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História Judas - Elvis, Saudades e Chocolate


Escrita por: Gabizuuu

Notas do Autor


Oe, quero começar com um agradecimento especial a @FindAMoon, foi ela que me presenteou com esta capa linda, muito obrigada, sério ♡♡♡


Preparados para conhecer um pouco mais sobre o nosso Wang?

Boa leitura ♡

Capítulo 8 - Elvis, Saudades e Chocolate



Homens sábios dizem

Que só os tolos se apaixonam

Mas eu não consigo evitar

Me apaixonar por você


Eu deveria ficar?

Seria um pecado

Se eu não consigo evitar

Me apaixonar por você?


Elvis Presley - Can’t Help Falling In Love



XXX



Eu Jackson Wang, sou apaixonado por Elvis Presley.


E de todos os prazeres da vida que de mim  foram usurpados, um dos mais dolorosos fora ter de me separar da coleção de discos do meu maior ídolo. Os meus discos - vulgo meu maior tesouro - ficavam metricamente alinhados em fileira em uma prateleira de madeira escura posta na parede frontal a minha cama, desta forma eu poderia adormecer olhando para os meus bebês.


Eu sei que eu pareço um pouco piegas quando me refiro desta forma a simples discos de vinil, mas o que posso fazer se nesta manhã de segunda feira eu acordei envolto por uma nostalgia com pitadas de uma saudade que me deixou melancólico. Consequentemente era impossível não se lembrar da casa de meus pais e aquele cheirinho de panqueca que sempre invadia minhas narinas me deixando com uma fome incontrolável as seis da manhã; era incontrolável, pois minha mãe fazia as melhores panquecas do universo.


Minha mãe.


Me dói lembrar de seu rosto, pois das coisas que tenho mais saudade é de seu colo e de suas mãos que afagavam minha cabeleira em dias chuvosos, enquanto o temido senhor Wang tomava chá enquanto ouvia toda a discografia do The Doors em sua velha poltrona azul; para falar a verdade onde se lê velha, lê-se caindo aos pedaços, aquela poltrona estava pronta para ir direito ao lixo, mas meu pai batia o pé e dizia que não, pois a poltrona era sentimental e iria sentir falta dele.


Eu não sei se a poltrona sente falta dele, mas eu sinto.


Sinto falta de seu temperamento difícil, sinto falta de suas piadas ruins, de seu café amargo e de seu chá doce demais, sinto falta de seus amigos barulhentos, sinto falta de brigar com ele por conta de torcemos para times de basquete diferentes, sinto falta de sua dancinha desengonçada sempre que estava bêbado. Eu só… sinto falta de tudo que ele é.


Eu não queria admitir que chorava sempre que me lembrava de minha antiga casa, de minha família e do quanto eu fui feliz até os meus dezessete anos, mas a verdade estava ali, escorrendo sobre o meu rosto e inundando o meu chão de arrependimento e saudades. Arrependido, muito arrependido estou do momento que me achei adulto o suficiente para ignorar os conselhos de meu pai, arrependido estou de ter deixado minha mãe ao prantos na porta de casa no dia que eu tive uma briga feia com o meu pai e fui obrigado a virar as costas para os dois; se eu soubesse que nunca mais os veria, teria lhes dado um abraço apertado e teria dito que os amava mais que tudo.  Agora é tarde demais e tudo que me restou fora este arrependimento que me consome todo dia um pouco mais.


Porra, acho que preciso urgentemente ouvir Elvis Presley, talvez se eu pudesse pôr as mãos em um dos meus discos eu me sentisse mais feliz e menos sentimental. Sim, eu me sentiria muito feliz se eu pudesse beber um bom vinho tinto e imitar os passinhos de Elvis enquanto ouvia Trouble soando ruído no toca discos; seria melhor ainda se eu tivesse a companhia de uma bela garota, porque por Deus, a quanto tempo eu não faço sexo? Talvez seja por isso que ficar perto daquela jornalista atrevida seja tão difícil, é inevitável para um cara que está a anos sem uma boa foda olhar para uma mulher bonita e não pensar em como deve ser gostoso transar com ela.


Jornalista…


Olha ela aqui de novo, invadindo os meus pensamentos hoje tão inundados de saudade. De qualquer forma mais cedo ou mais tarde ela certamente faria presença em minha usual sabatina matinal antes do café da manhã, porque porra, desde o dia que eu vi essa garota pela primeira vez ela não sai da minha cabeça, parece aqueles gatos que ficam se esfregando em você enquanto você não lhes dá comida.


Ela é a gatinha mais linda que eu já vi.


Contra fatos não há argumentos, e eu não quero enganar a mim mesmo dizendo que a garota é feia, ela é bonita e isso é um grande problema, pois mulher bonita sem dúvidas sempre fora minha pior fraqueza. Lembro-me como se fosse ontem, das noites de sábado em que eu e meu melhor amigo Mark, saiamos para beber e pegar mulher; nós éramos dois adolescentes franzinos e cheios de espinhas, mas tínhamos o fim da conquista na veia, nunca terminavámos a festa sem uma boca para beijar e um corpo para possuir.


Mark.


Provavelmente todos os momentos memoráveis de minha adolescência eu estava com ele, durante o show do Megadeth, a viagem até Los Angeles, o acampamento nos desertos de Las Vegas, aquela segunda feira em que fugimos da escola para ir ao bar, tomando assim nosso primeiro porre. Ele também fora o responsável pelos meus primeiros beijos, eu falo no plural porque um deles foi dado a Jennifer Houston, uma garota dois anos mais velha que Mark pagou para me beijar, o outro fora dado no próprio Mark; veja bem, eu nunca fui um entusiasta da beleza masculina, mas Mark Tuan era bonito para um cacete e eu estava bêbado, o que não quer dizer que eu seja gay, o que também não quer dizer que o beijo tenha sido ruim, tanto é que eu me lembro até hoje deste momento, porque beijar Mark tinha gosto de inconsequência e cheirava ao espírito adolescente que queimava dentro de nós. Mas que puta saudade desse cara, me pergunto por onde ele anda agora, imagino que bem, porque ele sempre fora um nerd idiota que adorava estudar e segundos os filmes americanos nerds idiotas sempre se dão bem no final.


O nerd mais legal que eu já conheci.


E foi assim que passei o dia, lembrando da parte boa do meu passado, da parte que tenho orgulho e que morro de saudades. Deveria fazer isso mais vezes, pois enquanto eu recordava o passado eu não tinha tempo para refletir sobre minha realidade aterradora. Eu fechava os meus olhos e via o rosto de minha mãe, meu pai, Mark e todos aqueles que eu deixei para trás, apenas para que quando eu os abrisse novamente tivesse em quem procurar forças para resistir a mais um dia ali dentro, afinal eu tinha esperanças de um dia ver todos eles novamente.



XXX



Já era noite quando um dos agentes penitenciários surgiu em minha cela pedindo para que eu me apressasse, pois a jornalista queria ter mais uma daquelas conversas comigo. Não vou negar que não imaginei que ela estivesse passado por aqui hoje, mas pensei que a essa hora a jornalista já estivesse em sua casa rindo das piadas sem graça do meu amado Jaebum. Contudo estava curioso, tendo em vista que nosso último encontro me ocasionou uma síncope nervosa nada mais vindo dela poderia me surpreender, ela nunca mais iria me pegar desprevenido como naquele fatídico dia.


Engano meu, pois quando abriram a porta da mesma sala em que nos vimos anteriormente, parecia que haviam aberto as portas do paraíso. Filha da puta quem você pensa que é para sorrir para mim desta forma e me desmontar todo desse jeito? Eu não estava brincando quando disse que mulher era o meu fraco, ainda mais aquelas com um sorriso lindo, daqueles que dissipam a mais densa treva, eu era capaz de escrever um monólogo apenas sobre o seu sorriso e os efeitos que ele tem em mim.


– Boa noite senhor Wang. – E mais uma vez naquele dia eu lembrei de meu pai.


– Boa noite jornalista, o que faz aqui a essa hora?


– Trabalho, me sinto orgulhosa em dizer que entrevistei quase todos os pacientes selecionados para o documentário, só falta você. – Deve ser por isso que ela exibia um olhar cansado apesar do sorriso satisfeito, essa jornalista… a mãe dela nunca lhe ensinou que trabalhar demais leva embora nossa saúde?


– Idiota, você é jovem, deveria estar por aí partindo o coração de algum pobre cara ao invés de se enfiar aqui por horas a fio.  – Ao invés de me enlouquecer também, diga-se de passagem.


– Você já sabem, soltem as algemas dele e saiam. – Ordenou ela ao agentes, após sorrir de minhas palavras.


Com os agentes penitenciários agora fora da sala, o silêncio se instalou entre nós, ficamos ali parados, um de frente para o outro, sem conseguirmos olhar para outro lugar a não ser o olhar alheio que pareciam estar cheios de poemas de Camões prontos para serem ditos não fosse a falta de coragem que nos acorrentava ao chão, impedindo-nos de voar.


– Eu trouxe uma espécie de presente para você. – O silêncio finalmente fora quebrado por ela, através de uma fase que parecia ter sido meticulosamente ensaiada antes de ser proferida.


– Presente? – Questionei, enquanto ela procurava algo em sua bolsa.


– Dizem que chocolate cura tudo, até coração partido. – Explicou, entregando-me enfim uma caixa de chocolates na cor vermelha enfeitada com um laço preto. – Desde que você me falou sobre o tal amor que te jogara aqui dentro, eu pensei que seria legal fazer algo para te animar, sei lá.


Jornalista… ela estava destruindo todos os meus muros com aquele jeito incrível de ser, que ser humano, que mulher maravilhosa, eu estou tão acostumado a crueldade que um ato de gentileza como este me deixa sem chão, sem saber como reagir, sem saber como ter um jeito meu para me mostrar grato por aquele simples ato.


– Faz tanto tempo que eu não como chocolate, obrigado. – Disse, ligeiramente envergonhado.


– Eu gostei de você Jackson Wang, eu não sei o que você fez para estar aqui, mas algo me diz que o seu coração é bom, só está quebrado e minha mãe sempre me disse que tudo que está quebrado tem conserto.


– Por um acaso você está se oferecendo para consertar o meu coração?


– Eu estou oferecendo ajuda para ver o teu sorriso mais vezes.


– Ouvir meu maior ídolo, Presley, me faria sorrir muito mesmo.


– Bobo. – Disse ela, estapeando meu ombro. – Isso é muito fácil de resolver.


Então a mágica aconteceu, ela pegou o seu celular, tocou algumas vezes na tela e pronto, a bela voz grave de Elvis começou a soar limpa e plena pela pequena sala. A balada romântica lançada em 1961, Can’t Help Falling In Love, me deixou completamente arrepiado, em parte porque ouvir Elvis novamente depois de sete anos trouxera à tona um turbilhão de emoções e boas lembranças; em parte porque esta é a minha canção preferida dele.


– Você… quer dançar? – Convidei, morrendo de medo de receber um não como resposta.


– Mas eu não sei dançar. – Disse ela com as bochechas coradas.


– Eu também não, vamos, por favor. – Insisti.


E então ela veio até mim e colocou seus braços sobre meus ombros, desta forma minhas mãos moldaram sua cintura e nossos pés começaram a se movimentar de forma tímida nos envolvendo ao ritmo da música.


– Jornalista… obrigada por este momento. – Sussurrei em seu ouvido.


– Me agradeça comendo o chocolate que eu te trouxe. – Disse-me, se afastando de mim, abrindo a pequena caixa que eu havia deixado sobre a poltrona mais próxima, retirando de lá uma das várias trufas.


– Abra a boquinha. – Veio ela até mim, com um sorriso divertido nos lábios e com o chocolate em mãos.


– Isso é sério? – Indaguei, me segurando para não gargalhar.


– Muito sério, Jackson. – Disse, aproximando o chocolate de minha boca, aproximando também o seu corpo do meu, me deixando tenso demais para resistir mais um segundo.


– Jornalista… eu não quero comer chocolate agora, eu quero comer você inteira. – Confessei.


O chocolate caiu no chão, e sua boca antes untada por um sorriso malicioso, agora estava entreaberta e sugando o ar de forma mais necessitada. O que eu havia dito tinha lhe afetado de forma devastadora, e eu gostava daquilo, gostava de vê-la sem reação, e eu não ia parar por ali…

Minhas mãos moldaram sua cintura novamente, desta vez de forma firme, a puxando para mim em seguida, deixando nossas bocas separadas por um nesga de ar.



– Wang… eu não quero problemas.


– Que pena, pois você está olhando para o problema em pessoa. – Avisei, mordendo meu lábio inferior, vendo seus lábios desejosos acompanhar o movimento.


– Jackson eu…


– Shihh, espero que esteja preparada. – Eu ia dar uma prensa naquela jornalista que iria lhe deixar de perna bamba, para assim ela aprender que não se deve foder com o psicológico de  Jackson  Wang desta forma.



XXX



Se você está procurando por problemas

Você veio para o lugar certo

Se você está procurando por problemas

Apenas me encare

Eu nasci em pé

E retrucando

Meu pai era um cara da montanha com olhos verdes

Porque eu sou mau, meu nome do meio é sofrimento

Bem eu sou mau, então não mexa comigo


Trouble - Elvis Presley





Notas Finais


Bom gente, eu não pretendia atualizar a fanfic estes dias, mas eu fui ouvir meu rei Elvis e a inspiração veio, então agradeçam a ele, e talvez, só talvez este capítulo tenha sido inspirado nele por causa disso hihi.
Segue abaixo as músicas que inspiraram este capítulo, ouçam, são excelentes.

https://youtu.be/l0-FBlfvgxo - It’s Now Or Never

https://youtu.be/vGJTaP6anOU - Can't Help Falling In Love

https://youtu.be/093GjYcDg-4 - Love Me Tender

Por hoje é isso, espero que gostem.

Até mais ❤


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