1. Spirit Fanfics >
  2. Jogos Vorazes: Distrito 08 >
  3. Discurso prorrogado

História Jogos Vorazes: Distrito 08 - Discurso prorrogado


Escrita por: Mateusgabrielro

Notas do Autor


Espero que gostem galera, desculpem a demora para enviar, mas me esforçarei para postar a cada semana. Abraço!

Capítulo 25 - Discurso prorrogado


... Ouço batidas na porta que me tiram do sono profundo. Abro os olhos e respiro fundo - com dificuldade -. Levanto devagar para não sentir tanta dor nas costelas e vou vagarosamente até a porta prateada. Abro e vejo a imagem de Alanis, mostro um grande sorriso por felicidade em vê-la. Não à esperava antes do discurso às 19 horas mas isso é bom.

- Oi. - Digo suavemente.

- Oi. - A única coisa que ela responde antes de me abraçar com força.

No momento do abraço dou um leve gemido por conta dela ter apertado justamente na costela fraturada.

- Desculpe. - Alanis recua colocando o cabelo atrás da orelha. - Como você está?

- Me recuperando. O cara sabia brigar. - Digo. - E você, foi tudo bem na base sudeste?

- Melhor do que você tenho certeza. - Alanis solta um riso tímido. - Por que não saiu quando foi desafiado?

Me surpreendo com a pergunta de Alanis. Ela nunca foi de recuar. Talvez seja pelo que nos ameaça agora. Tudo é mais perigoso depois da arena. As pessoas, o ambiente, o mundo.

- Eles duvidam da gente. Acham que ganhamos os jogos por pura sorte. Eu não ia deixar eles pensarem assim de nós. - Digo explicando para Alanis. - Agora tenho certeza de que vão pensar duas vezes antes de brigar comigo ou com você.

- Só quero que não aconteça de novo. - Alanis diz preocupada.

Converso com ela, mas ignorei o fato de que o tempo todo tem um rapaz completamente vestido de branco atrás de Alanis. Olho para ele e questiono.

- Quem é ele?

Alanis não demonstra uma expressão boa para mim quando pergunto.

- Tenho que te contar sobre isso. Te dizer o que eles fazem na base sudeste além de treinar.

Pela feição de Alanis, percebo que não é algo que deve ser dito em publico. Peço para que ela entre dentro do meu quarto e tranco a porta. O rapaz também entra. A história que Alanis me conta sobre os Ivos, os experimentos, a verdadeira reabilitação, a base, os segredos. Tudo é informação demais. O jogo da rebelião é bem mais complexo e agressivo do que jamais pensei. Tudo parece ser mentira, apenas uma historia de ficção. Mas é tudo verdade. Nunca acreditei que os rebeldes fossem bonzinhos, mas torturar e transformar pacificadores em soldados sem alma é doentio. Sobre-humano. Não cabe a nós humanos controlar a vida e a mente. Isso não deveria estar sob nosso poder.
No entanto, é a chave que pode decidir a vitória, os Ivos, todos eles eram pacificadores. Soldados rudes e frios da Capital. Nunca tiveram compaixão, e não devemos ter com eles também. É difícil ver o que eles se tornaram, mas devo suportar, pois é preciso. Antes eles, do que nós.

- E isso é o que Ronor escondia da gente. - Conclui Alanis.

- Eu sabia que ele escondia coisas de nós. E ainda esconde. - Digo. - Mas nunca pensei que fosse algo desse nível. Espero que dê tudo certo. Que consigamos derrubar Snow.

- Todos temos essa esperança. - Diz Alanis.

Olho mais uma vez para o Ivo, chamado Douglas.

- Ele obedece a tudo?

- Sim. - Diz Alanis. - Mas não a nós. Ele possui um código chave que diz quem ele deve obedecer e quem é seu superior.

- No caso apenas Ronor, Edgar e Paul.

- Fora os comandantes da base sudeste. - Acrescenta Alanis. - Ronor não quer sobrecarregar mais os soldados. Ele prefere deixá-lo como meu guarda-costas. - Alanis fala com descaso.

- E desde quando você precisa de um? - Digo sorrindo, caçoando com ela.

Rimos por alguns minutos, e enquanto rimos, me lembro dos poucos momentos de risos que tive. Eram poucos antes da arena, e depois dela, eles se dissiparam por completo. Amadurecemos muito desde os jogos, eles nos tornaram fortes, valentes e acima de tudo, sobreviventes. É doloroso ouvir seu nome quando a colheita está sendo feita, é doloroso saber que irá competir em uma arena pela própria vida, é doloroso saber que nunca mais poderá voltar. Mas depois que você vence, você se torna um campeão, um vitorioso, uma lenda. A marca que foi deixada dentro de mim foi a marca da dor e do sofrimento. Tudo que passei na arena esfriou minhas emoções. Não sei como seria se eu voltasse, não sei se conseguiria.

Os momentos minuciosos de felicidade acabam quando batem na porta. Olho para Alanis e já sabemos que horas são. O olhar dela é preocupado e esperançoso. Os mesmos que eu havia visto horas antes da arena. Mas de um segundo para o outro eles se transformam em coragem. Ronor é quem bate. Abro a porta.

- São quase 19 horas. Já estão prontos?

- Sim. - Digo.

Estou vestido com calças jeans, camiseta vermelha e sapatos estilo bota.

- Fui ao quarto de Alanis e ela não estava lá, imagino que esteja com você. - Diz Ronor.

- Sim, ela está aqui. Estávamos apenas conversando. - Respondo.

Ronor solta um breve olhar por trás de mim em busca de Alanis.

- E como está o Ivo?

- Está se comportando perfeitamente. Um belo mordomo. - Digo um tanto arrogante.

- Excelente. Não quero ele me dando preocupações nesses últimos dias. Acredito que será seguro deixar vocês com ele. Para vigiá-los. - Diz Ronor friamente cruzando os braços.

Ignoro completamente a ultima frase dele deixando um grande buraco silencioso na conversa.

- Vamos, as pessoas já estão esperando na frente do Edifício da Justiça. - Ronor sai andando.

Ronor é rude e grosso, sigo ele pelo corredor até a porta que sai para o palco do edifício.

- O que vai acontecer hoje? - Alanis pergunta.

Ronor olha para ela e respira para falar.

- Vamos mostrar para o povo o que a Capital fez com vocês e que devemos ficar contra Snow. Quero que vocês tentem convencer as pessoas de que Snow é bom, como se estivessem do lado da Capital. Mas é obvio que não vai funcionar, e é isso que eu quero. - Ronor diz com sabedoria e egocentrismo. - O povo irá ficar aterrorizado com a atrocidade que Snow fez com a cabeça de vocês, e isso consequentemente, influenciará mais pessoas à rebelião.

- Quando isso vai acabar? - Pergunto sério.

- Hoje será a ultima tentativa de convencer o Distrito 8. Depois daqui, partiremos para o Distrito 7 e assim será até chegar na Capital. Distrito por Distrito até reunirmos um gigante colossal chamado Tordo para derrubar Snow e sua maldita Capital.

Chegamos na porta e Ronor coloca a mão na maçaneta. Não ouço nada pelo lado de fora, apenas um silêncio absoluto. Ronor olho para mim e para Alanis, como se dissesse estão prontos?

- Douglas mantenha posição. - Ordena Ronor para que ele fique no lugar e não apareça para povo. Ele não responde mas imediatamente fica imóvel. Em seguida ele olha para mim e encara minha atadura no olho. - Vai precisar tirar isso.

- Coloquei algumas horas atrás. - Digo tirando a atadura. - O ferimento não está bom ainda.

- Para mim parece curado. - Ronor me afirma.

Toco em meu olho e não sinto nenhum volume, não sinto nenhuma dor. Vejo meu reflexo na maçaneta da porta e vejo meu olho completamente curado. É incrível. Minha costela já deve estar curada também.

Um soldado chega atrás de mim e de Alanis, eles prendem nossas mãos à algemas. Os soldados são Paul e Edgar. Tudo faz parte da encenação. Ronor abre a porta e a luz dos holofotes nocauteia minha visão, espremo meus olhos até que se adaptem. Ando até o centro do palco e quando minha visão se regula vejo uma multidão muito maior do que da ultima vez que estive aqui. As pessoas me olham friamente, pessoas com feições de sofrimento e revolta. Meus antigos amigos e vizinhos também estão na multidão. Eles estão sérios, mas vejo em seus olhos tristeza. Ronor chega caminhando devagar, o único som que ouço é o de seus sapatos em contato com o chão. Nos prédios ao redor do Edifício da Justiça soldados ficam de prontidão com seus rifles e pistolas. Identifico alguns franco atiradores também. Ronor fica entre mim e Alanis. O silêncio permanece por segundos, e foge quando a voz extremamente forte de Ronor é emitida.

- Boa noite. Hoje estamos aqui para mais uma convocação. - Ronor faz uma pausa. -  A cada dia que passa, nosso numero aumenta. Somos cada vez mais fortes, cada vez mais valentes. Mas ainda existe entre nós pessoas que não abraçam a causa, que tem medo. Mas vou dizer uma coisa à vocês que estão assistindo essa frequência agora. - Os rebeldes invadem as frequências da Capital e transmitem suas convocações para todos os distritos, o que deve deixar Snow furioso. - Não tenham medo! Não sejam fracos! Não se rendam! Estamos crescendo cada dia mais e Snow não tem controle sobre nós. Olhe o que a Capital fez com eles! - Ronor aponta para mim. - Olhe no que eles querem nos transformar. - Ronor abaixa o tom de voz. - Se não acreditam em mim... Vejam por si próprios.

Ronor recua com passos para trás. Acredito que agora é nossa deixa.

- Por favor, não escutem o que ele diz. A Capital é muito forte e somos fracos. Se cedermos... Será melhor. - Alanis diz em tom de suplica, relutando contra Edgar que à segura. - Pensem! Quantos já morreram ao tentar lutar, quantos já sofreram ao tentar se libertar. A rebelião não pode acontecer. Chega de morte!

Alanis termina e logo começo a falar. As palavras escapam espontaneamente.

- Escutem à nós! Fomos vitimas da arena e hoje vemos que tudo isso é necessário. No passado os Distritos se levantaram contra a Capital, e perderam! Se lutarmos será pior, só vai haver morte e destruição. Snow é um homem bom. - É ai onde exagero em minhas próprias palavras. - Ele apenas quer manter a ordem e a paz!

As pessoas escutam e se mantem quietas. Estranho o silêncio delas, da ultima vez quase arrancaram meu coro. Elas estão espantadas. Será que conseguimos convencê-las? O plano de Ronor não pode dar errado, mudar a cabeça dos rebeldes não era a intenção.

- Viram só! Olhe o que Snow fez com eles. Estamos tentando trazer suas verdades de volta ao consciente, mas é muito difícil. Eles são o primeiro experimento de lavagem cerebral da Capital. Será que nos próximos jogos nossos vitoriosos também ficarão assim? Não duvido muito. - Afirma Ronor.

Olho para as pessoas que prestam atenção no discurso de Ronor, a voz dele fica no fundo da minha mente enquanto presto atenção nos detalhes. Com o olhar periférico vejo uma leve luminescência sobrevoando um prédio, um reflexo. Olho atenciosamente, mas é difícil identificar. Estreito os olhos e monto a imagem de um aerodeslizador, ele está camuflado nas sombras da noite. Ao vê-lo paraliso, não consigo me mover. Por cordas pacificadores deslizam até os prédios. Ronor não identifica nada, muito menos Paul e Edgar. Não tenho reação, apenas fico olhando. Os pacificadores surpreendem os soldados dos prédios silenciosamente sem que ninguém veja. Ao ver melhor existem quase cinco aerodeslizadores sobre cada prédio, pacificadores descem para todos os prédios, vão efetuar um ataque surpresa. Não sei por que mas não me movo, não faço nada. Absolutamente nada. Os pacificadores acertam golpes que desmaiam os soldados nos prédios. Alguns quase despencam. Homens de branco aparecem de todas as direções, em cada janela dos prédios. Minha respiração aumenta, meus olhos se arregalam.

- Tudo bem? - Paul pergunta atrás de mim discretamente.

Ele percebe para onde estou olhando e acompanha meus olhos, é onde ele se depara com a mesma visão que eu. No prédio mais alto, no ultimo andar, um pacificador levanta uma arma grande e pesada. Como ele está longe não defino ao certo o que é, mas depois que o tiro vasa, a fumaça espirra e o fogo atiça rapidamente meu cérebro identifica. Um lança mísseis!...


Notas Finais


Legal né gente? Coloquem aqui em baixo seu comentário sobre o capitulo, ideias, sugestões e expectativas. Obrigado e tchau tchau! Qualquer errinho de português digam no comentários tbm que eu corrijo.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...