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História Joker's Favor - Joker's Faith


Escrita por: itsgraham

Capítulo 2 - Joker's Faith


Fanfic / Fanfiction Joker's Favor - Joker's Faith

O piso vinílico azul brilhava como gelo, e o corredor cheirava a antisséptico. Só então Maggie se deu conta de seu cansaço, depois da súbita descarga de adrenalina causada pelo telefonema. O sono havia sido tão perturbado que ela mal tinha a impressão de que havia dormido. 

Ela pensou no que havia ouvido ao telefone: Um garoto, sangrando muito, com cortes por todo corpo, suando; agitado e com muito sede. Srta. Coben fez muito bem em não permitir que a polícia o interrogasse. 

Dois guardas uniformizados estavam de pé do lado de fora da porta da ala N18; Maggie sentiu certo desconforto surgir em seus rostos quando se aproximou. Talvez estejam apenas cansados. Ela parou em frente deles e se identificou. Eles olharam para a identificação, apertaram um botão e a porta se abriu com um zumbido. 

Um homem de cerca de 27 anos, vestindo jeans e um paletó preto, estava batendo na máquina de café. Tinhas cabelos castanhos bem arrumados e os lábios bem apertados, sérios. Seus olhos brilharam suavemente ao virarem para ela, mas Maggie pensou ser coisa da sua cabeça, e continuou se movendo atravéz do piso vinílico. 

— Tome um café — disse ele. 

— Temos tempo? — ela perguntou. 

— Sophia controlou o sangramento no fígado. 

Tratando pessoas pelo primeiro nome. 

Realmente raro para Bruce Wayne. 

— Não sou fã de café, obrigada. 

Bruce sorriu, revelando covinhas nas bochechas, e bebeu um gole. 

— Delicioso — disse, tentando mais uma vez empurrar uma caneca para Maggie. 

— Não quero. Quando vou poder vê-lo? Digo, o garoto...

— Assim que Sophia aparecer — ele estendeu a mão rapido demais para o lento raciocínio dela às três e meia da madrugada, e esfregou alguma coisa da sua bochecha.

Maggie olhou para ele sem entender e ele mostrou o polegar, havia uma mancha lá, o que ele havia limpado de sua bochecha era delineador cinza-prateado. Ter aquilo na bochecha não apenas mostrava como ela era desleixada, mas que ela havia estado fora noite passada. O que não deixava de ser verdade. Nenhuma das afirmações. 

— Observar pessoas em seus quartos à noite? — ela ignorou o embaraço rapidamente. — Sabe em quantos estados isso dá cadeia? 

Ele sorriu de uma forma que dizia claramente que não diria nenhuma verdade. 

— Muitas pessoas usam pijamas para dormir, Srta. Boran. Pode ter sido apenas uma suposissão. 

— Pode ter sido?

Antes que ela obtivesse uma resposta, Sophia Coben apareceu, extremamente arrumada, em saltos de 15 centímetros e cabelo loiro alinhado, mas parecendo cansada. Andou esfregando os olhos; haviam algumas leves linhas vermelhas nos globos brancos. Maggie percebeu as linhas de tensão ao redor da boca, e o leve estresse nos movimentos dela. 

— Devo dar uma olhada no paciente? — Maggie perguntou. 

— Por favor — respondeu Sophia. — Eu realmente gostaria da sua opinião, não tenho certeza alguma em relação a isso, Maggie. 

Sophia Coben abriu a pesada porta e Maggie a seguiu até um quente quarto de recuperação na saída do centro cirúrgico. Um garoto estava deitado na cama. Apesar dos machucados, tinha um rosto atraente. Mas a estrutura óssea não batia com a de um garoto de 15 anos de idade exatamente, tinha ombros largos demais, não magros como os de um adolescente em formação, a pele áspera do queixo denunciava o crescimento de barba. Maggie deixou isso passar. Duas enfermeiras faziam curativos nos ferimentos: haviam centenas deles, cortes e perfurações por todo o corpo, nas solas do pés, no peito e na barriga, atrás do pescoço, no couro cabeludo, no rosto. 

O pulso estava fraco, mas muito acelerado, os lábios cinzentos como alumínio, ele estava suando e os olhos estavam bem apertados. O nariz parecia quebrado. Sob a pele, um hematoma se espalhava como uma nuvem negra a partir do pescoço e se espalhava pelo peito. 

Mas, Maggie tentou pensar em uma palavra melhor, mas que merda!

Quando Sophia estava pronta para começar a explicar os diferentes estágios do tratamento do garoto até o momento, foi silenciada por uma batida na porta. Era Bruce de novo; acenando para elas atravéS do vidro. 

— Sério — Maggie disse à Sophia. — Porque vocês ainda o deixam entrar aqui?

Sophia reagiu achando certa graça, sabia bem que Maggie o conhecia desde os tempos de escola e podia dizer coisas assim.

— Bem, acho que eles deixariam entrar qualquer um que ajudasse tanto nos fundos do hospital como ele ajuda. 

— Tá brincando — Maggie disse a seguindo. — E se Bin Laden ajudasse nos fundos do hospital então, como seria?

Sorrindo, Sophia a arrastou para fora da sala de recuperação. 

Bruce estava de volta ao posto dele, junto á sibilante máquina de café.

— Um cappuccino grande — ele disse a Maggie. — Talvez precise de um antes de encontrar o primeiro policial a chegar à cena. 

— Por que iria querer encontrá-lo? 

— Para que entenda porque eu preciso interrogar esse paciente — seu tom ficou sério. 

O estômago de Maggie se revirou ao lembrar do garoto não-tão-garoto-assim.

— Lamento — Maggie disse. — Minha avaliação é a mesma da Dra. Coben. 

— Quando ele vai poder falar comigo?

— Não enquanto estiver em choque. 

— Eu sabia que você diria isso — Bruce suspirou. 

— A situação ainda é crítica — explicou Sophia. — A pleura foi danificada, o intestino delgado, o fígado e...

Um policial usando uma roupa suja apareceu, sua expressão era de desconforto. Bruce acenou, foi até ele e apertou sua mão. Disse algo em voz baixa que Maggie tentou ao máximo ouvir, então o policial olhou apreensivo ao se aproximar. 

— Sei que você provavelmente não quer falar sobre isso agora — disse Bruce. — Mas pode ser muito importante para que os médicos conheçam as circunstâncias. 

— Bem — o policial pigarreou sem muita força. — , ouvimos no rádio que um zelador havia encontrado um homem morto no banheiro do vestiário do campo de futebol em Chelsea. Nosso carro já estava em Patroll, então só precisávamos dar a volta e seguir para o lago. Imaginávamos que havia sido uma overdose, sabem? Elliot, meu parceiro, entrou enquanto eu conversava com o zelador. Mas era algo inteiramente diferente. Elliot, saiu do vestiário; o rosto estava totalmente pálido. Ele nem mesmo queria que eu entrasse lá. Muito sangue, ele disse três vezes, e depois apenas se sentou nos degraus...

O policial ficou em silêncio, sentou em uma cadeira e ficou olhando para  a frente.

— Pode continuar? — perguntou Bruce. 

— Sim...

Maggie não tinha tanta certeza, ele parecia nauseado e a beira de vomitar. 

— A ambulância apareceu, o homem morto foi identificado, e ele tinha um... um tipo de cartão na mão. A&M, se não me engano. 

A&M? — Maggie teve um estalo rapido, saltando para a plena consciência rapidamente como se tivessem lhe jogado um balde de água fria. — Branco e dourado? A&M?

— Eu não lembro da cor — disse o policial, parecendo decepcionado. 

Maggie viu pelo canto do olhos a postura de Bruce endurecendo, e as linhas de seu rosto quase mostravam o arrependimento que ela sabia que ele acabara de adquirir por tê-la deixado ouvir este depoimento. 

Bruce deu uma olhada no relógio. 

— Temos tempo.

O policial continuou, com um olhar sombrio.

— O morto é o professor da universidade de Chelsea e vivia naquela mansão junto às montanhas. Toquei a campainha três ou quatro vezes, mas ninguém atendeu. Não sei o que me levou a fazer isso, mas dei a volta no quarteirão e apontei minha lanterna para uma janela nos fundos da casa. 

O policial parou, com a boca trêmula, e começou a arranhar o braço da cadeira com a unha. 

— Por favor, continue — disse Bruce. 

— Eu preciso mesmo? Quer dizer, eu... eu...

— Você encontrou o garoto, a mãe e a irmã mais velha de 22 anos. O garoto, Ian, era o único que ainda estava vivo.

— Embora eu não achasse... — ele ficou em silêncio, o rosto pálido. 

Bruce deu uma trégua:

— Obrigada por vir, Martin. 

O policial inclinou ligeiramente a cabeça e levantou, passando as mão sobre o casaco sujo, confuso, e saiu da sala com pressa. 

— Todos foram atacados com uma faca — disse Bruce. — Devia estar um caos completo lá. Os corpos estavam... estavam em um estado horrível. Foram chutados e espancados. Esfaqueados, claro, muitas vezes, e a filha... foi cortada ao meio. A parte inferior do corpo, a partir da cintura, estava na poltrona em frente à TV, com dinheiro, maquiagem, entre outras coisas dela espalhadas ao redor. 

Ele então pareceu perder a calma. Parou um instante, olhando para Maggie antes de recuperar o equilíbrio. 

— Minha sensação é a de que o assassino sabia que o pai estava no campo. Houve uma partida de futebol; ele foi o juíz. O assassino esperou até que estivesse sozinho antes de matá-lo; depois começou a desmembrar o corpo, de uma forma particularmente agressiva, antes de ir à casa e matar o resto da família.

— Aconteceu nessa sequência? — perguntou Maggie. 

— Na minha opinião. 

Maggie podia sentir a mão tremendo enquanto esfregava a boca. Mas Sophia pareceu pensar muito devagar antes de encontrar o olhar de Bruce. 

— Ele queria eliminar a família toda.

Bruce levantou as sobrancelhas castanhas:

— Exatamente isso... Ainda há a irmã mais velha, que não estava lá. Tem 23 anos. Acreditamos que ele também esteja atrás dela. Por isso queremos interrogar a testemunha o quanto antes. 

— Vou entrar e fazer um exame detalhado. — disse Sophia. 

E assim que a mulher magra e loira sumiu, Maggie sentiu a sala da recepção ficar tão fria e silenciosa quanto quando ela havia entrado. Bruce não queria conversa, mas ela pouco se importava:

— A&M. — disse ela, muito baixo, enquanto o chão polido reluzia debaixo da luz clara. — A&M. Exatamente como o que foi encontrado com...

— Maggie — ele cortou, olhando para a frente. 

Ela nem se incomodou em terminar, ele sabia muito bem como a frase terminava.

Exatamente como o que foi encontrado com Jessica.

— Como isso poderia ser coincidência? — ela controlou a voz, virando-se para ele, que era talvez um pouco exageradamente mais alto. 

— Pode ser que sim. 

— Como você me espiando pela janela? 

Ele suspirou, e ela percebeu que a piada foi de muito mal gosto. 

— Todos sabiam que eles tinham três filhas, Bruce, todas jovens e em formação acadêmica. E você sabe como alguns desses doentes demoram anos para voltar a atacar. Vocês poderiam...

Ela não sabia se aquilo era exatamente euforia, mas fosse o que fosse aquilo, foi cortado pela raiz:

— Isso não é coisa pra você. 

Maggie o olhou rapidamente, com o temperamento borbulhando agora. 

— Isso também não é coisa pra você. Você é só um milionário, com terno, uma capa e estoque de gel. 

— Ai — Bruce tocou o peito. — , essa doeu.

Quando olhou para cima, Maggie percebeu que ele havia recuperado o humor, o que a fez automaticamente esfriar um pouco. 

— Vem — ele ficou de lado, deixando o caminho aberto para ela. — Vou te levar pra casa. 

— Eu vim de carro — ela murmurou.

— Que bom — ele sorriu. E, de alguma forma, quando levantou a mão, segurava a chave da picape dela. — Porque eu não vim.

Maggie arfou, depois fechou a cara.

— Você sabe que essa discussão ainda não acabou, não é?

— Eu sei. — ele suspirou. 

Ela finalmente o acompanhou, e pegou as chaves de volta. 

— Você foi batedor de carteira na infância ou coisa assim? — perguntou enquanto eles dobravam o corredor. 

— Muito engraçado.

A viagem não foi exatamente silenciosa, porquê a chuva batia sem pena contra a vidraça da picape. Caindo e explodindo em gotas grossas até que fossem levadas pelos limpa-vidros. a chuva no escuro silencioso e o ar quente que se formava dentro do carro, junto com a insistência de Bruce em dirigir, permitiu que a mente de Maggie fizesse uma breve viagem de volta ao hospital, e àquele cartão reluzente, manchado de barro, que não permitiram que ela guardasse, porque, por algum motivo, achavam que "prejudicaria o tratamento". E para o garoto...

Ela podia lembrar perfeitamente do dia em que conheceu Bruce Wayne, no terceiro ano, em uma aula de laboratório. Seu primeiro dia, e o Sr. Morrison a mandou sentar na terceira fileira, onde havia um morcego morto sobre a mesa. E um garoto lindo atrás dela.

Ele ficou em silêncio enquanto o Sr. Morrison explicava a tarefa, e a primeira coisa que ele disse a ela foi:

"Você gosta de morcegos?"

Ela parou por um momento, pega de surpresa. Maggie também lembrava que não conseguia olhar para ele por mais de cinco segundos sem desviar os olhos, tremer, ou agir feito uma estranha. 

"Ah.. na verdade... não. Acho eles... agressivos, estranhos." ela cutucou o animal empalhado com a caneta esferográfica, fazendo uma careta. "E com tétano."

O Bruce jovem riu baixo de algo interno que a deixou curiosa. Mas não a fez deixar de sorrir também. 

Se ela ao menos soubesse... 

— Qual é o problema? — Maggie ouviu, sendo puxada diretamente de volta para a realidade dentro do carro aquecido, e nem havia percebido que eles haviam parado em um sinal vermelho. 

Sem olhá-lo, ela recostou-se contra a porta, o mais longe possível. 

— Nada que seja da sua conta, Homem-Tétano.

O comentário foi divertido, e ela pôde ouvir o riso em resposta, mas continuou cética e silenciosa.  

***

Bruce Wayne, em seu terno escuro engomado, cabelo castanho perfeitamente imaculado, parado do lado de fora da sua porta naquele prédio simples da Zona Leste de Gotham era quase desconcertante. 

Os corredores eram um pouco mais estreitos do que nos prédios normais, a parede atrás da cabeça dele já começava a descascar, e havia um piso de mogno barulhento que a fez ouvir o som que os sapatos chiques dele faziam durante todo o caminho, deixando-a muito consciente da presença dele em suas costas. As luzes esverdeadas deixavam os corredores com uma aparência doente, se é que podia se dizer assim, nauseante. As vezes Maggie tinha a impressão de que nunca havia saído do hospital. 

Assim que teve a certeza de que ela estava a salvo — E Maggie não sabia realmente o que poderia acontecer no caminho entre a portaria e o seu apartamento — e dentro do apartamento, ele parou do lado de fora. Ela tentou sutilmente bloquear a bagunça com o próprio corpo. 

— Então — ele iniciou. — Falaremos com ele amanhã. Gostaria que você estivesse por perto. 

— Falaremos com ele — ela o imitou, e complementou incisivamente: — Se isso não o prejudicar. Certo?

— Certo — ele riu.

E então não havia mais nada a dizer, mas antes que ela pudesse se incomodar com o silêncio, no segundo seguinte, ele se inclinou, e a beijou. Era a quarta vez que ele fazia aquilo, mas a ultima vez já tinha tanto tempo que já não tinha mais a memória fresca e já havia sido muito tempo desde que ela havia deixado qualquer outro homem se aproximar assim. Seu corpo estava carente de afeto.

Seus lábios tocaram os dela, gentil e superficialmente e se afastaram. E com um barulho de protesto Maggie deslizou as unhas para a sua nuca e a puxou de volta, selando seus lábios com mais intensidade, deixando bem claro o que ela queria.

Finalmente o sentiu responder do jeito certo, uma das mãos dele apertou sua cintura contra o seu corpo enquanto intensificava o beijo.

Ela mesma se afastou com dificuldade, ele provavelmente precisava ir.

Maggie soltou a respiração numa lufada, sustentando a testa dele com a sua:

— Desculpe. 

— Disponha, Srta. Boran — ele brincou em um tom formal. Então acariciou seu pescoço com as pontas dos dedos quentes, olhando para ela como o jovem Bruce olhava: — Bom dia.

Ah, correção, você quis dizer: Boa noite. — ela riu.

Ela o observou sumir pelo corredor, e mal podia esperar pelas fofocas que circulariam pelo prédio no dia seguinte. Ou quando amanhecesse, que seja. 

Quando eram 4:30, houve uma batida na porta, despertando Maggie de um sono não tão profundo. Ela cambaleou para fora da cama e foi até a porta. E pisou em algo gelado, ao erguer o pé, pôde ver a foto que estava lá. Então a pegou e apoiou a testa na madeira fria.        

— O que ta acontecendo? — grunhiu fechando os olhos com força. Respirou fundo. — Não surta.

Uma foto dela, dormindo, com aquela mesma roupa. Abrindo a porta, olhou os dois lados do corredor. 

Não havia ninguém.



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