Os dias que se seguiram não foram muitos diferentes, nem mais alegres. Não se ouviam risadas e todos conversavam baixo. A Sra. Weasley fazia constantemente perguntas sobre a nossa viajem em busca das Horcruxes, estávamos tomando café da manhã quando Rony nos avisou do interrogatório.
*- Mamãe esteve tentando extrair informações de Hermione e de mim, vamos viajar para onde? O que estamos tramando?...*
- Comigo não foi diferente. – eu disse – Pensei que o interrogatório não ia acabar nunca, já estava ficando sem desculpas pra arrumar.
*- Você é o próximo. – avisou Rony para Harry. – Portanto se prepare. Papai e Lupin também perguntaram, mas, quando respondemos que a recomendação de Dumbledore foi de você não comentar com ninguém exceto nós quatro, eles não insistiram. Mas mamãe não, ela é decidida.*
Os dias ali passavam como anos, nada de interessante acontecia, apenas trabalho, eu, Rony, Harry e Hermione planejando a viagem e nada mais. Mas depois do interrogatório que Molly fez em Harry ela nos manteve tão ocupados que não conseguíamos respirar.
- Acho que mamãe os está mantendo separados por um motivo. – disse Fred enquanto estávamos no jardim cuidado dos gnomos – Outro dia eu estava conversando com Gina e ela me disse que se os impedir de arranjar a viagem ela adiará isso.
- Tenho que admitir, a sua mãe é decidida. Mas isso não nos impedirá de ir atrás das outras partes de Voldemort.
Eu falei isso sem pensar e pensei ver uma pequena careta se formar no rosto dele, mas ele logo tratou de escondê-la.
- Então é isso que vocês têm que fazer? – ele soltou uma risada triste.
- Você é mais inteligente que isso, Fred. – disse com pesar. – Eu sei que você já sabia, ou ao menos desconfiava disso tudo.
- Sim eu sabia. Eu apenas esperava estar errado dessa vez, mesmo que isso não aconteça com muita freqüência – adicionou com um sorriso de canto quase que imperceptível.
Sorri o máximo que pude, mesmo que não passasse de uma centelha.
- Eu sei me cuidar. Vai ficar tudo bem. – Eu sussurrei mais pra mim mesma do que pra ele, querendo acreditar nas minhas próprias palavras, que tudo ficaria bem, e que até o final do ano letivo Voldemort estaria morto. Ele sabia que nem eu mesma tinha certeza disso, pois deu um pequeno sorriso de canto e suspirou.
- É claro que vai.
Era a primeira vez em que eu ficava sozinha com Fred, pelo menos que eu estava sóbria, desde que fomos buscar Harry. Não tinha idéia do tamanho da nossa proximidade, pelo menos não até olhar em seus olhos e ver meu reflexo brilhando neles. Pulamos quando a porta da frente se abriu e o Sr. Weasley, Kingsley e Bill saíram por ela.
Não tivemos mais momentos como aquele mais, Fred evitava muita proximidade agora, quando me sentei ao seu lado na mesa ele arrumou uma desculpa e se sentou no lado oposto da mesa. Não demonstrei, mas aquilo me afetou mais que o esperado, eu não entendia o motivo do afastamento.
Eu estava no quarto de Rony junto com ele e Hermione fugindo da Sra. Weasley. Aquela mulher já estava me enlouquecendo, não que eu não gostasse dela, pelo contrário, ela era como uma segunda mãe pra mim, porém ela exagerava muito quando o assunto era proteção, e ela estava fazendo de tudo pra acabar com essa nossa viagem.
Harry entrou no quarto e Rony quase deu um pulo.
*- Já estou arrumando, já estou arrumando...! Ah é você Harry. – ele exclamou aliviado.
- Oi. – cumprimentamos eu e Mione junto.
- Como foi que vocês conseguiram fugir da Sra. Weasley?
- Ah, a mãe de Rony esqueceu que já tinha pedido a Gina para trocar os lençóis ontem. – disse Hermione enquanto separava alguns livros e os empilhava.
- Jorge me deve uma por eu ter arrumado a cozinha toda sozinha então ele me livrou do trabalho no jardim hoje. – eu disse enquanto acariciava Ozzy na barriga.
Conversamos por mais algum tempo, mas eu me desliguei completamente enquanto estava deitada no chão com Ozzy na minha barriga brincando com meus dedos.
*- Rony mostra pra ele o que você já fez. – Hermione disse e eu levantei os olhos pra ela.
- Nãããh, ele acabou de comer. – disse Rony.*
- Concordo! Aquilo não se deve mostrar pra todo mundo, Hermione, sem ofensas Rony, mas aquilo é horrível. – eu disse.
*- Mostra logo, ele precisa saber!
- Ah ta, Harry venha comigo.* – ele se retirou os braços que estavam em volta de Hermione e caminhou até a porta, se virou e disse. – Vocês vêm? – gesticulou para mim e Hermione, balançamos a cabeça ligeiramente.
- Não mesmo, eu quero continuar com os restos da minha comida no meu estômago. – eu disse.
- Vocês quem sabe. – ele disse e saiu sendo acompanhado por Harry.
Ficamos mais algum tempo conversando. Hermione chorava de vez em quando enquanto eu fazia de tudo para acalmá-la, e de certa forma, acalmar-me. Mas esse momento foi logo interrompido pela Sra. Weasley, que apareceu com a desculpa de que estava tudo uma bagunça e logo arrumou uma forma de nos separar outra vez. Com um suspiro, fui fazer as mesmas tarefas impostas a mim do dia anterior. Eu só esperava que isso passasse rápido, já não agüentava as desculpas esfarrapadas da Sra. Weasley.
Acordei com uma ruiva e uma castanha me cutucando sem cessar. Eu ainda estava meio grogue quando elas me levaram para a cozinha com o intuito de preparar um bolo para o Harry, ou algo parecido com isso...
Subimos para o quarto e nos deparamos com Harry e Rony já acordados. Consegui ser a primeira à abraçar Harry, o que não deixou Gina muito feliz. Depois das congratulações fomos interrompidos mais uma vez por Molly que nos fez descer para ajudar nos preparativos do casamento de Bill e Fleur.
Estava tomando café quando ouvi uma confusão que vinha provavelmente do quarto dos meninos, levantei e fui em direção às escadas, mas o braço de Fred me parou.
- Você não quer ir lá agora. – olhou para cima de depois abaixou o olhar para mim. – Está um verdadeiro caos.
- Mas o que foi que aconteceu? – cerrei os cenhos.
- Ciúmes. Ronald. – bastou essas duas palavrinhas para que eu me ligasse.
Então toda aquela história do Harry e da Gina vieram a tona e mais uma vez Rony voltou a ser o pé no saco que é quando o assunto é a sua irmã.
- Acho que você tem razão. É melhor eu deixar eles se resolverem.
Ele concordou e juntos fomos para o jardim. Estávamos arrumando a tenda quando Lupin e Tonks passaram rápido e discretamente desaparecendo logo em seguida. Não demorou muito para a resposta desse sumiço surgir. O Ministro da Magia estava batendo na porta dos Weasley.
- O que o Ministro faz aqui? – Fred perguntou.
- Não faço ideia. – vi pelo canto do olho Harry, Rony e Hermione entrarem na casa. – provavelmente algo com os meninos. – apontei em direção aos três e Fred assentiu.
- Por que será que não te chamaram também?
Dei de ombros.
Não demorou muito e a pequena reunião entre os quatro pareceu terminar. Os três saíram da Toca e continuaram a ajudar nos preparativos.
Arthur veio até mim, sussurrando para que ninguém mais ouvisse.
- Scrimgeour quer falar com você... a sós. – completou.
Assenti e entrei o mais despercebido possível na Toca.
- Queria me ver, Ministro? – aproximei-me dele que estava sentado na poltrona da sala.
- Sim, senhorita Greene. – Scrimgeour levantou-se e me cumprimentou. – Por favor, sente-se.
Sentei no sofá em frente a ele e esperei enquanto ele tirava um pergaminho da maleta.
- Do testamento de Alvo Percival Wulfrico Brian Dumbledore, para a senhorita Ivy Tineous Greene, deixo minha Fênix, Fawkes. Para que ela faça companhia... mesmo nas horas em que estiver mais sozinha. – leu o pedaço de pergaminho e tirou de sua maleta uma gaiola com a ave.
Fiquei boquiaberta. Por alguns segundos não pude acreditar. Uma fênix. A mais intrigante e excepcional das criaturas era minha. Eu tinha recebido. Dumbledore havia me dado! Eu não podia estar mais abismada.
- Mas... Mas... – era tudo que saía da minha boca enquanto eu olhava aquela criatura diminuta. Ela deveria ter acabo de renascer das próprias cinzas.
- Isso é tudo, senhorita Greene. Tenha um ótimo dia. – disse Scrimgeour antes de sair e me deixar estupefata no meio da sala da Toca.
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