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História Je Taime, Monsieur - Que se Dane!


Escrita por: Jacobinho

Capítulo 5 - Que se Dane!


Fanfic / Fanfiction Je Taime, Monsieur - Que se Dane!

= Jacob’s p.o.v. =


//Quebra de tempo - manhã do dia seguinte\\


Logo depois da delicada troca das bandagens, eu basicamente apaguei de novo. Embora a ferida já estava na metade do processo de cicatrização, a dor ainda estava presente e não era nem um pouco cerimoniosa. A tortura da dor acabou por me forçar a embriagar-me para amenizá-la e, consequentemente, desmaiar mais uma vez. Isso tudo, no entanto, somente para uma limpeza simplória para que a troca ocorresse. Mas isso não foi tudo.

Logo de manhã, acordei com frestas de luz refletindo sobre meus olhos. Esfreguei-os e então só aí percebi que minha mobilidade estava voltando e a dor, diminuindo. Contudo, mesmo a felicidade evidente de ter superado parcialmente algo estar presente, não adiantou para esconder a colossal dor que rondava minha cabeça. Acho que já podem me chamar de Jacob-das-Dores.

Pouco tempo depois, a jovem enfermeira que vinha cuidando de mim, cujo qual fui descobrir seu nome bem depois - Eléonore, mostrou-se perante a cama com um café da manhã bem elaborado. Pensei que fora ela que por si só havia o feito com a gentileza do orvalho matinal, antes de descobrir que eu estava no quarto de Arno que era basicamente ao lado do Café Théâtré. É, gentileza brota é do dinheiro. Saboreei cada parte do café sem muita pressa, afinal, não é todo dia que se tem o privilégio de comer o café da manhã na cama, não?

O restante da tarde já não foi lá grande coisa. Na verdade, fiquei, sobretudo, treinando como andar. Sim, com a dor imoderada, eu tive de reaprender a andar sem gemer ou cair. Não foi fácil, porém o encontro que me esperava a noite fez o papel de “consolador” do momento. Era uma “andada” aqui e ali, uma caidinha cá e acolá, mas enfim consegui pegar novamente o jeito. Mesmo mancando, eu iria. Mesmo com uma careta interna de dor, eu iria.

Tratei o reencontro como encontro mesmo e me arrumei para o tal. Talvez Arno achasse estranho? Talvez. Todavia o fato de ocorrer uma festa nesta noite no Café Théâtré, me dava a possibilidade de usar isso como argumento caso ele estranhasse. Muito embora, não tinha uma roupa decente além do traje de uso cotidiano. Aproveitei o fato de estar no quarto e “peguei emprestado” alguma roupa apropriada. Eléonore me ajudou na decisão e tivemos de escolher entre os maiores modelos do francês. Ainda assim, o traje escolhido ficou um pouco justo ao corpo, mas até deu um ar mais charmoso.

Desci as escadas e segui para o local, alguns minutos antes do marcado. Ainda fora, podia ouvir os barulhos vindos do salão. Conversas altas, músicas instrumentais e o barulho dos elementos do teatro sendo organizados. Assim que entrei, fiquei admirado com a imponência do salão, além de sua decoração que parecia ter sido feito a dedo. Mesas quadradas e elegantes, coberta por um pano branco, estavam organizadas e espalhadas por todo o espaço. Um palco de teatro ao fundo estava fechado com suas sofisticadas cortinas vermelhas, num suspense que demonstrava que a qualquer momento a peça poderia começar. O salão estava cheio de pessoas de roupas refinadas. Encontravam-se sentadas nas mesas ou de pé nos corredores abertos, paralelas em relação às mesas, das quais eram elevadas em plataformas. Graças à minha visão precisa e ágil como uma águia, logo encontrei Arno em um dos corredores, encostado na parede, parecendo querer observar furtivamente alguém. Ele também estava numa particular elegância com um sobretudo azul-escuro e uma rosa no bolso superior esquerdo. Fingia beber uma bebida qualquer, porém, pelo seu comportamento, parecia que seu objetivo era só não chamar muita atenção. Atravessando a multidão, me dirigi para o lugar onde havia encontrado-o. No entanto, ao chegar, ele não estava mais ali. Estava seguindo em direção ao fundo do Café. Segui-o e logo percebi que, ao sair do falatório do salão, pelos barulhos de panelas e talheres, estávamos indo para a cozinha. Antes de sequer tocar na maçaneta, impedi-o, gritando seu nome.


= Arno's p.o.v. =


Meu dia não estava sendo dos melhores. Havia duas coisas que me incomodava. E esse incômodo que digo não é aqueles que de vez em quando vem a tona e dá aqueles calafrios. Era aqueles que te perseguem, não importa o que você faça ou pense. Eles estão ali para cortar qualquer coisa que você estiver cogitando no momento, para te fazer querer morrer certas horas.

O fato é que eu matei Lafrenière. Porém, não fora aquilo que pensei. Sempre que eu mato alguém, descubro mais coisas. Mais sujeira debaixo da sujeira. Eu não aguento mais. E, para completar a desgraça, o conselho da Irmandade deu um chilique assim que contei sobre meu ato. Me chamaram de impulsivo e sanguinário. Acha que me ofendeu? Não, imagina. Só queria poder gritar de volta. Me lançar contra eles e, segurando pelo colarinho, avisar da situação em que nos encontramos. Avisar que, quanto mais perdemos tempo, mais os Templários ganham vantagem. Mas me segurei. Pela sorte do momento, me segurei. E, graças a este esforço para me conter, o Grão-Mestre resolveu me dar outra chance. Outra chance para levar outra bronca por não perder tempo relatando minhas descobertas ao conselho o tempo todo. Em outras palavras, acredito que esse conselho tem medo. E, por ser o que é, devia ser o exemplo, não ao contrário. No entanto, como disse, não era só isso.

Jacob. Ele, aquele retardado. Não podia acreditar que ele havia feito aquilo. Se expor daquela forma? Ele podia ter morrido! E se morresse não levaria só sua alma para o outro lado como… c-como… bem, isso não importa. Contudo, que isso acabaria comigo, sim. Não o conheço tão bem, todavia duvido que sua morte não me abalaria. Ele… é especial para mim. Sua coragem e sua determinação, mesmo que um pouco teimoso… ainda sim eu o admiro. É por isso que ele não sai da minha cabeça. Não consigo andar por aí sem pensar no quão ferido ele está. Foi por isso que o convidei para a festa. Chamei-o com o objetivo de analisar. Se ele não vir, é porque seu caso é bem pior do que imaginei. Se ele vir, então…

- Arno! - ouvi uma voz familiar me chamando. Um arrepio percorreu todo meu corpo. Eu sabia de quem pertencia aquela voz.

Virei-me. Lá estava ele. Me fitando. Parecia alegre em me ver. Naquele momento, não sabia ao certo se também estava feliz. Quero dizer, sim, eu estava demasiado contente por ver ele ali, de pé, vivo. Porém, eu tinha raiva. Raiva de ter passado o que passei. A preocupação excessiva. O medo constante. E tudo por causa dele. Me aproximei dele e, perto o suficiente para sentir sua respiração, encarei-o. Ele fez menção de dizer mais algo. Mas eu não deixei. A raiva me dominou. Não só me tiranizou, como fluiu para meu punho. E então eu o acertei em cheio e o fiz recuar alguns passos.

- Você tem ao menos ideia do quanto eu me preocupei contigo!? Você tem noção do quão idiota você foi em ter feito aquilo!? - minha voz estava trêmula, eu havia percebido. Todavia minha raiva não me deixou parar. - Você me fez preocupar contigo até um nível exageradamente alto! E se você tivesse morrido!? - ameacei socá-lo novamente. Porém, a força do ódio que fluiu em mim havia desaparecido. Eu me sentia fraco. E sozinho. Eu, minha recente preocupação e minha fraqueza momentânea. Era o que definia aquele momento. Abaixei minha cabeça. Se Jacob podia ficar nervoso com aquele discurso? Sim, era uma possibilidade. Ele também podia ficar chateado. Embora eu sabia muito bem que, devido a sua personalidade, era provável ele ficar bravo. Entretanto nada disso ocorreu. Nada além do envolto quentinho que eu havia sentido antes.

Jacob havia me abraçado.

- Me perdoe. - foi a única coisa que disse, tão próximo ao meu ouvido que quase me deixei ter mais um arrepio. Contudo, o calor do momento só me fez ter uma reação.

Abracei de volta. Mais forte do que eu era capaz. Não sei definir o que sentia ali. Era algo tão profundo, mas ao mesmo tempo tão simples. Realmente não tenho palavras para definir. Eu simplesmente senti o momento. Senti com o coração, todas as emoções que chegavam. Que fluíam. Que ficavam.


= Jacob’s p.o.v. =


Quais eram as possibilidades de ele ter me jogado para trás, me agredido novamente ou simplesmente ficar na frieza de não me responder? Enormes. E eu não acredito que nada daquilo havia ocorrido. Ele… simplesmente se entregou. Esvaiu a mágoa na força em que me abraçava. Doía um pouco -  ele apertava minhas costelas. Entretanto, não reclamei. Era um momento único. Para nós dois.

Senti meu coração acelerado. E sabia porquê. Um calor percorreu meu corpo quando resolvi agir. Tomar uma decisão impulsiva novamente. Empurrei-o vagarosamente em direção à parede, ainda abraçado. Assim que desfiz do abraço, continuamos ali. Nos encarando. Encaramos o que, para nós, foram horas. Arno, prensado contra a parede. Eu, tão próximo que temia que minhas batidas rápidas e fortes me denunciassem. Um calor queimava dentro de mim. Queria ter a iniciativa. Mas pela primeira vez, eu tive medo.

Medo de ser rejeitado.


= Arno's p.o.v. =


Eu sabia. Sabia da sua intenção. Mas não sabia como reagir. Eu só obedeci quando ele me jogou contra a parede. Não foi violento. Eu poderia ter impedido isso. Mas me deixei ir. E agora, não sabia o que fazer. Eu sabia, porém não sabia.

Não compreendia se ele ia tomar a iniciativa ou não. Contudo, eu também não sabia se eu tomava ou não. Preciso confessar que, para mim, Jacob sempre foi alguém que via… como posso definir? Diferente. Era diferente assim como era diferente com Élise. Todavia, ainda sim este sentimento ainda era distinto do que eu sentia por ela. Era algo que, definindo ironicamente, seria um amor à primeira vista.

Contudo, algo que realmente me intrigava era… o que me impedia? O que me impedia de aceitar o momento, o sentimento? Nem eu sabia como dar uma resposta concreta. Talvez seja porque eu pensava em Élise. Eu a amava. Mesmo a distância, eu ainda sentia algo por ela. E ela poderia se sentir traída de saber que fiquei com outra pessoa. Confesso. É algo que me causa insegurança. Nunca tive experiências assim. E mesmo que sempre fui treinado a superar quaisquer medos a minha frente, esse eu já não podia. Me sentia incapaz.

Porém, eu o queria. Isso eu não podia negar.


= Jacob’s p.o.v. =


Eu não era idiota. Já tinha captado. Já havia captado a insegurança do francês. Agora, mais do que nunca, ou eu tomava uma atitude ou aquele momento se tornaria uma mera lembrança constrangida.

Quer saber? Que se dane!

Posicionei meus dedos na nuca de Arno e, em um movimento veloz, o puxei contra meus lábios. Enfim eles estavam selados. Firmes como nunca. Não esperava uma resistência dele. E acertei. O francês relaxou e acomodou seus braços por detrás de minha cabeça, me puxando mais, como se pedisse mais. Deslizei minhas mãos em direção a suas costas, sentindo minuciosamente seu corpo atlético, robusto, firme. Logo, cutuquei seu lábio superior com a língua, pedindo passagem, e ele a concedeu, sem hesitação. Um décimo de segundo depois e o beijo já havia se transformado em uma batalha de luxúria e desejo. Minha barba tocava ríspidamente o rosto do francês, relativo a cada vez que nossas línguas se entrelaçavam, dançavam, brigavam. Eu o apertava cada vez mais perto de mim. E o desejo só aumentava. Inclinei minha a cabeça e desviei o beijo de sua boca em direção ao seu pescoço, onde distribui beijos rápidos, mas precisos em arrancar alguns gemidos do moreno.

- J-Jacob… n-não… a-aqui não… - Arno tentava me alertar, entre gemidos. Quase instantaneamente depois, um garçom abriu a porta que dividia a cozinha do corredor vazio. Então me toquei e logo parei. O garçom deve ter nos visto, já que passou nos fitando de um modo estranho.

- Ops… - falei, assim que o garçom se afastou. Sentia uma pontada de vergonha, porém, não mais do que Arno deve ter sentido. Suas bochechas haviam ganhado uma coloração mais avermelhada de repente. - Me empolguei um pouco…

- Tudo bem… - ele disse baixinho e desviou o olhar. Mesmo que tentasse esconder, era nítido que havia ficado sem graça.

- Vamos aproveitar a festa, então? - questionei, tentando alterar o foco do momento. Dei espaço ao francês e me dirigi de volta ao salão principal. - Você vem comigo? - percebi que ele não se mexia.

- Claro…

Ao chegarmos, percebi que música havia tomado um ritmo diferente. Os convidados não estavam mais espalhados e se reuniram no centro do salão - onde as mesas haviam sido afastadas - e dançavam, alegremente. Por um tempo, eu e o francês ficamos lado a lado, observando de fora a diversão dos dançarinos. Olhei para dentro dos olhos castanhos escuros do moreno. Suas bochechas não estavam mais coradas e ele compartilhava da alegria dos dançarinos, acompanhando-os com o olhar. Parecia querer entrar na onda da música e se infiltrar em meio a diversão. Compreendendo seus sinais, posicionei-me à sua frente, estendi a mão de forma cortês e sorri carinhosamente.

- Quer dançar comigo?

~•~


Notas Finais


Yaaaay! Olha quem chegou?
Pois é, esta semana peguei uma gripe de ficar de cama e nada melhor do que escrever nesses tempos (tediosos), não?
Bem, fiz este capítulo com carinho, compensando o capítulo curto de antes. Espero que tenham gostado! \(^-^)/
Um café e até a próxima o/


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