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História O Comandante (SENDO REESCRITA) - Alerta


Escrita por: littlefairy22

Capítulo 11 - Alerta


"Você sente a minha falta?

Eu estou louca?

Eu estou perdendo o controle do seu amor, querido?

Mesmo se você me quiser, ou não

Eu preciso saber,

Quem é você hoje?"

(Who Are You - Fifth Harmony)

Um dia depois

  Keana andava sem rumo pela floresta. Estava afastada da base e de seus homens, mas não poderia ligar menos para aquilo naquele momento. Teve mais um pesadelo sobre Jeon Jonghyung, o irmão de Jungkook. Sonhou que eles tinham se reencontrado em um lugar melhor, mas seu amado fora pego por homens inimigos logo depois. Era quase uma tortura reviver todas as suas memórias, apenas para acordar e ver que ele não estava realmente lá. Era doloroso demais para aguentar calada.

Ela não era como o primo, não conseguia esconder seus sentimentos com uma postura firme e uma cara de brava, ela sempre foi muito transparente. Eram raras as vezes em que estava realmente chateada com algo, mas, quando estava, não fazia questão nenhuma de esconder.

  Antes que pudesse pensar em mais alguma coisa, ouviu passos ao seu redor.

Como ela só tinha uma lamparina em mãos, tudo o que via era uma sombra, uma sombra magra de uma mulher usando um vestido longo enquanto caminhava lentamente com os seus saltos. Provavelmente a outra moça havia visto a luz da vela, então vinha em sua direção. Keana não hesitou em deixar a lamparina no chão, empunhando a sua espada e se preparando para qualquer ataque inesperado.

Ela estreitou os olhos, vendo a figura se aproximar com mais clareza. Era uma garota, provavelmente um pouco mais nova que ela, que carregava uma mochila em suas costas. Ela era pálida, como se nunca tivesse se exposto ao sol, mas era magra de um jeito saudável, não como a maioria da população do Reino. Seu vestido vermelho estava sujo de lama e tinha algumas folhas presas em seu cabelo longo. Keana achava que seu cabelo parecia um loiro vibrante demais para ser natural, então deduziu que ela deveria ter condições de viver bem no Reino.

   A classe alta do Reino ainda tinha acesso à todos os cosméticos e acessórios de beleza. Eles tinham vestidos extravagantes, diversas tintas para cabelo, esmaltes e qualquer bizarrice que a população pobre jamais sonhou que existia. 

— Quem é você? – Keana perguntou, segurando uma faca próximo ao rosto da garota, que tinha os olhos arregalados. – O que está fazendo no nosso território?

— Meu nome é Lisa – a garota falou. Esperou a mulher perceber que ela não era uma ameaça e tirar a faca de si, mas isso não aconteceu. Engoliu em seco, tentando reformular a sua resposta. – Não sabia que estava no seu território, eu não conheço esse lugar muito bem. Eu estava em uma festa, saí de lá há algumas horas, mas um lobo apareceu no caminho e o meu cavalo se assustou, agora não sei onde estou e perdi o rastro dele. – deu uma pausa, parando para respirar quando Keana tirou a faca de seu rosto. – E você? Quem é?

— Isso não é importante agora, o que importa para mim é...Por que você iria sair de uma festa do Reino no meio da noite? Por que viria tão longe com o seu cavalo, se a sua casa é lá? – ela analisou a garota, curta e grossa, colocando a faca de volta em seu coldre. Os olhos de Lisa eram bem intensos, o que tornava um pouco difícil não ficar olhando – Eu sei o seu nome, mas isso não me diz absolutamente nada...Quem é você, princesa?

    Mesmo sem saber, aquele apelido que Keana dera estava completamente certo.

— Eu sou a filha bastarda do rei. Fizemos um acordo de não falar para ninguém, além da nossa família, que eu sou filha da rainha com outro homem, entende? – ela confessou, respirando fundo. Olhou para o vestido vermelho que usava, parecendo odiar as manchas de lama e alguns rasgos que ele tinha ao longo de sua saia. Keana apenas revirou os olhos, indignada pela atitude do rei e se perguntando que tipo de doença aquela família possuía – Mas, hoje eu ouvi ele falar umas coisas horríveis enquanto se reunia com o comandante dos Rebeldes. Ele disse que matou os irmãos para ser rei, que não se importava com nada além do poder, que não amava a minha mãe...Eu não podia mais ficar lá, então fugi.

Keana a encarou, se perguntando se Lisa era muito corajosa ou muito estúpida em contar aquele tipo de coisa para qualquer um. Elas viviam em um mundo onde não era seguro confiar em ninguém, a história de cada um era uma coisa que levariam para o túmulo junto com os seus segredos, definitivamente não era para ser espalhada para uma estranha.

— Decidiu fugir? Com um vestido longo, saltos e uma mochila nas costas? Optando por vir pela floresta, o lugar mais perigoso e sombrio da região? Será que você tem alguma coisa na sua cabeça além de tinta? – Keana perguntou, se aproximando. A loira apenas a encarou, com uma expressão indecifrável no rosto. – Você deveria ter pensado nisso tudo antes de vir até aqui. Essa foi a coisa mais estúpida que você poderia ter feito.

  Ela não sentiu remorso algum em estar encarando a filha da mulher que foi morta por suas mãos. Além de Lisa não ter aparentado gostar tanto da mãe assim, Keana não tinha mais a capacidade de sentir pena de ninguém. Jungkook era a única pessoa que ainda importava de verdade para a morena, mesmo que ela discordasse de suas decisões.

— Escuta aqui, você não me conhece – a loira falou, parecendo irritada com todas as informações. – Se eu fosse tão burra como você pensa, não me chamariam para ser operadora. E, sinceramente, eu não dou a mínima para o seu exército idiota, para essa floresta e para qualquer coisa que entre no meu caminho, incluindo você. Então, se puder me dar licença...

     Aquela floresta, assim como as outras espalhadas pelo novo mundo, escondia muitos segredos. Não eram só animais normais que viviam ali, as mutações também se escondiam em cantos escuros e perigosos. Muitos vírus se espalharam pelo continente quando a guerra acabou, contaminando muitos animais e, além desse fator, laboratórios inimigos também construíram novas espécies, muito mais perigosas e letais para qualquer invasor inimigo, por isso os aprendizes de Jungkook só podiam ficar na clareira. Boatos diziam que até mesmo humanos modificados foram colocados ali, embora isso nunca tenha sido realmente provado.

  Porém, não era nisso que Keana estava interessada.

— Você disse que é operadora?

— É, eu fico na sala de controle da televisão. Às vezes eu filmo algumas coisas, mas geralmente decido o que vai ao ar ou não. Coisas como notícias e programas que vão beneficiar o rei – ela deu de ombros. Ainda parecia meio possessa em estar falando com a rebelde, mas tentava ser o mais suave possível, afinal queria continuar viva.

— Oh... – Keana parou para pensar. Eles tinham uma televisão nos aposentos do comandante, mas eles nunca iriam fazer aquilo funcionar, já que não possuíam eletricidade. A morena ficou interessada em saber que aquela garota controlava o que ia ao ar para todos. – E você fazia mais alguma coisa por lá?

— Eu piloto helicópteros.

— Helicópteros...São como aviões pequenos, certo? – ela perguntou, curiosa, sendo respondida com uma confirmação da loira. Como havia crescido em florestas e próximo ao litoral, nunca teve a oportunidade de ver as evoluções tecnológicas que o Reino possuía. O máximo que ela conhecia sobre um avião era aquele que fazia os bombardeios nas vilas. – E você voa? Para onde?

— Para alguns países que não foram completamente devastados pela guerra, procuro por sobreviventes e os levo para o Reino. Mas o meu helicóptero consome muito combustível, então vamos uma vez a cada seis meses.

— Entendi. O que você trouxe nessa mochila? – apontou para a mochila cheia em suas costas.

— Hã...Minha câmera, meu computador e algumas coisas que eu uso no trabalho. Por que?

— Bom saber disso – Keana tinha um sorriso diabólico desenhado em seu rosto, enquanto girava sua faca entre os dedos. – Você vem comigo.

— Mas eu nem sei quem você é! Como vou saber se eu não estou mais em perigo?

— Eu me chamo Keana. E você ainda está em perigo, princesa, não vá achando que não.

(X)

— Você gosta dele? – a pergunta de Jisoo pegou Jimin completamente desprevenido.

   Eles estavam sentados do lado de fora da cozinha, descascando legumes e cortando algumas peças das carne que os caçadores haviam conseguido no dia, afinal a enfermaria estava vazia e Jimin não tinha muita coisa para fazer ali.

Jungkook nem era o assunto inicial deles, mas, conforme a conversa fluía, Jimin começou a falar sobre o comandante, simplesmente porque não podia evitar. Ambos diziam que estavam temendo pela vida do mais novo, que ele não deveria ter ido com aquele pequeno grupo para o Reino, que ele se arriscava demais, então Jisoo o fez aquela pergunta.

— Eu não sei. O Jungkook é tão indiferente quando se trata desse tipo de assunto. Além disso, acabamos de nos conhecer, nem sei se ele confia completamente em mim, e ele já provou que seu povo importa mais que qualquer coisa – ele respondeu com sinceridade, olhando para sua faca e se distraindo, vendo como ela estava afiada. Sentia seu coração acelerar apenas por falar o nome do comandante. Era complicado falar sobre aquilo, já que eles não se conheciam há realmente muito tempo, Jeon não podia sequer namorar e ainda eram dois homens, não tinha certeza do que pensariam sobre os beijos que eles deram, mas ele sorria apenas em pensar nele. – Fora todos esses problemas, tenho que admitir que gosto de ficar com ele. Ele me faz muito bem.

— Não precisa mais responder nada – Jisoo sorriu, balançando a cabeça negativamente. Ela apontou sua faca para Jimin como se estivesse o acusando de algo, mesmo que tivesse uma expressão divertida no rosto. – Está na cara que você gosta.

— É, acho que sim – ele encolheu os ombros, parecendo tímido, até que algo o ocorreu. Ele arregalou os olhos levemente. – I-Isso é um problema para você? Quero dizer, vocês parecem bem próximos, dá para ver que você tem um carinho muito grande por ele, talvez vocês possam...

— Acha que eu gosto dele? – ela riu, mexendo as mãos para sinalizar que não. Estava separando a pele de um animal da carne, jogando as partes boas no balde que estava em sua frente. Jimin nunca sequer tinha visto aquele bicho antes, a floresta ainda era um grande mistério para ele, mas não eles não podiam se dar ao luxo de recusar qualquer comida no mundo em que viviam. – Não, não. Somos apenas amigos. Ele me pede conselhos porque eu sou mais velha e fico feliz em ajudar. Eu o vejo como um irmãozinho, sabe?

— Entendo – fez uma pausa, mordendo o lábio inferior. Ele queria pedir algo para a garota, só estava esperando a hora certa para isso. – Jisoo, você sabe atirar, certo? Poderia me ensinar?

  A verdade era que ele tinha necessidade de aprender aquilo. Era um mundo muito traiçoeiro e perigoso, não teria aquele grupo para sempre. Tinha que aprender a defender não só a si mesmo como Taehyung também, afinal se sentia como o responsável pelo garoto. A guerra era mais do que provável para eles, ele tinha que saber atirar de um jeito ou de outro. Como não lutava, não atirava, nem lançava facas, era fácil o tornar alvo de qualquer ataque.

— Eu até poderia fazer isso, mas Jungkook não permite – ela o encarou, parando de separar as carnes. Olhou para os dois lados, como se estivesse prestes a contar um segredo. – Ele me deu ordens para não deixar você pegar em uma arma até que ele esteja do lado.

— Ele fez o quê? Isso não faz sentido nenhum! – Jimin piscou os olhos, indignado com aquilo. Às vezes, era extremamente complicado entender Jeon Jungkook, se sentia um idiota por ainda tentar. Odiava como o comandante parecia achar que ele era completamente dependente de si, que não conseguia fazer nada sozinho e precisava sempre de sua presença. – Quer saber? Eu preciso descansar um pouco, volto depois.

   Ele saiu, em passos largos até o seu dormitório. 

Em sua cama arrumada e limpinha, viu Taehyung, sentado com os braços cruzados e um bico enorme nos lábios. Achava impressionante como ele conseguia permanecer com as características de uma criança naquele mundo tão conturbado em que eles viviam. Ele era incrível, puro demais com as coisas que o rodeavam, gentil o suficiente para seguir os passos de Jimin, que era igualmente inocente. O ruivo achava que essa era a razão de terem se tornado tão próximos em tão pouco tempo.

— O que houve? – perguntou, franzindo a testa e se sentando ao seu lado. Acariciou docemente seus cabelos com a mão direita.

— Eu... – ele se interrompeu, parecendo pensar melhor sobre o que iria dizer. Se virou para encarar o mais velho, ainda com a expressão emburrada no rosto. – Eu estou com um pressentimento ruim sobre a Jisoo. Você está passando tempo demais com ela, Jiminie.

— Como assim? – Jimin riu, sem entender o que ele queria dizer com aquilo. Jisoo era uma das pessoas que mais os ajudaram naquele lugar, depois de Hoseok e Jin, ela era muito prestativa, sempre escutava os desabafos nada úteis de Jimin. Além disso, se até o comandante confiava nela e a considerava como braço direito, por que eles não confiariam? – Você está com ciúme de mim, pequeno?

  O menino inflou as bochechas, parecendo indeciso sobre aquela pergunta, desviando sua atenção para algum outro canto do dormitório. Jimin achava realmente difícil levar Taehyung a sério, ele era tão fofo.

— Eu não sei, estou confuso. Eu sinto...Sinto algo muito forte na minha cabeça quando estou perto da Jisoo ou do Jungkook-hyung, é como se eles tivessem uma força sobre a minha mente, eu não consigo explicar – admitiu, brincando com um fio solto da roupa de cama. Ele parecia realmente perdido em seus próprios pensamentos por um momento, às vezes passando a mão em sua têmpora como se estivesse doendo. – Talvez seja apenas um pouquinho de ciúmes, eu não sei.

  Jimin apenas puxou o pequeno para o seu colo e deixou um beijo em sua testa. Não sabia o que dizer, nem como agir, era uma confissão muito pessoal e vaga, ele não entendeu direito o que o menor queria com aquilo. 

Ele só sabia que o garoto precisava de si, eles eram as únicas famílias um do outro.

— Acho que eu estou ficando louco, Jimin – Taehyung sussurrou, franzido a testa levemente, enquanto encostava a cabeça no peito do mais velho. Mesmo que o dormitório estivesse vazio naquele horário, o pequeno parecia ter a necessidade de falar baixo, como se fosse um crime anunciar o que estava sentido. – Eu vejo coisas, eu...Eu sinto coisas quando olho para as pessoas. Tenho lampejos de coisas que aconteceram e coisas que parecem que ainda vão acontecer, elas ficam indo e voltando na minha mente. Eu vejo muito problema e muito, muito sangue pela frente. E-Eu tenho tanto medo do que está por vir e nunca consigo te contar, porque você sempre está ocupado com a Jisoo.

— Ei, olha para mim. Sinto muito por não te dar tanta atenção quanto eu deveria, mas é que a Jisoo entende de muitas coisas que eu não sei, ela me ajuda a compreender esse lugar. Juro que vou tentar passar mais tempo com você – garantiu, recebendo um olhar cheio de súplica do menor. Vê-lo daquele jeito acabava com Jimin, o menor era uma criança tão doce, não deveria lidar com tudo aquilo em tão pouca idade. – Acha mesmo que eu deixaria algo te acontecer? Você é o meu irmãozinho, Tae, eu vou ficar do seu lado até o final. Além disso, tenho certeza que Jungkook vai te treinar para lutar tão bem quanto ele.

  Depois de passarem alguns minutos daquele jeito, Hoseok foi até o dormitório deles para saber o porquê de Jimin não ter aparecido na enfermaria para falar com ele. Vendo Taehyung abraçado no colo do ruivo como um ursinho, foi impossível não sorrir. O moreno conhecia o menino mais novo há pouco tempo, ele ainda se sentia um pouco tímido perto dele e demorou uns dias até que eles começassem realmente um diálogo, mas Hoseok via sua irmã em Taehyung, eles eram muito parecidos. E, já que ela não estava mais com ele, o garoto era como uma lembrança viva dela.

— Estou atrapalhando o momento? –o Jung perguntou, se aproximando da cama. Os dois se viraram para ele, parecendo felizes com a sua presença ali.

— Hyung! – quando Hoseok se sentou na cama de frente para eles, Taehyung rapidamente foi até ele e deixou um beijo em sua bochecha. O mais velho sorriu para ele, fazendo um carinho em seu braço. – Eu senti saudades!

— Saudades? – indagou, divertido. O outro assentiu freneticamente, como se estivesse tentando demonstrar a intensidade de sua saudade. – Mas nos vimos ontem, Tae!

— Eu sei, mas eu gosto de ficar perto de você – ele admitiu, logo parecendo ficar envergonhado pela afirmação e abaixando a cabeça. Hoseok achava que nunca tinha visto algo tão bonitinho. – É...Hobi, eu vou até a enfermaria para preparar a minha injeção de hoje. Quando terminar com o hyung, pode aplicar para mim?

  Depois que o moreno confirmou, o mais novo saiu às pressas do dormitório.

— Uau, ele realmente gosta de você. Achei que ia demorar um tempo para se acostumar, mas, pelo que eu vi, vocês se entendem muito bem. – Jimin falou, sorrindo para o amigo. Hobi apenas encolheu os ombros, sem saber o que dizer, mesmo que estivesse muito feliz com a confissão do baixinho, que já não estava mais presente. – Você não tem obrigação de ficar com ele, e ainda o faz, é muito legal da sua parte. Eu sei que estou sendo abusado em te deixar cuidando dele por tanto tempo.

— Não se preocupe com isso, cara, eu gosto de ficar com ele. Taehyung é um garoto incrível – Hoseok falou, em um tom divertido. 

Jimin achava ótimo que os dois estivessem se aproximando tanto, já que Tae realmente precisava do médico para cuidar de sua doença, mesmo que tivesse algumas dúvidas sobre o que a relação dos dois iria se tornar mais tarde. 

(X)

A parte que Jungkook mais odiou no castelo foi o Grande Salão, onde haveria o baile mais tarde. Era um salão chique ao qual a classe alta tinha acesso. O piso era tão limpo que poderia brilhar, colunas antigas davam um ar belo para o lugar e haviam estátuas e esculturas por todo o canto. A escultura que mais impressionava era a de um anjo com asas negras no centro superior da sala, a figura parecia enxergar a alma de qualquer um que passasse por ali.

O rei o convidou para o baile do jeito mais falso possível e Jungkook não fez nada além de revirar os olhos. Ali, já quase chegando nos portões que guardavam os Rebeldes, ele ainda se sentia enjoado com cada palavra que trocou com aquele homem sujo. Esperava nunca mais ter que voltar lá para uma conversa. 

Quando chegou em sua base, pelo fim do jantar, foi recebido com a mesma euforia de sempre. Muita gente em cima de si, muitas perguntas. Ele tentava responder todas as pessoas sem parecer um babaca, mas estava quase impossível naquele dia. A viagem deles foi longa, ele só pensava em comer, dormir e conversar um pouco com Jimin, mas parecia que os outros não pensavam o mesmo.

Em algum ponto do jantar, ele subiu em um uma das mesas para dizer o que queria. Desde que o rei mencionou implicitamente Jimin em sua conversa, ele teve a certeza que havia um infiltrado entre eles. Jimin e Jungkook eram muito discretos, apenas alguém próximo observaria algo além de uma relação de comandante e subordinado. Então, como aquilo havia chegado aos ouvidos do rei?

— Há um natrona entre nós.

Natrona... – Jisoo abaixou a cabeça por um tempo, como se tentasse lembrar o que aquela palavra significava. Vendo que Jimin também estava confuso, mexeu os lábios para dizer. – Significa traidor.

— Diante disso, resolvi que as decisões serão tomadas apenas por mim e comunicadas primeiramente para o Yoongi, pelo menos até sabermos quem é – Jungkook percorreu a língua pelo lábio inferior, nervoso. Ele pegou a pistola que carregava, rodando-a em suas mãos. – Se o natrona estiver aqui, se estiver no meio desse pavilhão, que fique claro que vai ser muito pior se você se entregar depois, estou te dando a chance de resolvermos isso agora.

 Ninguém se anunciou. As pessoas apenas se entreolharam, cheias de dúvidas.

     Depois do comunicado e dos comentários que se seguiram depois dele, aos poucos seus amigos foram indo para os seus respectivos dormitórios, até mesmo Taehyung deu um beijo em sua bochecha e foi dormir. Mas Jimin não queria ficar deitado, ele queria continuar conversando com aquelas pessoas novas e aprendendo mais sobre tudo, além de poder olhar Jungkook por mais tempo. O comandante estava tão lindo aquela noite, Jimin tinha que se lembrar que não podia simplesmente sentar em seu colo e beijá-lo na frente de todos.

   Antes que o jantar acabasse, foi anunciado que uma luta entre Yoongi e Kyara aconteceria no dia seguinte.

— Eles lutam com crianças? – Jimin perguntou para si mesmo, de olhos arregalados para Yoongi e Kyara, que agora tocavam suas espadas no alto, como se fosse um tipo de cumprimento.

— Relaxa, é uma luta amistosa e pacífica, só para treinar os aprendizes – um homem falou ao seu lado, se aproximando. Jimin se virou para ele, entretido. – O único objetivo é derrubar o adversário. Sem mortes.

  O homem era alto e magro, o que condizia bem com o seu rosto fino e bem desenhado. Seus cabelos eram escuros como os de Jungkook e seus olhos transmitiam uma calmaria gigantesca.

— Uma luta amistosa com espadas e o mestre de Jungkook envolvido não me parece tão...Pacífica.

— Você vai ver – ele sorriu de um jeito amigável, o que fez Jimin assentir e sorrir de volta. – Eu sou o Taemin. Qual é o seu nome?

O ruivo apertou a sua mão de um jeito amigável, parando para pensar quando foi a última vez que conheceu uma pessoa de um jeito tão suave. Quando conheceu Taehyung, o garoto estava atrás do arbusto e até mesmo lhe foi apontada uma faca. Quando conheceu Jungkook, foi amarrado aos pés e tentou matar o comandante logo depois. Ele sentia falta de conversar tranquilamente com alguém, sem se preocupar com seus problemas.

— Sou Park Jimin.

— Eu sempre quis falar com você, sabia? Q-Quero dizer, eu te vejo na enfermaria quase todos os dias.

— Jura? Por que simplesmente não falou antes?

— Eu provavelmente ficaria nervoso perto de você – ele confessou, sorrindo novamente. Jimin encostou em uma árvore, cruzando os braços, vendo o outro se aproximar mais. – Sabe, você é realmente lindo.

  Que direto, Jimin pensou. Estava mesmo flertando com aquele cara que mal conhecia? Sim, ele parecia muito legal, mas...O ruivo não sabia explicar, apenas sentia algo diferente sobre se relacionar daquele jeito com alguém.

— Bem, obrigado. Agora que nos conhecemos, pode falar comigo sempre que quiser. – ele disse, colocando as mãos nos bolsos da calça. – Ei, preciso voltar para o meu dormitório. Nos vemos amanhã.

Depois de se despedir, Jimin andou lentamente de volta para o seu dormitório. Estava entretido em seus próprios pensamentos sobre Taemin, distraído com as palavras que saíram de sua boca, era estranho estar flertando com alguém pela primeira vez na vida. Estava tão perdido em seu próprio mundo que só foi acordar para a realidade quando sentiu uma mão forte agarrar o seu pulso.

Ele deu um pequeno pulo com o susto, sentindo seu coração se acelerar por um segundo. Sua respiração só se suavizou quando viu que o dono dessa mão forte era Jungkook.

— Oi – Jimin tinha seus olhos brilhando quando o comandante apareceu em seu campo de visão. Odiava agir como um bobo, principalmente na frente dele, mas era impossível evitar. – O que foi?

Jungkook segurou em sua cintura com uma das mãos, o puxando para perto com a sua possessividade habitual. Jimin tinha que admitir que ficou surpreso com aquilo, afinal eles estavam em um lugar público. Mesmo que estivesse vazio e escuro naquela hora, ainda havia o risco de serem vistos.

Jimin tentou se inclinar para beijá-lo, colocando as mãos pequenas em seu peitoral, mas ele desviou o rosto rapidamente, fazendo o outro dar um breve selinho acidental em sua bochecha. O ruivo o encarou, confuso com aquele ato.

— Quem era aquele cara que estava falando com você? – perguntou, sendo direto como sempre. Claro que Jungkook sabia quem era, Taemin era o seu segundo melhor soldado, apenas queria saber como Jimin o descreveria. Nem sabia se isso fazia algum sentido fora de sua mente.

— Ah, era o Taemin. Ele é...É um cara legal – Jimin falou, um pouco decepcionado quando Jungkook se afastou de si. Mordeu o lábio inferior, sentindo falta de um corpo quente perto do seu. –  Isso é tudo que tem para me dizer? Que droga, Jungkook.

Na opinião de Jungkook, aquilo já estava indo longe demais. Eles não podiam ficar se beijando, dizendo coisas bonitas um para o outro, se encontrar todo dia, eles não podiam fazer nada disso. O comandante já havia passado muito dos limites quando o beijou pela segunda vez, não queria criar a uma falsa ilusão de que aquilo podia realmente funcionar do jeito que eles queriam. Havia uma razão para todos os comandante terem que permanecer solteiros, certo?

— Está tarde, você precisa descansar. Além disso, é perigoso ficar aqui fora – falou, parecendo sequer ter escutado o que o mais baixo tinha dito. Jimin apenas assentiu, visivelmente magoado com o jeito robótico que estava sendo tratado, como se ele fosse apenas mais um de seus soldados. – Quer que eu te leve até o dormitório?

— Não. Você já fez o suficiente por hoje, comandante – sorriu com um ar de tristeza.

Os dois se separaram mais uma vez, agora definitivamente, já que Jungkook sequer olhou para trás enquanto caminhava até seus aposentos. Ele não fazia aquilo de propósito, também doía muito nele dizer aquelas palavras quando tudo que queria era abraçá-lo e puxá-lo para um lugar onde eles pudessem ter um pouco de privacidade, mas ele foi ensinado a pensar assim durante a sua vida inteira. Era muito difícil esquecer de tudo que aprendeu sobre como ser um comandante.

Jimin continuou no pavilhão, andando sem destino. Caminhar lhe ajudava a pensar, ele já estava cheio de ficar dentro de um cômodo. Também estava cheio das mudanças de humor repentinas de Jungkook, que um dia o queria com todas as forças, mas no outro o tratava com a maior indiferença possível. O ruivo entendia que aquela era uma de suas obrigações como líder, ele não poderia ser facilmente maleável com qualquer um, se não seria considerado fraco, mas Jimin não era qualquer um. Sabia que não era.

Começou a ouvir um farfalhar de folhas mais alto do que o normal, sentindo sua pele se arrepiar pelo medo repentino. O pavilhão estava vazio, estava escuro...No entanto, parecia que tinha alguém escondido atrás dos arbustos da floresta, o observando.

— Tem alguém aí? – ele arriscou perguntar, se inclinando um pouco para ver algo. Suas pernas fraquejaram quando ouviu uma risada baixinha e masculina vinda dos arbustos. Suas mãos escorregaram para o suporte na coxa, onde ele guardava uma faca, empunhando a lâmina com propriedade. – I-Isso não tem graça!

A última de que se lembrava era uma dor aguda no pescoço e cair no chão, como se estivesse sido drogado, posto para dormir rapidamente. Ele perdeu completamente o controle de seu corpo, seus olhos estavam quase fechado, ele podia ver a sombra de dois homens parados em sua frente.

— O rei vai ficar feliz em saber que achamos a vadia do comandante.



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