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História Je T'aimais - Capítulo Único- Alphaville


Escrita por: staargirl

Capítulo 1 - Capítulo Único- Alphaville


Fanfic / Fanfiction Je T'aimais - Capítulo Único- Alphaville

Sua voz, seus olhos,
Suas mãos, seus lábios.
Nosso silêncio, nossas palavras.
A luz que vai embora, a luz que volta.
Um único sorriso entre nós.
Por necessidade de saber,
Vi a noite criar o dia,
Sem que mudássemos de aparência.
Oh, bem-amado de todos,
E bem-amado de um só!
Em silêncio, sua boca prometeu ser feliz.
Cada vez mais longe, diz o ódio.
Cada vez mais perto, diz o amor.
Uma carícia leva-nos da nossa infância
Cada vez que vejo a forma humana
Como um diálogo de amantes.
O coração tem uma única boca.
Tudo por acaso.
Todas as palavras ditas inesperadamente.
Os sentimentos à deriva.
Os homens vagueiam pela cidade.
Um olhar, uma palavra
Porque eu te amo
Tudo está em movimento
Basta avançar, para viver,
Seguir adiante em direção aqueles que você ama.
Fui em sua direção, sem parar na direção da luz
Se você sorrir, é para melhor me envolver
Os raios dos seus braços entreabriram a névoa.

Paris, França- 1985

Seus olhos escuros fitavam-me com todo o desespero presente num ato forçado de puro deleite, seus dedos finos, compridos e bronzeados seguravam a xícara tão quente quanto o calor que emanava do pecado de seu corpo esguio, a exaltação que partia de cada movimentação externa, que nos parecia vir de outro planeta, de tão focados na tragédia que era o olhar do outro, seus olhos escuros, completamente escuros, totalmente negros faltavam cegar-me de tanto regozijo do puro deleite que era fitar o homem, e poderia fazê-lo até a morte sem precisar das necessidades básicas de uma vida comum, só queria olhá-lo pelo resto de meus dias.

Jim levantou com cuidado, empurrando o líquido que levava até os lábios finos, foi até uma pequena máquina, depositando uma de suas moedas, encarando o vidro por um tempo que era o mesmo que a morta carnal para mim, a espera para ter sua presença novamente, logo o som saiu preenchendo todo o lugar, e tomando-me a alma da pura nostalgia, assim como todos os presentes, que o encararam por um tempo, mas logo voltaram a sua frieza habitual do consumo básico do café que flui como água em seus sangues.

A voz marcante de Serge Gainsbourg preencheu meus ouvidos de forma tão brutal que o vômito chegou a subir e retornar para seu lugar, abaixei a cabeça sendo incapaz de lidar com a nostalgia e os arrependimentos de uma época que nunca havia me deixado, da mesma forma como dissemos que partiríamos e aqui estamos novamente.

Levantei o suficiente para encará-lo caminhando em minha direção com o típico cigarro forte entre os dedos, a outra mão livre passava por seus cachos negros e soltos, descendo para a barba, que agora estava longa, diferente do rosto límpido que carregava assim que nos conhecemos, vinha se balançando pelo caminho, até puxar a cadeira, levantar as sobrancelhas e me lançar mais um de seus olhares desafiadores, até sua voz misturar-se com a do cantor ao redor e o controle quase esvai-se de meus pores.

- Eu tenho na ponta da língua seu nome quase apagado e torcido como um bumerangue, minha mente o rejeitou da minha memória por causa do delírio e seu amor me esgota.

- Saiba que esse coração sem sangue pode um dia parar, sim, como um bumerangue, não venha me procurar, pouco a pouco eu desmorono vítima da sua crueldade – completei.

- Você faz parte do bando de sedutores do meu passado, cuidado com o bumerangue ele pode te fazer pagar todas as loucas torturas que você me fez sofrer.

- Minha razão treme e balança, está pronta para cair sob os golpes do bumerangue, flashbacks encadeados e se um dia eu atirar em mim, deveria ser em você.

- Cigarro é melhor que mulher – acendeu outro assim que finalizou – Você é minha nicotina.

- Jim... – sussurrei já pronta para levantar e evaporar para o interior de meu luto ao perder o compasso de seu corpo, mas o senti, as pontas de seus dedos agarraram meu pulso, fazendo com que jogasse o certo no lixo e o encarasse sentindo toda a podridão de seus olhos me consumir.

- Charlotte.

- Preciso ir.

- Não faça isso – seus dedos firmaram mais forte ao redor de meu corpo, causando toda a dor de precisar fugir de suas bactérias, de seus poros, de sua essência que emanava por cada milímetro de sua pele aventurada – Vamos tentar, precisamos, do ponto de onde paramos.

- Não seja um lunático – o empurrei – Fique com suas bebidas e cigarros.

- Charlotte- barrou a cadeira com as botas, puxando meu corpo na direção do seu, fazendo com que eu caísse direto em seus olhos, lembrando de tudo, tendo todo o controle abandonado num ato falho, recobrando todo o erro fatal de uma juventude impura.

Paris, França – Anos antes

As mãos, os dedos finos e delicados, o toque suave e experiente que fantasiei tanto em minha mente feroz durante horas e horas apenas ouvindo o tom grave de sua voz despejando sabedorias para um grupo de adolescentes desinteressados e tudo que passava por meu corpo era a imagem de tê-lo unicamente para mim, apesar de todas as circunstâncias da situação, não me importava com o caos, ao contrário dele, um boêmio, completamente fodido na vida, dependendo unicamente no emprego como um professor de literatura e lá estava eu, doente desde que o vira pela primeira vez, vagando pelos corredores, tentando agir de todas as formas possíveis para que chamasse a sua atenção, tínhamos os mesmo gostos e isso era o mais próximo de personalidade que carregávamos, conversávamos em excesso para uma aluna de faculdade e professor, mas ao olhar-me no espelho sabia que não era nunca possível que nos envolvêssemos, e a doença na mente de uma garota de dezenove me tomava ao saber que nada me chamava atenção, a não ser o homem com quase o dobro da minha idade lotado de papéis, maturidade e uma inteligência própria e transcendental.

Ele era um cigano, um andarilho, livre, aberto ao mundo, um músico, um artista, um escritor vivendo com o espírito liberto, acreditava em sua verdade, ele era desacompanhado, singular, excepcional, radical, exclusivo, extravagante e excêntrico, superior e não se dava ao título, incomparável, raro e é meu professor.

Era o segundo ano que nos acompanhava, e dava-me preferência apenas pelo fato de ser a única que gostava de sua ideologia, os outros praticamente o ignoravam, o ridicularizavam, chamavam o homem de usuário de entorpecentes preso no tempo e querendo uma revolução que só acontecia em sua cabeça, mas o via como um verdadeiro Deus e em minha cabeça, ele era tudo o que o mundo precisava, era todo o pensamento que tinha a necessidade de ser exposto, mas Jim, Jim não se importava, Jim só queria que desenvolvêssemos nossa própria verdade e que vivêssemos ela, Jim era um verdadeiro boêmio, Jim viajava, Jim vivia, Jim não permanecia fixo em um só lugar, Jim conhecia tudo, Jim era tudo, mas Jim estava ruim, Jim perdeu tudo e estava fixo no cargo de professor tentando coletar um fundo e cuidar da mãe doente e por isso não arriscava sua mente engajada, preso em seu própria pesadelo genial.

- Charlotte – passou por minha mesa, entregando-me um texto, olhei para os lados confusa, vendo que estava completamente alheia e todos carregavam o mesmo material – Pode ler?

- Tudo bem – endireitei-me na cadeira, secando a mão completamente suada com o nervosismo recorrente, encarei o papel, dando-me conta de que era um dos poemas que havíamos conversado a respeito da última vez que nos falamos em particular, quando ele esperava que todos saíssem da sala, sabendo que eu, tola e sempre atrasada demorava para arrumar minhas coisas, encostava-se e passávamos longos minutos trocando assuntos semelhantes – Eu canto no ritmo de sua doce respiração.

- É primavera – ele completou ao ver minha dificuldade com o inglês – É porquê...

- É porque te amo.

- Uma estrela cai.

- Mas diga-me onde estamos.

- Com o que você se importa?

-É porquê...é porque te amo.

- E voar, voar para longe.

- Para subirmos cada vez mais.

- E voar, voar comigo.

- O mundo é louco.

- E se não houver amor.

- Só é preciso uma canção.

- Para espalhar a confusão dentro e fora de...

- Você.

- Ótimo, Charlotte- seus dedos tocaram minhas costas e ele logo foi para a mesa, encarando-me apenas o suficiente antes do sinal bater e todos saírem em disparada para fora, enquanto eu continuava em meu ritual lento de arrumar as coisas, e uma pontada em meu ser sabia que era proposital, Jim se aproximava cada vez mais, o via através dos cabelos ralos que escapavam por meu rosto, cada vez mais próximo, assim como seu cheiro que insistia em fazer-me querer cair e cavar um buraco na terra – Charlotte- assustei-me quando o toque brando da ponta de seus dedos alcançou minhas mãos, arrepiando-me por inteiro – Você é diferente.

- Minha mãe costuma dizer isso – soltei uma gargalhada, mediante a primeira besteira que escapara de seus lábios – Se quer fazer um elogio, pense melhor – passei a mochila pelos braços – Professor.

Deixei sua sala, sentindo o frio invadir meu corpo e gelar todo o calor repentino que havia tomado meu sangue, a ponto de fazer-me imaginar um transbordamento, imaginar meus órgãos indo ao chão tamanho o choque que apenas seu timbre me trazia.

As semanas se passaram, meu interior se contraía mais a cada conversa jogada fora, a cada preferência na aula que me dava fazendo-me entender que era sua favorita, a cada olhar fixado por mais de minutos, a cada lugar que frequentava e lá estava ele, pronto para me pagar um café, pronto para depositar suas palavras em mim, sempre em meu rastro, em minha cola, seu cheiro sempre ao meu lado, estava tão sufocada e louca por sua presença que cheguei a acreditar que Jim era apenas uma miragem.

Um dia resolveu nos levar com a faculdade para um teatro, queria que sentíssemos o ato em nossa pele durante as duas horas de sua duração, na qual me perdi totalmente, esquecendo de todas as angústias que me tomavam, tirando-me a paz e entregando meu corpo as cinzas, até ser totalmente dispersa pela pessoa ao meu lado, que já olhava para mim com certa impaciência de tanto me cutucar, entregou-me um papel pequeno, perguntei-lhe quem havia mandando, ela apenas virou para o lado sussurrando um “não sei”, o abri já molhando-o com meus dedos nervosos, deixando meus olhos passar por aquilo que seria minha morte interna, só não tinha conhecimento ainda.

“Estou numa completa confusão, sinto-me ridículo, meu peito arde e minhas pernas estremecem, quase como um adolescente perdido.

Não me importo com o fato de viver se escondendo ou me escondendo dentro de ti, contanto que me encontre algum dia, já sinto-me extasiado. Sofro de pensar em seu toque suave, sensato e proibido, estou apaixonado até pelos seus sinais, a magreza de suas pernas, seus cabelos curtos e sua falta de senso para falar o que pensa.

A amo muito para deixa-la pensar que posso viver sem você, atingiu-me como um canhão, e como eu queria que meu corpo fosse explodido externamente, dominou meu interior, meu sangue, meus órgãos. Encontre-me na estação assim que o primeiro banho lunar surgir. Já sabes quem sou, sinto em teu interior que prefere ignorar e se for inteligente, irá ignorar-me e ficar no conforto de sua casa, se aparecer, está tão disposta a entregar-se ao suicídio afetivo quanto eu.

Charlotte, Charlotte, Charlotte...és a luz que guia-me a vida.”

(...)

Estava correndo, não sentia minhas pernas e o frio havia dissipado por inteiro, empurrei toda a multidão que insistia em formar filas, passando por todos aqueles corpos cansados de sua rotina fria, os deixando mais cruel e sem sentimentos a cada dia regado a busca incessante pelo sustento, os fazendo esquecer firmemente o que é sentir, o que é ser, o que é de fato viver, continuava perdendo o ar conforme minha movimentação desesperada corria em direção ao desconhecido, cedendo as tentações de minha mente completamente enfurecida e entorpecida pelas esperanças falhas que insisti em criar nos meus últimos minutos de sanidade completa, até o baque ser fundamental, até meu corpo chocar em outro, o vazio nos tomou, a imensidão de pessoas já estavam do lado de fora da estação enquanto só dois corpos ocupava a vazia plataforma à espera do próximo veículo, fui arremessada para longe assim que minha carne encontrou a do outro ser, assim que nossos casacos se trombaram, ele me segurou com as mãos e com o toque, mesmo por cima da roupa, já soube imediatamente de quem se tratava, seus olhos escuros encontraram os meus, o cheiro de cigarro misturado com um perfume amadeirado e cítrico ao mesmo tempo, representando perfeitamente a mistura transcendental que partia do espetáculo celular a minha frente, o fitei por um momento, ele me posicionou corretamente no chão, encarando minha face assustada, pálida e suada, afastou-se, continuei encarando, Jim estava de jeans, uma blusa preta de manga e gola, os cabelos soltos, um pequeno colar pendendo por cima do colarinho, suas típicas botas, um casaco nas mãos e carregava em sua expressão o mesmo pavor que tomava meus olhos.

- Professor! – exclamei completamente extasiada, não esperava encontra-lo ali, em minha cabeça aquele pequeno pedaço de papel inconsequente que chegou em minhas mãos não havia sido escrito por ele, não havia chance alguma, mas no outro ponta de meu cérebro  a esperança ainda acendia e tudo que eu mais queria era que outro homem tivesse o feito e que me amasse para que eu pudesse esquecer Jim, mas Jim estava ali, no mesmo horário e local, completamente imerso em sua perfeição – O que faz aqui a essa hora?

- Como o adulto responsável, essa pergunta deveria sair de mim.

- O que faz aqui? – só conseguia repetir a mesma pergunta, com o peito querendo fugir de meu corpo, de sua carcaça, querendo lotar o chão com a gosma avermelhada que me preenchia, que me montava, que me tornava.

- A verdade é que estou fugindo – ele soltou um largo sorriso, ainda estava razoavelmente longe, apoiado em uma das colunas claras.

- Alguém que está apaixonado? – minhas palavras repetiam tudo o que minha mente desejava, mencionando o ponto que foi-me dito nas palavras de mais cedo, a pura falta de senso que me dominava.

Jim se aproximava, suas botas ecoavam pela estação inteiramente vazia, o cheiro...ahhh o cheiro, o maldito cheiro, o suave cheiro, o cheiro, o seu cheiro, Jim, Jim, Jim.

- De alguém que quero amar – sua voz soou rouca e alta, como um grito, uma libertação fluindo de seus pulmões gritantes e repletos de nicotina.

- Jim, Jim, Jim – encarei o chão, enfiando a mão em meu casaco prestes a errar e errar de novo, e errar quantas vezes necessário se o trouxesse de alguma forma para meu interior, para minha alma, minha essência, a folha já estava em meus dedos, o maldito bilhete que havia recebido, estendi em sua direção, ele encarou o papel, depois focou em meus olhos, tocando minha mão repentinamente, lentamente, traçando um trajeto por meus dedos trêmulos – És a...

- Luz que guia-me a vida, Charlotte – ele puxou o papel de meus dedos, agarrando meu corpo e guiando-me até seu peito, sua barba rala passou por meu rosto, ferindo-me tamanha a brutalidade de suas mãos em manter-me perto a ele – Não...- sussurrou tocando meus cabelos, seus olhos estavam fechados, a boca ríspida, a expressão de dor e desespero –Se for esperta não se entregará, fuja de meus braços enquanto há tempo.

- E-eu não quero – afundei em seu pescoço, sugando todo o ar daquele pedaço, querendo morar ali, permanecer perto de sua pele até o fim dos tempos – E-eu não quero fugir, Jim.

- Charlotte...

- Quero afundar em você.

- Você é boa demais para mim. Não posso permitir.

Agarrei seus cabelos – Eu quero.

O metrô parou, abrindo todas as suas portas como o convite para o inferno, liberando todas as pessoas de seus acentos prestes a voltar para suas vidas, seus dedos agarraram os meus e num estado de pura insanidade eufórica, entramos, estava assustada, não estava raciocinando com o mínimo de juízo existente, mas o fogo crescente da calmaria recente em meu ser, deixou-me inteiramente entregue a situação, a Jim, a minha mente, a Jim, somente a Jim.

Corremos por toda a noite, por toda a chuva, éramos como uma tempestade solar, fugindo pela rua da escuridão de mãos dadas, não nos importando com o que estava acontecendo, apenas indo, indo, fugindo, desaparecendo em nossa própria correria eufórica e silenciosa rumo ao desconhecido para mim, quando me dei conta a chave já estava na fechadura, a porta aberta, o disco já rodava, as cortinas fechadas, as luzes baixas, e o ambiente quente e aconchegante, pequeno, simples, suas mãos já estavam em minha cintura, seu cheiro em minhas roupas, o gosto de cigarro em seu bafo prestes a me tomar, o toque, o maldito toque de seus dedos leves, finos ao meu redor, me puxando em sua direção, balançando-me em seu peito como um boomerang, com suas voltas corretas, a cada pedaço de sua pele que ia de encontro a minha, um pedaço minúsculo do meu coração era preenchido, sua mão foi de encontro a meu ombro, seus olhos foram de encontro aos meus como se todo o ar que precisasse estivesse exposto bem ali e em nenhum outro lugar do mundo, somente ali, ele desceu cuidadosamente liberando minha pele aos poucos, indo de peça em peça com cuidado extremo, com a face vidrada em minhas reações de puro deleite conforme a proximidade de nosso corpo aumentava, passei a ter o rosto acariciado cuidadosamente e o quadril puxado indo de encontro a ele, de modo que meus mamilos expostos batessem em sua camisa de lã, Jim agarrou-me mais e forte e escondeu o rosto frio em minha pele, esfregando o nariz por onde passava, explorando cada mísero e desnecessário canto, roçando sua barba sem dó em minha pele, procurei por seus lábios e por fim os toquei com os meus deixando que sua língua quente me invadisse passando pela minha de forma frenética e descontrolada, trazendo constante nostalgia das vezes que imaginei senti-lo e ali estava, incapacitada de respirar, sendo levada pela sua energia e seu toque.

Jim levantou segurando-me rente a si enquanto sua língua descia por meu pescoço, suas mãos tocavam cada parte disponível para seus dedos sedentos por minha pele, o único barulho audível eram os de meus suspiros incapazes de serem controlados e de seus lábios flexionando-se em minha pele manchando-me com sua saliva, fazendo com que eu quisesse fixar a sensação e somente.

Senti o macio do colchão, suas mãos estavam firmes e tornavam a tocar-me cada vez mais forte, agarrei seus cabelos o prendendo a mim e sua boca se encaixou perfeitamente entrelaçando sua língua na minha em movimentos lentos e macios enquanto sentia somente o peso de seu corpo acompanhando o meu, seus dedos, meu vício, desciam por minhas pernas, agarrando meus jeans largos e os jogando no chão.

Seus lábios começaram a descer por minhas coxas e suas mãos agarraram as minhas, ele se livrou da própria roupa com minha ajuda, minhas mãos deslizavam por suas costas nuas, Jim se contorcia sob mim, e pude sentir sua pele na minha, Jim abriu minhas pernas se encaixando entre elas enquanto descia seus dedos por minha barriga, com os pequenos cachos caindo por seus ombros e a luz externa projetando tudo contra a parede, fazendo questão de nos mostrar todo o ato.

Sua calça foi de encontro ao chão e senti seus dedos me acariciando novamente, suas mãos desceram e subiram por minhas costas e aos poucos ele começava a descer e retirou a única peça que me cobria, seus lábios desceram aos poucos por meu físico e por fim senti seu rosto se aproximando de minhas pernas, já estava me contorcendo por inteiro com a proximidade de sua respiração, sua face deitou em minhas coxas, permanecendo ali por um tempo, até levantar brutamente, afastando minhas pernas e sua língua começou a me penetrar de forma delicada, agarrei seus cabelos o auxiliando nos movimentos e prendi um gemido com a força que fazíamos numa área tão delicada , sua língua fazia movimentos circulares e sua saliva escorria junto com meu líquido resultando do prazer que ele estava me proporcionando, após levantar deixou seus olhos rente aos meus, toquei seus lábios e logo minhas mãos passaram por suas costas nuas, ao contrário de seus dedos que estavam ocupados em meu interior saindo e entrando lentamente para traçar um caminho molhado por meu corpo após tocar-me.

Desci minha mão por sua barriga e ele suspirou quando seguiu meu olhar, encolhi-me em seu peito deixando que minha mão o tocasse, enquanto meu rosto pendia em sua pele e seus cabelos caíam por meu rosto.

Escorreguei em suas coxas e ele segurou minha cintura posicionando-me, fechei os olhos sentindo seu membro quente e ereto em meu interior, seus dedos ficaram mais fortes e tornou a murmurar, guiando-me, soltei suas mãos e comecei a movimentar-me sem sua ajuda cada vez mais rápido apenas para ouvi-lo novamente.

Abri os olhos para contemplar sua expressão com os olhos marcados e fechados, os lábios levemente abertos, o suor escorregando por sua testa e caindo em seu peito, cada vez mais rápido, seguindo um ciclo representando a pulsação que estava dentro de mim, o pequeno sinal em sua face, a barba rala roçando em minha pele conforme nos movimentávamos, rugindo, gritando, agarrando, arranhando, mordendo.

Escorreguei de suas pernas, parando do outro lado do colchão, o que passaria a ser meu lugar favorito em todo o mundo, suas mãos agarraram minhas coxas, meu corpo estava reto e um misto de euforia e prazer impediam que pensasse ou reagisse a qualquer toque seu, sua mão agarrou minha  panturrilha e foi traçando um caminho passando pelo joelho e apertando de leve, fazendo questão de que eu sentisse todos os seus dedos em meus poros chegando a coxa e parando na virilha, um suspiro escapou de meus lábios e senti suas pernas tocarem as minhas, com o toque macio, Jim se encaixou no meio e subiu seus dedos até minha cintura contornando lentamente do umbigo até o seio esquerdo e rodeando meu mamilo com o polegar, contorci-me enquanto sua glande roçava levemente em minha perna, sussurrei e ele assentiu, seu quadril se moveu para frente e mordi o lábio, permaneceu roçando em minha entrada, o puxei com tanta força em minha direção que o gosto amargo de ferrugem entrou em contato com meus lábios.

Uma dor fina e prazerosa em excesso, forte e excruciante estava no meio de minhas pernas tamanha a rapidez que ia, uma tentação, um vício, o erro, a dor da perda que era seu cheiro de cigarro amadeirado rodeando meu ser junto com seus gemidos e suas estocadas rápidas agarrando meus braços, depositando toda suas forças nele, depois de um grito e não suportar, Jim caiu em meus seios, escondi meu rosto em seus cabelos, ficando presa por inteira em seus cachos e em seu suor.

Subi em cima de seu corpo após um tempo, suas mãos já rodearam-me, dando-me todo o apoio que precisa, e o senti novamente em meu interior, forte, rígido, porém calmo, de modo a sentir cada sensação, não consegui manter os olhos abertos e senti minha cabeça deslizar para seu ombro, ele se impulsionava fazendo a cama ranger e me penetrava de maneira agoniada, usei o pouco de força que tinha nas pernas e o senti mais fundo, cada vez mais fundo, até o máximo nos tomar.

- Cuide bem de mim, sempre – sussurrei passando a mão por seu rosto, Jim fechou os olhos, dando-me um sorriso fraco e adormeceu em meus braços.

Permanecemos nesse estado, correndo a cada fim de sinal da faculdade para nos encontrar durante dois longos meses, até a responsabilidade cair em nossas cabeças, as rachando, assim como nosso peito, as pessoas comentavam, lançavam os olhares de que sabiam o que acontecia, até o dia que resolvemos jogar nossas palavras num café qualquer e ao sairmos de mãos dados nos deparamos com um dos professores, além de companheiro de trabalho de Jim, ainda lecionava para mim e logo os boatos tornaram-se mais fortes e perigosos.

Estávamos sentados no velho banco do pátio gasto aonde ninguém vai devido a enorme quantidade de árvores velhas, olhávamos para o chão, parados há tempo, ambos incapazes de proferir qualquer palavra, ambos sabendo o que estava prestes acontecer, ambos não dispostos ao sacrifício da perda do afeto.

- Vou deixar a faculdade, Charlotte.

- Não, não Jim, não precisará fazer isso. Tenho 19 anos, as pessoas não podem me obrigar a nada.

-Mesmo assim, sou seu professor. Não podemos. O que quer dizer?

- Não importa. Está decidido.

- Charlotte... – agarrou meu braço assim que tentei levantar -Apenas não, não podemos.

-Você não pode me deixar. -sussurrei

- Não estou te deixando, estou apenas me distanciando. Estou completamente apaixonado, me sinto um idiota- seus dedos apertavam meu pulso de modo a marcar e machucar- Como um maldito adolescente, mas preciso fazer isso.

- Jim, por favor...

- Basta, Charlotte – se distanciou.

Estava completamente fria, congelada, não poderia me deixar levar, não poderia resistir ou demonstrar fraqueza em sua presença, eu não podia ter uma vida sem ele.

- Você nunca me amou -sussurrei

- Estou indo embora por amá-la em excesso.

Eu o amava e o amaria até o fim dos tempos.

 

(...)

Paris, França -1990

-Sinto tanta sua falta que meu corpo dói- estávamos na porta do café, uma de suas mãos segurava a porta e a outra pendia em meu rosto.

- Eu sei que fui embora mas dentro de mim fiquei e esperei por você todos os dias, todos os minutos e segundos de todos esses anos, você foi tudo o que carregou minha mente, você é tudo o que eu tenho e quero ter, não suporto continuar sem você, Charlotte, eu quero você o tempo todo, todo o tempo, ninguém mais.

- Foi por não me amar, e eu fiquei  por saber que era o melhor a fazer – o empurrei, chegando a rua.

- Então você vai embora, vai fugir?

- Jim... Não posso. Não aguento isso de novo.

- Nós poderíamos ter dado certo.

- Não tivemos a chance de arriscar, só foi arrebatador por que não pôde durar, mas eu cansei de esperar, você me deixou na primeira vez.

- Podemos tentar, devemos tentar, é o que nos aguarda, você pertence a mim e eu a você.

- Não preciso de você, Jim.

– Amo você, Charlotte, eternamente.

- Amor eterno não existe, nem mesmo nos livros. Se me ama, por que foi embora?

Soltei-me de sua pele, desconectando-me de seus poros, de sua essência, de cada partícula forte de seu ser que tinha absoluto poder e controle em minha alma, eu pertencia a ele, Jim era o Deus e o Diabo que insistia em levar-me para sua filosofia, mesmo falha ou pacífica, mesmo sendo o diabo a qual eu precisava derramar o sangue, banhar-me na lua e oferecer tudo o que eu tinha e possuía exclusivamente para ele e seria assim para todo o sempre, pois ele era eu e eu era ele e se algum dia eu lhe desse o tiro, a bala deveria acertar em mim, porque Jim é tudo o que há e meu interior e para mata-lo em meu interior, teria de matar a mim.

Virei com todas as forças que havia me escapado desde a primeira vez que o havia visto, desde o primeiro contato com tudo o que era, não ousei virar, não podia virar, fui da mesma forma que ele foi anos atrás, com uma única diferença, dessa vez não havia lágrima em meus olhos, a dor tornou-se passageira por já estar acostumada a viver com ela e tê-lo apenas em meus pensamentos e em minha memória, pois tê-lo por inteiro era o paraíso e a perdição emanava de seus atos descontrolados e de sua aura transcendental que me faria beijar a morte se fosse para salvá-lo.

Éramos dois ordinários, quanto tempo nosso amor duraria sendo alimentado?

Eu o amava em excesso para deixa-lo pensar que poderia viver sem ele, mas com ele era o fim de todos os meus princípios falhos regidos por sua mente.

Meus dias de inverno seriam todos para tentar esquecê-lo novamente.

Jim, Jim, Jim.

Estou deixando-o apenas por amá-lo demais.

Jim, Jim, Jim.

Jim, Jim, Jim.

Eu o amava, o amei, o amarei e ainda o amo, o amo, o amo, o amo, o amo, o amo, o amo, o amo, o amo, o amo, o amo, o amo, o amo, o amo, o amo, o amo, o amo, o amo, o amo, o amo, o amo, o amo, o amo, o amo, o amo, o amo, o amo, o amo, o amo até o fim dos tempos.



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