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História It's just a trick - He needs you


Escrita por: Hawtrey

Notas do Autor


Quero muito agradecer a quem continuar comentando, vcs possuem um lugarzinho no meu coração <3 E dizer que esse foi um dos capítulos mais dificeis de fazer por motivos obvios cof cof johncroft cof cof moriarty cof
kkk
E ele também provavelmente é o maior que já escrevi. Preciso que vocês o leiam com bastante ATENÇÃO e já aviso que é normal se ficarem um pouco confusos no final, não muito, só um pouco mesmo.
Qualquer coisa perguntem!
Boa leitura!

Capítulo 12 - He needs you


            John Watson estava ferrado. Pelo menos era assim que o próprio se imaginava quando entrou no carro de Mycroft e sentou ao seu lado, ambos agora iam em direção ao Diógenes. Suas pernas, demonstrando todo o nervosismo que sentia, não paravam quietas, seus dedos tamborilavam rapidamente sobre o banco de couro e vez ou outra paravam quando o médico apertava o lugar com força.

            ― Acalme-se John... ― Mycroft pediu pacientemente.

            ― Sherlock está começando a desconfiar ― John rebateu dando razão ao seu estado.

            ― Sherlock sempre desconfia de tudo.

            ― Ele nunca desconfiou de mim.

         Mycroft lhe lançou um olhar compreensivo e gentil. John ficou tentado a pedir para que parasse. Porque nunca o vira lançar aquele olhar a ninguém e isso só o preocupava ainda mais, era como se Holmes soubesse o tamanho e a gravidade do problema, e ainda assim quisesse reconfortá-lo mesmo que fosse em vão.

            ― Nós precisamos conversar ― Mycroft anunciou sério. ― Sobre o outro.

            ― Eu sei ― John lamentou fechando os olhos e se jogando contra o banco, parecendo cansado.

          A viagem continuou em silêncio até o Diógenes, nenhum dos dois queria arriscar envolver o nome de Moriarty diante de qualquer outra pessoa, mesmo que esta fosse o motorista muito bem pago de Holmes.        

          Só quando o carro parou que John percebeu que não estavam no Diógenes. Estava tão distraindo relembrando e organizando as últimas palavras do consultor criminal em seu cabeça que não percebeu a mudança de destino, apenas a grande e quase desconhecida estrutura a sua frente lhe alertou.

            ― O que estamos fazendo na sua casa? ― perguntou quando saiu do carro.

          ― É mais seguro e estamos sozinhos ― Mycroft garantiu abrindo a porta enquanto olhava ao redor. ― Mas não temos muito tempo, logo Sherlock descobrirá que está aqui. Ele também possui olhos em todo lugar.

         John sorriu lembrando do quanto o parceiro podia ser inconveniente e ágil com a ajuda dos tão moradores de ruas, mas logo esse sorriso sumiu ao concluir que muito em breve isso poderia ser um grande problema para si mesmo.

            ― Sente-se, por favor ― Mycroft pediu indicando o grande sofá claro.

           Repentinamente, enquanto se sentava, o médico se sentiu pequeno e desleixado. A casa, que na verdade era uma Mansão, era meticulosamente organizada e bem pensada. Tudo parecia perfeito e estar exatamente no lugar mesmo que ainda fosse desconhecida.

            ― Lugar bonito...

            ― Obrigado, mas vamos nos focar em Moriarty. O que ele quer?

          John hesitou, considerando a possibilidade de mentir. Sabia que era inútil tentar e que jamais conseguiria lidar com a situação sozinho, no entanto, era fácil notar que havia muito em jogo, muito mais que sua parceria com Sherlock ou a confiança que os Holmes depositavam nele quase cegamente. Afinal, por que John Watson mentiria sobre algo tão grande quanto Jim Moriarty?

            ― Ele me quer no time.

            O Holmes mais velho arregalou os olhos e franziu o cenho tanto quanto possível.

            ― Moriarty quer que trabalhe para ele? ― questionou perplexo.

            ― Sim.

            ― Como, exatamente?

        ― Quer que eu lhe dê informações, que eu seduza e traia a confiança de Sherlock quando ele achar necessário. Ou algo semelhante. Parei de prestar total atenção quando ele disse seduzir.

            Dessa vez um enorme finco se formou entre as sobrancelhas de Mycroft que ganhou um olhar fixo e completamente descrente.

            ― Isso é completamente... inesperado.

      John compreendeu todas aquelas reações, claro que sim. Geralmente quando se possuía um alvo e não podia ataca-lo diretamente, atacava-se ou – no mínimo – ameaçava aquele que era o mais próximo. Até onde John podia entender, ele era o mais próximo de Sherlock além da intocável família, então por que Moriarty pediria algo daquele teor justamente ao inseparável Watson?

           ― Deve ter algo a mais nessa proposta ― Mycroft desconfiou. ― Ele o ameaçou?

           ― Não, nada ― John negou rapidamente. ― Chegou a injetar em mim a mesma coisa que deixou Sherlock doente e me causou alguns arranhões, mas nada que sirva como algum tipo de aviso caso eu negue.

            Mycroft maneou a cabeça, confuso:

            ― De fato, essa substância não causa nada além dos efeitos temporários que já conhecemos.

            ― Eu sei ― John concordou sem pensar.

            ― E como sabe? ― Mycroft desconfiou novamente.

            ― Moriarty me disse.

            ― E por que ele revelaria algo assim se tinha a chance de causar alguma preocupação?

          ― Apenas perguntei dele ― John respondeu impaciente. ― Olha, Mycroft, estou tão confuso e desconfiado quanto você. Mas entre nós dois, você é o único que pode encontrar uma lógica nisso.

           O dono da casa inclinou a cabeça, pensativo, retirou o terno e o jogou no sofá. John se sentiu nervoso por motivos que rezava para não serem óbvios e por isso teve que se esforçar para manter sob controle os movimentos de seus dedos. Porque o problema é que acabara de falar fatos: Mycroft estava confuso, desconfiado e era o único capaz de encontrar lógica naquilo. Sherlock era um desafio por conhecê-lo muito bem e completar suas conclusões com as deduções automáticas, Mycroft era um desafio por simplesmente ser o mais esperto e John tinha que fazer um esforço quase sobre-humano apenas para controlar seu nervosismo.

       ― O quanto Sherlock desconfia? ― o mais alto perguntou entregando um copo de alguma bebida alcoólica que John desconhecia.

        ― Diga-me você que o entende mais do que eu ― John rebateu antes de tomar de uma só vez quase metade do copo. ― Tudo o que eu sei é que teve acesso ao meu celular e acredita que eu não lembro da noite que passei fora.

         ― Ele mexeu no celular? ― Mycroft arregalou os olhos. ― Eu disse para manter longe das mãos dele!

         ― Não sei se chegou a vasculhar, mas ele atendeu quando eu estava sob o efeito do veneno não-letal e alguém do hospital ligou.

         ― Tem certeza que foi apenas isso?

         ― Claro que não, eu estava mais ocupado sentindo dor.

          ― E o quanto você o ama?

            John se engasgou com a próprio saliva e sentiu a garganta arder.

            ― Como é? ― perguntou com a voz falha.

          ― Preciso saber até onde você pode ir pelo meu irmão ― Mycroft esclareceu indiferente, colocando a garrafa de bebida sobre uma mesinha ― Ou aceitar o plano pode ser inútil.

            ― Aceitar o plano? Quer que eu aceite trabalhar para Moriarty? ― o médico se levantou surpreso. Não importava o que já tinha feito ou não, definitivamente não esperava ouvir aquilo de nenhum Holmes.

            ― Obviamente, sem isso jamais saberemos o que ele planeja. Com você dentro teremos alguma chance, mesmo que mínima.

            ― A única coisa óbvia é que se trata de uma armadilha ou mais um daqueles jogos, Moriarty jamais vai confiar em mim. Mesmo que, por um milagre, esse convite seja sério, ele jamais vai me contar os planos ou me deixar perto de descobrir. Seria burrice.

            ― Ainda assim precisamos tentar, mas antes preciso saber o quanto ama meu irmão.

            ― Isso é alguma brincadeira? ― John questionou enervado. ― Você realmente não se importa em eu ter que trair a confiança do seu irmão depois de seduzi-lo e ainda piorar tudo com Moriarty? E se eu falhar? O que vai acontecer se-

            ― É claro que vamos nos preparar, John ― Mycroft o interrompeu parecendo realmente considerar uma chance de sucesso. ― Vou ajudá-lo, como eu disse que faria, com tudo o que tem direito. O seduzir de Moriarty se trata de confiança, pura e espontânea. Ele provavelmente sabe que a relação de vocês não está exatamente impenetrável e, contraditoriamente, está pedindo para que você mude isso. Somente assim você terá acesso a qualquer informação e, consequentemente, ele também terá.

            ― Mas... Sherlock nunca é completamente aberto com ninguém! Como, por Deus, como eu faria isso ser diferente? Faz parte dele!

          ― Isso não é tão difícil quanto pensa. No entanto, temo que os acontecimentos recentes dificultem ainda mais e isso fará Moriarty se movimentar mais.

            ― Mas do que infernos você está falando, Mycroft? ― John questionou completamente confuso e impaciente.

            Mycroft suspirou e sentou no sofá, sorrindo convicto.

            ― Estou dizendo, meu caro Doutor Watson, que eu estava certo desde o início. Augustus é quem está colocando sua vida em risco e ele não possui qualquer ligação com Moriarty. Na verdade, com esse convite Jim Moriarty revela um jogo que ainda está sendo construído, mas que já foi completamente pensado. O pior é que isso já está nas entrelinhas há muito tempo, nós que deixamos passar e complicamos o trabalho dele, o que, pela primeira vez, também nos complica. 

            ― Mycroft... ― John suspirou cansado. ― Por favor, seja mais claro.

            O Holmes respirou fundo e se inclinou para frente, quase derramando o conteúdo do seu copo antes de responder:

         ― Todos os casos que surgiram até agora envolvem você e Sherlock de alguma maneira, mas principalmente você, pode verificar. Se todos são obras de Moriarty? Ainda não tenho certeza. Mas o que importa agora é que nós fizemos meu irmão desconfiar de você, nossas atitudes. E isso pode ser bom se a desconfiança se limitar ao sentido romântico, mas tenho certeza de que Sherlock está desconfiando de sua inocência também. Você se mostrou esperto demais, observador demais e estressado por motivos desconhecidos, mas por quê? É o que ele vai se perguntar. E não vou esquecer o fato de que está fugindo da pergunta sobre o amor.

        ― E continuarei fugindo. É exatamente isso que Moriarty não quer? É irônico.

      ― Evidente que sim. E por algum motivo Augustus, seja quem for, quer matar você. Mas Moriarty ainda está montando um jogo onde nenhuma das jogadas envolve você morto, John. Lembra quando Moriarty o tirou do Hospital para fazer uma cena? Ele disse que precisava de você para queimar o coração de Sherlock Holmes e está mostrando isso agora. Moriarty precisa de você, John, e precisa de você vivo.

      John engoliu em seco, sentindo pela primeira vez um peso excessivo sobre seus ombros. Um peso que ultrapassava qualquer limite posteriormente determinado.

         ― Eu definitivamente estou ferrado.

       Quando Mycroft recomeçou a falar, John já estava absorto em sua própria mente. Repassando em sua mente a última conversa com Moriarty e os olhares questionadores que Sherlock lançava em sua direção nos últimos dias. O medo insistia em uma desistência, em uma fuga, mas John não podia mais se dar o prazer e o alivio de recuar, porque não havia paz depois disso.

        Faça algo inesperado. A voz de Philippe voltou a sua mente, mas naquele momento lhe parecia mais uma ordem de fuga que um conselho.

         Pense no motivo maior, John. Em tudo o que importa.

         Subitamente teve uma ideia e engoliu em seco com o próprio pensamento.

         Não é tão difícil. Apenas pareça natural e espontâneo. Sorria.

         Não estava preparado para o que faria a seguir. Sinceramente não estava preparado para nada.

        ― Precisamos começar o mais cedo possível ― o mais alto dizia sem parar. ― Você é muito leigo na arte da dedução, então tenho muito o que fazer.

         O médico repensou nas possiblidades, lembrando das poucas conversas que teve pessoalmente com Mycroft e da briga dos irmãos.

            ― Está escutando, John? Precisamos pensar em um plano, eu preciso e rápido. Também preciso de todas as informações que puder lembrar.

        Decidido, John ignorou quaisquer que fossem as palavras de Mycroft, sentou bem ao lado dele no sofá e, em um único movimento, agarrou sua gravata e o puxou para um beijo.

            Certo, era uma loucura. Sabia disso. Tinha certeza. Tudo parecia errado, desde o desejo inesperado que sentia até a falta de alguma emoção extra, mas estava cansado de ser o contido, o certinho, enquanto aqueles ditos espertos agiam sem pensar em nada além de seus próprios objetivos. Por isso não hesitou em largar a gravata do maior para passar a mão sobre o terno caro e agarrar a nuca com certa firmeza, mas com certeza foi uma grande surpresa quando o próprio Mycroft, antes paralisado, não só entreabriu os lábios correspondendo o beijo, como também o aprofundou.

            Não pense em Sherlock Holmes! Não ouse!

            No primeiro toque de línguas sentiu o corpo de Mycroft querer recuar, mas logo em seguida ele foi contraditório e passou a mão no braço do médico, como uma concordância silenciosa. John se ajeitou minimamente no sofá, sentindo o próprio coração quase arrebentando seu peito por puro nervosismo, mas as respirações já se misturavam tão lascivamente quanto as línguas se enroscavam, ambos provando um ao outro sem qualquer pudor. Não existia qualquer sentimento profundo ali, nisso não havia dúvidas, mas John agradeceu internamente pela falta de reação do seu corpo quando Mycroft apertou sua cintura com força e, lentamente, quebrou o beijo.

            Ofegantes, os dois se afastaram com os olhos brilhantes ainda fixos um no outro e os lábios levemente inchados.

            ― Isso foi muito bom... e absurdamente errado ― John confessou.

            ― Absurdamente inesperado ― Mycroft complementou com a voz rouca.

         ― Admita, foi o melhor beijo da sua vida ― John provocou. Inesperadamente não se sentiu nenhum um pouco constrangido, aquele nervosismo anterior parecia distante demais agora. ― Pelo menos por enquanto.

            Não retorne ao assunto anterior! E nem permita!

            Mycroft esboçou um sorriso torto diante das palavras convencidas.

            ― Não seja tão cheio de si, Doutor Watson. Não sou tão inexperiente quanto pensa.

            John maneou a cabeça sem acreditar no outro e se levantou, indo até a mesinha pegar seu copo e a garrafa de Whisky.

            ― Não seja tão cretino comigo, Mycroft, ao menos admita que o surpreendi.

            ― Oh, isso com certeza. E estou louco para saber o que o motivou para tal ato tão inesperado.

            Então o médico sorriu, sorriu como se tivesse encontrado a resposta para sua maior pergunta. E agradeceu por ser um sorriso sincero e um motivo real. Voltou a sentar ao lado de Holmes, que o olhou com curiosidade, e encheu ambos os copos.

            ― Eu só quis confirmar uma teoria.

            Mycroft franziu o cenho, confuso. E pela primeira vez John notou que era um hábito constante, assim como em Sherlock.

            ― Falou como meu irmão ― Mycroft comentou.

            ― E isso é ruim?

            John sorriu mais uma vez e tomou um gole da bebida.

            ― Não para os nossos planos. Mas acho que tenho o direito de saber sobre sua teoria. Até porque Moriarty vai-

            ― Você está apaixonado.

            Todas as expressões sumiram do rosto de Mycroft e a única reação que o médico notou foram os olhos fixos e assustados na sua direção. Provavelmente havia mais, no entanto, ele não era tão observador quanto Sherlock.

            ― Acho que se equivocou, Doutor Watson ― Mycroft ainda tentou, o copo firme em suas mãos. ― Não me apaixonei por você.

            ― Sei que não ― John concordou recebendo a atenção confusa do outro. ― Em nenhum momento eu disse que era por mim e um dos seus erros foi confirmar isso.

            Mycroft piscou tentando entender e se remexeu no lugar.

            ― Como assim?

            ― Naquele dia em que você e Sherlock discutiram, ele disse que você estava apaixonado. Eu escutei atrás da porta ― John deu de ombros. ― Mas ele disse apenas isso, que você está apaixonado... E você não negou.

            ― Neguei sim, lembro bem.

        ― Não, Mycroft. Você disse que não está apaixonado por mim, mas nunca negou que estava apaixonado. Para irmãos que prestam atenção até na respiração alheia, vocês foram extremamente descuidados.

            Olhos de Mycroft se arregalaram ligeiramente e John se deixou esboçar um sorriso convencido. Estava certo.

            ― Além disso, teve um momento durante o beijo que você pensou em se afastar ― John comentou. ― Posso arriscar dizer que lembrou de alguém, mas posso saber quem foi?

            Mycroft engoliu em seco e permaneceu em silêncio.

            ― Por quem está apaixonado, Mycroft?

            ― Podemos não falar disso agora? ― Mycroft pediu desconfortável.

            ― Então falaremos um dia? Isso parece bom pra mim.

            ― Ainda preciso ensinar algo a você? ― Mycroft questionou revirando os olhos. ― Aparentemente você sabe mais do que eu imaginei.

            ― Um ato imprevisível meu e você já desiste? ― John riu, sentindo seu celular vibrar. ― Você ainda precisa me ensinar a observar e mentir, principalmente mentir, lembra? E eu não posso beijar o Sherlock só porque quero surpreendê-lo.

            Mycroft estreitou os olhos na sua direção, parecendo desconfiado.

            ― Você parece diferente.

            ― Você me enviou uma mensagem de texto dizendo pra eu tentar ser diferente, lembra?

            ― Sim, mas não tanto. Isso vai deixar Sherlock mais desconfiado.

            ― Certo, certo. Não precisamos disso ― John descartou rapidamente temendo voltar ao assunto anterior ao beijo, levantando-se ― Onde fica o banheiro? Preciso me livrar dos vestígios de bebida e de você antes de voltar pra casa.

            ― Sabe que será uma tentativa inútil.

            ― Nunca desisto de tentar.

            Mycroft maneou a cabeça sorrindo e apontou as escadas.

            ― Subindo a escada, terceira porta a esquerda. Todos do andar de baixo estão em manutenção.

            ― E eu preciso dividir um banheiro com seu irmão... ― John resmungou enquanto se afastava.

            Forçando-se a permanecer indiferente e não mostrar que acabara de sair da melhor atuação da sua vida, subiu rapidamente os degraus e se adiantou na direção apontada por Mycroft. Confiando no sinal emitido silenciosamente pelo celular, lançou um último olhar rápido para trás e se apressou pelo corredor o mais silenciosamente possível, passando direto pela terceira porta e atravessando para o outro lado do corredor. Abriu a terceira porta do lado direito do mesmo e entrou antes que perdesse o pouco da coragem que ainda restava.

            Agora estava em uma sala, mas não podia se dar ao luxo de guardar detalhes, apenas procurou pela escultura deformada que lhe foi apresentada em uma foto e não hesitou em se aproximar quando a encontrou. A escultura, da qual não lembrava o nome, estava sobre uma mesa pequena entre duas estantes. John respirou fundo e colocou suas luvas de frio, então, com muita calma, arrastou a mesinha um pouco mais para trás. O médico se agachou e, onde antes estava uma das pernas de apoio, usou uma pequena espátula para ajudar a abrir uma fenda discreta. Uma abertura em forma quadrada foi revelada no chão, guardando uma chave prateada.

            Ele até hesitou, medindo os riscos e as consequências, mas havia algo maior em jogo. Então, conhecendo os Holmes como conhecia, fez questão de gravar a posição que a chave estava antes de pegá-la e pressioná-la contra a massa dentro da caixinha que estava no bolso do seu casaco. Molde feito, rapidamente devolveu a chave, fechou a abertura e quando arrastou a mesinha para o lugar anterior, seu celular voltou a vibrar.

            Era o primeiro aviso de três.

           Rapidamente se levantou, correu até a porta e a abriu minimante, apenas para ter certeza de que o corredor continuava vazio. A segunda vibração veio e o ex-militar sentiu a adrenalina fazer o coração pular dentro do peito. Sem poder esperar mais, saiu, fechando a porta com cuidado e correu até o banheiro.  

            Fechou a porta com as mãos trêmulas de nervosismo e com certo esforço, aproximou-se da pia e respirou em alivio, apertando a borda com força enquanto tentava se acalmar. Olhou-se no espelho e sentiu a caixa com o molde pesar ainda mais em seu casaco, a culpa também pesando em sua consciência.

             O que acabou de fazer John?

            Sacudiu a cabeça, retirou as luvas e ligou a torneira, molhando as mãos e o rosto em seguida. O terceiro e último aviso fez seu celular vibrar. Havia acabado de invadir uma sala de Mycroft e feito um molde de uma chave? Havia mesmo o beijado para distração e quebrado sua confiança no mesmo dia?

            Os Holmes ficam confusos e aéreos depois de algo inesperado. Vai por mim.

            John bufou e sacudiu a cabeça novamente, em seguida enxugou o rosto e, contrariado, pegou seu celular para fazer a ligação.

            A outra linha atendeu imediatamente. John suspirou antes de continuar.

            ― Deu certo, eu consegui.

       Como fora informado previamente, não houve resposta. Então apenas voltou a guardar o celular e saiu, já demorara tempo demais.

            ― Finalmente, John ― Mycroft pareceu nitidamente aliviado quando o viu descer as escadas.

            Por um momento o médico não entendeu, estando mais preocupado em parecer calmo e indiferente, então viu Sherlock em pé no meio da sala e seu corpo quase paralisou.

            ― O que faz aqui, Sherlock?

            ― Meu irmão veio a sua procura, como o previsto ― Mycroft comentou revirando os olhos.

            ― Eu tentei ligar, mas a ligação não completava ― Sherlock argumentou, sério.

            ― E o que é tão urgente que não pode esperar eu voltar pra casa? ― John questionou se aproximando.

            Sherlock arqueou uma sobrancelha e o olhou de cima a baixo. O corpo de John tremeu ante a analise, sabendo que o parceiro procurava por qualquer indicio de qualquer coisa que o livrasse do escuro. Preocupava-se que o beijo fosse descoberto, mas o medo maior era ter que explicar sobre a chave.

            Fique calmo, John, apenas fique calmo.

            ― Temos mais um corpo ― o detetive revelou em um tom estranho.

            John franziu o cenho, questionando-se.

            ― Tudo bem com você?

            ― Estou apenas preocupado.

            ― Com o quê?

            ― Aparentemente sua vida está em risco.

            John respirou fundo e lançou um olhar mordaz a Mycroft, que sorria. Então voltou a fitar Sherlock que parecia realmente agitado e desconcertado com alguém. Realmente estava preocupado e desconfortável com a presença debochada do irmão.

            ― Vamos para casa e eu explico esse exagero do seu irmão ― pediu já agarrando seu braço e o arrastando para fora.

            Não se importava se teria que revelar algo mais ou inventar que estava tudo bem em relação a Augustus, que era apenas mero exagero, John só queria sair daquela casa e se afastar o máximo possível de Mycroft. Parecia que mais tempo ali realmente aumentava as chances do Holmes deduzir a verdade e então, nesse caso, John consideraria a possibilidade fugir pulando no primeiro avião que saísse do país.

            Isso não é mais um jogo.

           Então, já do lado de fora, voltou a olhar para o amigo e percebeu que Mycroft não era o único problema. Não com Sherlock o olhando daquela forma dolorida e confusa antes de colocar em palavras seu motivo:

            ― Eu percebi que vocês se beijaram, John.


Notas Finais


Se a formatação estiver muito ruim, desculpa, é culpa do site #SpiritTeAmo
Comentários? Me façam feliz, não me matem!
Att: Eu ajeitei alguma coisa, mas ainda assim, ignorem o resto kk


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