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História Ithra-Li (Interativa) - Crazy Train


Escrita por: portraitofruin

Notas do Autor


Olá! Desculpem a demora, mas não deu pra postar antes! Esse capítulo na verdade é meio que uma parte um da introdução mas ficou muito longo e eu dividi em dois. Espero que gostem e, por favor, comentem! As vagas continuam abertas, se quiserem enviar seus personagens!

Esse capítulo, assim como provavelmente todos os outros, contém linguagem forte!

Capítulo 3 - Crazy Train


Áine acordou de supetão, olhando ao redor assustada. Caíra no sono sem notar. Tentou lembrar se sonhara, mas não conseguiu. Suspirou e olhou pela janela do trem, vendo ao longe a forma de Ithra-Li, a escola em que passaria os próximos anos.

 

Sorriu para seu reflexo na janela, ajeitando as longas madeixas vermelhas. Seus olhos verdes como esmeraldas polidas focaram no rosto fino, de feições nobres. Ela parecia uma elfa, principalmente com as orelhas longas e pontudas aparecendo por entre seu cabelo, mas o reflexo de asas cor-de-rosa na janela deixava claro que ela era uma fada. A outra grande diferença eram as sardas. A região de suas bochechas e do nariz era coberta delas. Ela olhou por sobre os ombros, suspirando quando não viu as asas. Esse era o problema com espelhos, ela pensou, tocando uma de suas bochechas com um dedo, sempre revelavam a forma verdadeira de uma fada, mesmo sob um glamour.

 

Embora Áine estivesse descalça, assim como a maioria das fadas na maior parte do tempo, seus pés estavam perfeitamente limpos. A predileção por pés descalços era uma das grandes diferenças entre os elfos e as fadas. Um vestido marrom com folhas bordadas em alto relevo num tom um pouco mais alaranjado cobria seu corpo curvilíneo até os tornozelos, com mangas até seus cotovelos e ela estava usando apenas um toque de maquiagem para reforçar os leves traços felinos de seu rosto.

 

Um barulho a despertou de seus devaneios. Alguém havia aberto a porta que dava para o compartimento do trem onde ela estava sentada. Olhou na direção do barulho e sorriu, vendo uma garota parada no corredor.

 

Ela era tão alta quanto Áine e seu rosto era similar ao dela, mas suas feições eram mais severas e finas, dando a ela um ar elegante porém frio. O cabelo da garota era de um azul muito claro, quase branco, mas as pontas das madeixas tinham cores variadas, indo de um rosa claro a um violeta escuríssimo, quase preto. Suas roupas eram diferentes, também. Ao invés de um vestido, ela estava usando calças jeans de um azul quase tão claro quanto seu cabelo e uma camiseta branca com uma estampa de um floco de neve sobre o peito esquerdo. As roupas abraçavam o corpo da garota, mais destacando do que escondendo seus seios fartos e a curva pronunciada do quadril. Mesmo a calça jeans mais realçava as coxas e os quadris do que protegia dos olhares. Coturnos pretos cobriam os pés e a parte debaixo das pernas dela. Assim como Áine, usava pouca maquiagem. Apenas o suficiente para destacar seus olhos muito azuis e reforçar a palidez de sua pele.

 

A garota era uma fada também, como o reflexo de asas azuis na janela do compartimento do outro lado do corredor demonstrava, e era uma das poucas que gostava de usar calçados, adorando principalmente coturnos. Ela correspondeu o sorriso de Áine, mas havia sempre um quê de cruel em seus lábios, ao contrário dos gentis da ruiva.

 

— Finalmente acordou, bela adormecida! — Ela falou. Sua voz sempre tinha certa frieza, como se ela se mantivesse distante, mas hoje ela parecia mais animada.

 

— Eu caí no sono te esperando, Cát! A culpa é sua!  — Áine respondeu mostrando a língua para a recém chegada. Scáthach riu e caminhou até a ruiva, se deixando cair no assento ao lado dela. A garota de cabelos azuis imediatamente descansou sua cabeça nos ombros da outra com um suspiro.

 

— Ainda falta muito tempo de viagem? — Ela perguntou, sua boca muito próxima ao ouvido da ruiva.

 

Áine gaguejou tentando responder, seu rosto ficando quase tão vermelho quanto seu cabelo.

 

— Algumas horas ainda! — Conseguiu responder depois de algumas tentativas. Seu tom nervoso e a súbita agudez de sua voz fizeram Scáthach rir.

 

— Você é um amor quando está envergonhada. — Ela disse baixinho no ouvido da ruiva, num tom de voz que fez com que Áine se arrepiasse até a raiz dos cabelos. A garota de cabelos azuis sorriu e abaixou sua cabeça, seus lábios frios tocando um dos ombros da ruiva muito de leve, fazendo com que ela ficasse ainda mais vermelha e prendesse a respiração. Scáthach deu uma risadinha e descansou a cabeça em seu colo, apoiando os pés na janela e fechando os olhos. Áine suspirou e começou a afagar os cabelos da garota.

 

— Você acha que vamos ficar no mesmo quarto? — Ela perguntou, olhando pela janela.

 

— E depois eu é que sou atirada! — Respondeu a garota de cabelos azuis, abrindo um olho com um sorriso malicioso. Áine corou até a ponta dos cabelos e Scáthach riu enquanto a ruiva tentava explicar que não tinha nada a ver com o que ela estava pensando.

 

 

 

Alcor estava andando havia algum tempo, já. O trem que levava boa parte dos alunos à Ithra-Li era imenso. Não pela primeira vez ele xingou os amigos em pensamento por sempre escolherem o último vagão. Demorou, mas chegou à divisão do último carro do trem. Seus olhos fendidos escanearam os arredores, procurando alguém dos amigos. Alguns alunos estavam no corredor e ele reconheceu algumas faces. Todos desviaram o olhar ou tentaram parecer ocupados quando o olhar de Alcor recaía sobre eles. Aqueles que o reconheciam tinham noção de sua péssima reputação e os recém chegados ficavam intimidados pela sua aparência.

 

Ele era alto, mas nem de longe o mais alto entre os presentes no corredor. Nem parecia ser inumanamente forte. De fato, era bem magro. O que intimidava os outros alunos eram os olhos verdes fendidos e as escamas cobrindo seus pulsos. Yuan-tis eram incomuns em qualquer lugar que não fosse seu reino e tinham uma péssima reputação. Serem confundidos com draconianos por muitos não ajudava em nada com a percepção dos outros sobre eles.

 

O Yuan-ti estava usando uma camisa azul clara com um floco de neve bordado sobre o peito esquerdo abotoada até o pescoço, assim como calças jeans claras e um tênis branco. Seu cabelo preto estava penteado em um faux-haux e ele mantinha as mãos nos bolsos da calça enquanto andava.

 

Subitamente ele ouviu um tapa que ecoou pelo corredor, seguido de uma exclamação de surpresa e um xingamento, todos sons vindos do último compartimento do vagão. Ele sorriu e caminhou até lá.

 

Estava para encostar na porta quando ela foi aberta violentamente, revelando uma garota. Ela era quase uma cabeça mais baixa que ele e tinha longos cabelos pretos presos num rabo de cavalo. Sua face pálida estava avermelhada e seus olhos, negros como seu cabelo, estavam semicerrados. Ela parecia furiosa com algo.

 

Alcor sorriu e olhou para os punhos cerrados da garota humana, notando o maço de cigarros em uma de suas mãos antes que ela os escondesse no bolso dos shorts. Ela estava usando shorts jeans azuis escuros e uma camiseta laranja folgada com um sol branco bordado sobre o lado esquerdo do peito. Seu tênis era branco assim como o de Alcor, mas os cadarços eram alaranjados. Mesmo folgada a camiseta fazia pouco para esconder sua forma escultural e os shorts só reforçavam a beleza da garota.

 

— Alcor. — Ela disse seca, olhando para ele de forma desafiadora e fechando a porta atrás dela com um estrondo. Ele sorriu e virou-se de lado, dando espaço pra ela passar.

 

— Um prazer te ver de novo também, Seiko. — Ele disse. Suas palavras eram sinceras, mas seu sorriso era sarcástico. Ela bufou e passou por ele, lançando olhares mortais em direção aos outros no corredor que assistiam a cena. Intimidados, eles voltaram ao que estavam fazendo.

 

Alcor suspirou e sacudiu a cabeça, abrindo a porta. Dentro do vagão estavam dois garotos humanos.

 

Um deles parecia quase tão alto quanto Alcor e estava meio deitado num dos bancos. Ele estava apoiando-se em um cotovelo com a mão sobre o rosto. Numa das bochechas, a marca vermelha de uma mão feminina era visível e ele estava olhando para a porta, irritado.

 

— O que você fez dessa vez, Gabriel? — Perguntou Alcor, fechando a porta atrás dele. O garoto olhou para ele, ofendido.

 

— Eu não fiz nada! — Ele falou, indignado e moveu seus olhos marrons de Alcor para a porta de novo. — Só comentei que a gente podia dar uma passada no banheiro pra matar a saudade! — Ele continuou, tateando a camisa verde escuro com uma folha marrom bordada sobre o peito esquerdo que vestia abotoada só até o peito. Suas mãos moveram-se até as calças cargo marrom escuro, tateando os bolsos. — E a vagabunda ainda roubou meus cigarros! Acredita nessa garota? — Ele disse, deixando-se cair de volta no banco com um grunhido frustrado e apoiando os tênis verdes na janela. Suas mãos moveram-se para as meias e ele puxou um maço de cigarros de dentro delas.

 

 — Vocês dois são o casal mais esquisito que eu conheço. — Disse Alcor, sacudindo a cabeça e olhando para o outro integrante do vagão. Era um garoto ruivo que de pé estaria na altura do peito de Alcor. A despeito da altura, era bastante musculoso e tinha ombros largos. Seu cabelo era cortado num corte militar e seus olhos eram marrom escuros. Ele usava uma camiseta vermelha sem botões nem manga com um sol laranja bordado sobre o peito esquerdo e calças de moletom pretas, os tênis que calçava eram pretos também.

O garoto olhou de volta para Alcor e balançou a cabeça, ocultando um sorriso entre as mãos cruzadas.

 

— Olha quem fala. — Gabriel falou, puxando um isqueiro de um dos bolsos e acendendo um cigarro. O garoto ruivo abriu a janela do lado dele enquanto Gabriel jogou o maço para Alcor.

 

— Não, valeu. Não quero começar o ano em detenção não. — O Yuan-ti respondeu, jogando o maço de volta para o humano. Gabriel franziu o cenho para ele.

 

— Você nunca teve problema com detenção... Tá afrouxando, é? — Ele perguntou, dando uma tragada no cigarro.

 

Alcor estava prestes a responder, mas o ruivo falou primeiro.

 

— Ele tá querendo fazer uma média com a irmã. — Ele disse, olhando para o Yuan-ti de canto de olho com um sorriso malicioso. Sua voz era grave e rouca. Gabriel riu e Alcor suspirou.

 

— Não é nada disso, Ben. — Ele disse, exasperado, caindo no banco ao lado do ruivo.

 

— Sei. Só não vê quem não quer, Édipo. — Gabriel alfinetou com um sorriso. Alcor olhou para ele, incrédulo.

 

— Primeiro, eu não quero pegar ela. Segundo, Édipo ficou com a mãe e não a irmã, seu imbecil! Você é um humano, é você quem devia saber disso! — Alcor respondeu com um balançar de cabeça. Gabriel apoiou-se num cotovelo de novo.

 

— E você é um meio cobra, mas eu não te vejo abrindo nenhuma câmara secreta! — Ele respondeu. Alcor abriu a boca para continuar a discussão e o garoto ruivo suspirou, olhando pela janela e botando os fones de ouvido. Agradeceu em silêncio pelo advento de aparelhos de música portáteis. Sem eles, essa seria uma longa viagem.

 

 

 

 



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