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História Ivy Greene - Capítulo 4


Escrita por: Zaidanzinha

Capítulo 5 - Capítulo 4


      Os raios de luz incomodavam meus olhos sonolentos enquanto meu cérebro tentava descobrir onde eu estava. Uma batida na porta terminou de me despertar e todo o ocorrido do dia anterior voltou como uma explosão em minha cabeça, fazendo meu coração doer e meu estômago se revirar.

      - Posso entrar? – Fred perguntou cautelosamente.

       Assenti e ele entrou totalmente fechando a porta atrás de si e se sentando ao meu lado no colchão.

      - Está se sentindo melhor? Jorge me disse que você não tava se sentindo muito bem quando aparatamos aqui. – sua feição estava singelamente preocupada.

      Balancei a cabeça e botei a mão na testa como que para organizar os pensamentos que estavam embaralhados me dando uma enorme enxaqueca.

      - Acho que foi só... O choque da situação... – falei pausadamente.

     Ele franziu o cenho... Não parecia acreditar na minha leve mentira.

      - Estou melhor! – sorri fracamente.

      Ele passou a mão na minha bochecha e sorriu fraco.

      - Que bom que você está a salvo. – parou e suspirou. – E obrigado por me salvar... Gina me disse – ele abaixou o olhar. – que você deixou de ir com Harry pra ficar comigo... Você não precisava fazer isso. Você devia ter se salvado, eles precisavam de você...

       Comecei a balançar a cabeça e o interrompi.

      - Eu não podia te abandonar... Não no meio de todo aquele caos. – respondi fracamente.

     Por mais que eu concordasse com Fred, que eles precisavam de mim, eu acredito que fiz a escolha certa. Talvez, aqui eles precisassem ainda mais de mim. Fred precisou de mim. E eu não ia abandoná-lo, não abandonaria nenhum deles. Minha família. E a ansiedade bateu mais uma vez na minha porta. Onde todos estavam?  - Anda, vamos descer e comer alguma coisa. – sugeri.

      Encontramos Jorge e Gina na mesa de jantar comendo mexido de ovos e torrada com geléia. Juntamo-nos a eles e comemos em silêncio.

       - Alguma notícia? – falei entre um gole do suco de abóbora.

      Jorge negou com a cabeça, mas foi Gina que respondeu:

      - Nada ainda... Até o final da manhã com certeza alguém da Ordem vai entrar em contato. – ela parecia ter certeza disso... mais do que eu tinha.

      - Eles podem estar correndo perigo... Não consigo ficar aqui sentada enquanto eles estão lá fora. – desabafei.

      - Não cabe a nós ajudar agora, Ivy... Temos que seguir como fomos ordenados... – Jorge falava cabisbaixo.

      No fundo eu sabia que ele não queria realmente falar aquilo... Nenhum de nós quatro estava feliz com a situação, muito menos com o fato de termos que ficar ansiosos de perna pro ar aguardando qualquer sinal de vida de nossos amigos e parentes.

      - Não cabe a nós?! – não consegui me calar e explodi. – E se formos os únicos que restam à qualquer um? Você já parou pra pensar? – Jorge encarava seu prato com um muxoxo. – Talvez caiba sim a nós!

      - Chega, Ivy! – Fred explodiu também. – Ninguém sai dessa casa!

      Calei e olhei pra ele sem conseguir acreditar. Fred olhava pra todos os cantos, mas não devolvia meu olhar. Eu senti vergonha... Não por mim, mas por eles. Por estarem sentados e não tentando fazer alguma coisa.

      Com um último olhar raivoso a todos da mesa, levantei e marchei até o quarto.

 

      Nada ainda. Já estamos no começo da noite e nenhum contato foi captado. Gina já estava perdendo a pose calma. Jorge ficava olhando pelas janelas com um olhar esperançoso e Fred estava sentado no sofá com uma cara rabugenta. Não troquei nenhuma palavra com nenhum dos três depois da discussão do café da manha. Eu estava sentada à mesa brincando com uma colher de chá quando ouvi um tilintar no vidro do segundo andar.

      Levantei a cabeça pra ver se algum dos outros havia ouvido o mesmo barulho que eu, mas nenhum deles pareceu abalado em suas tarefas inúteis. Estava me convencendo de que por tanta vontade de querer receber alguma notícia, meu cérebro estaria começando e me pregar peças.

      Estava voltando a fazer círculos na mesa com a colher quando ouvi mais uma vez o ruído. Levantei-me sem fazer muita cerimônia e subi as escadas. Entrei no quarto e na janela estava Fawkes, minha fênix.

      Meu coração pulou de alegria e corri pra abrir a janela. Fawkes soltou um ruído e voou em meu ombro.

      - Ah, Fawkes! Não sabe o quanto estou aliviada em ver que está bem. – sorri acariciando suas penas. – alguma noticia dos outros?

      Fawkes soltou um ruído triste e senti meu estômago revirar. Talvez eu estivesse certa, talvez os outros integrantes da Ordem estejam em perigo. Assim que a imagem dos Weasley, de Tonks e Lupin, caídos na grama do quintal da Toca meu coração se apertou e tratei logo de apagar essa imagem da mente. Eles não estavam mortos, mas precisavam de minha ajuda, não havia outra razão pra Fawkes ter aparecido aqui.

      Por um momento pensei em chamar os outros, mas a discussão de mais cedo rodou pela minha cabeça e soube que eu estava sozinha nessa.

      “deixo minha Fênix, Fawkes. Para que ela faça companhia... mesmo nas horas em que estiver mais sozinha.”

      As palavras do testamento de Dumbledore vieram a minha mente. Talvez fosse isso que ele estava falando. De alguma forma ele sabia que eu não seria capaz de ir com Harry em busca das Horcruxes, e tenha me deixado a fênix para me ajudar... como agora.

      Apanhei minha varinha que estava em cima do colchão e soube o que tinha que fazer. Sem me despedir de nenhum dos Weasley eu desaparatei da casa do Kingsley. 

       Em segundos eu estava na loja Gemialidades Weasley. Não sabia por que eu havia aparatado ali. Talvez por ainda tiver a briga com os Weasley na mente, deveria ter me despedido deles.

      Saí da loja e me vi no meio do Beco Diagonal, tudo estava quieto, como se nada tivesse acontecido... como se Voldemort não tivesse voltado.

      Comecei a andar sem rumo à procura de qualquer sinal que fosse de alguém da Ordem, estava passando por um beco quando vejo ao longe um cara pequeno e rechonchudo, se não me faltava à memória ele me parecia muito familiar.

      Foi quando me lembrei da noite em que fomos buscar Harry, o baixinho que ficou aos olhos de Olho Tonto e desaparatou sem dar notícias.

      Mundungo Fletcher. Corri em sua direção, mas quando estava atravessando a rua vi pela minha visão periférica um bando de sequestradores vindo em minha direção.

      Olhei pra frente e nenhum sinal de Mundungo, voltei por onde tinha vindo e corri. Estava virando a esquina quando vi que um deles me viu e me reconheceu. Eles estavam agora atrás de mim. Fui me enfiando no meio das pessoas, correndo e tropeçando enquanto o desespero tomava conta de mim.

      Quando me dei conta já estava em uma área obscura do Beco e não fazia idéia de como saía... fui andando por entre as lojas e os becos até vi que os sequestradores ainda estavam atrás de mim. Entrei na primeira porta que vi e me escondi.

      O lugar era escuro e sujo. Tinha um cheiro de mofo que fazia meu nariz arder, fui andando cega no escuro e ouvi barulhos do outro lado da porta por onde eu tinha entrado. Meu coração deu um pulo e andei rápido tateando um caminho para a saída que não me fizesse dar de cara com os sequestradores, senti uma fechadura gelada em minha mão e abri a porta.

      A luz veio rápida me deixando brevemente cega, mas não me impediu de correr. Fui tropeçando por meus pés até que senti um corpo grande e gélido me interceptar. Olhei pra cima e minha espinha gelou.

      - Olha o que temos aqui. – falou a voz fria e asquerosa que eu sonhava nunca mais ouvir.

      - Me solta! – debati, mas as mãos frias agarravam meus braços como duas garras de ferro, ele era forte demais, até demais pra seu corpo fino e ossudo. – Me larga, Malfoy.

      Ele deu uma risada que senti arranhar sua garganta.

      - Muita sorte minha encontrar você por aqui, Greene. – ele olhou com seus olhos de doninha frios nos meus. Um arrepio passou por meu corpo. – Eu venho fazer compras estúpidas com a minha mãe e recebo um presente.

      Deu um sorriso de lado irônico.

      - Como nos velhos tempos de Hogwarts, certo? – suas mãos ficaram mais frias e mais apertadas em torno de mim.

      - Me deixa ir, Draco. Por favor. – apelei parando de me debater e olhei profundo em seus olhos cinza.

      Uma beleza tão singular pra uma alma tão podre. Vi fundo nos seus olhos ele fraquejar, mas fora apenas por meros segundos, um lampejo que passou rápido pra nunca mais voltar. E mais uma vez a expressão debochada formava seu rosto.

      - Ivy Greene, a corajosa e insolente bruxa está implorando? – ele apreciava cada ponto de desespero que meu corpo demonstrava.

      Vi-me em desvantagem. Ele não cederia. Mas eu também não.

      Tirei do fundo de meu peito uma coragem que estava extinta e com o sorriso mais sincero que podia eu fiquei estática aguardando meus próximos atos.

      - Eu não imploro, loirinho. – sorriso com sorriso, olho cinza com olho castanho, nossas feições estavam batalhando por vantagem. – Eu estava apenas te dando uma chance de fazer algo humano pelo menos uma vez na sua vida inútil.

      Com a mão esquerda consegui alcançar a varinha no meu bolso e chutei com tudo seu pé, ele arquejou e me soltou o suficiente pra que eu pudesse apontar a minha varinha para sua face.

      Ri com a sua expressão de desespero.

      - Por favor. – ele murmurou.

      Dei uma gargalhada gélida imitando a dele.

      - Quem está implorando agora, Malfoy? Estupe...

      Um lampejo verde veio em minha direção e tudo ficou escuro. Nada mais de Malfoy e sua cabeleira loira, nem o Beco Diagonal, nem minha varinha prestes a estuporar o filho da mãe.

 

      - Devia ter me deixado matá-la. – uma voz fina e esganiçada praticamente gritava.

      - Estou vendo que esse cabelo está te afetando, Bellatrix. – uma voz madura e feminina contra atacava. – Ela é amiga do menino, é necessária. Muito necessária para o plano do Lorde das Trevas. – uma bufada, mas Bellatrix se calou. – Devemos arrancar tudo que pudermos dessa garota. E não atrapalhe com esse seu desejo doentio por morte.

      - Ótimo! Vou deixar tudo em suas mãos, Narcisa.

     Narcisa... onde já havia ouvido esse nome? Ele não me parecia estranho. A outra eu já conhecia e muito bem... Bellatrix, só de passar esse nome em meus pensamentos já passava uma corrente gélida por minha espinha que me fazia encolher. E me dizer que eu estava no mesmo ambiente que sem nenhuma proteção que fosse a não ser uma desconhecida com um nome incrivelmente familiar, fazia com que todas as moléculas do meu corpo se agitassem me fazendo trincar até os dentes. Eu estava enrascada. Muito enrascada.

      Soltei um gemido sem querer e as vozes que sussurravam pararam. Ouvi saltos finos batendo no chão de mogno se aproximarem do meu rosto e logo senti uma respiração perto de mim.

      - A garotinha acordou. – a voz doentia e esganiçada de Bellatrix soou com um riso gélido que fez minha espinha arrepiar.

      Não ousei abrir os olhos e continuei estática apenas com a minha respiração descompassada.

      - Anda, garota. Não temos o dia todo! – ela me chutou bem na barriga e gemi mais alto dessa vez me obrigando a abrir os olhos.

      A primeira coisa que vi foram os cabelos da Comensal negros e volumosos enquanto ela me olhava com seus olhos arregalados e assustadores. Respirei fundo e tomei toda a coragem que conseguia enquanto pensava na burrada que tinha feito ao sair da casa do Kingsley.

      Levantei com o resto das minhas forças e encarei Bellatrix cara a cara, uma vantagem por ser alta.

      - Olha, olha. A menininha tem garras. – riu fino. – Gosto disso... Acho que vou deixar você viver por mais algum tempo. Narcisa, ela é toda sua. – Recebendo a maior cara de nojo que eu conseguia enviar, Bellatrix se distanciou e logo pude ver a mulher com quem ela conversava.

      Eu sabia que conhecia ela de algum lugar. A mulher era alta, magra e branca. Tinha cabelos muito claros e algumas mechas em tons negros. Ela andava com ar de superioridade e tinha uma incrível classe. Seu rosto era familiar e eu me lembrava de tê-la visto algumas vezes na estação King’s Cross acompanhada de seu marido e seu filho... Lucius e Draco Malfoy.

      Olhei em volta e eu estava em um imenso cômodo com chão de mogno escuro e paredes frias e escuras. Mesmo com a luz do sol entrando pelas janelas grandes e negras, o lugar dava frio na minha espinha e uma sensação de solidão.

      Então era assim a mansão dos Malfoy.



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