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História O Comandante (SENDO REESCRITA) - Ele é especial


Escrita por: littlefairy22

Capítulo 8 - Ele é especial


"Estou cansado dos jogos

 Eu só quero ele de volta

 Eu sei que sou um mentiroso 

 Mas, porra, se ele tentar ir embora de novo 

Eu vou amarrá-lo na cama 

 E tocar fogo na casa "

(Love The Way You Lie - Rihanna feat.Eminem)

Jungkook acordou com a notícia de que o prisioneiro havia fugido.

   Ele mal teve tempo de respirar fundo. Levantou rapidamente da cama, afinal quase não tinha dormido naquela noite, e foi direto para a sua sala, se sentar no seu trono e esperar por mais notícias. Keana e os membros do Conselho entraram na sala como se todo o acampamento estivesse sendo dizimado, todos falando ao mesmo tempo e ofegantes como se tivessem corrido uma maratona. 

— Eu tive o maior trabalho de pegar aquele filho da puta, como deixaram ele fugir? Isso foi pura falha de segurança, Jungkook, isso aconteceu porque um de seus homens não estava onde deveria – Keana afirmou, com certo rancor na voz, encarando Jungkook como se estivesse realmente esperando que o comandante saísse de onde estava e fosse caçar o tal homem para jogar aos pés dela.

  Jungkook encarou Namjoon, já que era ele que deveria estar guardando a cela. Reparou que o soldado estava com um chupão no pescoço e uma expressão culpada no rosto. O comandante tomou uma nota mental de repreender o moreno mais tarde. Ele não era idiota, sabia que ele estava tendo um caso com um dos garotos da cozinha, ele apenas achava que Jeon não via nada do que estava acontecendo,achava que conseguia esconder as coisas muito bem. Estava começando a evitar de mandar Namjoon em algumas missões por causa disso. Afinal, ele poderia estar amando.

E amor é fraqueza.

— Eu vi aquele ruivo andando pela base de madrugada! – de todas as altas vozes que discutiam, Jungkook ouviu essa frase em alto e bom som, por se tratar de Jimin. Assim que viu que o comandante havia prestado atenção, a mulher, que Jeon reconhecia como sendo uma das caçadoras, ajeitou sua postura e continuou. – Eu estava voltando com a minha caça da madrugada e vi alguém com cabelos vermelhos. Ele é o único ruivo aqui, não é? Tenho certeza que ele estava indo pelo caminho que leva à cela. Além disso, ele foi o único que protestou contra a pena do prisioneiro. E se ele for um infiltrado?

Oh, não.

Park Jimin, você não fez isso.

— Tirem o Jimin do dormitório e o levem para a arena – Jungkook falou, entre dentes. Ele estava com tanta raiva que sua boca poderia espumar a qualquer momento, ele sentia o maxilar doendo de tanto ser travado. Todos da sala, menos Keana, ainda estavam parados, parecendo um pouco assustados pela aparência ameaçadora do comandante. – Agora!

Depois que eles saíram, Jungkook ficou andando de um lado para o outro na sala, pensando em momentos que possam ter indicado que Jimin era um infiltrado, mas não descobriu nada. No dia do lago, o ruivo poderia ter deixado os soldados do Reino o matarem, ele poderia deixar de fazer o curativo, ninguém estava vendo mesmo. Talvez não fosse um infiltrado, talvez fosse apenas um filho da puta desobediente, e, bem, Jungkook sabe lidar com gente desobediente.

Ele chegou na arena, vendo a multidão que se formou. Eles estavam lá porque sabiam que era na arena que as raras punições ocorriam, já que a grande estaca de madeira estava fixada ali. Seus soldados faziam um círculo ao redor de Jimin e da estaca, separando-o do resto do povo. Jungkook abriu caminho entre as pessoas e sequer disse nada, apenas foi até Jimin, agarrando o ruivo pela gola da camisa e o arrastou até a estaca, o prendendo ali com a ajuda de sua espada.

— O que tem de errado com você? – perguntou, quase cuspindo as palavras. Esqueceu de todos ao redor, estava puto demais com Jimin por ter traído sua confiança. Ele não tinha esse direito!

  O ruivo mantinha os olhos arregalados pela agressividade de Jeon e a boca entreaberta pela dor que sentia com seu aperto. Jungkook era realmente forte demais para ele e seu olhar frio não ajudava em nada. Seu poder era tanto que Jimin poderia até acreditar ser culpado, sem sequer ter feito alguma coisa errada.

— E-Eu sinto muito, comandante, mas eu...

Jungkook, como sempre, não o deixou terminar. Segurou em seus cabelos, puxando sua cabeça para trás com certa brutalidade, fazendo Jimin cerrar os dentes. O comandante encarava seus lábios fixamente, vez ou outra desviando para seus olhos, com a mesma expressão fria de sempre. 

— Nada está me impedindo de cortar a sua garganta agora mesmo. Quero que me responda uma coisa e é melhor pensar bem no que vai falar – fez uma pausa, recebendo um aceno de cabeça frenético. – Por que soltou o prisioneiro?

— Eu só queria que ele tivesse uma segunda chance – Jimin percorreu a língua pelo lábio inferior, se impressionando por não ter ficado gaguejando como um idiota enquanto falava isso. Mas logo sentiu tudo se perder, porque Jungkook voltava a olhar para seus lábios, ele parecia perdidos neles e isso fazia Jimin queria tomar uma atitude. – Ele vinha plantar uma bomba, mas ele não teve coragem, então se livrou dela e fugiu daqui antes do ataque, por isso sua prima conseguiu o alcançar. Ele foi ameaçado e o namorado dele está doente, ele...

Jungkook realmente não se comoveu com aquela história. As pessoas inventavam absurdos para não serem mortas, para gerar comoção. Na verdade, o comandante estava impressionando com Jimin, que colocou sua vida em risco para salvar um cara que nem conhecia e ajudá-lo a salvar um namorado que provavelmente fora inventando por ele. Ou no dia em que colocou seu orgulho de lado e se curvou para salvar a vida de seu amigo. Até mesmo quando ele o seguiu no dia da ataque e o salvou daqueles homens, logo depois mentindo sobre tudo o que aconteceu só para que Jungkook não sofresse com as reclamações do Conselho. Como a mente de Park Jimin funcionava? Como ele conseguia se sacrificar tanto por razões que não valiam a pena?

— Eu não estou interessado em saber sobre o namorado dele, Jimin. Estou interessado em saber o porquê de você achar que poderia passar por cima de uma ordem minha. Se você havia descoberto algo novo, então deveria ter me chamado e ficaria dependente da minha decisão. Quer me explicar a sua atitude?

— Eu não sei, Jungkook, eu não sei. Eu achei que você não fosse me escutar e fosse matá-lo na primeira oportunidade, então agi por impulso. Mas, por favor, tenta me entender.

— Entender você? Por que eu faria isso? Pelo que eu sei, você já se envolveu em duas situações de traição até agora. Não é engraçado como o ataque aconteceu logo depois de você ter chegado? – Jungkook mostrava sua decepção em palavras, no jeito que travava o maxilar e seus olhos estavam quase cerrados. – O que vai fazer desta vez? Vai se ajoelhar de novo e prometer que vai me obedecer?

   Jimin suspirou, desistindo de tentar convencê-lo. Jungkook afrouxou o aperto em seus cabelos, dando uma olhada na multidão que se reunia em volta deles.

— Não. Me puna como achar melhor, comandante. 

Jungkook levou suas mãos para a barra da camisa de Park, a puxando para cima e retirando logo em seguida, tudo isso olhando em seus olhos. Jimin ergueu seu olhar para ele, tentando não se envergonhar por deixar seu tronco descoberto e por receber o olhar do comandante. O moreno o virou de costas, entrelaçando suas duas mãos no topo da estaca como deveria ser. Jimin já tomou uma punição no Reino antes, então já sabia como era. O comandante percorria os dedos calmamente por suas costas nuas e isso o deixava completamente arrepiado.

O mais novo se virou para a multidão, encarando aquela cena com dúvida, afinal eles não tinham ideia do que estava acontecendo. Para eles, Jimin era só um enfermeiro que trabalhava com Hoseok. 

A yu nou, oso don ge jomp on yester – ele começou a falar para seu povo. Jimin tinha que admitir que ficava curioso sobre aquela língua que eles desenvolveram, era como um dialeto que só os Rebeldes. Se tivesse tempo, e se fosse viver depois daquilo, gostaria de perguntar à Hoseok sobre isso. – Keana brou a honon to oso stegeda. Jimin frag em op, ba disha laik wron, em souda gyon au gon ai. 

  Jungkook terminou de falar e voltou para o lado de Jimin. Sussurrou "me perdoe por isso, hyung" quase inaudível e fez o primeiro corte em suas costas com a espada que carregava. Sentiu a lâmina raspando sua pele e cerrou os dentes. Não queria fazer nenhum barulho, mas não pôde conter um gemido baixinho de dor quando o segundo corte foi feito, agora em outro local. Não sabia quantas vezes seria cortado, mas decidiu que iria descontar a dor em sua própria mão, cravando as unhas pequenas em sua palma. 

— Hobi – Jungkook ouviu a voz baixa de Taehyung na multidão e se virou discretamente, vendo o pequeno escondendo o rosto no peito de Hoseok, que o abraçava. O comandante se sentiu desconfortável com a cena. – Está machucando ele. 

   Jungkook estava tenso. Tinha Jimin de costas para si, de olhos fechados, quebrado, submisso a tudo que o outro fizesse. Por que Jungkook se sentia tão mal com aquilo? Ele já aplicou diversas punições antes, afinal, essa não deveria ser diferente.

Jimin seguiu daquele jeito pelos próximos três cortes. Suas costas ardiam como o inferno, ele já estava ficando tonto e mal se aguentava em pé naquela estaca, cairia no chão assim que desse o primeiro passo. Sentia o sangue dos seis cortes escorrerem como um melado, chegando até sua calça e impregnando aquele cheio horrível e metálico. Ele só precisava de um banho.

— Não volte a quebrar as regras, não quero ter que fazer isso de novo – Jungkook falou baixo para que apenas ele escutasse. Jimin não estava nem em condições de assentir, apenas abriu e fechou os olhos, tentando focar no comandante, mas sua visão estava começando a ficar turva. O moreno se virou para o povo novamente – Na lei, essa punição requere dez cortes feitos por pessoas diferentes da base. Mas Jimin é fraco, ele não aguentaria tudo isso e acabaria morrendo. Este não é o nosso propósito aqui, ficou claro? Ele aprendeu a lição, isso é o que importa.


  Jimin sentiu braços o erguendo do chão e concluiu que era Hoseok o pegando no colo. Ele descansou a cabeça no ombro do amigo, que agora tinhas as mãos apoiadas em suas coxas grossas, completamente inconsciente de tudo que estava acontecendo ao redor deles. Apagou completamente.

 

(X)

 

  Jimin acordou se sentindo meio tonto. Não havia aberto os olhos ainda, mas podia sentir que estava deitado em uma das camas da enfermaria e percebeu que já havia um curativo envolvendo seu tronco. A dor em suas costas havia parado um pouco e ele tinha que agradecer à Hoseok por isso. Aliás, tinha que agradecer à Hoseok por tudo. Se sentia mal de ter que deixar o outro com a responsabilidade de cuidar de Taehyung.

 

— Como ele está? – ouviu a voz de Jungkook e manteve os olhos fechados, fingindo dormir.

 

— Melhor. Já dei os pontos e apliquei uma dose de morfina assim que ele chegou, então acho improvável que ele sinta dor durante a noite – Hoseok respondeu, seco. Provavelmente estava com raiva do comandante, já que ele era o culpado daquela situação, mas Jungkook não parecia se importar muito com isso. Jungkook não parecia se importar com nada, na verdade – Preciso ir agora. Fique aqui por um tempo e, quando der oito horas, dê um analgésico para ele.

 

  Jimin ouviu a porta sendo fechada e um silêncio se instalou na enfermaria. Se sentia estranho em ficar sozinho com Jungkook, não que fosse medo, era apenas...Receio? Ninguém poderia culpá-lo, afinal nenhuma pessoa era capaz de entender Jeon, ele era tão surpreendente, mudava de expressão e de tom de voz tantas vezes que ficava difícil entender quem ele realmente era. Ele assustava muita gente, mas também conquistava o respeito e admiração, muito diferente de Chung-Hee.

 

  O ruivo sentiu a mão do comandante lhe fazer um carinho gostoso nos cabelos, os penteando para trás com os dedos. Jimin quase sorriu, afinal aquilo era tudo de que ele precisava naquele momento e ainda era vindo de Jungkook. O afago migrou de seus cabelos para o rosto, segurando seu maxilar delicadamente e acariciando sua bochecha.

 

Me beija logo, Jimin queria dizer

 

O mais velho resolveu finalmente abrir os olhos. Ao contrário do que esperava, Jungkook não tirou sua mão do rosto dele o mais rápido possível, ele a repousou sobre o peito do ruivo. Jimin estava estranhando aquela proximidade. Os dois homem ficaram se encarando um tempo, provavelmente pensando no que diriam, como começariam uma conversa depois do que aconteceu.

 

— Como se sente, hyung? – Jungkook perguntou, se sentando ao seu lado na cama.

 

Jimin ainda era uma questão interessante para Jungkook. Alguns nascem com a grandeza, alguns tem a grandeza imposta a eles e os outros a conquistam. Jimin era grande por ainda acreditar na bondade, que havia se tornado algo completamente corrompido no mundo deles. O fato de ele querer ajudar um estranho, mesmo que corresse o risco de ser punido por isso, impressionava o comandante.

— Péssimo – ele resmungou, virando o rosto para o outro lado. Parecia uma criança fazendo manha e ele odiava agir desse jeito, mas era incontrolável, ainda estava muito chateado pelo fato de Jeon não ter confiado em sua palavra. – Você me chamou de fraco. 

Jungkook bufou.

— Deveria ser grato pelo que houve hoje, qualquer membro do Conselho no meu lugar te mataria sem qualquer hesitação. Você está agindo como uma criança.

Jimin quase riu com aquilo. Jungkook queria mesmo chamá-lo de criança? Não era ele que tinha dezoito anos ali. Além disso, é óbvio que ele não se sentiria grato por ser punido injustamente na frente de todos. O que aquele cara tinha na cabeça?

— Criança? Devo te lembrar que sou cinco anos mais velho que você e é por isso que você me chama de hyung?

— E ainda consegue ser o mais infantil de nós. Aliás, eu te chamo de hyung porque eu te respeito, não porque você é mais velho.

— Olha, você realmente não precisava ter feito o que fez. Sim, eu errei em ter te escondido aquilo e eu sei que foi burrice minha de não ter te contado, mas eu só queria que você tivesse me escutado por um segundo. Eu sei que seu povo está na minha frente, mas...

— Você é o meu povo – Jeon o interrompeu, voltando a acariciar seu rosto com o polegar. O coração de Jimin falhou com aquela frase sendo dita com tanta convicção por ele.

— Até parece, Jungkook. Tudo o que você fez desde que eu cheguei foi fazer eu me sentir como se não pertencesse à esse lugar, mesmo quando essa não era realmente a sua intenção – Jimin suspirou, inclinando a cabeça para aproveitar o carinho que sua mão fazia em seu rosto. – Por que você não é igual aos outros membros do Conselho? Por que não me matou logo na primeira vez que me viu? Teria evitado muita coisa.

— Porque eu preciso de você. – Jeon encostou sua testa na dele, respirando fundo. – Eu preciso de você, Jimin.

— Se quer que eu fique com você, se precisa de mim, então me mostra. Deixe-me ver quem você é de verdade – Jimin pediu, falando rente a seus lábios. Estava quase o beijando, mas Jungkook hesitava, ele parecia querer beijá-lo mais que tudo, mas também tinha medo das consequências

— Eu não posso – ele falou, balançando a cabeça rapidamente. Olhou para baixo, sussurrando as frases seguintes como se fossem mantras. – Eu não posso cometer erros tão idiotas. Eu não posso falhar. Eu não posso deixar que saibam que estou sendo fraco.

— Jungkook, olha para mim. Você é humano. Humanos cometem erros, se apaixonam, mentem, falham, eles precisam de outros humanos, é simplesmente o que nós somos – o ruivo segurou em seu maxilar. Jungkook olhava para sua boca como se sua vida dependesse daquilo, então Jimin se inclinou um pouco na cama e selou seus lábios nos dele em um selinho rápido. O comandante arregalou os olhos de um jeito adorável.

  Esperava tudo de Jungkook. Esperava que ele se afastasse, que empurrasse o mais velho, que gritasse com ele, absolutamente tudo, só não poderia prever que o comandante o beijasse de volta. Eram apenas selinhos, quase desesperados, mas, mesmo assim, isso já era considerado a melhor coisa do mundo por Jimin. O comandante segurava seu rosto com firmeza, a testa ainda apoiada na dele, sentindo que poderia chorar a qualquer momento.

— Eu...Eu tenho que voltar aos meus afazeres. Adeus – Jungkook falou, se levantando da cama rapidamente. Saiu da enfermaria sem querer olhar para o mais velho, pois sabia que, se o fizesse, iria desabar ali mesmo.

Ele olhava para o alto o tempo inteiro, mordendo o lábio inferior, tentando se recompor. Nunca foi do tipo que perdia o controle e chorava facilmente, não na frente de outras pessoas, ele só precisava aguentar até que chegasse em seu quarto e ficasse sozinho. Mas tudo se acumulou em sua mente de uma vez só, as palavras de Jimin não ajudaram nem um pouco, pois elas só o lembravam de que não haveria futuro para os dois. Não há nenhum universo paralelo que permita que os dois fiquem juntos ou qualquer coisa do tipo.

— Jungkook, quero falar com você. É sobre o ataque – Keana apareceu na sua frente, logo na hora que ele estava bem perto de seus aposentos.

— Podemos falar disso outra hora – ele afirmou, se sentindo patético por ter soado tão quebrado. Ele era ridículo, um completo fraco. – Quero que vá até a enfermaria, Jimin precisa de um analgésico e Hoseok não está lá. É uma ordem.

Keana havia reparado que o comandante não estava nada bem. Mesmo com a relação completamente conturbada e problemática dos dois, ela ainda se sentia péssima em saber que o primo estava sendo tão sobrecarregado. Eles costumavam ser muito próximos quando crianças e Jungkook teve que amadurecer muito cedo para se adaptar ao estilo de vida dos Rebeldes. Desde pequeno, o garoto foi obrigado a conhecer a maldade e a crueldade dos homens.

— Jungkook me mandou aqui. – a morena falou, entrando na enfermaria e logo avistando Jimin na primeira cama. Ele parecia irritado com a sua presença, realmente parecia não gostar dele – Mas não se sinta especial, ele faz isso com todos os novatos que tomam a primeira punição.

— Não quero que me toque. Você é completamente maluca.

— Você está com muita marra para quem chegou aqui amarrado e amordaçado – ela falou, colocando o comprimido e um copo com água na cômoda perto da cama. Se sentou em uma das camas vazias, de pernas abertas. A garota reparou que o ruivo não parava de olhar para ela. – O que foi, garoto? Quer me perguntar algo ou só achou a vista interessante?

— Por que você não é a comandante? Por que Jungkook foi escolhido, se vocês provavelmente treinaram juntos? – ele perguntou, fazendo a outra sorrir com a audácia.

— Acha mesmo que eu não tentei ser? Yoongi não viu em mim o que viu nele, eu não tenho a capacidade de diplomacia que ele tem, não sou calma como ele, não tenho a sua paciência, eu não...Eu não sou ele – ela admitiu, dando de ombros. Jimin ouvia as palavras em silêncio, pensando em como deve ter sido para ela ver seu primo ser escolhido como comandante. – Nunca vou entender o acordo que ele fez com Chung-Hee, eu sempre vou culpá-lo pela morte do meu namorado, mas eu não faria metade do que ele faz. Ele desistiu do amor, desistiu de ter filhos, abriu mão de infância e até da própria vida para garantir que seu povo ficasse vivo. Hoje, por exemplo, se ele não tivesse te punido, dependendo da gravidade de seu crime, ele sofreria a punição.

— Como podem fazer isso com ele? – Jimin sussurrou. A cabeça de Jungkook deveria ser uma confusão. Ele foi moldado e criado para seguir uma doutrina, tendo que desistir de tudo para que a concluísse com sucesso. – Sequer lhe deram uma escolha, apenas jogaram espadas e armaduras para uma criança! Olha o que o forçaram a fazer!

— Ele só está cumprindo seu destino, Jimin – ela falou, o encarando fixamente. – Eu realmente não queria que ele carregasse tanto peso nos ombros, queria poder tomar seu lugar e acabar de uma vez com essa guerra sem motivo e sem vencedor, mas eu não fui e nunca vou ser a escolhida.

— Escolhida por quem?

— Pelo espírito de Chayo.

— Eu não acredito nisso – Jimin riu seu humor, impressionando com a similaridade do Conselho e do Reino. Olhando daquele jeito, eles realmente não pareciam muito diferentes entre si. – Eles realmente colocaram uma criança no comando porque acreditam que o espírito de uma mulher que morreu há anos pode intervir nisso. Eles são doentes!

— Acredite no que quiser – Keana sorriu levemente com a sua desconfiança. Seus olhos travessos indicavam que ela sabia de algo muito maior do que aparentava. – Ele é especial.

Porém, Jimin só conseguia pensar que, sim, Jungkook era muito especial.



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