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História João Guilherme Días, o artilheiro do Riachuelo. - Maria Lúcia.


Escrita por: Guimaraes14

Notas do Autor


A família é a fonte da prosperidade e da desgraça dos povos.''
-Martinho Lutero.

Capítulo 4 - Maria Lúcia.


   Já era quase 6 da tarde quando chegou em casa, passara 3 horas conversando com o professor, sobre o mais diversos assuntos e temas, desde assuntos técnicos como engenharia e arquitetura, e até sobre política, foi quando descobriu que ele era um ‘’militante’’ das causas republicanas; ao final da conversa o professor emprestou para ele 4 volumes sobre engenharia, tudo em inglês.

         O bonde naquele dia demorou um pouco mais do que o rotineiro, enquanto o esperava ficou escolhendo minunciosamente as palavras que usaria para convencer Maria Lúcia a aceitar a oferta, a verdade é que ela era muito pé no chão, apesar de ser relativamente rica não gostava muito das longas viagens que ás vezes fazia com seu pai e mais recentemente com ele mesmo, mas ela era sensata e muito provavelmente iria ignorar isso, pelo menos era isso que ele queria.

         Já era noite quando chegou em casa, descobriu que o motivo do atraso do bonde fora um defeito no motor mas que rapidamente foi consertado, estava realmente cansado e com sono, lembrou que teria que trabalhar no dia seguinte e se sentiu como o próprio Atlas, ao entrar em casa retirou a jaqueta e foi se despindo no trajeto até o sofá da casa, ao chegar lá viu Lúcia adormecida, estava com uma camisola branca meio transparente, no qual dava para visualizar muito bem suas curvas, mas ela estava dormindo e decidiu se deitar no sofá menor, tinha que colocar os pés para cima e isso o incomodava mas estava tão cansado que simplesmente se deitou e dormiu;

            João levou Maria aos gritos para a casa da vizinha que era parteira, lembrou-se disso numa conversa que os dois tiveram quando ela reparou que Maria estava grávida; ele nem precisou abrir a porta, a vizinha já mandou ele colocar numa mesa que se localizava na cozinha.

-Meu Deus, não era para ela estar sentindo tanta dor. Anunciou a parteira.

-Fernanda! Isabel! Tragam logo as coisas.

    Logo em seguida apareceram 2 garotas que deviam serem suas filhas, uma levemente mais velha que a outra e com aparências parecidas, uma delas levava uma bacia metálica com água e outra com várias toalhas.

-Olha João, precisamos ter pressa, Lúcia pode morrer.

      Ele voltou-se para Lúcia e ela agarrou seu braço dizendo numa voz triste e desesperadora:

-Fica comigo…. Não me deixe; disse isso soluçando bastante e fazendo força para o bebê.

-Eu não vou sair daqui amor. João estava entrando em um colapso mental, se sentia desamparado, o mundo era aquele cômodo, que ficava mais a cada segundo, ele não podia fazer nada, a impotência dele era mortal e bárbara, ele via fisicamente a cena: a mulher tentando conversar com Lúcia, que estava gritando e gemendo de dor, ele olhava fixamente para Lúcia que retribuiu olhando a alma de João pelos olhos; viu de relance a irmã mais nova saindo da casa apressada.

-Para onde ela vai?

-Foi Chamar o Doutor que mora no final da rua, a sua esposa está em estado crítico.

        Fixou seus olhos de novo em Lúcia, ela cansada e soluçando, os seus olhos que ,outrora felizes transmitem calma e amor agora transmitiam medo e tristeza.

-Empurra!

        A parteira falou e ela seguiu, mas não adiantou.

-Porque não está dando certo meu deus do céu?!

     

        Ao dizer isso um homem calvo da sua idade, entrou apressado, estava com uma roupa casual e suado, trazia consigo uma valise de couro aparentemente pesada e rústic

-A senhora já tentou de tudo?

-Claro, acho que o senhor vai ter que fazer cesária.

-Espere, deixe ver se é necessário.

         Ele puxou alguns medidores e aparelhos de análise.

-Tragam álcool e acendem o fogão, vamos fazer a cesária.

        Olhou diretamente para os olhos de João e disse:

-Tomare que sua esposa seja forte.

-Ela é.

         Ou pelo menos queria que ela fosse, sabia muito bem como era a cesária, era um ritual de emergência realizado desde MacBeth, mas dependia de muitos fatores para dar certo, mais da metade das mulheres que realizavam este procedimento contraiam alguma infecção e morriam dias depois, mas tinha como dar certo e ela sobreviver.

-Você, limpa a mesa tira as roupas dela, temos que minimizar os riscos de infecção, o senhor: dê um gole desse uísque para ela, sem relutância ela aceitou a bebida.

         O Doutor voltou e vestia um jaleco branco e máscara, trazia consigo um bisturi recém aquecido na mão direita.

         Apontou para a parteira e disse:

-você e suas filhas vão me ajudar com as ferramentas e com a pele.

         A seguir se virou para mim e disse:

-E você vai segurar ela, se tudo for normal ela irá desmaiar e conseguiremos prosseguir com a cirurgia.

       Ele ficou posicionado atrás de Lúcia, que estava sendo despida pela parteira e suas filhas, as roupas estavam sujas, suadas e um pouco ensanguentadas.

       Lúcia já estava na sua quarta golada, estava levemente entorpecida pela bebida e entregou a garrafa para o médico, que tratou de espalhar a bebida na barriga de Lúcia, olhou para baixo e viu Lúcia, seus magníficos olhos castanhos o encaravam com uma docilidade que só eles no mundo poderiam exibir, sentiu uma violenta pontada de medo e do desespero,

-Vai dar tudo certo amor, você foi a melhor coisa que já me ocorreu na vida, nós vamos aposentar juntos e veremos nossos netos na varanda.

     Disse isso com um sorriso triste e lágrimas escorrendo pela sua face. e com um expressão de felicidade e tristeza ela respondeu.

-Depois de tudo que você e eu passamos,  e agora que você conseguiu ser conselheiro do governador, e depois do que você passou em Corumbá.

       O Doutor falou em alto em bom som:

-Aos seus postos!

        João fixou gentilmente suas mão cheias de cicatrizes nos ombros dela, a irmã mais velha segurou-a entre a barriga e seus seios já inchados de leite.

-Eu te amo.

-Eu também te amo.

           Ao ouvir a resposta dela olhou para o bisturi entrando na barriga dela, quase que instantaneamente Lúcia deu um grito de dor e rapidamente apagou; ao ver o doutor usando o bisturi ele se teletransportou para outro lugar, o doutor não usava mais jaleco, usava um uniforme vermelho-bege, não era branco e sim moreno, ao invés de um bisturi era uma baioneta enferrujada, os gritos de Lúcia foram trocados pelo grito de seu amigo Leonardo, ele já estava perto de lúcia, estava encostado em uma parede, com um tiro na coxa e recarregando sofridamente sua pistola, estavam em um bunker dentro da terra e sons de tiros e gritos em português e espanhol eram ouvidos, logo depois de recarregar sua pistola Leonardo pegara uma debaixo da mesa e atirou no soldado paraguaio que o estava esfaqueando,Leonardo se virou de lado e suas tripas cairam no chão, antes de morrer fixou seus olhos nos de João e assim se foi.

-Desculpas desculpas desculpas.

     Os olhos castanhos no rosto sujo de pólvora e sangue de Leonardo ainda o encaravam.

E de novo olhos castanhos, olhando mortos para dentro dele. Finalmente ela havia desmaiado.


Notas Finais


E aí, o que acharam. Quarta que vem vem mais e segunda o novo Capitulo de A vida de Nick


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