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História Ivy Greene - Capítulo 5


Escrita por: Zaidanzinha

Capítulo 6 - Capítulo 5


      Estava tudo escuro. Minhas costas doíam e da minha testa caíam gotículas de suor devido ao pesadelo em que acabara de ter. Sentei-me encostando na parede e encolhi os joelhos abraçando-os com meus braços. Encostei a cabeça nos joelhos e esperei minha respiração se acalmar.

      Depois de Bellatrix ter me acordado a chutes, Narcisa não fez muita coisa. Ela passou sua mão por meus cabelos e direcionou um sorriso terno. Franzi os cenhos com a atitude da mulher a minha frente e me distanciei. Ela ordenou que me levassem para o porão e que cuidaria de mim mais tarde. Dois homens altos e vestidos de negro me arrastaram enquanto eu me debatia. Desceram dois lances de escadas antes de abrirem uma porta com grades de ferro e me jogarem no ambiente escuro e molhado.

      Caí sentada no chão e o cheiro de mofo e de umidade me inundara. O lugar estava tomado pelo breu. Levantei e limpei minhas calças jeans que se molharam um pouco com a queda. Tentei abrir a porta à chutes e gritei, mas ninguém apareceu. Fui à procura de minha varinha. Mas como esperado, ela não estava comigo.

      Fui andando tateando pelas paredes até chegar ao limite da sala. Encostei as costas na parede e escorreguei até estar no chão. Acabei deitando e deixei-me dormir.

      Sonhei com meus pais. Eles me olhavam decepcionados enquanto um Comensal da Morte os punha de joelhos a minha frente. Tentei me aproximar, mas meu corpo não me obedecia. Gritei. Mas a boca não abriu, não emitiu som algum. Senti as lágrimas quentes inundarem meu rosto e me pus inutilmente a chorar.

      Logo, mais Comensais apareceram, cada um com um de meus amigos amarrados. Harry, Rony, Hermione, Jorge, Fred, Gina, Tonks, Lupin, Sr. e Sra. Weasley, todos da ordem. Eu gritava e me debatia por dentro. Mas por fora meu corpo continuava estático enquanto as lágrimas escorriam sem parar.

      Ao mesmo tempo uma luz verde inundou todo o lugar e fui obrigada a fechar meus olhos. Ao abri-los vi todos caídos no chão. Todos estáticos, ainda amarrados e com olhos abertos me encarando e me odiando. Todos mortos.

      Senti a pontada do arrependimento me atingir. Por que eu desobedecera às ordens de todos e saíra daquela maldita casa? Por que não fiquei à segurança junto com todos? Eu não era nenhuma heroína, pelo menos não teria mais a chance de ser. Eu estava fadada a morrer. A qualquer momento. Mas a minha impulsividade, meu desejo de ser a melhor me fez agir de forma inconseqüente. Eu simplesmente não aceitara ficar de fora e escondida à custa dos outros. Eu era teimosa demais pra isso. Não havia nada a fazer se não tentar. Tentar até minha última gota de sangue, sair daqui. Com vida.

      Quando minha respiração se estabilizou, ouvi ruídos próximos a porta de ferro. Levantei-me e fui andando vagarosamente ainda escondida pelas sombras. Vi Rabicho abrir com a varinha apontada e sua voz de rato soou pelo recinto.

      - Cadê você, menininha... apareça! – ele foi andando para a direita enquanto eu me locomovia abaixada para a esquerda.

      Quando me alinhei com a porta, fui andando para a frente ainda sem fazer barulho.

      - Lumus. – Rabicho sussurrou e sua luz iluminou meus olhos.

      Soltei um grunhido e corri para a porta. Ouvi seus passos pesados atrás de mim, mas ele era muito lento para me alcançar. Antes que ele chegasse mais perto passei pela porta e a fechei. Corri escada acima.

      Antes que eu pudesse experimentar o gosto da liberdade trombei com alguém. Fomos os dois ao chão e vi a cabeleira platinada perto da minha cabeça. Num pulo me pus de pé e por uns cincos segundos ficamos presos no olhar do outro. Malfoy me olhava sem entender e eu o olhava assustada. Antes que ele pudesse reagir eu tomei uma direção e corri mais. Subi mais um lance de escadas e tentei me encontrar naquele labirinto de corredores e portas.

      Estava quase alcançando o que eu esperava ser a porta da frente. Então ouvi passos de salto e mais uma vez a voz esganiçada de Bellatrix se fez ouvir.

      - Petrificus Totalus.

      Caí dura no chão. Atingindo-o com o meu nariz. Senti uma pontada e o líquido quente e vermelho descer pelo meu nariz. Merda, acho que acabei de quebrar o nariz.

      Ela riu alto com o meu estado e me pôs de pé pelos cabelos. Se eu conseguisse gritaria e socaria sua cara de cínica.

       - Ora, ora... Você mostra cada vez mais suas garras, garota. Pena que não sou uma inútil como o Rabicho para deixar você escorregar tão fácil assim. Levem ela para a sala. Agora! – gritou.

      Um homem grande me pegou e me jogou em seus ombros. Fui largada de qualquer jeito no sofá macio e ele se distanciou.

      - Agora, vou esperar o feitiço se dissipar... Temos muito o que conversar. – ela sorriu e eu tremi.

 

      Alguns minutos depois eu já conseguia sentir meus dedos e conseguir mover a cabeça. Narcisa se aproximou de mim e sentou-se ao meu lado com uma xícara de chá.

      - Então, querida. – começou com a voz tranqüila. – Eu sinto muito pelas acomodações. Me perdoe por minha prima também. Ela não é muito receptiva com as visitas. – sorriu.

      Fiz uma careta. A calma daquela mulher me agoniava. Eu preferiria que Bellatrix estivesse gritando comigo e me ameaçando do que essa Comensal que se faz se bondosa.

      - Não quero lhe fazer nenhum mal. – ela olhou fundo em meus olhos. – Mas para isso tem que colaborar. Preciso que me responda com sinceridade, caso contrário, terei que deixá-la aos cuidados de Bella.

      A olhei com desprezo e continuei calada.

      - Onde estão o resto da Ordem. – ela perguntou como se perguntasse do tempo dessa manha.

      Está muito nublado e frio, senhora. Deveria por um casaco.

      Ri.

      Ela me olhou por uns minutos esperando uma resposta. Continuei calada olhando para ela com o meu melhor sorriso cínico estampado no rosto.

      - Te perguntarei outra vez... Seja sincera... Onde estão os integrantes da Ordem?

      Fiquei alguns segundos observando a mulher em minha frente, logo um programa trouxa que minha mãe adorava ver em uma daquelas televisões esquisitas me veio à cabeça. Ri outra vez antes de responder.

      - Eu sei esse joguinho de policial bom e policial mal... Mas não vai conseguir respostas de mim, Narcisa. – soltei um riso pelo nariz. – Se fosse você já entrava com outras opções.

      Ela parecia confusa com o papo do policial. Mas sua cara bondosa se fechou em uma carranca. A mulher ia começar a mostrar o que realmente era.

      - Tudo bem. Que tal deixá-la alguns dias naquele porão imundo sem água e sem bebida... Talvez assim você solte a sua língua.

      Ela levantou-se rapidamente e fui escoltada nos ombros de um Comensal até minha cela.

 

                Não sei quanto tempo se passou desde que me jogaram naquele porão imundo. Apenas que passou tempo suficiente pra me deixar desidratada e fraca. Meus lábios estavam rachados, minha pele estava seca e eu não conseguia me mover sem tremer todo o corpo que estava jogado no mesmo canto da sala escura.

                Encolhi minhas pernas e fiquei na posição fetal enquanto tentava respirar calmamente. Meu corpo clamava por pelo menos uma gota de água. Senti minhas bochechas úmidas e sem pensar na sujeira, virei meu rosto até conseguir encostar os lábios no chão fio. Suguei toda a água que consegui. Ela tinha um gosto sujo e metálico, mas não me importei com isso.

                Ouvi o tilintar da porta de ferro se abrindo e passos pesados andando pela sala. A pessoa fez a curva em uma pilastra e a luz emanada de sua varinha iluminou o meu corpo. Não reagi, não tinha forças para isso.

                Meu corpo foi levantado e mais uma vez fui jogada nos ombros do Comensal que mais parecia um armário de tão grande. Ele subiu os lances de escada e me deixou no chão da sala.

                Ouvi os costumeiros passos do salto alto e alguém inclinou a minha cabeça e, com uma garrafa, me deu água limpa. Rapidamente meu corpo reagiu e minhas mãos agarraram a garrafa de ferro e em pequenas goladas o recipiente estava vazio.

                - Muito bem! Acho que agora você vai conversar comigo. – a voz de algodão de Narcisa ressoou pela sala.

                Já disse que não te direi nada! – tentei falar, mas a frase não passou de um pensamento, pois meu corpo não estava forte o suficiente pra que conseguisse expressar minha raiva em palavras.

                Ao invés disso, minha boca soltou um grunhido quase pitoresco. Porém foi o suficiente pra que Narcisa entendesse meu recado.

                - Tsc, tsc, tsc. – ela balançava sua cabeça negativamente. – Eu achei que você fosse uma pessoa mais esperta! Bella, é com você. – ela chamou e se distanciou saindo da sala.

                Bellatrix se aproximou de mim com seu sorriso doentio que já virara sua marca.

                - Não me espere ser paciente como a Narcisa, docinho. – ela disse com seu bafo quente perto de meu rosto. – Não costumo receber um não como resposta. Agora... Me diga: onde estão os integrantes da ordem?

                Continuei olhando com minha expressão fraca para seu olhar esbugalhado.

                Ela soltou uma risada por saber que eu não falaria nada. E não era pelo fato de não conseguir. Pegou sua varinha e apontou em para meu nariz. Senti uma dor aguda nele que já estava inchado e com sangue coagulado. Soltei um quase grito e cai pra trás com a mão tampando-o. Acho que ela acabou de quebrá-lo mais ainda.

                - Não se preocupe, seu rosto bonito não vai ser prejudicado pelo seu nariz quebrado. – ela riu com desdém.  – Vai me dizer o que eu quero saber... Agora!

                Mas continuei deitada com a mão no nariz tentando estancar o sangue que ainda caía.

                Ela soltou o ar em desaprovação e, pelo canto do olho, a vi se aproximar de mim mais uma vez com a varinha apontada.

                - Crucio. – ela nem terminou de proclamar o feitiço e meu corpo já se inclinou de dor.

                Mais uma vez em posição fetal. Eu gritava e grunhia me contorcendo. A dor no nariz já não se comparava a essa. Minhas veias e músculos pareciam marcados a ferro quente. Todo o meu corpo tremia e eu sentia as minhas entranhas se esticarem e se apertarem. Me mata, me mata. Por favor, me mata!

                - Para! – meus ouvidos captaram uma voz ao longe.

                Meu corpo foi erguido e antes que eu pudesse ver qualquer outra coisa senti minhas vistas escurecerem e meus músculos finalmente relaxarem.

 

                Abri os olhos. Não enxerguei nada. Senti o familiar cheiro de umidade do porão e o chão frio e duro em contato com as minhas costas. Não tentei me levantar, pois sabia que não conseguia. Apenas fiquei ouvindo minha respiração ofegante e meu peito subir e descer fracamente. Eu iria morrer, seria apenas questão de horas.

 

                Algo me despertou, não sabia que havia adormecido outra vez. A porta de ferro foi aberta e passos se aproximaram. Eu já esperava o Comensal enorme e com passos pesados me levar para outro interrogatório. Porém esses passos eram mais fracos, não tão brutos. Braços finos e frios me ergueram e dessa vez não fui jogada nos ombros. Não conseguia entender, mas também não tinha forças para abrir os olhos e ver quem era. Apenas fui deixada ser carregada enquanto estava desfalecida em seus braços. Se não fosse por minha respiração, eu poderia ser julgada morta.

                Ao invés de sentir o chão duro de madeira em minhas costas, senti algo macio e quente. Parecido com um colchão. Minha cabeça encostou-se em um travesseiro e antes que os braços me soltassem meu corpo mais uma vez se apagou.

 

                Senti um cheiro extremamente convidativo. Meu estômago roncou e meu corpo despertou pelo desejo que aquele cheiro trazia. Abri os olhos devagar e vi uma taça cheia do que parecia ser uma sopa. Vapor quente saía da tigela e minha boca salivou. Mãos pegaram a tigela escura e a trouxeram para perto de mim, uma colher se aproximou de meus lábios que se abriram sem pestanejar.

                Colherada por colherada. Em minutos a tigela estava vazia. Mas meu corpo não estava saciado, embora o sentisse mais forte. Olhei para cima para ver quem cuidava de mim e meu corpo se contorceu e a sopa quis voltar de uma vez só. Ele olhava para mim com o olhar terno. Usava uma roupa escura e confortável. Seus cabelos platinados não estavam penteados para trás sem um fio fora do lugar como costumavam. Ao contrário, estavam revirados e parecia que ele havia acabado de acordar. Seus olhos cinza olhavam pra mim preocupados e senti uma coisa fria subir pela minha espinha. O que ele pensava que estava fazendo?

                O que Draco Malfoy fazia ali?   

                Ele deve ter percebido meu olhar e soltou um risinho de lado.

                - Não devia me olhar com tanto desprezo, Greene. Afinal, não é assim que você devia tratar alguém que acabou de cuidar de você.

                Eu não sabia que estava olhando para ele dessa forma, ao contrário de estar desprezando ele, eu apenas estava curiosa. Mas acho que já era automático do meu corpo reagir desse jeito ao Malfoy.

                Não respondi e ele se inclinou para a mesa de cabeceira e apanhou uma garrafa d’água, estendeu para mim e tirou o sorrisinho do rosto. Voltando à expressão de preocupação.

                - Beba. – ordenou.

                Não hesitei e peguei a levando rapidamente à minha boca. Em poucos segundos ela também estava vazia.

                - Eu não queria fazer isso agora, queria esperar que estivesse mais forte, porém antes que se torne permanente, vou arrumar seu nariz.

                Ele apanhou sua varinha e apontou para meu nariz e sussurrou.

                - Episkey.

                Com um estalo meu nariz voltou ao lugar. Abafei o grito com a mão e senti o líquido quente do sangue escorrendo. Mais uma vez.

                - Droga. – Malfoy reclamou e me tirou da cama.

                Me acompanhou até o banheiro e inclinou meu rosto para dentro da pia enquanto o sangue descia. Depois de alguns minutos o sangue começou a coagular. Lavei meu rosto e minhas mãos e olhei para o espelho.

                Eu estava um caco. Minha pele estava incrivelmente branca, com exceção aos olhos que estavam roxos com as olheiras e o nariz que ainda estava um pouco inchado e um tom entre o verde e o roxo. Grunhi. Minha blusa cinza estava cheia de sangue e manchada. Malfoy havia saído do banheiro e lancei um olhar para a enorme banheira que havia ali.

                Não resisti e andei a passos lerdos e vacilantes até a banheira. Tirei minha blusa que provavelmente iria direto para o lixo, minha calça jeans e minhas meias, enquanto a banheira enchia de água quente. Mergulhei assim que ela encheu e me permiti aproveitar daquela água relaxante que atingiu minha pele enquanto me renovava.


Notas Finais


E ai, oq estão achando?? Sugestões???


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