História João Guilherme Días, o artilheiro do Riachuelo. - Lúcia.

Lúcia o acordou no sofá, ele havia dormido.

-Oi amor.

-Nossa.. eu dormi mesmo, que horas são?

-São quase meia-noite já, eu também dormi um pouco.

Ela deu um risinho simpático e continuou:

-Vamos tomar um banho para podermos ir dormir definitivamente.

-Vai subindo amor eu já te alcanço.

   1,2,3,4,5,6,7..32 havia 32 ripas de madeira que separavam o térreo da casa do 1ºandar, eram ripas já desgastadas em que muitas já rangiam à menor pressão que era feita sobre elas, podia-se ouvir Lúcia fazer o trajeto habitual para aquecer a água para o banho: Apanhou uma grande bacia de ferro, encheu-a de água e a colocou na fogo, ao ouvir o barulho da pesada bacia batendo no fogão a lenha se aprontou a subir a escadaria, não iria demorar muito para água se tornar boa para o banho.

    Foi se indo para o quarto, lentamente se despindo, ainda estava muito cansado e com sono devido ao longo dia que tivera, se deitou preguiçosamente na cama felizmente era uma madrugada quente no Rio de Janeiro, então ele podia ficar só de cueca sem sentir frio, cinco minutos depois Lúcia o chama:João, me ajuda a levar a bacia. Se levantou e foi levar a bacia até o banheiro, felizmente tinham uma banheira, era pequena mas podia suportar duas pessoas se espremendo dentro dela, a água na bacia completou metade dela e o resta foi da água em temperatura ambiente vinda do cano.

-Vai enchendo aí a banheiro enquanto eu tiro a roupa.

    Mesmo depois de vários anos vivendo e fazendo amor juntos, o corpo de Maria Lúcia ainda o deixava excitado que nem um punheteiro de 15 anos ao ver a gostosinha da rua, sentia-se honrado e sortudo de tê-la, um excelente busto e glúteos de fazer inveja, um tom de pele perfeito, um rosto perfeito e um cabelo bonito, Deus é incapaz de fazer algo assim, somente alguém como afrodite e Vênus poderiam ter feito algo assim;e como uma verdadeira dádiva dos deuses, ela ainda era agraciada por um excelente coração e uma mente brilhante.

-Nossa.. então você já armou a barraca já amor?

     Não tinha reparado ainda mas tava tendo uma ereção.

-Mas vamos fazer isso só depois do banho viu, você sabe muito bem o problema que deu da última vez que tentamos isso:Sim, nós viramos a banheira e a água vazou pelas frestas caindo no sofá da dona da casa, foi um desastre.

-Nem algo mais leve?

-Só se você começar.

     A partir daquele instante eram só ela, Maria Lúcia e ele, João Guilherme, no mundo.

     Não havia nada mais santo e impuro,natural e mecânico,nada mais selvagem e romântico, nada mais humano e biológico, e  não há nada mais aprazível que o sexo, se a sociedade o controla ela irá criar meios para sair desse controle, algo que a Igreja Católica insistia em fazer mas teve que permitir os famosos prostíbulos de Florença, não se pode inibir da espécie humana algo tão prazeroso, natural e gratuito, nem sempre;Mas se a depravação e a perversão moral não forem controladas( e depois desafogadas em sexo e violência, que são as bases do homem no seu estado natural), o homem viverá em anarquia e ela não gera frutos positivos, não gera razão e nem humanidade;por isso que o Estado não pode ser um órgão controlador, pois aí o homem irá decair, e nem liberal, deve ser uma miscigenação de ambos uma hibridização de ideologias e filosofias que quando concebidas eram odiosas ao oposto, e era essa mistura que ocorria naquele momento, naquele banheiro, um branco com uma mulata, um ateu com uma católica, um liberal com uma conservadora, mas ambos concordavam em algo: no debate, na discussão cética sobre assuntos polêmicos: abolicionismo, política, filosofias e a real função da humanidade no mundo, e porque ela se tornou tão corrupta e hipócrita, e como seria possível amenizar isso(já que a aniquilação de ambas é algo utópico). Mas aquela casa alugada não era apenas uma academia científica, era um antro, um lugar utópico, podia-se dizer que eram quase um casal perfeito, eram um exemplo único em todo o império, afinal que casal ficava mais de 7 anos juntos sem se casar?, decidiram esperar para ter filhos, só faziam sexo quando ela estava na fase infértil do ciclo menstrual, ele não tivera nenhum caso com outra mulher e ela,até onde ele sabia, igualmente não. a verdade é que nós aprendemos a suportar e até aproveitar os vícios um do outro, ela odeia arrumar a casa, então eu arrumo, eu odeio cozinhar, ela o faz, e sim, nós tivemos algumas brigas, mas nada que terminasse em agressão ou dormir no sofá, em geral era sobre viagens, ela odeia ir para o interior, onde minha família mora, acha insuportável a comida e o estilo de vida, mas com uma simples conversa de ir visitar veneza se ela fosse eu consegui contornar o problema, e não, nós fomos a veneza(Muito caro).

      João pensou sobre isso enquanto Lúcia estava no colo dele, fazendo pequenas bolhas de sabão na água que já estava esfriando; ele segurou de leve o queixo de Lúcia para o seu e disse:

-Maria Lúcia você é uma menina linda,meu coração somente pertence a você.

        Ela corou muito e escondeu o rosto vermelho.

-Aí para, seu bobo.

- e para sempre vou te amar.

         Os dois deram um longo beijo molhado e ficaram juntinhos até a água ficar fria, se enxugaram e foram se deitar para finalmente dormir, deitaram-se olhando um de frente para o outro. quando ele perguntou:

-Nós já não estamos preparados?

-Preparados pra que?

-Você sabe.

           Ela deu um risinho e falou:

-Não me diga que você aceitou o suborno da sua mãe para se casar comigo na igreja?

            E ela começou a rir que nem uma lunática, e João deu uns risos para não parecer um chato.

-Você sabe que eu não to quebrado o suficiente para isso, e além do mais é outra coisa.

              Lúcia me olhou mais seriamente e disse:

-Que foi?

-Eu estive pensando já faz alguns dias e lá no banheiro eu finalmente criei coragem para dizer.

-Desembucha, eu já estou agoniada já.

-Você não acha que agora que conseguimos um emprego quase garantido, falta quase um ano para termos o diploma e já que temos recursos financeiros para algo desse tipo…

          Ele olhou no fundo dos lindos olhos castanhos dela, pegou em sua mão e disse com um ar de seriedade e confiança:

-Maria Lúcia um filho com você eu quero ter.