POV REGINA
Queria falar pra ela que eu não era esse monstro, que nem sempre tive que usar aquela armadura; queria explicar o porquê ser tão rude, tão amarga, mas tive medo, minhas inseguranças apareceram vivas em minha frente.
- Srta. Mills? – Emma me encarava preocupada e com cenho franzido
- Ah, Swan! É... – Vamos Regina, pense, pense logo! – Só queria dizer que seu expediente começa as 08h30min e vai até às 19h30min. – Sorri torto e condenei-me por ter dito aquilo novamente como desculpa
- A Srta. Já havia me dito – Ela tornou a olhar pra frente com certa indiferença; talvez eu tivesse decepcionado ela por não ter exposto o que eu realmente queria dizer, essa menina estava me deixando confusa, eu não podia nem sequer preencher minha cabeça com a hipótese de dividir algo com ela.
Contando com o dia em que discutimos, ou seja, segunda, eu conhecia ela há exatamente dois dias; não sei realmente o que estava acontecendo comigo, ou melhor; eu sabia! Mas nunca, jamé, irei admitir, nem pra Emma, nem pra Rebecca e muito menos pra mim mesma!
- Posso ligar o rádio, Swan?
- O carro é seu, Regina! – Ela falou curta e grossa, acho que nossa convivência estava rendendo aprendizados para a mocinha.
Então seguindo o que ela disse liguei o rádio, deixava sempre meu pen drive plugado no rádio, e em alguns instantes estava ouvindo o toque da minha música preferida; que se encaixava tão perfeitamente com o momento que tive com Emma há alguns minutos atrás.
- Sara Bareilles? – Ela me fitou com os olhos semicerrados
- É! Não posso? – sorri sincera – É minha música favorita... – Oh merda! Regina! Controle-se; ainda faltam uns 20 minutos pelo que deduzo, preciso me segurar firmemente.
Brave – Sara Bareilles
Nothing’s gonna hurt you
The way that words do
And they settle ‘neath your skin
Kept on the inside
No sunlight
Sometimes a shadow wins
But I wonder what would happen if you
Say
What you want to say
And let the words fall out
Honestly
I wanna see you be brave
With what you want to say
And let the words fall out
Honestly
Wanna see you be brave
A letra é tão real, não é mesmo? – Ela quebrou o torturante silencio que pairava sobre o carro, mas aquela pergunta havia me deixado desestabilizada.
Puxei todo ar que conseguia e inspirei, bati insistentemente as unhas sobre o volante e respondi tensa aquilo.
- É totalmente cotidiana; acho que por isso tenho preferencia por ela dentre tantas outras músicas que carrego no pen drive. – Falei tudo de uma única vez, sem nem sequer respirar.
Ela deu de ombros e pendeu a cabeça pro lado da janela admirando as luzes dos bairros por quais passávamos, mas percebi que Miss Swan focou nas gotículas de garoa que insistiam em escorrer pelo vidro
- Entregue. – Tirei-a de seus devaneios, e ela sorriu
- Obrigada, Srta Mills, até amanhã. Boa noite!
- De nada, Swan; até amanhã! Seja pontual – Pisquei e acelerei para o caminho de casa.
Ela deu um leve aceno com a cabeça o que me foi suficiente. Emma estava me tirando as estribeiras, eu queria poder dividir as dores e as angústias, as vontades e os desejos com ela; mostrar pra ela que eu não era aquele monstro, mas eu não posso, eu não devo e vou lutar pra que isso não ocorra!
REGINA! CALMA! VOCÊ PRECISA RELAXAR SE PERMITA RESPIRAR! – Falei interiormente para mim mesma e segui meu caminho, não demorou muito pra chegar a meu apartamento, o trânsito estava tranquilo, sem engarrafamentos e nem muito movimentado.
Entrei em meu apartamento e me joguei no sofá, estava cansada e confusa com toda a situação que eu mesma estava criando, a luta interior que eu mesma estava travando; fiquei ali, jogada, com a roupa do trabalho, olhando pro teto; pensando em como Emma estava se tornando um ponto fraco em mim, eu que sempre fui àquela mulher que não perdia o foco fácil, quem não cedia que NÃO se apaixonava; jurei que não deixaria esse “erro” acontecer novamente e eu irei cumprir essa promessa.
Rebecca – “Oi, já chegou em casa?”
Regina – “Olá, Rebecca. Sim, cheguei há uns 15 minutos”
Rebecca – “Como foi com a nova assistente?”
Regina – “Foi razoavelmente bem calmo, ela fez as coisas com agilidade o que me deixa mais calma diante da situação; não que eu não tenha conferido tudo após ela me entregar, mas já ficou mais tranquila que pelo menos nesse ponto ela é excelente”
Rebecca – “Aconteceu alguma coisa, né?”
Regina – “Não....”
Rebecca – “Reticências? Hummm! Se não me contar também não irei contar que nos convidou pra um evento”
Regina – “Rebecca, conta!”
Rebecca – “Só se me contar o que houve”
Regina – “Você não vai desistir disso não é mesmo?”
Rebecca – “Não mesmo!”
Regina – “Eu dei carona pra ela”
Demorou alguns instantes pra mensagem de Rebecca chegar, e eu já estava numa ansiedade sem fim.
Rebecca – “EU NÃO ACREDITO! EU SABIA QUE VOCÊ ESTÁ CEDENDO, SRTA. MILLS”
Regina – “Não tem nada a ver, eu ofendi ela de certa forma e fiz como um ato de desculpa”
Rebecca – “Esses pedidos de desculpas têm ficado frequentes, né? Você está criando um pequeno nível de intimidade com ela”
Regina – “Nos conhecemos há dois dias, ela é apenas minhas assistente”
Rebecca – “Intimidade não tem nada a ver com o tempo. Intimidade é energia, Regina; ela ser sua assistente não é um ponto que não possa ser minimizado. Bom... eu não vou discutir com a Sra. Sabichona, preciso dormir; tenho que resolver um caso sério amanhã. Boa noite, abraço”
Regina – “Boa noite, cuide-se”
Já estava em borbulhas com tudo aquilo que Rebecca estava me dizendo, limitei-me a dizer um curto e grosso Boa noite; acabei esquecendo-se de perguntar sobre o tal evento que fomos convidadas, ou eu ligaria pra Becca, ou morreria na curiosidade o que não estava em meus planos.
~~ ligação on ~~
- Regina? Tá louca? Eu falei que ia dormir, lembra?
- Rebecca, vá para o inferno antes que eu me esqueça. – a ouvi dando um risinho baixo
- Vai falando o que você quer Mills!
- Quem convidou a gente? Onde? Que dia? Horas? E por que eu devo ir se estou com preguiça?
- Ohoho! Lembra-se de Ruby? Aquela moça com quem tive um processo complicado, mas que depois criamos uma grande amizade, porém ela acabou indo morar em Londres e abandonando os negócios aqui; e agora voltou e inaugurou um bar; convidou a mim e bem... A você.
- Eu não gosto dela. O que faz você pensar que vou ir nessa “coisa”?
- Temos quatro semanas pra eu tentar lhe convencer, Mills; é no centro da cidade, em um lugar que ela mesma gerenciou o projeto “arquitetônico”, disse que ficou divino!
- Bom, tente! Se conseguir, o que acho difícil, parabéns; caso contrário, você terá que me pagar uma rodada de Uísque! Agora vá dormir, srta. Rebecca”
- Boa noite, Mills! Apostado! Beijo”
~~ ligação off ~~
Eu não gostava nem um pouquinho de comparecer na inauguração desse bar, Ruby era cliente do escritório, e já havia ganhado um processo junto com minha irmã, – mesmo estando errada na situação – Rebecca era incrível na argumentação, seria um ótimo negócio pra mim esse processo se eu não estivesse do outro lado, defendendo a vítima do processo, e não fiquei nada contente em ter perdido a causa; e peguei um ódio tenebroso da Srta. Ruby tratava-a bem, por pura educação.
Levantei-me arrastando-me pela casa, e fui em direção ao banheiro, tomei um longo e relaxante banho; o dia havia sido tenso e eu precisava descansar; me atirei na cama nua e não tardei a adormecer.
POV EMMA
Cheguei à casa confusa, um misto de sentimentos me perturbava; meu coração parecia querer sair de dentro do meu peito; batia forte e rápido, como jamais sentido antes; Regina Mills estava me desconcertando e com toda força, estava fudendo com a minha vida.
Fiquei ali, jogada em cima da cama, olhando para o teto, pensando, refletindo; mas acabei adormecendo, o dia havia me cansado em todos os sentidos possíveis; clientes, Regina, sentimentos novos surgindo. Precisava de um descanso.
~~ Na manhã seguinte ~~
Levantei com certa folga de tempo para poder tomar um café carregado de frutas e iogurte – que era o que tinha predominante em minha pequena geladeira; tomei o café de forma sossegada, com calma, quando de repente ouço o telefone residencial tocar
- Alô?
- Swan?
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