História Já Era Bem Óbvio - Jantar e Beijos

Minha barriga roncava pela vigésima vez naquele dia, eu estava faminto, meu estômago fazia barulhos tão altos que até meu vizinho seria capaz de escutá-los. Minha mãe tinha viajado, passaria pelo menos uma semana na casa da minha avó, esta que sofria de problemas de saúde e necessitava dos cuidados de minha mãe. Ou seja, eu teria de me virar nos próximos dias, pode não parecer nada de mais, não é? Até seria se não houvesse o fato de eu ser péssimo na cozinha. Tudo que eu tentava cozinhar sempre dava errado, eu era um fracasso no quesito culinária. Sempre terminava em bagunça e desperdício. 

Enfim, não mudaria muita coisa expor minhas lamúrias e continuar na mesma posição largado no sofá. Eu seria obrigado a ir ao mercado se eu não quisesse morrer de fome, é claro. 

Meu ânimo hoje estava típico aquele que temos aos dias de domingo, consegue identificar? Que não sabemos se ficamos entediados pelo dia pacato e sem graça, ou depressivos por lembrar que na manhã seguinte será segunda-feira. Eu estava totalmente desleixado e não poderia me importar menos quanto a isso. Por que eu me arrumaria para ir ao mercado? Não vou encontrar ninguém importante mesmo.

Segui preguiçosamente para fora de casa, me certificando de trancar bem a porta antes. Era final de tarde e a temperatura estava consideravelmente baixa, típico desta estação do ano. Não demorei muito para chegar ao mercado já que o mesmo era perto de casa. Para alegria de minhas pernas e minha preguiça. Pretendia comprar só alguma comida congelada ou um macarrão instantâneo, nada que eu pudesse ter trabalho para comer. Pelo jeito eu viveria de macarrão até minha mãe voltar. 

Estava distraído olhando as prateleiras quando sinto alguém se esbarrar em mim. Já estava me preparando para virar com a cara menos amigável possível, teria o feito se não tivesse escutado aquela voz familiar. 

— Meu Deus! Perdão. Não tive intenção de lhe empurrar. — Desculpou‐se aflito. Suas bochechas tinham um tom rosado e sua voz estava suave, como de costume. 

— Tudo bem, ruivinho. Posso te perdoar desta vez. — Me virei para o baixinho, sorrindo de forma gentil. 

— Jungkook? Não tinha reconhecido você. — Chamou meu nome de forma doce. Oh, sim! Meu nome soava tão bem pela voz dele. Não pude deixar de repará-lo, seria um pecado se não o fizesse. Ele usava uma blusa vermelha de mangas cumpridas e gola alta, aquela cor conseguiu destacar ainda mais a pele branca e frágil do ruivo. Meus olhos correram por suas pernas, incrível como aquela calça preta se ajustou perfeitamente as coxas grossas do menor. Em seus pequenos pés calçava sapatos também pretos de plataforma alta, com cadarços amarrados de forma adorável. Suas bochechas permaneciam rosadas como sempre e seus lábios vermelhos. E não poderia me esquecer de comentar sobre suas belas madeixas, pareciam incrivelmente mais alaranjadas desde a última vez que tinha visto. Seus cabelos tinham um brilho indescritível, não tinha dúvidas que eram muito bem cuidados.

— Não esperava me encontrar com você por aqui, ruivinho. — Não perdi a oportunidade de ser abusado, passando minha mão por suas madeixas. Eu teria continuando a viajar naqueles belos cabelos, se não tivesse me lembrado que estava tão desleixado que poderia ser confundido com um mendigo. Merda! Por que logo hoje?.

— Estou aqui comprando algumas coisas para jantar com meu sobrinho. — Respondeu simplista.

— Sobrinho?. — Mal terminei de falar e pude ver uma criança correr em nossa direção. Se escondeu atrás do ruivo agarrando a ponta de sua roupa. Me olhava desconfiado, cá entre nós não muito amigável.

— Sim! Este é o Park Hae, meu sobrinho. Meu irmão foi passar o final de semana fora com a minha mãe, já que não mora aqui e não podem se ver com frequência. Fiquei de tomar conta desse bebê. — Sorriu de forma gentil, acariciando as madeixas da criança.

— Oh. Olá Hae, sou o Jungkook!. — Me abaixei para ficar de sua altura. 

— Seja educado, querido. Mostre para o Jungkook como sua voz é bonita. — Jimin incentivava o menor. Doce, amável e paciente como sempre. Por um momento me peguei imaginando como Jimin seria um ótimo pai. Ele parecia amar crianças. 

— Olá. Você é um moço bem bonito. — Me elogiou finalmente saindo da defensiva. Fazendo com que o ruivo soltasse uma risada divertida. 

— Poxa, cara! Você é bem mais bonito. — Respondi bagunçando seus cabelos.

— Então... O que veio comprar aqui jungkookie?. — Ah, como eu amava quando ele me chamava pelo apelido. Saia de forma tão genuína.

— Ah! Minha mãe também viajou, estou sozinho e sou péssimo na cozinha. Vim comprar alguma besteira para sobreviver até minha mãe voltar. — Sorri sem graça.

— Você... — Mordeu o lábio de forma tímida. — Você gostaria de ir jantar comigo e Hae?. — Olhava para o chão timidamente, como se tivesse medo que eu recusasse. Mas, porra!! Como eu iria recusar um convite desse?.

— Sério? Eu adoraria ir. Mas olha, eu tô todo desleixado e nem tomei um banho. — Me lembrei do meu estado deplorável, me amaldiçoando por ser tão desligado. 

— Não vejo problema! Se você preferir pode tomar banho lá em casa, te empresto algumas roupas do meu irmão, ele nem vai se importar. Juro. — Propôs de forma ansiosa. Me fazendo querer agarrá-lo ali mesmo, mas tinha que me controlar. Tomar banho na casa de Park jimin? Jantar na casa de Park jimin? Comer a comida feita por Park Jimin? Meu Deus!.

— Sendo assim, é claro que aceito. Quero muito provar da sua comida. — Concordei, rindo da expressão iluminada do ruivo.

Acabei ajudando Jimin com o resto das compras. E claro, me prontifiquei para pagar, afinal o preço não seria absurdo e era uma forma de contribuir. Jimin não concordou de início, mas acabou sedendo. Descobri que o menor sabia dirigir, muito bem por sinal. Então não tivemos que carregar peso até sua casa.

                                     ♡°☆°♡


Ao chegarem em casa Jimin pediu para que o Jungkook tirasse as compras da sacola enquanto ele pegaria uma roupa para que o moreno pudessem enfim tomar banho. Era necessário, o Jeon realmente precisava de um banho. Antes de entrar no banheiro Jungkook pode reparar como Jimin era cuidadoso e perfeccionista em tudo que fazia. Lavando as mãos bem antes de tocar na comida. Lavando os ingredientes, cortando tudo com a maior concentração. Jungkook pensou que gostaria de ver Jimin preparar sua comida todos os dias. 

Não demorou muito no banho, mas caprichou para tirar toda energia de procrastinação de seu corpo. As roupas do irmão do ruivo lhe caíram muito bem, o deixando bem confortável. 

Na sala Hae assistia algum desenho aleatório que Jungkook não pode reconhecer, estava tão imerso que nem viu quando o maior passou pela sala, indo direto para cozinha. Mal havia entrado e um aroma delicioso já tinha invadido suas narinas. Se a comida fosse tão gostosa como era cheirosa, estava fudido! Iria querer come-lá todos os dias. Em meio ao vapor e ao cheiro inebriante da comida, estava Jimin. Jungkook se perguntou como o ruivo poderia ficar magnífico em qualquer ocasião. Não importa o que vestia ou o que fazia, Jimin era sempre delicado e elegante. 

— Nossa! O cheiro está ótimo, ruivinho. Não vejo a hora de experimentar. — Chegou tão perto ao ponto de colar seu corpo atrás do menor, que deu um pulinho pelo contato repentino. Aquele Jeon, sempre abusado.

— Meu Deus. Você me assustou. — Se virou dando um tapinha no peitoral do maior, aproveitando para analisar as roupas que tinha pegado para ele. — As roupas ficaram ótimas em você, Jungkookie. — Sorriu doce, sem perceber que ainda estavam próximos, próximos demais. 

— Jimin... — Colocou suas mãos na cintura do menor de forma firme, que acabou por soltar um gemido baixinho, involuntário. — Você é tão lindo, assim de perto fica até difícil. — Sussurou provocante rente ao ouvido do ruivo.

— Difícil?. — Indagou confuso. 

— Difícil de me controlar, quero muito te beijar agora. — Revelou roucamente, mas o próprio Jeon sabia que isso tinha saído mais como uma súplica, uma súplica pela permissão do menor.

— Eu deixo você me beijar, Jungkook. — Passou seus braços ao redor da nuca do maior, ficando em uma proximidade perigosa. Podia sentir o hálito quente do Jeon, fazendo que seus pelos se eriçassem.

Jungkook não deu tempo para que o menor dissesse nem mais meia palavra, atacando sua boca com fervor. O ruivo se derreteu de imediato nos braços fortes do maior, que lhe rodeavam com firmeza. Jeon sentia como se estivesse borbulhando por dentro, a língua quente de Jimin em contato com a sua, a boca macia e gostosa. Enquanto sua boca se deliciava em cima as mãos se deliciavam em baixo, não perdendo tempo em apertar a cintura fina, as coxas grossas, a bunda farta. Para o primeiro beijo entre os dois, era totalmente pecaminoso. Ambos nem se lembravam o que significava a palavra pudor naquele momento, nem ligavam para os sons eróticos que suas bocas e corpos produziam. 

Jimin com tão pouco já tinha se entregado por completo. Seu pescoço agora era atacado sem piedade, ganhando mordidas e beijos molhados. Jimin gemia baixinho enquanto suas mãos passeavam pelos cabelos – Agora – bagunçados do maior. O calor que emanava entre os dois era insuportável e jimin nem percebeu quando o Jeon o colocou sentando na bancada, se enfiando no meio de suas pernas. 

Teriam avançado mais se não tivessem escutado a voz de Hae, que dá sala gritava pelo tio perguntando se o jantar ainda demoraria muito. Fazendo ambos pararem com o que faziam bruscamente.

— Preciso terminar de fazer o jantar, Jungkookie. Vá lá na sala avisar que ainda vai demorar um pouquinho. — Deitou sua cabeça de forma tímida no peito do maior. Jimin não poderia estar mais vermelho, parecia um pimentão.

— Okay, okay. Vou ficar por lá assistindo desenho com Hae. Porque se eu voltar pra cá, você não vai terminar essa janta tão cedo. — Sorriu cafajeste, beijando os lábios do ruivo rapidamente antes de sair da cozinha. 

— Jimin pôde enfim regularizar sua respiração. Céus, estava se sentindo como se fosse explodir. Suas mãos foram de encontro ao peito, checando o coração acelerado. Jurava que poderia derreter a qualquer momento.

O ruivo acabou não levando muito tempo para conseguir finalizar o jantar. Ótimo! Tudo tinha saido conforme planejou, a comida estava perfeita. Talvez tivesse exagerado um pouco quanto a quantidade de comida, mas queria agradar Jungkook.

Chamou para que os dois saíssem da televisão e viessem comer, corando quando o olhar dominante do Jeon passeou por seu corpo. Argh! Aquele menino indecente.

— Woah. Tudo está tão bonito e cheiroso. — Hae observava maravilhado. Amava a comida de seu tio e aquela grande quantidade deixava a criança hipnotizada.

— Espero que vocês gostem. — Riu da reação do sobrinho. — Fiz bulgogi com bastante molho, kimbap, ChiMaek bem frito, fiz uma sopa de legumes e Bossam. — Explicava calmamente cada um, enquanto pensava se isso seria o bastante.

— Meu Deus. Acho que nunca vi tanta comida na minha vida. – Jungkook tinha os olhos arregalados e a boca salivando. Jimin queria o matar de tanto comer? Cada comida parecia malditamente mais saborosa que a outra e jungkook tinha medo de ter um congestão por tentar comer tudo de uma vez.

— Então que tal vocês pararem de admirirar e comerem logo? Quero saber como está, vocês devem estar morrendo de fome. — Jimin sorriu ansioso.

 O jantar foi um sucesso tanto para Jimin que nunca tinha visto sua comida ser degustada de forma tão exagerada, tanto para Jungkook que nunca tinha visto comidas tão gostosas quanto aquelas. Jeon queria poder comer daquela comida todos os dias, estava nas nuvens. E o pequeno Hae tinha comido tanto que sua barriga redondinha estava pesada e mal conseguia manter seus olhos abertos pelo sono.

Jimin pediu para que o Jeon aguardasse na sala enquanto subia para colocar Hae para dormir. Não demorou mais de dez minutos para voltar a descer. Jungkook se ofereceu várias vezes para ajudar com a bagunça pós jantar, mas o ruivo se recusava a deixar Jungkook tocar em um prato sequer, já que o moreno era um convidado. O maior aceitou e se conteve apenas em observar tudo que o ruivo fazia.

— Acho melhor eu ir, está ficando tarde. — Jungkook abraçou o menor por trás, que soltou um suspiro suave. 

— Já tem mesmo que ir?. — O ruivo virou-se, passando suas mãos ao redor da nuca do maior.

— Quer que eu fique?. — Jungkook perguntou surpreso. Não imaginou que o ruivo iria querer que ficasse, já que era um tanto reservado.

— A noite está tão fria Jungkookie, por que não fica e me esquenta?. — Sussurrou de forma manhosa, enquanto se esfregava no peitoral marcado do maior. Acarretando em um quase sangramento nasal por parte do moreno.

— Eu posso te deixar quente a noite inteira, cada parte desse seu corpo lindo e cheiroso. — Cheirou o pescoço do ruivo e puxou sua cintura com certa brutalidade, ganhando um gemido sôfrego em troca.

— Esta noite, sou todo seu Jeon Jungkook. — Fez questão de manter seus olhos conectados aos de Jungkook, o desestabilizando totalmente. Jimin podia ser delicado, mas era quente como fogo.