorar, o professor era simplesmente um merda. E por mais que todas as aulas eu tivesse vontade de chutar uma bola de futebol em sua “preciosidade”, eu me segurava, respirava fundo e contava até dez para ver se me acalmava. A maioria das vezes não dava certo, mas, mesmo assim, eu agia como uma pessoa civilizada.
Algo mais que me incomodava nessa aula: o uniforme. Um short azul marinho tão pequeno que parece ser uma calcinha e uma regata – extremamente justa, devo ressaltar - branca com o logo do colégio estampado em azul. Essa roupa certamente não é algo que faz o professor desviar os olhos das meninas, pelo contrario, é até possível ver a baba escorrendo do canto de sua boca.
Saí do vestiário feminino, me dirigi ao campo e sentei na arquibancada ao lado dos meninos. Após uns dois minutos, quando todos os alunos já estavam no campo, o professor chegou.
- Hoje as meninas vão jogar vôlei e os meninos futebol, e se, por acaso, alguma garota quiser jogar futebol, pode. O mesmo vale para os meninos. Agora vão jogar.
- Levanta do chão, menina – Peter disse enquanto estendia sua mão para ajudar-me a levantar. – Você vai jogar com a gente.
- Quem disse?
- O ruivo mais perfeito da sua vida.
- Querido, o ruivo mais perfeito da minha vida é o Ed Sherran. E você não é o Ed Sherran.
- O segundo então.
- Você esta na lista dos dez ruivos da minha vida.
- E quem são os integrantes desta lista?
- Ed Sheeran, Rupert Grint, Damian Lewis, Kevin McKidd, Jamie Bamber, Xabi Alonso, Ádám Bogdán, Zsolt Kalmár e, a partir de agora, Peter Grey.
- Ela vai jogar com a gente? – perguntou Josh quando chegamos ao seu lado.
- Imagina. Ela só esta aqui para dar apoio – debochou Paulo. – Mas que bom que vai jogar. Essa aqui é igual a um robô quando se trata de futebol.
Eu não posso negar, eu realmente sou muito boa no futebol, afinal, quando se é irmã de Cristiano Ronaldo o esporte acaba ficando igual a respirar: necessário. Desde pequena meu irmão me ensina a jogar, e após eu conhecer milhares de outros jogadores o futebol realmente virou uma parte da minha vida.
- Vocês vão formar quatro times – o treinador do time de futebol falou. – Hayes, Brad, Alex e Robert, vocês vão escolher os times, mas lembrem de que aqui vocês têm vários jogadores de basquete, futebol e futebol americano, portanto eu quero que vocês se misturem.
No final, os times foram:
Alex, Josh, Paulo, Peter, Enzo, Gabriel, Bryan, Dylan, Jensen, Nicolas e eu.
Brad, Lucas, Paul, Tyler, Garret, Liam, Rafael, Victor, Theo, Hugo e Max.
Robert, Ian, Caleb, Ryan, Sam, Tate, Travis, Romeo, Oliver, Luke e Mason.
Hayes, Bruno, Scott, Jon, Nathan, Marco, Taylor, Miguel, David, Lorenzo e Murilo.
Estava combinado que o meu time jogaria contra o do Hayes, o que é maravilho, eu poderia finalmente “descontar” o meu ódio nele, sem nenhuma punição, no máximo um cartão amarelo ou vermelho, quem sabe.
- Clary, vem cá – Paul gritou-me, corri até ele.
- Fala.
- Você é boa em futebol, certo? - assenti. – Sabe as regras? – assenti novamente. – Ótimo. O que é o impedimento?
- Impedimento é quando um atacante está muito próximo do campo de gol do adversário.
- Mas o atacante não tem que estar perto do gol do adversário? – perguntou-me, confuso.
- Sim, mas ele não pode estar muito adiantado – sua feição ainda mostrava confusão, então continuei explicando. – Para o atacante não ser impedido tem que ter junto com ele dois ou mais defensores do time adversário dentro da área do gol, e se, por acaso, tiver um ou nenhum defensor o atacante estará impedido. Entendeu?
- Um ou nenhum defensor, impedido. Dois ou mais o jogo continua normalmente.
- Exato.
- Valeu, Clarinha. – sorri para ele.
Quando estava voltando para junto dos meninos do meu time, Hayes me parou.
- Clary. – o moreno disse com o seu clássico tom de deboche. – Vai conseguir jogar? Eu não tenho certeza se esse é o seu tipo de “exercício” preferido.
- E qual seria o meu tipo de “exercício” preferido? – e após ver um sorriso malicioso estampar o seu rosto, mudei de ideia. – Quer saber, esquece.
- Só não tenha medo da bola – debochou.
- Não irei.
- Clara, vem logo. – Paulo gritou-me em português.
- Vocês tem que parar de fazer isso. Não dá para entender nada – Tyler resmungou. Gargalhei e sai correndo até Paulo.
- Você pesa menina – disse o brasileiro após eu pular em suas costas.
- Está me chamando de gorda? – perguntei inconformada.
- Jamais faria isso – respondeu irônico.
- Eu não acredito nisso, Paulo. – disse enquanto batia diversas vezes em seu braço.
- Ai, para com isso, menina – bufei e sai de cima de suas costas.
- Vocês dois aí, vão jogar. – o treinador nos chamou e corremos até o campo.
Quando nos reunimos, o técnico falou que tínhamos cinco minutos para definir as posições, fizemos isso rapidamente, eu fiquei como um dos atacantes. O apito soou e nos posicionamos em nossos devidos lugares. O time de Grier começaria com a bola.
Alex, Josh, Paulo, Peter, Enzo, Gabriel, Bryan, Dylan, Jensen, Nicolas e eu.
Hayes, Bruno, Scott, Jon, Nathan, Marco, Taylor, Miguel, David, Lorenzo e Murilo.
Hayes passou a bola para Miguel, que avançou alguns metros antes de ser impedido por Nicolas de continuar. Nicolas tocou a bola para Enzo e o mesmo tocou para mim. Eu estava dentro da grande área, basicamente cara a cara com gol, quando não sinto mais meus pés no chão e sim uma forte dor em minha canela direita. Eu havia levado um carrinho! Instantaneamente levei minha mão até o lugar dolorido, mas quem foi o filho da puta que fez isso comigo?
- Clara – gritou Paulo enquanto corria até o meu corpo estirado na falsa grama. – Você está bem?
- Estou. Só tá um pouco dolorido. Já, já passa - afirmei.
- Tem certeza? – perguntou o treinador, e só aí abril os meus olhos. Todos estavam em volta de mim.
- Sim.
- Ótimo – disse enquanto tirava um cartão amarelo do bolso é o estirou na direção de Hayes
Mas é claro. Quem mais faria isso? Ninguém. Eu não deveria estar surpresa.
- Vai ser pênalti. Quem vai bater? – antes que qualquer um falasse algo, eu disse que bateria.
David, o goleiro do outro time, organizava a barreira enquanto eu colocava a bola no lugar certo. Após tudo organizado eu fui alguns metros para trás, coloquei as mãos na cintura e observei como eu poderia chutar. Respirei fundo e corri, chutando a bola com força e precisão, ela passou pela barreira e entrou bem onde a coruja dorme, não dando chances para o goleiro pega-la.
Eu sabia que ia acertar! Eu treinei futebol com diversos jogadores profissionais, e sobre o meu irmão eu nem preciso falar, certo? Ele, basicamente, me ensinou quase tudo que eu sei hoje em dia, e não se aprende pouca coisa com Cristiano Ronaldo.
O jogo continuou normalmente e o resultando final foi: 5x2 para o meu time. Sendo que três gols dos cinco foram meus: o pênalti, um de bicicleta e outro com um uma assistência incrível de Bryan. Os gols do outro time foram de Hayes e Nathan.
- Você nuca disse que sabia jogar tão bem! – Lucas, um dos jogadores do time de futebol, disse a me ver ao seu lado. Dei um sorriso tímido.
- É verdade. Como você aprendeu a jogar assim? – Paul perguntou-me.
- O meu irmão me ensinou – respondi meio desconfortável.
Eu sei que é inevitável que eles descubram sobre mim e a minha família. Mas eu posso adiar isso, certo? Certo. Afinal eu não vou desperdiçar a chance de fazer amizade com pessoas que não estão interessados em minha fama ou dinheiro.
- Garota, me diz que se eu abrir um time de futebol feminino nesta escola você vai participar dele – o treinador disse quando chegou até nós.
- Sinto muito, mas não.
- Não custa nada tentar – rimos com o comentário do homem.
Logo disse que eu precisava tomar um banho e sai dali, indo direto ao vestiário feminino. Ao chegar lá, me dirigi até os armários do vestiário, e do meu eu retirei uma toalha e uma nécessaire, que continha um shampoo, um condicionador, um sabonete liquido e um creme. Fui até o box, que por sorte era na frente do armário, e entrei e logo depois fechei a cortina, retirei o uniforme de educação física e as roupa intimas e liguei a torneira e deixei a água cair, cuja só demorou alguns segundos para que estivesse na temperatura perfeita, em minhas costas. Após terminar o banho, fechei a torneira e peguei a toalha branca, tirei o excesso de água do meu cabelo e me sequei, enrolei a toalha no meu corpo e sai do box. Tirei da minha mala uma um conjunto intimo preto rendado e, ainda com a toalha em meu corpo, o vesti, podendo assim me livrar dela, vesti uma calça jeans de cintura alta e uma blusa cinza de manga comprida do Tommy Hilfiger e um tênis branco, na cara somente rímel.
Sai do vestiário e me dirigi à classe da minha próxima aula.
-x-
Enquanto dirigia a caminho de casa a melodia de ‘Terror Jr - 3 Strikes’ começou a tocar do meu celular. Peguei o aparelho e o nome “Skylie, My Queen” brilhava no visor. O atendi e coloquei no viva-voz, deixando o celular encima das minha pernas.
- Às quatro horas eu quero você na frente da loja da Balmain do shopping central. Nós vamos fazer compras. – e desligou antes mesmo que eu pudesse dizer algo.
- Oi, Clara. Como você está? Você pode ao shopping hoje? Pode, que bom. – debocho para mim mesma a educação de uma das minhas melhores amigas.
Coloquei, novamente, o celular no banco de carona e afundei o pé no acelerador. Dez minutos foi o tempo necessário para chegar em casa, quero dizer, para chegar em casa após a estranha ligação de minha amiga.
Ao entrar em casa a primeira coisa que fiz foi tirar o tênis e a meia, joga-los, junto com a mochila, em qualquer lugar do hall. A segunda coisa que fiz foi correr para a cozinha, estava morrendo de fome. Peguei o resto de käsespätzle – uma comida típica alemã. Käsespätzle não é nada mais nada menos que macarrão com molho de queijo, geralmente com cebola frita por cima. - da geladeira, esquentei e comi.
Subi para o meu quarto e me dirigi ao banheiro. Liguei o chuveiro e tirei todas as roupas que vestias, entrei no box e suspirei ao sentir a água quente tocar minhas costas, é relaxante. Terminei meu banho em alguns minutos e logo já estava fazendo minha maquiagem. Após terminar a maquiagem e secar o cabelo fui até o closet. Fiquei uns bons minutos na frente das roupas tentando decidir o que usar, por fim, acabei escolhendo uma calça jeans clara de cintura alta, uma blusa acinzentada que tina a gola até o inicio do pescoço e uma jaqueta jeans escura com algumas flores estampadas, os acessórios foram mais fáceis de escolher: uma bota preta de cano baixo e uma bolsa preta e branca.
Sabendo que já eram três e quarenta e dois, sai de casa. Vinte e dois minuto foi o que eu demorei para chegar no shopping. Entrei no elevador e apertei o botão do quarto andar, andei até achar seis loucas na frente da loja da Balmain.
- Parece que combinamos que roupa vir. – digo ao me aproximar, percebendo que a maioria usava o mesmo tipo de roupa.
Todas se tacaram em cima de mim. Eu já chorava quando, aos poucos, todas me soltaram. Ao olhar para minha amigas percebi que não era a única com a maquiagem parcialmente borrada.
- Só Deus sabe quanto eu senti saudades de vocês. – digo.
- Nós também. Pode não parecer, mas você faz falta. – Kendall diz.
- Como assim pode não parecer? – digo, inconformada. – Mas é claro que faço falta, Kendall. Você só pode ter bebido pra estar dizendo tanta merda. – meu comentário fez todas rirem.
- Eu tinha esquecido como seu ego é gigante – Gigi diz em meio a risada.
- Eu não tenho ego.
- E eu sou o bozo. – Bella ironiza.
- E não é que você esta parecendo mesmo. – dizer isso resultou em receber um tapa no braço da Hadid mais nova. E não que a bicha é forte.
- Eu acho melhor irmos ás compras, ou eu irei morrer de tanto rir aqui. – Cara afirma.
- Você que manda, Delevingne. Você que manda. – Hailey brinca.
- Vamos começar pela Balmain, então. – Kylie diz, enquanto me puxava para dentro da loja.
-x-
Quando já eram nove horas saímos do shopping, com milhares de sacolas na mão, e fomos jantar em um restaurante italiano á três quadras do shopping. Logo depois cada uma foi para a sua respectiva casa.
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