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História It's all about magic - Chapter 4


Escrita por: velarisbrdgrton

Notas do Autor


voltei, galera

Capítulo 5 - Chapter 4


                 

6:36 a.m

October, 25

Tamara

Acordei meio desnorteada no escuro, mas como minha visão é boa o suficiente para enxergar alguma coisa distingui alguns móveis, mas nenhuma forma com calor.

Levantei do sofá e percebi que milagrosamente estava sem dor nas costas mesmo tendo dormido encolhida ali; me dirigi a cozinha, acendendo a luz e comecei a mexer nos armários procurando algo para comer. Encontrei pão de forma e abri a geladeira, pego um pote de vegemite, por ser a única opção disponível; já que por mim seria a última coisa que eu escolheria para comer. Balanço uma garrafa de suco e tem um um resto, levo tudo para a mesa e preparo o café, meu estômago estava fazendo um baralho de fome.

Enquanto mastigo o sanduíche, encaro o relógio sobre a geladeira, são 6:40.

Lotus disse que viria cedo, antes das dez horas ela deve aparecer. Não falei com Gwen e estou preocupada.

Solto um gritinho quando um vulto aparece na porta. Luke está com o cabelo todo bagunçando, as mechas loiras em diferentes sentidos, e seu rosto parece mais pálido.

- Você tinha que fazer tanto barulho? - resmunga e senta na cadeira a minha frente. A mesa é redonda e estou sentada na cadeira de frente para a porta do corredor de costas à porta do quintal.

- Desculpe - digo, porcaria de audição lupina.

- Sereia, então? - pergunta desconfiado, reviro os olhos e bufo.

- Sim. Que novidade! Droga, não vou tentar te afogar ou comer vivo.

- Mais alguém na sua família? - indaga e não vejo problema em responder.

- Minha irmã gêmea, minha mãe e minha irmã mais nova de quatorze anos.

- Quatro sereias em uma casa? Vocês não brigam?

- Revelamos a outra face a hora que uma irrita a outra - dou de ombros. É normal, todas nós somos ariscas.

- Todas são bonitas assim? - pergunta indicando meu rosto com queixo.

- Ginnie é idêntica a mim, mas tem cara de boazinha. Mamãe é uma versão mais velha nossa, com o mesmo sorriso malicioso estampado no rosto e bem, Patricia é um demônio de cabelo vermelho.

- Ela é feia? - pergunta e dou risada.

- Ela é a mais bonita de todas nós e a mais malvada também.

- Malvada em qual sentido?

- Quando ela fez seis anos surtou, começou a exibir apenas o outro rosto pela casa e nos mordia a cada minuto. Batemos nela até a pirralha aprender.

- Vocês espancaram sua irmã mais nova?

- Ela era possuída - respondi - E se curava em menos de cinco minutos dos roxos.

- Surreal.

- Nós todos não somos, afinal, apenas, pelo fato de existirmos? - meu sorriso irritante havia voltado. Ele faz um sanduíche e come em silêncio.

- O que há entre Lotus e Rodrick? - pergunta quando termina de engolir tudo.

- Já não basta perguntar da minha vida agora que saber da vida dos outros? - levanto uma das sobrancelhas.

- Por favor? - arrisca e dou risada.

- Lotus é apaixonada por Rodrick, desde sempre. A conheci na sexta série e estudei junto por todo o ensino médio, até agora, nunca houve outro. Nem mesmo uma paixãozinha ou interesse. Sempre foi ele.

- E ele por ela? - respondei meio bravo.

- Não sei. Ele namora Nina há uns anos, três eu acho. Considerava Lotus como melhor amiga, mas era possessivo quando qualquer garoto se aproximava dela e já vi o nosso querido Rodrick assustando garotos novos bonitinhos que fossem possíveis "ameaças". Lotus não sabe disso, acho que se eu contasse, ela alimentaria ainda mais a paixão dela.

- Continue.

- Eu, sinceramente, acho que ele só disse aquelas coisas pra ela porque viu que você pode tomar o lugar dele. Como paixão ou melhor amigo, não sei.

- Ele é um idiota desde que somos pequenos - ele bufa.

- O odeio desde que conheci.

- Tenho a impressão que devíamos montar uma dupla. Os Anti-Rodrick. - fala sorrindo meio maléfico e dou risada, sai mais alta do que eu pretendia.

- Concordo plenamente, Luke. - digo sorrindo junto com ele.

...

12:43 p.m

O tique-taque do relógio está me irritando e me dando uma agonia terrível. Sinto como se precisasse correr ou gritar.

Kendra acordou há alguns minutos e está deitada no tapete mexendo no celular. Os meninos estão na cozinha fazendo algo para comermos, já que é quase hora do almoço. E Lotus ainda não chegou. Tremo de ansiedade.

"Onde você está? Onde você está?" fico pensando como se estivessemos ligadas telepaticamente e ela pudesse me ouvir.

Quando escuto uma resposta real me assusto.

"Mara?" sei que é Ginnie.

"Oh, desculpe.Projetei sem querer. Estou preocupada com Lotus"

"Se precisar me chame" sinto ela indo embora como se desligasse um telefone.

Gêmeos estão ligados naturalmente e sereias, bem, também estão. Me esqueço, às vezes.

- Pelo amor de Deus, para de batucar com esses dedos - Kendra exclama me encarando com os olhos verde claro.

- Desculpe - encolho os ombros. Costumo tamborilar os dedos por qualquer superfície ao ficar apreensiva e dessa vez estava fazendo isso no porta copos de madeira apoiado no braço do sofá.

- Consigo ouvir seu coração batendo acelerado daqui - Luke fala vindo até a sala e parando em minha frente. - O que foi?

- Lotus - respondo e sua expressão muda de interesse para preocupação.

- O que aconteceu?

- Ela disse que passava cedo aqui, pra me ver.

- E?

- O cedo de Lotus é antes das dez e já é quase uma hora, Luke. - digo.

- Ela deve ter perdido a hora, a deixei em segurança em casa.

- Lotus nunca perde a hora e nunca não responde as mensagens. As que eu enviei nem mesmo chegaram, ou seja, o celular não está na casa dela.

- Ela deve ter perdido por aí - Kendra fala, mas vejo que Luke está com os lábios comprimidos.

- Não. Quando a deixei em casa, o celular estava no bolso dela, lembro da luz do poste refletir da capinha dourada assim que ela atravessou o portão. Esperei alguns segundos após ela fechar a porta. É impossível alguém ter entrado.

- Luke - digo meio tremendo agora.

- Oi? Ela está bem. - ele já está de costas indo pra cozinha.

- Espere - falo e ele se vira - E se a pessoa já estivesse dentro da casa?

- Temos que ir vê-la agora. - Kendra diz ficando de pé. - Se Gavriel estava vigiando o sobrinho dela...

- Kendra, se acalma - Calum disse vindo para perto de nós.

Quase grito quando meu celular toca na estante e o pego rapidamente, rezando pra ser Lotus. Mas não é, é Rodrick.

- Alô? - pergunto furiosa, eles provavelmente estão juntos. Coloco no viva-voz e nós quatro escutamos atentamente.

- Onde diabos está Lotus? - ele grita e sibilo.

- Não grite, babaca.

- Onde ela está? Vocês dormiram na casa dos meninos?

- Eu dormi. Lotus voltou pra casa.

- Impossível, ninguém a viu chegar e ela não está aqui.

- Luke a deixou e esperou ela entrar - falo nervosa, esperando que Lotus apareça a qualquer minuto, pois saiu apenas para correr.

- E se ele fez algo com ela? Sumiu com o corpo? - pergunta frenético, eu daria risada se não estivesse nervosa ao mesmo tempo.

- Ele voltou em menos de meia hora, Rodrick. Me responde uma coisa.

- Diga.

- Aurea está aí?

- Sim - responde. Luke xinga.

- O que foi, Luke?

- Lotus entrou com Aurea. Quem quer que a levou estava se escondendo. Dentro da casa.

- Hein? O que...- Rodrick grita e desligo.

- Odeio ele - Luke, Kendra e eu dizemos juntos.

- Precisamos achar Lotus - digo com a respiração entre-cortada.

- Precisamos ir na casa dela, tentar sentir algum cheiro - Kendra sugere e concordamos.

- Vamos passar na Gwen antes, ela provavelmente vai surtar, mas é a mais inteligente de nós e precisamos dela.

- Precisamos fazer coisas demais - Calum diz sério.

- Sim e por isso é melhor irmos rápido.

Mandei mensagem para Gwen se arrumar e ela respondeu com um emoji revirando os olhos, o que significava que ela iria se arrumar, mas que não queria.

Nós sete almoçamos correndo, engolindo a comida e bebendo suco por cima. Em meia hora todos estavam prontos.

- Luke, Kendra e eu vamos no meu carro. Vocês usam o outro carro.Podem ir direto para a casa de Lotus. Não digam nada a Lydia ou Logan, eles não sabem de nada. Nem o pai deles, se Louisa estiver lá, avise-a. - disse e assentiram.

Saímos e vou dirigindo. Luke faz uma ligação e sussurra furiosamente com a pessoa do outro lado da linha.

- O que está acontecento? - pergunto de saco cheio.

- Lorelai - ele faz com a boca e revira os olhos. Depois volta a falar com a garota. - Lotus desapareceu e se eu descobrir que foi um de seus lacaios, Lorelai, não vou me importar com o fato de quem você é.

- Luke - Kendra diz em tom de repreensão do banco de trás, levantando os olhos do celular.

- Vai me ajudar? Ótimo. Estamos a caminho da casa de Lotus. Você provavelmente sabe onde é, então até daqui a pouco. - ele diz e desliga. Sem esperar resposta, percebo.

- Ela vai te humilhar tanto na próxima reunião do conselho. - Kendra chiou.

- Quem liga? - ele perguntou e virou o rosto pra rua.

- Eu ligo. Lorelai pode ser cruel quando quer - Kendra fala como se tivesse experiência própria, o que acho que ela tem.

- Lorelai é tão ruim assim?

- Não era - Kendra respondeu e Luke a fulminou - Antes de Luke perceber que mesmo ela sendo a herdeira das maiores alcatéias do mundo, ela ainda era uma garota mimada e egoísta.

- Kendra - ele diz e Kendra dá de ombros.

- É verdade, de qualquer maneira.

- Então, Luke e Lorelai tinham algo, ele  a largou e ela é maluca agora?

- Desde que conheci Lorelai ela era agressiva, mas depois foi ficando chato demais ela explodindo por qualquer coisa. - Luke falou sem empolgação.

- Ah - digo e me concentro na estrada de novo.

Buzino na frente da casa de Gwen e desço do carro, Luke e Kendra não dão sinais de que virão atrás de mim e não me importo. Entro na enorme casa branca em estilo tradicional de dois andares, a construção sempre me lembrou um bolo de casamento cheio de glacê.

- Tamara! - Sra.Harrison exclama ao me ver. Seu nome é Adria, mas eu e as meninas sempre a chamamos de Senhora.

- Boa tarde, Sra.Harrison. Gwen avisou que vamos sair? Dar uma passeada, ir no shopping talvez.

- Claro - ela fala e sorri, seu sorriso é grande, sua boca em si é grande. E os cabelos loiros lisos são tão diferentes dos cachos escuros de Gwen que a primeira vista minha amiga pareceria adotada. - Pode subir.

- Obrigada.

Subo as escadas correndo e levo um susto quando o cachorro de Gwen desce em minha direção latindo.

- Ei, Fluffy - digo passando a mão em sua cabeça escura. O cachorro é um shitzu cinza escuro e seu pelo tem nuances negras. É peludo e fofo demais.

Ele me segue pelo resto do caminho e antes de entrar no quarto de Gwen encontro Gwyneth, a irmã mais nova dela, saindo de seu quarto. Enquanto minha amiga tem cabelos cacheadíssimos escuros, olhos pequenos e uma boca menor, Gwyneth tem cabelos loiros escuros, quase castanhos, pesados e com leves ondulações; uma boca grande com lábios volumosos e um nariz fino na ponte que se alarga na base, as sobrancelhas são grossas e escuras, mas bem aparadas e ajeitadas. Já os olhos, são da mesma cor deslumbrante dos olhos de Gwen, um mel que chega a ser quase dourado na luz do sol. As únicas semelhanças são os olhos e o tom de pele: um canela dourado, graças a junção da pele escura do pai delas e a pele clara de sua mãe.

Cumprimento-a com um movimento da cabeça e a garota de quinze anos, por sua vez, abre um sorriso debochado demais até para o meu gosto.

- Oi, ruivinha - diz e estala a língua. Gwyneth é a irmã presunçosa que se acha superior a todos, exclusivamente à Gwen; tentando deixar a cacheada constantemente para baixo pelo peso, sendo que Gwyneth veste quatro números acima do dela. E não entendo como Gwen se ofende tanto, se ela veste 38 e sua irmã de quinze anos, 42.

- Gwyneth - digo sem expressar nenhum sentimento na voz, apenas indiferença.

- Gwendolyn te chamou por quê? Ela não conseguiu entrar em uma das calças 38 novamente e agora está chorando? - pergunta fazendo um falso bico de preocupação, o que a denuncia é o brilho maldoso em seus olhos.

- Cale a boca e deixe sua irmã em paz. Quem veste 42, é depressiva por causa do tamanho e por isso tenta diminuir os outros, é você. E Gwen é uma pessoa muito melhor que você em algumas horas do que você será sua vida toda, garotinha patética.

O sorriso dela recai nos cantos e seus olhos perdem o brilho maldoso, como se a garota estivesse assustada demais por eu ter abrido a boca. Estar nervosa com o sumiço de Lotus me faz dizer tudo que penso.

Logo Gwyneth se recompõe e o sorriso volta.

- Quem é você pra me dizer essas coisas? - uma de suas sobrancelhas está arqueada.

Antes que eu diga algo a porta do quarto de Gwen se abre.

- Gwyneth, vai procurar aquele bando de burra que você chama de amiga e deixa a minha amiga em paz. - sua voz é firme, mas cheia de tédio, como se tivesse que dizer isso todos os dias para a pirralha.

- Como quiser, maninha - fala e pisca, debochando. Tenho vontade de empurrá-la da escada assim que ela se vira e começa a descer.

- Ela é muito perturbada. - digo e entro no quarto de Gwen, ela fecha a porta atrás de mim e suspira.

- Eu sei - diz e solta uma risada anasalada.

- Por que você deixa ela te tratar assim? Seu QI é muito maior que o dela, seus peitos são muito maiores que os dela, seu peso é muito menor que o dela...

- Já entendi - fala rindo baixinho, mas vejo algo em seu rosto.

- O que foi?

- Não poderei ir.

- Hein? Por quê? - me espanto.

- Não quero ir e onde vamos que é tão importante?

- Lotus desapereceu. - digo e ela se vira bruscamente.

- O quê? - explico tudo a ela; no final, Gwen fica sem reação. - Gwen?

- Eu vou, precisamos encontrá-la. Ela é nossa melhor amiga! - sua voz aguda e histérica de alguns anos atrás vem a tona. - Desculpe.

- Não ligo pra sua voz - falo normal.

- Precisamos achá-la - fala e se agacha tentando alcançar algo debaixo da cama. Ela volta com um par de sandálias de dedo abertas atrás nas mãos e as calça, compondo o visual super hippie. Uma blusa marrom de alças finas, uma saia longa estampada com folhas de outono em tons de laranja, amarelo e vermelho escuro e os cachos amarrados em um rabo alto. Os brincos grandes de madeira, característicos de Gwen, estão presentes e os outros milhares de brincos nos pequenos furos também.

- Vamos então. - ela sorri quando digo e me segue quando saio de seu quarto.

Descemos as escadas e não encontramos ninguém de sua família; apenas Fluffy, que nos segue choramingando, com o rabo balançando por ver a dona saindo.

- Ei, garoto - ela diz e se ajoelha para fazer carinho na cabeça do cachorrinho. - Daqui a pouco eu volto.

Fluffy deitou de barriga pra cima e Gwen riu, feliz de verdade.

- Também te amo, filhote - falou e passou a mão em sua barriga - Mas tenho que achar Lotus.

Ao ouvir o nome da garota as orelhas do filhote, que já não é um filhote e tem quase cinco anos, se levantam.

- Isso, garoto. Lotus, aquela por quem você me troca - riu baixinho e se levantou, Fluffy se endireitou e ficou andando perto de seus calcanhares.

- Vamos? - pergunta e vou atrás dela.

Quando entramos no carro, percebo que Luke não consegue parar de olhar para Gwen e sua testa está franzida. Kendra está meio pasma e a encara estranho.

- Se - Gwen começa irritada - comentarem algo, o mínimo que seja, sobre meus seios; irei socar cada um de vocês sem me importar se são lobisomens ou não.

- Desculpe - gaguejam os dois surpresos com a agressividade e irritação de Gwen.

- Ótimo - chia e vira a cara para a janela.

Começo a dirigir e olho às vezes para ela pelo espelho, sua expressão é irredutível.

Chegamos na casa de Lotus rápido e Gwen pula do carro entrando na casa.

Kendra a segue alguns passos atrás e Luke me espera.

- O que ela tem? - pergunta olhando para as costas de Gwen.

- Gwen tem os seios muito grandes, ela não gosta e geralmente amarra alguma faixa para não aparecer tanto no dia a dia, mas hoje não deu tempo dela se arrumar.

- Por que ela não gosta? - pergunta como se fosse um absurdo.

- Quando olham os seios dela as pessoas tem o hábito ruim de presumir que ela é só um rosto e corpo bonito e bem...Gwen preza o cérebro. - respondo e sigo as meninas.

- Ah - ele diz e me segue.

Entro na casa e escuto vozes da cozinha. Todos estão reunidos ao redor da ilha e discutem algo, mas em um tom baixo e contido.

Aurea choraminga quando me vê, como se entendesse o que está acontecendo. Passo pela porta e todos encaram Luke e a mim.

- O que foi? - pergunto indo para o lado de Gwen, que está com os braços cruzados na frente do tronco e com uma expressão meio irritada.

- O cheiro - Calum responde olhando para Luke. Luke para por um momento e depois seus olhos brilham com raiva.

- Medo, terror, desespero. - o loiro fala baixo e firme, o que me assusta muito mais do que se ele tivesse gritado.

- Tadinha - Gwen sussurrou.

- Vocês viram Rodrick? - pergunto franzindo o nariz, era pra ele estar aqui.

- Não - Mike responde.

- O cheiro está muito fraco - Kendra diz com a barriga apoiada em cima da bancada. Ela parece muito mais um gato do que um lobo, se esticando em tudo que encontra.

- E? - pergunto com uma das sobrancelhas arqueada.

- Alguém o mascarou. Alguém que saiba mexer com magia, pelo menos, o básico.

- Precisamos de alguém para desmascarar.

- Felix poderia ajudar. - digo.

- Felix? - Kendra pergunta e seus olhos brilham de interesse - Felix DiLauri?

- Aham.

- Não vamos chamar ele - ela diz e vejo em seu rosto que não devo desafia-la.

- Ótimo, mas Lotus está desaparecida e não temos ninguém que poss...- antes que eu termine, uma voz ronrona da porta.

- Na verdade, eu posso - Lorelai sorri com as presas afiadas a mostra e os olhos amarelos brilhando.

- Perfeito - Gwen diz e a encara furiosa - Então pode começar logo, antes que algo ocorra a Lotus.

- Antes, pequena humana - Lorelai estala a língua - Preciso de algo em troca.

- Um soco lhe serve, princesa? - Gwen pergunta sorrindo presunçosa de leve. Lorelai a encara furiosa e depois dirige o olhar a Luke.

- Quem contou? - sua voz é um rosnado.

- Nenhum deles contou nada, Wolff. Fiz algumas pesquisas e não foi nada difícil concluir que você era a herdeira desaparecida do Gelo e do Fogo, que foi treinada por bruxas e depois descobriu a verdadeira origem de loba. A única loba com poderes elementais.

- Vadia - Lorelai cuspiu pra ela, mas o sorriso não deixou o rosto de Gwen.

- Acha certo me chamar assim, quando você, princesa - a palavra saíra tão pejorativa de sua boca - abandonou seu povo para viver uma vida normal e envolveu os garotos no seu mundinho?

- Gwendolyn - Ash advertiu, mas Gwen não reduziu o fluxo de palavras.

- E quando eles descobriram que você não tinha nada de especial, que era apenas uma garota mimada e egoísta no auge dos dezesseis aninhos, você os transformou em lobisomens. Para sofrerem junto com você. Agora, me diga, é certo me chamar de vadia, quando você é a maior de todas? - o sorriso no rosto de Gwen vencia o meu sarcasmo, mais o sarcasmo de Lotus e Cleo. Nunca havia visto minha amiga tão...má.

Antes que eu gritasse ou os meninos fizessem algo, Lorelai voou em direção a Gwen e a atirou a parede. Gwendolyn acertou as costas e a cabeça na parede com tal força que o impacto fez seu nariz começar a jorrar um fio vermelho de sangue escuro. O sorriso, ainda sim, não deixou seu rosto.

- Lorelai! - Maddie, que eu não havia visto já que estava focada nas duas encrenqueiras, gritou.

- Está ficando maluca? - Ashton rugiu na direção de Gwen e segurou seu braço, ela se desvencilhou com tal agilidade que até mesmo ele assustou.

- Não. Estou ficando cada vez mais sã - o brilho enlouquecido que deixava seus olhos só confirmava o que eu havia pensado, Gwen queria apanhar para espairecer e voltar a realidade.

- Qual é seu preço? - Luke perguntou a Lorelai e a loba sorriu.

- Você, querido Luke, não poderá ter nenhum envolvimento amoroso com a bruxinha amadora quando a resgatarmos.

- Lorelai! - o grito de Maddie saiu estrangulado, ainda era estranho vê-la novamente com o rosto angelical.

- Você não pode exigir isso dele - balbuciei.

- Na verdade posso, já que, se ele não concordar ela não vai voltar e não terá como ter envolvimento algum com ela morta - o sorriso de Lorelai era de puro prazer maníaco.

- Você é maluca - Gwen chiou e se apoiou em Ash, que por sua vez passou o braço pela suas costas e continuou a apoia-la em pé, segurando sua cintura.

- Talvez - Lorelai parecia um demônio. Um demônio bonito e sádico demais.

- Fechado. - Luke disse com pesar e suspirou.

- Ótimo - a garota sorriu. Gwen bufou de frustração ou dor, talvez.

Kendra estava com um pé na parede e com as costas apoiadas. Sua expressão era firme e indecifrável, como se quisesse fazer algo que não pudesse.

- Preciso de uma tigela de água. - Lorelai disse me encarando.

Meus lábios se ergueram em escárnio.

- E eu sou o que agora, lobinha, sua empregada?

Lorelai ia rebater, mas Kayla colocou a mão em seu ombro e elas tiveram uma batalha silenciosa de olhares. Olive ainda não havia se manifestado.

- Eu pego - Luke deu de ombros e pegou uma tigela de madeira, na qual dona Louisa colocava salada, e encheu-a de água da torneira.

Assim que terminou, colocou o recipiente na frente de Lorelai na ilha.

- Faça - ordenou a ela e ela revirou os olhos.

- Cale a boca um minuto - Lorelai chiou e suas garras apareceram, foi como se suas unhas crescessem e tornassem-se mais fortes e afiadas. Em um movimento; havia um corte profundo o suficiente para arrancar gotas gordas de sangue em sua mão.

Derramando o líquido carmesim na água, Lorelai disse algumas palavras e todo o conteúdo da tigela tornou-se verde. Passando a mão por cima da tigela em um círculo lento, a água virou fumaça verde e se espalhou pelo ar por alguns poucos segundos antes de desaparecer.

Até mesmo meus sentidos inibidos de sereia captaram uma mudança no cheiro.

- Wesley - Luke rugiu furiosamente e socou a bancada de pedra.

- Hein? - perguntei me lembrando de algo.

- O vampiro da boate - Ash respondeu e as memórias voltaram.

- Droga - disse irritada. Deixamos Lotus sozinha por minutos e ela desaparece, levada por vampiros gêmeos malucos.

- Vocês não tinham prendido ele e a  irmã? - Lorelai perguntou e Luke assentiu.

- Não fomos verificar a cela ontem - Calum respondeu.

- Lotus vai ficar bem? - Gwen perguntou e parecia prestes a vomitar.

- Depende do que Wesley pretende fazer com ela - Lorelai falou e Luke grunhiu para ela.

- Ele não vai fazer nada - Luke disse

- Tem certeza? - a voz de Gwen era fraca agora.

- Não - o loiro respondeu e saiu da cozinha. O segui até a sala.

- Luke, nós vamos achá-la - digo e não sei qual de nós dois tentei convencer.

- Nós temos que achá-la - ele diz e segura minhas mãos. Luke é bonito demais e olhar em seus olhos faz minha espinha arrepiar. 

Antes que eu diga algo, ouvimos um baque na porta da frente e a mãe de Lotus entra arrastando um embrulho do tamanho de uma pessoa.

- Uma ajudinha aqui? - ela diz batendo as mãos como se limpasse sujeira. Olhei o pacote e vi algo que parecia cabelo.

- É uma pessoa? - gaguejei.

- Rodrick - ela dá de ombros e continua puxando.

- Ele está morto?

- Claro que não, Tamara. - ela falou e deu uma risadinha parecida com a de Lotus quando acha algo absurdo.

- Graças a Deus - sussurrei e corri até ela.

- Por que você está arrastando um corpo?! - a voz de Gwen saiu histérica quando ela atravessou a porta da cozinha para a sala.

- Não é um corpo. Rodrick está vivo, só desmaiado - Louisa diz se endireitando.

- Acho que vou vomitar - Gwen sussurra e corre para o banheiro, Ash corre atrás dela.

Luke vai até a mãe de Lotus e ajuda a arrastar Rodrick e colocá-lo no meio do tapete da sala.

- Por que ele está desmaiado? - Lorelai pergunta vindo até a sala, seguida por suas garotas.

- Ele entrou e surtou porque Lotus não estava aqui. Nem mesmo me viu no escritório, o ouvi saindo e o segui. Ele foi direto pra delegacia, acho melhor não envolver a polícia quando todos nós sabemos que ela foi levada por alguém com interesse na magia dela. - Louisa diz dando de ombros e se senta no sofá com uma expressão cansada.

- Você não é Louisa Clines - Lorelai rosnou para ela.

- Não? Quem eu sou então, princesa?

- Louisa Clines não é velha assim, lembro de ter dez anos numa reunião do Conselho Bruxo e ela não aparentava ter mais do que vinte anos na época. Você tem o quê? Uns cinquenta? - a loba disse e seus olhos brilharam.

- Sério, Mirabella? - Louisa chiou e Lorelai recuou ao ouvir o nome. - Só eu poderia saber isso e caso duvide de minha idade...

Um gritinho estrangulado saiu de minha garganta quando Louisa se transformou em Lydia, depois que percebi que ainda era ela, mas numa versão mais nova, me acalmei. Não daria mais do que 25 anos para ela. Beleza imortal, uh.

- Por que Lydia está aqui? - Gwen perguntou voltando amparada por Ash.

- Sou eu, ainda - a voz era de Louisa.

- Ó, Deus - Gwen disse e se sentou no outro sofá esfregando as têmporas.

- Satisfeita, Mirabella?

- Esse não é meu nome. - Lorelai rosnou.

- Na verdade, é sim. O nome que seus pais te deram na noite em que nasceu, antes de Morgana levá-la do berço e deixar suas irmãs lá.

- Cale a boca - a loba disse entredentes. A mãe de Lotus respondeu com um sorriso lupino que ganhava de todos ali.

Ouvimos um gemido e Rodrick se mexeu. Louisa fez um gesto com a mão e o tapete no qual ele estava enrolado se desenrolou. Com um chutinho leve nas costelas, que veio de Luke, Rodrick acordou de verdade.

- O quê? - perguntou gemendo ao se sentar.

- Você não podia ir atrás de Lotus - Louisa disse e ele a olhou espantado, depois dirigiu o olhar a mim.

- Por que Lydia está falando com a voz da mãe de Lotus?

- É a mãe de Lotus, idiota. - falei sem paciência. Louisa explicou o melhor que pôde para ele, sobre todos sermos seres sobrenaturais. Provavelmente ela apagaria a mente dele depois que encontrassemos Lotus e como todos sabiam disso ninguém se incomodou em interromper.

- Precisamos achá-la - foi a única coisa que ele disse e a determinação era real.

- Sabemos disso - Luke cuspiu na direção dele e Rodrick o olhou com raiva.

- Meninos - Louisa disse e quando os dois focaram nela, ela abriu um sorriso das Clines que dizia "perigo". - Não temos tempo para esse joguinho que vocês fazem entre vocês e com a minha filha. E caso, estejam com medo de mim, o pai de Lotus pulverizaria vocês caso soubesse que brincam com o coração dela.

- Paul gosta de mim - Rodrick soltou e Louisa gargalhou.

- O que foi? - Rodrick perguntou e eu gargalhei.

- Levante daí, entre nós você é só o humano patético. Então, cale a boca e nos siga - chiei e ele se levantou a contragosto.

- Gwen está bem? - ele me perguntou lançando um olhar para Gwendolyn, pálida, no sofá; com Ash a abraçando de lado.

- Na medida do possível - ela grunhiu de volta para ele.

- Podemos ir resgatar minha irmã agora? - Madison quase rosnou e naquele momento eu soube que ela mataria qualquer um que se colocasse entre ela e Lotus.

- Vamos buscar minha filha - Louisa disse e saiu da casa. A seguimos em silêncio como se estivessémos indo a um funeral.

...

- O feitiço de rastreamento indica que estão naquela casa. - Louisa disse apontando para a enorme construção de tijolos cinza.

- Sinistra - Rodrick disse e todos nós o olhamos como se quisessémos mata-lo.

- Cale a boca. Isso aqui não é um jogo de lacrosse, capitão. - Luke disse a última palavra com escárnio.

- Seu...

- Calem a boca - Gwen chiou para eles e todos nos assustamos.

- Eu, Calum, Luke, Mike e Ashton vamos dar a volta na casa. Lorelai e o bando ficam aqui de guarda. A sereia e os humanos não sairão daqui e você... - Kendra parou ao olhar para Louisa -...tem mais do que 10 vezes a nossa idade e uma boa experiência em tudo, então, faça o que quiser.

- Ficarei aqui - Louisa respondeu firme e Kendra assentiu.

Kendra liderou os meninos ao atravessarem a rua, Ashton relutou em deixar Gwen para trás, mas os seguiu.

- Por que os vampiros se interessariam em Lotus? - Gwen perguntou enojada.

- Lotus bateu de frente com Wesley na Royal - falei baixinho. A culpa era minha.

- Se você não tivesse nos levado até lá, ela estaria bem. - Rodrick disse e mostrei os dentes para ele.

- Você não tem uma namorada bonitona pra mimar? - Louisa chiou pra ele e Rodrick se assustou.

- Nina e eu...- ele balbuciou, mas ela levantou a mão e ele se calou.

- Quietos - falou e analisou tudo ao redor. - Se escondam.

Todos nós ficamos parados no mesmo lugar.

- Vão agora! - disse firme e nós corremos.

Puxei Gwen comigo, tentando não olhar para seu rosto roxo, e nos escondemos atrás de um carro no fim da rua. Rodrick tinha sumido.

Louisa estava encostada casualmente no muro onde estávamos agora a pouco e observava tudo.

Congelei quando a garota pálida da boate virou a esquina da rua e olhou diretamente para a mãe de Lotus. Rita continuava bonita, com a roupas pretas da cabeça aos pés.

A garota analisou Louisa por uns momentos, antes de seguir até a casa de pedra e sumir dentro da escuridão.

- Temos que ir, agora! - me assustei quando Louisa apareceu ao nosso lado, como se tivesse se teletransportado e agarrou nossos pulsos. Sumimos em um redemoinho de vento e sombra. Foquei a visão quando paramos e me vi na sala de Lotus.

Gwen ficou de quatro e vomitou no tapete. Louisa veio logo depois com Rodrick.

- Atravessei vocês porque as coisas estão prestes a piorar - foi sua única explicação antes de sumir.

...

Lotus

Tudo era um borrão; rostos pálidos e bocas sensuais com agulhas geladas. Meu pescoço estava aberto na lateral e sangue pingava dos pequenos furos. Meus dedos estavam manchados de sangue de tanto tentar tampar os buracos e estancar o sangue, mas assim que eu conseguia, outra daquelas criaturas vinha e as presas eram enterradas ali novamente. Nunca senti tanta dor e rezava para que um deles se descontrolasse e me drenasse para que a dor fosse embora, porém, todos se controlavam e eu os odiava ainda mais por isso.

Fazia quantos dias que estava ali? Dois? Três? Uma semana toda? O tempo era tão devagar ali.

O cheiro metálico de sangue - do meu sangue - estava me dando ânsias me fazendo querer colocar as tripas para fora.

- Olá Lotus, querida - a linda voz dos meus pesadelos chamou e gemi. Ele me mataria, ele precisava me matar.

- Wesley - sussurrei com as últimas forças que tinha.

- Parece tão cansada, coitadinha - falou se ajoelhando ao meu lado, estremeci quando sua pele fria encostou na minha que fervia por conta da febre. - Por que está tão quente?

- Canalha - chiei encarando aquele rosto maravilhoso e cruel. Os olhos verdes se tornaram fendas e sua boca se curvou em um sorriso.

- Tão linda e tão mal-criada - outro toque em minha pele e estremeci novamente.

- Me mate - sussurrei com a voz rouca.

- Desculpe, querida, não ouvi - falou sorrindo maldoso e quis arrancar o sorriso da sua cara com as unhas.

- Me mate! - gritei, ou tentei gritar, mas tudo que saiu foi um barulho áspero.

- Por que eu faria isso quando todos os meus amigos amam se divertir com você? - falou baixinho perto da minha orelha. Tentei invocar aquela chama dentro do peito, ou a minha água, ou qualquer poder, mas nada veio. Eu sabia que era o quarto onde me mantinham, a pedra da parede era de aparência incomum; pálida e lisa como uma jóia.

- Por favor - supliquei. Em todo esse tempo tentei não pensar em minha família, em Rodrick, nas meninas ou em Luke. Mas agora todas as memórias deles vinham e inundavam meu ser.

- Você não irá morrer, Lotus - Wesley sussurrou enquanto descia da orelha para o pescoço. - Irá viver conosco para sempre.

Gritei quando as agulhas se enterraram em minha pele macia.

...

02:17 p.m

Luke    

Tudo que eu conseguia ouvir era o grito de agonia pura que Lotus soltou. Eu sabia que era ela, pois conseguia senti-la mesmo enquanto lutava com os vampiros que infestavam a maldita casa. Ela estava com medo e eu sabia; também sabia que Wesley provavelmente estava lá em cima a aterrorizando já que não havia dado as caras.

Rosnei para um dos cara-pálida e enterrei as garras em seu peito, arrancando seu coração, o homem caiu no chão e corri em direção a escada matando qualquer um que se colocasse em meu caminho.

Quase vomitei quando o cheiro de sangue do andar de cima preencheu minhas narinas. Eu sabia que o sangue era dela. Soltei um uivo raivoso e segui para dentro do quarto onde o cheiro estava mais forte. Wesley - sentado ao lado da garota - sorria em êxtase com o sangue de Lotus escorrendo pelo queixo, o pescoço dela estava destruído com furos irregulares por toda parte e ela estava pálida e suando.

- Vou matar você - rosnei para ele e só então o vampiro percebeu minha presença.

- L-luke - ele gaguejou e o sorriso deixou seu rosto; se pondo de pé o vampiro, limpou o queixo e deu um passo á frente.

- O que fez com ela? - perguntei baixinho e pausadamente.

- O sangue dela é delicioso. Magia pura, ficamos bêbados o suficiente com apenas um pouco - ele disse soltando risadinhas. Nunca via Wesley tão embriagado com sangue.

- Vou matar você. - repeti e ele pareceu perceber que eu falava sério.

- Eu juro que... - antes que ele terminasse, eu o prensei na parede segurando seu pescoço com uma mão.

- Me dê um ótimo motivo para não matá-lo. - seus olhos estavam esbugalhados e ele tentava sair do aperto.

- Luke... - a voz fraca de Lotus me dispertou do frenesi de violência. Larguei o vampiro e corri na direção dela.

- Oi - sussurrei com a voz embargada quando coloquei sua cabeça em meu colo.

- Eu morri? Isso é o céu? - perguntou e abri um sorriso de leve.

- Não, Lotus. Estamos na terra e você está viva - por enquanto pensei ao olhar para seu pescoço. - Precisamos ir.

- Eu vou virar um deles? - sussurrou quando a peguei no colo e me levantei.

- Nem por todos os infernos - respondi, mas ela já havia desmaiado em meus braços.

...

Kendra

Quando mais vampiros matávamos, mais apareciam. Eu já estava ficando puta o suficiente; Luke sumira, os meninos estavam cansados e mais vampiros apareciam. Nos vi derrotados quando a porta se abriu e a garota mais bonita que eu já havia visto mostrou as presas para nós.

- O Esquadrão - disse enquanto olhava os meninos - e a mascote mestiça.

Grunhi para ela e alonguei as unhas. Me transformar por completo gastaria mais tempo do que eu tinha. Ash, Calum e Mike estava na forma de lobo e derrubavam vampiros ao meu redor.

- Pode vir, lobinha - ela disse e seus olhos brilharam. Eu morreria, estava cansada demais e a vampira parecia forte. Eu morreria, mas morreria salvando Lotus e Luke.

Uivei, um último uivo, e pulei em cima dela. A vampira era inteligente o suficiente para não me deixar mordê-la e se esquivava a cada tentativa. Gritei quando senti suas presas em meu ombro e meti meu cotovelo em seu nariz. O barulho de osso e cartilagem se partindo poderia ter me enojado caso não estivesse acostumada a isso.

- Você é boa, mestiça - falou e me atacou de novo. Bloqueei os primeiros golpes, mas ela era mais rápida e logo eu estava no chão, apanhando no rosto sem conseguir me levantar.

Ouvi um rosnado raivoso e um borrão pulou por cima de mim levando Rita ao chão. A loba tinha a pelagem negra escura e os olhos brilhavam amarelos enquanto rosnava para a vampira. Lorelai.

Havia uma raposa e uma loba branca ajudando os meninos agora enquanto Madison atirava bolas de pura energia nos vampiros que não eram estralhaçados por garras e dentes.

Com um uivo, me transformei por inteiro.

...

October,29                                   9:38 a.m   

Lotus

Acordei com o som de vozes masculinas discutindo e com a cabeça martelando de dor. O que tinha acontecido? Abri os olhos devagar e a claridade me fez fechá-los novamente.

- Lotus? - a voz rouca do primeiro fez minha espinha arrepiar. Luke. Ele pegou minha mão e o calor que se espalhou me fez abrir os olhos.

- Oi - falei baixinho e foquei em seu rosto. Ele sorriu e sorri de volta, perdida naquela imensidão azul de seus olhos. O sorriso sumiu quando lembrei de tudo o que tinha passado. - Obrigada por me tirar de lá.

- Sempre estarei aqui quando precisar. - sussurrou e beijou minha testa. Ouvi um pigarreio e olhei para o outro macho, ou garoto, de pé atrás dele.

- O que foi? - perguntei para Rodrick mais agressiva do que pretendia.

- Nada. Só acho que eu sendo seu namor...

- Nem mesmo termine a frase - chiei e tentei não me importar com a postura de proteção que Luke tomou sentado na minha cama. - Sua namorada ainda é Nina. Só porque trocamos alguns beijos e declarações...

- Você é inacreditável! - ele gritou e me assustei. Luke ficou de pé, entre nós, e rosnou para Rodrick.

- Lotus está em recuperação e não precisa de idiotas gritando com ela no momento - ele disse baixinho, o que sempre me assustava mais do que se tivesse gritado.

- Saia daqui, Rodrick. Converso com você depois - falei cansada e as lágrimas ameaçaram brotar em meus olhos.

- Como quiser, princesa - ele disse cheio de sarcasmo antes de sair do quarto e senti o quando Luke estava se segurando para não socá-lo.

- Ei - chamei o loiro. Ele se sentou na lateral da cama e colocou a mão sobre a minha. - Obrigada de novo.

- Não chore, Lotus - falou e limpou uma lágrima que escorreu pela minha bochecha.

- Pelo que me lembro, você chorou ao me resgatar - o provoquei e ele sorriu de canto.

- Você estava tão machucada - ele disse dolorosamente e quase pude sentir seu desespero ao me ver naquele estado.

- Estou bem agora - falei apertando sua mão e ele assentiu.

- Lottie? - Gwen chamou batendo na porta e sorri pra ela. Luke tirou a mão da minha e poderia chorar pela falta de calor.

- Oi, Gwen - falei e ela entrou sorrindo, Tamara veio logo atrás.

Luke saiu do quarto após um olhar meu garantindo que estava tudo bem.

- Ele está te protegendo tanto - Tamara chiou e me assustei quando senti suas emoções. Ciúmes puro.

- Você está projetando suas emoções - falei e ela arregalou os olhos.

- Hein? - Gwen perguntou olhando para nós duas.

- Nada - respondemos juntas e senti que Gwen ficou decepcionada de não a incluirmos com esse lance sobrenatural.

- Que dia é? - perguntei e Tamara olhou para o calendário na parede.

- 29 de outubro - a ruiva respondeu e me espantei.

- Eu fiquei quatro dias presa?

- Você não ficou nem mesmo um dia presa, mas quando te tiramos de lá você tinha perdido tanto sangue que sua mãe teve que te induzir em um coma mágico por três dias. Até seu corpo estar bem novamente e com a sua magia recuperada - Gwen respondeu e devo a ter olhado de um jeito estranho, porque ela enrugou o nariz e perguntou: - O quê?

- É porque ainda é estranho te ver aceitando tudo tão rápido - falei e ela sorriu.

- Eu aceito as coisas muito rápido.

- Rápido até demais. - Tamara murmurou e a encarei com a sobrancelha erguida.

- O que quer dizer?

- Ela está com Ashton.

Meu olhar foi para Gwendolyn.

- E você está com ciúmes da atenção que Lotus tem de Luke porque está apaixonada por ele - a cacheada rebateu sem hesitar e Tamara mostrou os dentes para ela.

- Chega! - vociferei e elas me encararam. - Parem com isso e me ajudem a sair dessa cama.

Com o apoio das duas, consegui firmar as pernas e vestir uma roupa decente, sem ser a camisola lilás que eu usava, e desci as escadas.

Ninguém prestou atenção em mim, já que todos estavam focados na garota pálida e loira na porta.

- Me deixem entrar - a loira berrou e Luke rosnou para ela. - Para trás, cachorrinho. - a voz de deboche dela era a melhor coisa que eu havia ouvido esses dias.

- Cleo! - gritei e corri até a porta. Empurrei os meninos, Lorelai e o bando dela para fora e abracei minha amiga.

- Por que sua casa está infestada de lobisomens? - perguntou torcendo o nariz de nojo.

- Como você sabe?

- Vampira - Lorelai chiou na direção dela e Cleo abriu um sorrisinho.

Gwen parecia pálida nas escadas e sua emoção veio toda em cima de mim; tristeza e decepção por realmente ser a única humana.

Por que as emoções de todos estavam me atingindo? Eu consegui sentir o sentimento de proteção que emanava de alguns deles, o tédio de outros e até mesmo a raiva.

- Quem é a bonitinha? - Kendra perguntou ao sair da cozinha - com um prato de bolo na mão - e olhar diretamente para Cleo.

- Cleopatra, a quarta integrante do nosso squad. - Gwen respondeu com um sorrisinho e abraçou a loira.

Cleo tinha os cabelos lisos tão claros que quase chegavam a ser brancos, pele pálida, pequenos olhos castanho-escuro, nariz fino, bochechas marcadas por um contorno natural e uma boca fina que estava sempre erguida em escárnio. Para mim ela parecia muito mais os elfos de o Hobbit do que um vampiro.

- Seu nome é mesmo Cleopatra? - Kendra perguntou e sua expressão dizia que ela e Cleo seriam amigas instantaneamente.

- Minha mãe é arqueóloga, sempre jurou que meu pai era um deus egípcio e me deu esse nome - a loira respondeu dando de ombros - O deus egípcio devia ter umas drogas das boas.

Eu, Gwen e Tamara gargalhamos junto com Cleo. Todos nos olharam estranho.

- Piada interna - Gwen disse fazendo um gesto com as mãos como se mandasse os outros esquecerem.

Todas tínhamos quase certeza que a mãe de Cleo tinha achado um cara muito bonito enquanto estava drogada e jurou que ele fosse um deus.

- Por que vocês estão todos eriçados? - Cleo perguntou para Luke e o resto.

- Eu fui capturada por vampiros recentemente - falei e me joguei no sofá. Tamara se sentou no chão e Gwen se empoleirou no braço do sofá onde eu estava.

- Quem? - Cleo perguntou calma e letal.

- Wesley e Rita Frank - Ashton respondeu.

- Os gêmeos bastardos? - a loira perguntou e Luke assentiu. - Eles têm o próprio ninho, fica próximo daqui.

- Eu sei - falei e levei a mão instintivamente ao pescoço. Havia uma pequena cicatriz, de uns dois centímetros, na lateral do pescoço; os primeiros furos que não sumiram. Cleo veio pra cima de mim e Luke rosnou para ela - um rosnado alto e terrível - mas a garota apenas passou a mão na fina linha pálida.

- O que eles fizeram com você? - perguntou tentando manter a expressão neutra, mas a onda de ultraje e nojo que veio dela me atingiu.

- Wesley achou que seria divertido me colocar em uma sala com aquela pedra lisa que inibe meus poderes e me fazer de bolsa de sangue particular para todo o ninho dele. - respondi dando de ombros e ela se levantou.

- Onde está Wesley? - perguntou para Luke.

- Preso, junto com Rita. Matamos o resto - ele respondeu e engoli em seco.

- Me levem até eles.

- Não.

- Não, por quê? - as presas de Cleo brilhavam agora.

- Porque não. - ele chiou de volta e ela arreganhou a boca. - Não tenho medo de você, sanguessuga.

- Deveria - ela disse para ele com os olhos brilhando.

- Quem é você? - Lorelai rosnou para ela, indo para o lado de Luke. Não pude deixar de sentir uma pontada de ciúmes.

- Já falei, Cleop... - Cleo disse sorrindo inocente.

- Você não é apenas isso - Lorelai disse. - O poder emana de você como uma onda.

Eu também estava sentindo, como se uma aura dourada emanasse dela.

Madison grunhiu.

- Ela é parceira dele - ela falou com o nariz franzido.

- De quem? - perguntei sem entender nada.

- Klaus Tanner - ela respondeu e sorriu.

- Impossível - Lorelai disse e recuou para longe da loira.

Luke e os meninos estavam na minha frente agora, me protegendo. Lorelai e o esquadrão dela fizeram o mesmo. Fazendo uma barreira entre Cleo e eu.

- Gente? - perguntei e minha voz saiu como um ganido.

- Quieta, Lotus - Luke rosnou e me irritei. Invoquei uma bola de fogo e me coloquei de pé.

- Se me mandar ficar quieta outra vez eu farei você se afogar nas próprias lágrimas - chiei e fui para seu lado. Apenas agora tinha dado falta de Rodrick.

Lorelai rosnou para mim e arreganhei a boca mostrando os dentes.

- O que querem dizer com tudo isso?

- Sua amiga é parceira do vampiro mais poderoso de todos, Klaus tem mais de 500 anos e pode nos destruir com a porcaria de um pensamento - Lorelai disse baixo.

Kendra gargalhou alto.

- Isso só fica melhor - ela disse sorrindo e se esticando no sofá.

- Ser parceira é como ser casada?

- Não, Lottie - Cleo falou e deu um passo para perto de mim, Luke tentou se colocar na minha frente, mas criei uma barreira de ar que o impediu. Ele se assustou e recuou. - Ser parceira de alguém, é encontrar sua alma gêmea, alguém que foi destinado a você. Tudo está ligado com a pessoa. Parceiros podem demorar séculos para se encontrarem, e como a maioria dos seres mágicos são imortais é normal um deles ter 500 anos e o outro 20.

- Klaus é terrível. - Lorelai falou e Cleo mostrou as presas pra ela, ver a loba recuando me assustou muito mais do que deveria.

- Não fale dele assim - chiou a vampira e coloquei a mão em seu ombro.

- Está tudo bem, Cleo - falei e as presas sumiram. Depois, me virei para o pessoal - Onde está Rodrick, minha mãe, meus irmãos e Paul?

- Por que chamou seu pai de Paul? - Cleo franziu a testa.

- Ele não é meu pai - dei de ombros.

- Rodrick saiu sem dizer nada, Lydia e Thomas saíram para algum parque e levaram Aurea, Logan está com Joanna, Paul está trabalhando e sua mãe disse que sairia para resolver algo - quem me respondeu foi Kendra.

- Ótimo - falei - Tamara, Gwen e Cleo podem subir e ficar comigo. Já os outros animais...sumam daqui.

- Mas Lot...- Madison começou e levantei a mão. O rosto angelical era perturbador demais.

- Não quero ouvir nada. Saiam daqui. - falei e todos me encararam furiosos.

- Prometemos para sua mãe que a protegeríamos. - Calum rosnou e abri um sorriso cínico.

- Prometeram a ela, não a mim. E eu quero que vocês saiam.

- Vamos sair da casa, não da propriedade - Luke grunhiu e revirei os olhos. Todos o seguiram para a porta dos fundos.

- Kendra você pode ficar - falei e a loba deu meia-volta com a sombra de um sorriso no rosto. Ignorei a expressão magoada de minha irmã, subi as escadas e ouvi as meninas atrás de mim.

Assim que todas entramos no quarto, tranquei a porta.

Kendra foi até a janela do quarto e olhou para o quintal com um sorrisinho no rosto, fui para seu lado e olhei também. Lorelai discutia com Luke, Calum, Mike e Ashton exibiam expressões gêmeas de tédio, Madison estava murmurando consigo mesma, Kayla e Olive conversavam em um canto.

- Eles podem nos ouvir aqui de cima - ela falou e sorri para ela. Invocando o ar fiz uma barreira ao redor do quarto, impedindo o som de sair. Gargalhamos quando todos eles olharam para cima e estreitaram os olhos.

- Ótimo - murmurei e me joguei na cama ao lado de Gwen.

- Por que vocês todas são seres sobrenaturais e eu não? - indagou a cacheada fazendo bico. Tamara sentou no pé da cama e deu tapinhas na perna dela.

- Ser imortal não é tão legal assim - Cleo falou e a encarei.

- Quantos anos você tem realmente?

- Sou tão nova quanto vocês, Lottie.

- Cleo.

- 28 - falou baixinho e Tamara arregalou os olhos. - Congelei nessa idade.

- Vocês podem escolher em qual idade congelam no tempo? - Gwen perguntou e Tamara inclinou a cabeça.

- Sereias podem escolher a idade que querem ficar para sempre - Tam disse.

- Eu fui transformada quando tinha 19 anos. - Cleo deu de ombros.

- Lobisomens não são imortais - Kendra disse e se esticou no tapete felpudo no meio do quarto.

- Não? - Gwen perguntou e a morena negou.

- Há uma excessão... - Kendra disse, mas parou abruptamente.

- O que foi?

- Não posso falar disso, Lotus - ela falou baixinho e encarou o teto.

- Bruxas são imortais? - eu perguntei a ninguém em particular.

- Sim, mas podem aparentar a idade que quiserem, mesmo tendo congelado em alguma idade. - Cleo falou e me encarou.

- Bruxas param de envelhecer depois dos 18. - Tamara disse.

- Eu vou ter essa cara para sempre?! - minha voz saiu mais desesperada do que eu pretendia.

- Aham - Kendra, Tamara e Cleo disseram juntos. Eu e Gwen estávamos com os olhos arregalados.

- Patricia disse que vai congelar com 18 anos - Tamara falou.

- Patricia é uma sereia também?

- Todas nós somos, Lotus.

- Ginnie? Sua mãe?

- Aham. E você nunca viu a beleza de mamãe ainda. Ela costumava ser uma das sereias mais bonitas e perigosas, até que se apaixonou por um mortal e desistiu do mar; apenas para vê-lo fugir com outra garota.

- O que aconteceu com seu pai? - Gwen perguntou e Tamara sorriu maliciosa.

- Mamãe o matou, enquanto estava grávida de Patricia. Eu e Ginnie falamos que Patricia é maluca por causa disso.

- Ah, Deus - Gwen saiu correndo em direção ao meu banheiro.

- Gwen?

- Estou bem, Lottie - ela gritou fraca.

- Péssima ideia terem contado tudo pra ela. - Cleo falou enquanto provocava Kendra dando chutinhos nas costelas da loba.

- Talvez - Tam mordeu o lábio.

- Nos conte sobre seu marido, parceiro, ou qualquer coisa que ele seja - falei cutucando Cleo com o pé.

- Ele é um dos vampiros mais poderosos que já existiu, tem 500 anos; quando me viu, reconheceu na hora que eu era sua parceira e matou todos os machos que tinham abusado de mim e me transformado. É o cara mais maravilhoso que eu já conheci - ela falou e vi o brilho de amor em seus olhos.

- Queria - Gwen falou voltando para o quarto e nós gargalhamos.

- Você tem - Tamara a provocou e ela fechou a cara.

- Eu não tenho nada real com Ashton. - a morena chiou e seus olhos brilharam raivosos. - Ele me achou bonita o suficiente para brincar e eu aceitei a diversão.

- Você não é assim - soltei e ela piscou.

- Sério, Lotus? - indagou e não entendi mais nada.

Ficamos em silêncio até que ouvimos uma comoção lá embaixo. Todas nós corremos até a janela para ver o que estava acontecendo. Nosso pessoal estava de um lado do quintal e do outro lado duas figuras com cabelos laranjas estavam em pé.

- Droga - Tamara berrou e abriu a porta do quarto em um rompante, descendo as escadas correndo. Kendra e Cleo correram atrás dela, as segui no mesmo passo. Gwen grunhiu e nos seguiu devagar.

Chegamos no quintal e dirigi o olhar para as garotas ruivas. Elas tinham a mesma altura, pele pálida e olhos verdes. Genevieve exibia um sorriso cínico e o sorriso de Patricia era presunçoso. Ambas usavam roupas de couro preto no corpo todo, como um macacão elástico que deixava cada curva a mostra.

- Quem são vocês? - Lorelai perguntou.

- Ah, pelo amor de Deus! - Gwen gritou atrás de nós - Ginnie é uma cópia de Tamara e a garota de 14 anos é parecida demais com elas pra você não saber, sua loba idiota.

- Gwen! - Ashton gritou com ela e minha amiga fez um gesto indecente para ele.

- Já te mandei calar a boca, Gwendolyn - Lorelai rosnou e Gwen abriu um sorriso enquanto ia para o lado de Ginnie e Patricia.

- Oi, Lotus - Patricia exclamou e sorri para ela.

- Oi, pirralha - falei e ela exibiu um sorriso perigoso.

- Por que vieram? - Tamara perguntou sem muito interesse.

- Viemos ver como Lottie estava se recuperando - Genevieve disse e abriu um sorriso. A garota que eu antes achava meiga e inocente, era na verdade uma cópia de Tamara até mesmo no nível de perigo.

Lorelai e seu bando olhavam as sereias desconfiadas. Luke e seu esquadrão as encaravam descaradamente. Kendra e Cleo estavam ao meu lado em posição de proteção.

- Bem... - falei e todos me olharam - como minha mãe chegou, creio que vocês podem ir embora.

- Sua mãe não cheg...- Mike começou a falar até que ouviu o barulho do carro. Pisquei para ele ao ver sua expressão espantada.

- Podem sair - Ginnie fez um gesto com as duas mãos como se estivesse espantando um cachorro.

- Tchauzinho - Patricia cantarolou enquanto fechava e abria os dedos em um aceno desdenhoso.

Calum rosnou na direção dela e a sereia exibiu o rosto assustador. Com escamas, guelras e dentes afiados. Ginnie sibilou ao seu lado e o lobisomem recuou.

- É o suficiente - falei soltando uma risadinha. Todos me encararam espantados. Até mesmo eu tinha me espantado com a maldade em minha voz.

Lorelai estalou os dedos e saiu rebolando o largo quadril, as meninas a seguiram. Maddie me lançou um olhar antes de sair, mas não entendi o que quis dizer. Mike puxou Calum - que parecia querer estralhaçar o pescoço de Patricia - para fora.

Ashton foi para o lado de Gwen e Cleo exibiu as presas para ele. Gwen disse que estava tudo bem e sussurrou por algum tempo com ele. Quando Ashton saiu, ele não parecia satisfeito.

Priscila, Ginnie e Tamara exibiam sorrisos idênticos agora, uma ao lado da outra, e tive que me conter para não gritar de susto.

Cleo e Gwen estavam ao meu lado. Nem mesmo reparei quando Kendra surgiu das sombras da parede, me lançou uma piscadela e saiu silenciosa como um gato.

- Você tem certeza que ela é uma loba? - Ginnie perguntou perturbada. Dei de ombros e fui para dentro da casa.

Oh, Deus. Eu estava faminta.

Minha mãe nos esperava na cozinha.

- Oi, querida - ela exclamou e me abraçou. - Que bom que está melhor! Vou preparar o almoço para todo mundo. Paul virá comer conosco, Lydia e Thomas já devem chegar com Aurea e Logan aparecerá também. Vou só ali no escritório um minuto.

- Ótimo - falei meio sem jeito, trocando o peso de um pé para o outro enquanto ela me dava as costas.

Cleo e Gwen discutiam baixinho e as encarei.

- O que foi?

- Nada, Lottie - Cleo me dispensou com um gesto de mão.

- Ela está me enchendo por causa de Ashton - a morena revirou os olhos. Seu cabelo estava particularmente bonito hoje, todo solto e com volume. Os olhos mel pareciam dourados no sol e me lembrei de um leão ao olhá-la. Calma e pacífica na superfície, feroz e violenta no interior.

- Tome cuidado, Cleo. - Tamara riu - Da última vez que a vi com esse brilho nos olhos ela estava provocando Vossa Alteza, Lorelai Wolff.

- Você provocou Lorelai? - indaguei e Gwendolyn sorriu. Um sorriso leve e perigoso, que até mesmo os seres sobrenaturais temeriam.

- Ela quase quebrou meu nariz - ela deu de ombros e fiquei de boca aberta. Priscila encarava Gwen com admiração agora. - Ashton ficou puto de meu rosto ter ficado meio roxo.

- Quando eu crescer quero ser a Gwendolyn - a ruiva disse e gargalhou.

- Humana? - Gwen disse cheia de ressentimento.

- Feroz - a sereia falou sincera. Senti Gwen se acalmar. Os sentimentos. Precisava falar disso com minha mãe.

- Já volto - anunciei e sumi dentro da casa. Bati na porta e entrei sem esperar resposta.

- Lotus?

- Oi. Preciso falar algo, mamãe. - falei.e me sentei na cadeira de frente para sua mesa.

- Diga, filha - suspirou e me encarou.

- Estou captando sentimentos. Emoções de todos ao meu redor. Está me deixando maluca desde quando acordei.

- Ah, é normal - falou sorrindo. - Terá que aprender a controlar isso. Irei mandá-la para treinar com Karisma.

- Quem?

- Karisma. A Treinadora, A Sétima Filha, A Imortal. - ao perceber minha expressão confusa, continuou - Você saberá mais tarde de qualquer maneira.

- Ótimo.

- Pare de dizer "ótimo". - ela franziu a testa.

- Está bem - respondi calma.

Havia uma quietude irritante dentro de mim. Eu havia descoberto que era uma bruxa, que todos meus amigos próximos eram mágicos, tinha sido sequestrada por vampiros e ainda sim estava calma como o céu límpido.

- Depois do céu límpido, há a tempestade. - mamãe disse e grunhi.

- Está lendo meus pensamentos?

- Os está projetando. Não me culpe.

- Ótimo.

- Lotus.

- O que foi? - perguntei irritada.

- Se acalme. Depois de amanhã iremos até Karisma.

- Ót...Está bem. - disse e me levantei.

- Tudo vai dar certo, querida.

- Tem que dar. - foi a última coisa que eu disse antes de sair e bater a porta.

...

Gwen                                       07:27 p.m

Almoçamos com a família de Lotus e as sereias se comportaram de maneira normal. Cleopatra era a mesma de sempre e não houve nenhum estranhamento entre nós. Eu odiava e amava estar rodeada por todos eles.

Saí da casa dos Clines às seis e voltei para a casa.

Estava encarando o teto do meu quarto e desejei que houvesse estrelas ali para que eu pudesse olhá-las. Não sabia nem mesmo quantos horas haviam se passado desde que cheguei e me deitei ali. Quando meu estômago roncou de fome, desci as escadas silenciosa e fui para a cozinha. Fluffy me seguiu e tudo que eu ouvia era suas patinhas no assoalho atrás de mim.

Meus pais haviam ido em algum jantar importante na Outra Casa e Gwyneth foi com eles para se exibir. Como sempre. 

Sozinha em casa, esquentei um resto de macarronada que encontrei na geladeira e fui para a sala com a comida e um copo de Coca na mão. Assim que me sentei a campainha tocou e suspirei; deixei a comida sobre a mesinha e fui até a porta. Quem estava me perturbando essa hora?

Revirei os olhos quando encontrei olhos castanhos esverdeados do outro lado do olho mágico. Murmurando abri a porta e Ash sorriu.

- Oi - falou e voltei para a sala. Ouvi a fechadura e logo ele apareceu no portal entre o hall e a sala. Fluffy tentou morder seus calcanhares e conti a vontade de gargalhar alto.

- Você quer comer? - levantei uma sobrancelha e apontei a tigela de macarrão no meu colo.

- Pode ser - ele disse e se sentou ao meu lado. Corri até a cozinha e lhe entreguei outro garfo. Comemos em silêncio por um tempo, até que ele perguntou:

- Você está mesmo com frio?

Ele analisava horrorizado meu moletom cinza desgastado, - que mamãe e Gwyneth tentaram jogar fora três vezes - as calças da mesma cor e as meias grossas e felpudas com estampa de leões.

- Sim - respondi. - Eu sempre sinto muito frio, não importa a estação. Se eu tivesse, colocaria um daqueles protetores de orelhas, porque minhas orelhas congelam.

- Sério?

- Aham - falei e me aproximei mais dele. Afastei o cabelo da lateral da cabeça e o encorajei a encostar em minha orelha. Ele riu ao constatar que estava gelada de verdade. Parei quando percebi que estávamos perto demais e ruborizei.

- O que foi? - indagou com o cenho franzido.

- Nada - falei baixinho, peguei a tigela e o copo de cima da mesa os colocando na pia.

- Gwen. - chamou e inclinei a cabeça ao encará-lo. - Por que você inclina a cabeça como um cachorrinho tentando entender as coisas?

- Você acabou de me comparar com um cachorrinho? - perguntei incrédula.

- Não - ele disse se levantando e vindo até mim. Suas mãos seguraram os dois lados da minha cintura e a proximidade agora era reconfortante. - Agora, me diga o que está acontecendo.

- O que nós temos? O que nós somos?

- Você quer rotular? - perguntou sério.

- Não, não - neguei e algo em seu rosto mudou - Sério, Ash. O que nós temos? Trocamos beijos pelos cantos essa semana, mas eu estou confusa.

- Beijos maravilhosos, devo acrescentar - falou com um sorriso malicioso e gargalhei.

- Me responda, Ash. O que nós temos?

- Eu não sei, Gwen. Só sei que é muito bom. - com isso ele me beijou e me derreti em seus braços.

Fluffy latiu e arranhou minha perna, dei um chutinho nele enquanto ainda estava com a boca grudada na de Ashton.

A primeira vez que ele me beijou foi logo após levarmos Lotus para casa. Eu estava devastada de vê-la naquele estado e depois de me levar embora, ele me beijou na porta de casa.

Seu beijo era carinhoso e eu adorava. Enrosquei minhas mãos ao redor de seu pescoço e agarrei seus cabelos com a mão direita. Ele era tão mais alto que eu, que mesmo inclinado eu estava quase na ponta dos pés. Fui o guiando de costas até o sofá e nos sentamos, me separei dele apenas para respirar por alguns segundos e logo nossos lábios estavam juntos de novo. Ashton colocou a mão em minha cintura por debaixo do moletom e ele era tão quente que estremeci de prazer.

Sua boca deixou a minha e foi para meu pescoço, arquejei quando ele me deu um forte chupão ali e arranhei sua nuca.

- Gwen - o sussurro dele era uma súplica. Seus lábios encontraram os meus novamente; havia tanto calor entre nós que eu queria me enrolar e ficar ali para sempre.

- Estou apaixonada por você - falei assim que houve algum espaço entre nós. O sorriso dele fez minhas pernas tremerem.

- Devo dizer o mesmo, Gwendolyn - falou e me puxou mais para perto. Ele me abraçou e liguei a televisão. Ficamos abraçados até eu cair no sono.

...

October, 30                                          11:22 a.m

Acordei com vozes altas e rolei para o lado; consequentemente, caí do sofá que não era espaçoso como minha cama. As vozes pararam assim que atingi o chão com um baque.

- Gwen? - era Ash.

- Estou bem - resmunguei me escorando no sofá para levantar.

Um garoto moreno surgiu atrás dele e foquei nele. Ele era alto e os olhos azuis turquesa se destacavam contra a pele morena um pouco mais escura que a minha. Inclinei a cabeça tentando reconhece-lo e o garoto sorriu.

- Oi, gatinha. - Ian falou e gritei. Um gritinho agudo de animação que não soltava fazia tempos, tampei a boca com as mãos e ele gargalhou. Uma gargalhada rouca que arrepiou minha espinha.

- Ian? - minha voz saiu trêmula e o rosto de Ash endureceu ao ver minha reação.

- Em carne e osso - seu sorriso era mais branco do que eu me lembrava e ele estava mais lindo ainda. Se isso era possível.

Cobri os cinco passos de distância entre nós e o abracei. Deus, ele era ainda mais alto que Ashton.

- Que saudades - falei enquanto agarrava seu corpo musculoso. - Faz quantos anos que eu não te vejo?

O garoto segurou meu rosto com as enormes mãos, de uma forma tão carinhosa que eu não achava possível, e sorriu.

- Três anos e quatro meses, para ser exato - falou como se tivesse contado cada dia.

- Deus! - exclamei sem conseguir soltá-lo. Olhei para Ash ao nosso lado e recuei do abraço. O brilho sumiu dos olhos de Ian por um momento.

- Por que Ashton Irwin está aqui? - perguntou e meu rosto se transformou em uma careta.

- Temos um lance - respondi devagar, escolhendo as palavras e Ash grunhiu ao meu lado. - O que foi? - perguntei pausadamente e ele grunhiu de novo.

- Por que Ian Brooks está aqui? - Ashton perguntou e sorri.

- Ele era meu melhor amigo.

- Ei, gatinha, eu ainda sou - Ian disse e colocou o braço sobre meus ombros. Levantei a cabeça e sorri para ele. Ao ver a raiva nos olhos de Ash, vi que era muito mais que ciúmes.

- Esperem. - disse - De onde os dois se conhecem?

- Da vida, gatinha - a cada vez que Ian me chamava assim eu pudia sentir a respiração de Ash aumentar.

- Ela sabe - Ashton revirou os olhos e congelei.

- Hein?

- Você sabe? - Ian perguntou.

- Do que estão falando? - eu agora estava recuando para longe dos dois.

- Sobre sermos lobisomens. - os dois disseram juntos e senti uma tontura.

- Só pode ser brincadeira - falei entredentes enquanto encarava os dois raivosa.

- Gwen?

- Vocês todos são malditos seres mágicos! - eu estava gritando agora e os dois se encolheram. - Lotus é uma bruxa, a maioria de vocês vira lobo e Tamara é uma sereia! Uma sereia! Cleopatra é uma sanguessuga imortal! Eu cansei de ser a única mortal nessa porcaria.

- Tecnicamente, nós somos mortais também, só viramos lobos - Ian abriu a boca e um rosnado saiu do fundo do meu peito. Pelo jeito, eu estava aprendendo com eles.

- Só! Só viram lobos! - gritei indignada e eles se encolheram de novo.

- Gwendolyn? - Ash falou baixinho e colocou a mão na cabeça, Ian fez o mesmo.

- O que foi? - meu grito era alto e agudo e parecia reverberar na casa toda.

- Não grite - pediram e estranhei.

- Por quê?

- Seu grito machuca nossos ouvidos extremamente. - Ian falou e me acalmei.

- Desculpe - dei de ombros.

- Gwen? - a voz cantarolada de minha mãe surgiu do hall e franzi a testa.

- O que ela está fazendo aqui a essa hora? - sussurrei para mim mesma ao olhar o relógio que marcava onze horas e alguns minutos. - Mãe?

- Venha aqui, querida. - ela chamou e segui sua voz. Ela estava parada na frente da porta com uma caixa imensa nas mãos.

- Não me diga que é...- nem terminei a frase e ela soltou uma risadinha.

- É sim, querida. Tome - colocando a caixa nos meus braços, mamãe me analisou de cima a baixo. - Deve servir.

- Mãe, eu não vou... - tentei dizer e ela colocou as mãos frias de cada lado do meu rosto.

- Você vai. E vai linda. Pierre fez exclusivo para você, nenhuma das garotas pode nem mesmo ver. - ela disse feliz.

Ouvi os passos dos garotos, que apareceram no portal entre a sala e o hall.

- Oh! Olá, meninos. - minha mãe exclamou com um sorriso radiante. Os cabelos loiros soltos e o vestido azul tubinho, a faziam parecer dez anos mais jovem.

- Tia Adria - Ian disse e fez um tipo de reverência com a cabeça. Lançei-lhe um olhar de quem dizia: "O que é isso?" e ele piscou maroto para mim.

- Ian! - ela disse e beijou as bochechas dele. Depois se dirigiu a Ashton. - E você é?

- Ashton Irwin - ele respondeu com um leve sorriso.

- Bom te conhecer - deu tapinhas no peito dele e se voltou a mim. - Olhe querida, eu sei que um garoto às vezes não dá conta, mas se alguém do nosso meio descobrir que você está com dois pode...

- Mamãe! - exclamei vermelha e ela gargalhou.

- Estou só brincando. - disse abanando a mão no ar - Escolha um deles para o jantar.

- Eu não vou.

- Seu pai mandou que fosse. - ela disse séria e murmurei.

- Estarei lá.

- Sete e meia, Gwendolyn! Não se esqueça. - gritou ao me dar as costas e sair da casa.

- Sua mãe é extremamente empolgada. - Ashton disse meio embabascado.

- Quando se trata de bailes, jantares e eu me envolvendo com garotos - dei de ombros.

- E então?

- E então o quê, Ashton? - chiei.

- Quem você vai levar?

- Ian - falei e seu rosto se fechou. - O que foi agora?

- Eu estou com você.

- Ian é uma companhia mais sólida. Os amigos de meus pais o conhecem e posso dizer que ele é meu melhor amigo com certeza. Não posso te introduzir como mais um dos meus lances. - respondi com a melhor voz polida que havia sido treinada para ter tantos anos.

- Ótimo, Gwendolyn - grunhiu e saiu da casa.

Ian sorriu para mim e sorri de volta.

...

October, 29 - 11:47 p.m

Lotus 

Fazia horas que as meninas tinham ido embora. Minha mãe, Paul, Lydia e Thomas já estavam dormindo, Logan estava assistindo um filme comigo na sala.

- O que rola entre você e o Hemmings? - Logan disparou e me assustei.

- Hein?

- Ele e Rodrick vieram te visitar enquanto estava doente. Mamãe só deixava eles entrarem, nem mesmo nós ou suas amigas puderam te ver - ele estalou a língua.

- Eu tenho um lance com Rodrick. Luke é um amigo - tinha quase certeza que meu rosto estava transformado em uma careta agora.

- Tome cuidado. Hemmings vai estudar na nossa escola agora e eu não ia querer ter que quebrá-lo por partir o seu coração. - falou pensativo.

- Já te disse, Logan. Eu estou com Rodrick.

- Mas ele está com Nina.

- Não est...

- Os vi hoje, abraçados, no parque - me interrompeu e uma raiva gélida tomou conta de mim.

- Está falando sério?

- Aham - disse sincero.

Eu queria queimar o rosto de Rodrick com fogo e depois curá-lo para repetir tudo outra vez, pela porcaria da eternidade.

- Você está bem?

- Como nunca - falei fria e me levantei indo até o quarto.

...

A casa de Rodrick era imensa. Uma construção de dois andares, pintada de bege e com detalhes brancos. O quarto dele ficava no sotão, um cômodo triangular e pequeno.

Usei o poder do ar para me impulsionar até a janela redonda e espiei lá dentro. Rodrick estava em um sono calmo. Destranquei a janela com uma rajada de vento e entrei silenciosa. Acendi um dedo com uma chama e borrifei água no belo rosto de meu amigo.

- Acorde - disse em um grunhido.

- O quê? - ele levantou desnorteado passando as mãos no rosto. Focando o olhar em mim, ele empalideceu. - Quem é você?

Gargalhei ao vê-lo gaguejar. Uma risada maléfica que me assustou mais do que tudo.

- Não me reconhece, de verdade? - perguntei e abaixei o capuz do moletom preto.

- Ah, é você. - suspirou e me encarou, ainda sentado na cama.

- Sim, sou eu. - falei e me estendi como um gato na cadeira giratória da escrivaninha.

- O que está fazendo aqui a essa hora? - perguntou enquanto olhava o relógio digital no criado-mudo que marcava 01:15.

- Logan me contou uma coisa e não consegui dormir.

- Não acredito que você veio me ench... - ele parou quando levantei a sobrancelha e meu rosto se transformou em uma expressão interrogativa.

- Por que estava com Nina? - perguntei baixinho e ele suspirou.

- Eu não consegui terminar com ela - sussurrou e me olhou profundamente. - Me desculpe, Lottie.

- Tudo bem. Não vim mendigar seu amor, só queria saber a verdade - falei me levantando e preparando para saltar pela janela, mas Rodrick segurou meu pulso e me virei a ele.

- Eu amo você, Lottie. - antes que eu dissesse algo, ele estava me beijando e agarrando com ambas as mãos, uma ficou na base das minhas costas e a outra na lateral da cintura. Minhas mãos agarraram seu pescoço e me perdi no cheiro de lavanda.

- Também te amo - falei quando nos separamos e seus olhos brilharam de desejo.

O puxei para a cama e tirei o moletom e os sapatos sentada em seu colo, sua boca estava em meu pescoço e arquejei. Eu o amava desde sempre e era o que eu queria. Arranquei a camiseta do pijama dele, enquanto Rodrick puxava a legging que estava grudada em minhas coxas. Agora eu estava apenas com a regata fina e a calcinha.

- Quer mesmo ir em frente? - perguntou de encontro a minha boca.

- Aham - minha voz saiu mais como um gemido.

Minha blusa e o sutiã voaram longe e Rodrick tomou meus seios nas mãos. Mordi os lábios para não gritar de prazer quando ele passou a língua pelo mamilo esquerdo e fez o mesmo com o direito segundos depois. Me deitando na cama e descendo uma linha de beijos da barriga até a linha da virilha e suspirei.

- Rodrick - gemi e ele me olhou, os olhos castanhos mais bonitos do que quaisquers olhos azuis.

- O quê? - perguntou com um sorrisinho malicioso.

- Rápido - murmurei e inclinei os quadris em direção a seu rosto.

Agarrei o lençol quando ele tirou minha calcinha e disse:

- Como quiser - antes de mergulhar a língua em minha intimidade. Gritei de prazer e ele foi me torturando devagar, os dedos acompanhando a língua.

- Puta merda - minha voz saiu em um sussurro grutural quando me desfiz e ele sorriu me encarando.

- Fiz você gozar bem rápido - provocou e subiu o rosto na altura do meu. Ele era lindo e eu o queria dentro de mim.

- Minha vez então - grunhi e tirei sua cueca. Seu membro era maior do que eu imaginava e ele riu quando arregalei os olhos. Segurando-o com as mãos, envolvi a ponta com a boca e ele gemeu. Quando terminei seu rosto estava tão contorcido de prazer que sorri.

- Fiz você gozar bem rápido - o imitei falando perto da sua orelha e ele arquejou.

- Coisinha cruel - ele disse em um sussurro áspero e colocou o presevartivo que tinha tirado da gaveta.

- Pronta?

- Aham - mordi o lábio e me deitei de novo. Rodrick abriu minhas pernas e se encaixou entre elas, quando assenti novamente o senti dentro de mim. Arquejei e me agarrei aos lençois, cada estocada doía menos e mais prazerosa. Gritei quando cheguei ao ápice e montei nele.

Segurando minha cintura, cavalguei até estar cansada demais para isso e ter gozado mais uma vez. Ambos estávamos; rolei para o lado e suspirei. Rodrick beijou minha testa e passou o braço pelo meu corpo.

- Eu te amo, flor.

- Eu também te amo - falei e o beijei terna.

Me virei e ficamos abraçados de conchinha até cairmos no sono.




Notas Finais


espero que tenham gostado, beijão


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