Faziam dois dias que Bianca não dava sinal de vida, me evitava a todo custo, orgulhosa do jeito que era não daria o braço a torcer, provavelmente esperava que eu falasse primero, e sim eu a procurei, precisava ouvir sua voz suave para me certificar que o meu mundo não havia despencado, mas Bianca ignorou minhas mensagens e ligações, não queria me ouvir e visualizar minhas mensagens e não me responder me deixou extremamente raivoso, ela era maldosa demais para um ser tão pequeno.
Era terça-feira, não podia mais faltar a aula e muito menos usar a desculpa de não estar bem, não havia mais marcas ou sinais que comprovasse algo, tomei um bom banho quente e ao me olhar no espelho pude ver que as raízes negras do meu cabelo dizendo "olá" fazia um bom tempo que eu tinha pintado, enquanto escovava os dentes depois de me vestir Lysandre entrou com um copo e uma caixa nas mãos.
- Mais um pouco e contemplaria meu belo corpo.
- Que decepcionante! Mas temo dizer-te que uma tatuagem incompleta não seja assim tão… belo.
Revirei os olhos e continuei a escovar minha boca.
- Também é uma pena - Disse sorrindo - Me tirou o prazer de acorda-lo!
Com uma destreza digna de um lorde inglês sentou-se colocando o copo e a caixa sobre a cabeceira.
- Isso ai.- Apontei para o copo.- Era para me acordar?
Lysandre limitou-se a sorrir .
- Lysandre, Lysandre, Lysandre - Lavei a boca e olhei para ele de forma ameaçadora.- Você gosta de estar nesse mundo?
Ele soltou uma gargalhada e mostrou a caixa pequena na cama.
- Debrah mandou.
"Não acredito que ela ainda tem coragem de falar comigo!" Paguei com raiva o objeto de suas mãos.
- Deixa eu ver!
Arranquei a fita e abri a caixa, dentro dela um pequeno chaveiro, uma réplica em miniatura da guitarra do Kurt Cobain, fechei os olhos, ela sabia meu ponto fraco.
"Hey, gatinho! Fiz muita besteira e queria me redimir (ideia da minha mãe) Desculpe por tudo, espero que goste."
- Golpe baixo.- Falei mostrando ao Lysandre.
- Isso deve ter uma segunda intenção, vindo de quem veio!
- Olha só isso! - Olhei com cuidado, era idêntica.
- Você vai ficar?
- É um chaveiro! O máximo que pode fazer é me envenenar lentamente.
Ele riu e se aproximou colocando a minha mochila não minha mão para que eu não fugisse.
- Pegue sua guitarra, a de verdade.- Disse quando mostrei a pequenininha que havia acabado de colocar minhas chaves.
- Sim, Senhor!
Bati continência o fazendo rir, Lysandre caminhou para fora do quarto quando de repente parou e ainda de costas disse:
- Devia cantar aquela música que fez para ela.
"Safado!" Ele andou olhando meus cadernos.
- Onde fica a privacidade dessa casa?
- Você fala enquanto dorme e além do mais você escreveu no caderno onde colocamos nossas ideias. - Falou suavemente como sempre antes de ir para sala.
- Nem sonhando! - Gritei.
Passei a mão pelo cabelo agitado, não era para ele ter visto aquilo Bianca não ouviria aquilo não de mim desci sem a mínima pressa as escadas dando de cara com uma Martha entediada e um Lysandre calado nada fora do comum, Nyck já tinha saído junto com Gabrielli.
- Deus, como você demora!
- Culpa dela! - Falei apontando para a mulher entediada na cozinha - A esperei para preparar meu banho quente, mas ela não foi!
- Ora essa! - Martha olhou para mim divertida.- Não está atrasado demais para gracinhas?
- Me expulsando! Tomara que seja apenas da casa e não de sua vida…
- Vai logo, menino!
Dei um beijo em sua cabeça e peguei uma maçã, antes de sair ouvi suas reclamações sobre não me alimentar direito.
- Bianca está me ignorando.
- Normal não acha?
Revirei os olhos, não era mesmo normal, não pra mim, mudei de assunto.
- Falou com o Davi? - Perguntei no caminho.
- Sim, não pode vim…
- Luiz? - Mordi minha maçã, algumas garotas passavam aos risinhos baixos e olhares, observei Lysandre que nem parecia notar.- Ele pode?
- Eu te avisei que a avó dele está internada, você não presta atenção?
- Sim, a avó dele, não ele.
Lysandre balançou a cabeça negativamente, já estávamos chegando.
- Augusto! - Disse de surpresa, ele era minha última esperança.- Diz que ele vai!
Ele voltou a balança a cabeça olhando para frente de modo.
- Puta merda! - Falei com raiva.- Eu não quero aquele cara no nosso grupo!
- Seremos um trio, Igor não vem.
- Legal! Muito legal da parte dele!
Chegamos na escola e fui direto a sala da diretora, para minha sorte ela estava de ótimo humor.
- Espero que esteja melhor.- Disse com uma calma assustadora.
- Pode deixar, Senhora Shermansky, posso ir à aula?
- Depois de assinar aqui.
Deixei a sala ainda meio atordoado pela calmaria da diretora, na sala Bia não olhou para mim nenhum momento, senti falta dos seus olhos verdes com mel me encarando, ela estava linda uma camisa masculina do nirvana, ela bem que sabia que aquela era minha banda preferida, os cabelos cor de cobre pareciam não terem visto um pente hoje e mesmo de longe vi seu dreed azul e algumas trança, cada dia ela se tornava mais hippie, talvez a convivência com o pai estivesse influenciado demais.
Esperei até o lanche, quando ficou sozinha encurralei na parede e pela primeira vez no seus olhos encontraram o meu e não vi nada além de raiva.
- Senti tanto a sua falta.- Segurei seu rosto para beija-la, mas ela virou - O que é isso agora?
- Eu não quero beijar você.
Ela cruzou os braços sobre os seios os fazendo ainda maiores, lutei para não olha-los, minha namorada me olhava séria, eu sabia que vinha bomba por aí.
- Por que isso? - Minhas mãos a prendia na parede.
- Você praticamente sumir por quatro dias e só fiquei sabendo pelo seu fiel seguidor.
- Bia…
Ela me interrompeu com um dedo na minha boca me fazendo rir:
- Você vai me dizer o que houve?
O sorriso morreu nos meus lábios assim que nasceu.
- Bianca…
- Bianca, Bianca, Bianca, parece minha mãe! - Falou com a cara brava, ela ficava linda assim. - Vai me contar?
Baixei o olhar e bufei, não ia contar pra ela que estava drogado e tive várias reações a isso.
- Eu sabia que não, como posso ser sua namorada se você não confia em mim?
- Eu confio em você! - Falei com as mãos em seus ombros.- Mais do que imagina, porém…
- Sempre tem um porém - Ela tirou as minhas mãos do meu ombro - Quer saber! Não dá assim, não dá.
Eu franzi a testa sem entender.
- Como assim acabou? - Perguntei descrente.
Ela encolheu-se na minha frente, mas manteve a cabeça erguida.
- Você não confia em mim, some, não diz para onde e nem quando volta, como podemos continuar juntos?
- Se gostando? - Me aproximei, mas ela me empurrou. - Bianca, não faz isso…
Ela passou a mão no rosto e ficou a quase um metro de distância.
- Pensei muito nisso quando você não deu sinal de vida - Bia manteve as mãos no nariz para não chorar.- É melhor assim, não iriamos dá certo, todo mundo sabe.
- Eu gosto de você - Falei pesadamente.- Gosto de verdade.
- Você sabe que eu sinto o mesmo, mas só isso não basta, não é?
Sem dizer uma única palavra a mais ela se foi, me deixou ali em mil pedaços, mil versões irreais de mim, sem pensar duas vezes dei um murro na parede, não vou desistir sem lutar.
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