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História O Comandante (SENDO REESCRITA) - O novo aprendiz


Escrita por: littlefairy22

Capítulo 9 - O novo aprendiz


 

"Eu estou bem aqui esperando por você, aqui estou eu

Olhe para mim

Em busca da sua aceitação, você ao menos dá a mínima?

Olhe para mim

Abra seus olhos

Você não pode ver que eu sou bom o suficiente?"

(Good Enough - Jussie Smollett)

Dois dias depois

As coisas estavam mais calmas na base dos Rebeldes e isso significava que já estava na hora de ir.

  Jungkook estava realmente nervoso com aquela reunião. Não que estivesse com medo de Chung-Hee ou algo do tipo, ele sabia que estaria bem protegido assim que saísse da base, mas isso não o impedia de pensar sobre o que poderia acontecer se o acordo de cessar-fogo fosse quebrado. Eles tinham recursos para revidar qualquer ataque, mas o comandante não era tão pretensioso, sabia que iria perder muitas pessoas, então só recorreria à guerra se fosse extremamente necessário.

— O jipe está pronto. Dois soldados armados vão na frente, você vai atrás – Namjoon explicava e Jungkook assentia, se preparando para ir. Ele estava abotoando a calça e era tão íntimo do outro que nem se preocupou em se apressar para não mostrar seu corpo – Atrás e na frente do jipe, vão estar quatro Cyphers, que irão nos seguir à cavalo. Keana sabe que não pode ir porque o rei está atrás dela, mesmo que a gente não saiba o porquê, então tomou a liberdade de mandar seus homens. Eles vão servir para assustar um pouco.

— Entendi. Mas, antes de continuar, tenho que dizer uma coisa – Jungkook disse, terminando de colocar sua armadura. Ele havia pensado sobre aquilo há um tempo, ainda estava meio hesitante sobre a decisão, mas, se fosse para proteger o grupo, então ele faria – Você não vai. Quero você aqui, de vigia nas fronteiras do acampamento e garantindo que meus aprendizes estão sendo tão bons quanto meus soldados.

  Os homens do Reino costumavam espionar muito. Um soldado como Namjoon, que é tão próximo de Jungkook, provavelmente é bem conhecido por eles. E se, enquanto eles estivessem numa missão de risco, Chung-Hee colocasse Jin em perigo? Sem dúvidas, Namjoon não iria medir esforços para resgatá-lo e poderia até cair em uma sessão de tortura até que revelasse alguma coisa. Era perigoso, tanto para os dois quanto para o acampamento inteiro. Ele se tornava mais fraco simplesmente por gostar de alguém e Jungkook não poderia tolerar isso. 

Seu exército dormia e acordava já pronto para a guerra, ele não poderia perder tempo com amor.

— O quê? – Namjoon questionou, ainda sem acreditar naquilo. Durante muito tempo, ele batalhou para estar sempre ao lado do comandante, ser seu braço direito e realmente conseguira, Jungkook o considerava muito. Ser dispensado de uma missão pela primeira vez o chocou um pouco – Eu sou o seu melhor soldado, Jungkook. Você sabe disso!

— Sei. Mas também sei que eu escolho os que vão e os que ficam – ele falou, prendendo as duas espadas nas costas com ajuda de um apetrecho simples. Pesava um pouco, mas não não era nada que ele não podia lidar. – E você fica.

Sem dizer mais nada, Jungkook saiu do lugar, deixando um Namjoon furioso para trás.

O comandante tinha a cabeça cheia. Pensou em tudo que tinha feito e no que ainda teria que fazer. Se perguntava se as pessoas confiariam nele do mesmo jeito se soubessem que Jimin o beijou e ele não resistiu nem por um segundo. Um líder deveria ser como uma rocha sólida, onde o povo deposita suas esperanças e sonhos para um futuro melhor, então ele tinha que permanecer forte e esperançoso quando ninguém mais estava. Sim, ele era a pessoa pela qual seus guerreiros morriam para defender, mas também era a pessoa que ficava depois de todos os sacrifícios. Ele vivia com a lembrança de todos que já foram em sua mente, ouvia suas vozes, tinha pesadelos com eles, mas, mesmo assim, queria não só ser o comandante que morreria pelo seu povo, mas que vivia por eles também. Vivia para defender e salvar o máximo de vidas, ele não queria que isso mudasse só porque ainda não tinha certeza de como agir quando ficava perto demais de Jimin.

Provavelmente, o ruivo ainda estava sob o efeito da morfina quando fez aquilo. Ele estava tonto e confuso, sentindo dores e o comandante era a única coisa estável perto dele, então ele certamente agiu em um impulso de se agarrar. Talvez ele só precisasse de alguém naquele momento, só isso.

Perdido e distraído em seus próprios pensamentos, esbarrou em um corpo pequeno à sua frente. Ele teve que se recompor do susto e encarou Taehyung, que abriu e fechou os olhos de um jeito assustado, parecendo se questionar se havia esbarrado justamente em Jeon.

— Sinto muito, comandante – ele disse quase em um sussurro, de cabeça baixa.

— Ei, tudo bem. Não precisa ter medo de mim – Jungkook falou, tentando oferecer um sorriso caloroso antes de se abaixar um pouco para conversar com o outro. – Jimin está na enfermaria?

Taehyung não era um garoto comum. Ele via através das pessoas, era quase um dom. Observava que, mesmo quando Jungkook sorria, ele ainda parecia triste. Seus olhos escuros transmitiam angústia e cansaço, mesmo que seu sorriso parecesse muito bonito. O comandante carregava aquela aura negra e carregada ao seu redor, como se algo estivesse o assombrando a cada passo. 

— Depende – o mais novo respondeu, ainda com uma mágoa em sua voz, desviando o olhar – Você vai machucar ele de novo?

— Não, não vou. Aquilo foi só um mal entendido – Jungkook engoliu em seco. Sabia que Taehyung deveria ter tido uma criação diferente das outras crianças ali. Por mais que os treinamentos dos Rebeldes fossem rígidos, eles eram unidos, lutavam como irmãos e o comandante duvidava que o menor aprendera sendo empregado no castelo, então ele poderia esperar uma agressão a qualquer momento e seu afeto por Jimin só agravava o problema – Já nos acertamos.

Taehyung fez algo pelo qual Jungkook não esperava. Ele segurou sua mão levemente e sussurrou um "Vai ficar tudo bem, você vai conseguir passar por isso" para o comandante. Ele disse aquilo com muita convicção, como se soubesse exatamente o que se passava na cabeça do outro, como se desconfiasse das suas dúvidas sobre seu próprio comando, parecia até que estava prevendo algo sobre seu destino. Aquilo impressionou Jungkook.

— Sabe, Taehyung, acho que você poderia ser um bom guerreiro.

O mais novo apenas balançou a cabeça, abaixando o olhar de um jeito triste.

— Não, eu não seria. Que tipo de guerreiro entra em uma batalha sabendo que, se for machucado, a ferida não vai cicatrizar como a dos outros? Ou que tem que tomar uma injeção estúpida todo dia, pois corre o risco de morrer se não o fizer?

  Hoseok havia lhe explicado tudo sobre a doença. Ele disse que o excesso de açúcar no sangue acabava afetando a circulação e a capacidade do organismo de combater uma infecção. Então, se um machucado dele não fosse tratado corretamente, poderia se tornar algo muito mais sério. Se demorasse demais, o tratamento ficaria mais doloroso e poderia se agravar, talvez até necessitando da amputação do membro.

Quando ele lhe disse isso, Taehyung ficou completamente apavorado. Hoseok prontamente o abraçou e disse que não deixaria que ele sofresse de nada daquilo, que cuidaria dele para sempre. Isso fazia o pequeno querer chorar, o enfermeiro era tão bom para ele.

— Do tipo corajoso – ele falou, fitando o outro – Meus homens observaram a sua fuga do Reino. Ficar sozinho por uma semana pode ser realmente assustador, principalmente para uma criança. Achei surpreendente você ter saido por sua conta e ainda ter dado um jeito de roubar as injeções. Nem todos têm essa coragem.

Taehyung estava confuso. Fazia mesmo uma semana que ele estava andando sozinho antes de encontrar Jimin? Pareceu muito menos tempo em sua cabeça.

— Acha mesmo que sou corajoso? – ele perguntou, com os olhinhos levemente arregalados. – Que eu posso ser um guerreiro como você?

— Na verdade, eu mesmo vou te treinar, com a ajuda do meu mestre. Acho que você ficaria bem com um arco e flechas, talvez até com uma besta se eu conseguir mais tempo – ele sorriu novamente para o pequeno, que se mantinha surpreso. – Também vou te ensinar a falar a nossa língua. Quero te transformar no melhor arqueiro dessa base.

O mais jovem assentiu, ainda feliz demais com aquela ideia. Ele sempre se achou inútil por ser jovem demais e ainda ser doente, então raramente as pessoas o faziam se sentir necessário, até mesmo Jimin o subestimava sem querer. Seria muito bom finalmente sentir que ele era parte dali, que podia proteger tanto quanto era protegido, queria aquilo mais que tudo.

Assim que os dois entraram na enfermaria, viram o lugar completamente vazio. Apenas Jimin se encontrava encostado em uma das camas, quase adormecendo. Qualquer um que se aproximasse dele veria o quanto estava cansado, ele estava trabalhando por mais de nove horas. Jungkook sorriu levemente com aquela visão de seus olhos quase fechando, ele parecia uma criança.

— Jimin! Jimin! – Taehyung pulou na cama. Jimin abriu os olhos rapidamente quando sentiu o mais novo o abraçando – Jungkook vai me ensinar a ser um arqueiro!

— Ah, ele vai? Que ótimo, meu amor – Jimin acariciou os cabelos do menor, olhando para Jungkook. O comandante entendeu, só pelo olhar do outro, que levaria um sermão logo depois que Tae saísse da sala – Já está na hora de ir até a colheita, não?

— Já. Até logo!

Assim que o outro saiu, Jimin foi até a porta e a fechou. Se virou para Jungkook com uma expressão tão nervosa que, se existissem lasers em seus olhos, o comandante já estaria morto. Aquele crime tenso entre os dois já estava de volta, eles com certeza não conseguiam conviver pacificamente entre si, pareciam dois animais.

— Você deve ter perdido completamente o juízo – falou, quase gritando. Jungkook continuava parado, de braços cruzados e com a expressão indecifrável – Faça o que quiser com as outras crianças "aprendizes", mas nem pense em encostar em Taehyung. Você não vai transformar ele num troglodita como você! Ele é um garoto doce e não precisa...

— Não precisa de quê? Não precisa saber como sobreviver aqui? – revidou, soando milhões de vezes mais calmo que o outro. Jungkook fora treinado por anos para manter o controle sobre qualquer situação, ele certamente não ficaria nervoso só porque Jimin estava dando chilique. – E se ele ficar sozinho, hein? Como espera que uma criança sobreviva no nosso mundo sem sequer saber lutar? Esperar que tudo fique bem e que você sempre esteja aqui para proteger Taehyung não é uma estratégia, é uma oração. Não é lógico esperar por milagres.

  Jimin suspirou, balançando a cabeça em negação. Odiava como o comandante não se irritava com nada do que ele dizia quando os dois estavam sozinhos, mas sempre se tornava aquele maldito controlador quando alguém os assistia. Era realmente complicado lidar com as duas personalidades do outro, ele nunca sabia o que esperar.

— Eu não gosto disso. Não gosto nem um pouco da ideia.

— Eu vou treinar o garoto, você gostando ou não. É óbvio que ele não quer ficar trabalhando com frutas e legumes para sempre, ele quer ser grande e eu sou a melhor pessoa para ajudá-lo com isso – falou, parando para refletir um pouco sobre Taehyung. 

Jungkook desconfiava que ele via coisas, que poderia até mesmo "ler" as pessoas, mas não disse isso para não parecer tão maluco, teria que investigar antes.

— Ele não pode estar em uma batalha, Jungkook, que droga! As cicatrizes...

— Acha mesmo que eu colocaria alguém como ele na linha de frente? Claro que não, ele vai ficar atrás, em cima de algum prédio ou uma superfície camuflada, exatamente como um sniper – fez uma pausa, desviando o olhar. Correu os olhos pela enfermaria, cheio de falar sobre aquele assunto. – Não foi por isso que eu vim aqui, quero que me faça um favor. Vou com um grupo até o Reino hoje, faça o possível para deixar a enfermaria vazia para quando chegarmos. Não acho que vamos precisar de muita coisa, mas é melhor prevenir.

  O mundo pareceu parar para Jimin por um tempo.

— V-Você vai ao Reino? Jeon, nós sabemos do que Chung-Hee é capaz, você vai acabar morto se for até lá assim.

— Você nunca me viu lutar – ele falou, entre dentes.

Ele parecia ter se irritado naquele momento, a dúvida sobre a sua capacidade era a única coisa capaz de o tirar completamente do sério. A linguagem corporal dos dois era fácil de ser lida naquele momento. Jimin estava batendo os dedos na calça nervosamente, claramente apreensivo com aquela conversa e desviava o olhar sempre que podia, quase sempre respirando fundo e suspirando. Jungkook tinha os braços cruzados e o maxilar cerrado, mas não ousava olhar para qualquer outra coisa que não fosse Jimin. A tensão no ar era quase palpável.

— Não, eu nunca vi, mas...Eu não sei, só estou com um pressentimento muito ruim.

— Eu tenho que ir com os meus soldados para proteger o meu povo, Jimin, que tipo de comandante eu seria se os mandasse para a morte e ficasse trancado aqui? 

— Um inteligente?

Jungkook segurou em seus braços, o forçando a olhar para ele. O ruivo não tentou se livrar do aperto, apenas recuou um pouco, meio surpreso, sendo levemente prensado na parede. Eles estavam próximos demais e isso parecia perigoso para ambos.

— Primeiro você "foge" do Reino, aí somos atacados logo depois que você se envolveu naquele problema com os chips, então não me deixa matar um soldado do rei e ainda o liberta? Está cada vez mais difícil acreditar em você, Park Jimin. 

— Meu deus, eu não acredito nisso. Eu não dou a mínima para isso aqui, eu não me importo em garantir que qualquer um dos lados vença! – ele bufou, se desvencilhando dos braços fortes do outro – Eu não quero que você vá porque me preocupo com você, Jungkook! Preocupação...Uma das únicas coisas que ajudam a manter nosso caráter em ordem, mas acho que você nunca ouviu falar disso, certo?

Jimin soube que havia dito algo errado quando sentiu aquele olhar do comandante sobre si. O ruivo abaixou a cabeça, se encolhendo um pouco.

— A base não ficará desprotegida, meus vigias vão ficar de prontidão nas fronteiras e deixei bem claro que você e Hoseok terão a minha proteção especial. Se eu não voltar em menos de três dias, meus homens têm ordens para invadir e tomar o Reino. Está tudo sob o meu controle. Não vou deixar que ninguém te machuque, Park, não precisa temer pela sua vida.

— Não é pela minha vida que eu temo, comandante.

Andou até o centro da sala, a fim de chegar à saída, mas Jungkook o segurou pelo pulso. O outro chegou tão de repente como poderia. Segurou em sua nuca e os aproximou, logo colando seus lábios. Era um beijo de verdade, não como os simples selos que deram há uns dias, e isso fez tudo parecer mais intenso. Jimin levou apenas alguns segundos para entender o que estava acontecendo e começar a corresponder. Ele pôs uma das mãos em seu ombro e a outra em seu quadril, não esperando que fosse se sentir daquele jeito, como se ele estivesse deixando ir algo que vinha segurando por muito tempo. Ele achava que poderia passar o resto da vida beijando Jungkook.

— Eu preciso ir – ele falou, deixando um beijo rápido nos lábios do outro. Quando ia finalmente se afastar, Jimin o puxou de volta, se recusando completamente a soltá-lo. Jungkook esboçou um sorriso pequeno com aquilo – Você confia em mim?

Por que Jungkook tinha que ser daquele jeito? Ele o beijava, tinha conversas suaves e o protegia como se tivesse nascido para isso, apenas para começar a agir como um soldado troglodita que não segue nenhuma ordem que não seja a sua. Ele compreendia que esse comportamento era completamente derivado da criação do outro e que ele não mudaria tão fácil simplesmente por causa de mais um novato qualquer, mas aquilo o deixava maluco.

— Eu confio – ele assentiu, ainda com as mãos em seus ombros e os olhos fechados.

— Então também precisa confiar que eu vou ficar bem – garantiu, terminando a conversa e acariciando sua bochecha. – Preciso ir.

Assim que eles se despediram e o comandante saiu da enfermaria, ele viu o jipe carregado e com os homens em seus postos, esperando por ele, então não demorou a subir no veículo também. O Reino ficava bem longe dali, provavelmente umas duas horas de viagem, o que piorava ainda mais aquela missão. Não que ele estivesse reclamando de seus afazeres, mas sequer sabia o que estava se passando pela sua mente e ficar preso em um carro por duas horas não melhorava nem um pouco a situação.

— Jungkook! – Jisoo correu até o carro, gritando pelo comandante. Ela estava ofegante e parecia alarmada, como se carregasse uma notícia muito ruim com ela. Se aproximou do maior e sussurrou para que apenas ele escutasse – Eu sei porque Chung-Hee nos atacou. Keana matou a rainha.



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