História Jump Then Fall - Encantada

01 de novembro de 2014 (se eu escrevesse "naquele mesmo dia" ia ficar estranho pra uma data)

Camila passou horas xingando Ally de todos os nomes possíveis, e eu tive a infelicidade de ouvir todos os nomes inventados pela língua portuguesa pra se ofender alguém, por que Camila só tinhas duas amizades além de Ally, e Dinah estava indisponível.

Então você me pergunta: T, por que Camila simplesmente não ligou e cancelou os planos com Ally sendo que Ally enganou Camila?

E eu te respondo: Por que a Camila tem um complexo de Naruto.

SIM! Um complexo de Naruto, você sabe o que é Naruto? Não? Eu não vou perder meu tempo explicando, mas basicamente, Naruto é um cara muito idiota de cabelos amarelos que sempre cumpre as promessas ou nunca volta atras, que seja, porque é o estilo ninja dele.

E mesmo que Ally tenha enganado Camila, nossa linda cubana não voltaria atrás apenas porque era uma Naruto cubana-brasileira.

Então sobrou pra mim a tarefa difícil, mas não impossível, de convencer Camila que uma saída faria bem a ela e que Ally estava certa em fazer o que fez porque era pro bem da Camila.

É claro que isso significa que Camila migrou sua ira de Ally pra mim, mas ela não poderia me assassinar estando do outro lado do oceano.

- Eu preciso ir a essa festa!!! - Camila gritou no microfone.

- Você fala essa frase com tanta raiva que nem parece que outras pessoas matariam pra serem convidadas - respondi bocejando porque Camila já tinha testado meus limites reclamando sobre a tal festa.

- Eu não sou como essas "outras pessoas" Twizzle, não quero ir.

- Então não vai.

- Mas eu falei que ia - ouvi ela suspirar e respirei fundo, pensando em como raios diria aquilo sem magoar os sentimentos dela.

- Olha, talvez o amor da sua vida esteja lá, talvez você pare de ser tão... Jogadora de lol... sabe, socialmente deficiente?

Camila parou de falar por tanto tempo que pensei que a ligação tinha caído, quando eu estava prestes a reclamar ela soltou uma frase que inverteu os papéis totalmente.

- Eu talvez tenha encontrado. Mesmo isso sendo totalmente ridículo e impensável.

- QUE?

- Lembra que a Ally entrou num fusca? - Um fusca! LAUREN! Eu teria pensado isso se soubesse quem era naquele dia, mas eu não sabia, então minha reação foi algo como:

- Mas você nem viu direito! Só o relance e nem conversaram ou coisa assim.

- E foi o suficiente pra eu achar que era o relance mais lindo de todos. - falou de forma avoada.

Eu queria explodir em uma risada, juro por tudo que queria, mas não fiz porque Camila surtaria demais se eu falasse. Camila nunca gostava das pessoas, mas ela fingia que gostava. Era difícil lidar com ela fora do League of Legends, foi lá que ela conheceu Dinah, e Dinah me apresentou pra ela, (que fique claro, eu não jogo isso) Camila fingia que gostava das pessoas, então quando ela chegava em casa e conversava com a gente, basicamente era reclamando do quão idiota era a humanidade e seu desejo constante de socialização. Então, Camila falando que achava alguém atraente era algo muito mais do que surpreendente.

- Uau. - falei depois de notar que ignorei absolutamente todos os devaneios dela tendo um devaneio.

- Pois é. Vai ver é só coisa da minha cabeça, eu gostei muito daquele fusca, mas meus pais jamais iriam me deixar ter um fusca. Então eu perdi o amor da minha vid...

- Pera, do que você ta falando? Não tava falando de uma pessoa?

- Que? Não! Eu estava falando do fusca, eu nem conheço a garota que dirigia o fusca, como eu ia me apaixonar por ela?

É claro que não era sobre uma pessoa, estamos falando de Camila Cabello. Eu então me dei conta de que deixei evidente que havia ignorado o que ela disse e isso faria ela ficar triste, então apenas concordei com a cabeça e ai notei que ela não veria o movimento porque não estavamos com as cameras ligadas e me senti idiota.

- Tem razão, eu vou dormir Mila, to precisando bastante e tal, amanhã tenho um daqueles compromissos...

- Ah tudo bem, eu também to indo dormir. Preciso ver o dia da festa com a Ally, e ela falou sobre o clube, mas eu não sei qual é o salão oito porque não existe salão oito no Clube Curitibano.

- É verdade. - Eu nem sabia disso, mas eu também não sabia responder nada, então ela me deu boa noite e fomos dormir.

Então você me pergunta: T, como raios você sabe tanto sobre a vida da Mila?

E eu te respondo: Camila sempre teve uma mania estranha de utilizar terceiros como seu diário porque ela odiava escrever, então ela me usava com diário e eu a usava como fonte de inspiração.

Amigos com beneficios, certo? Sim.

02 de novembro de 2014

Os pais de Camila eram dois filhos da puta. Digo, não de forma ruim, talvez de forma ruim, mas não tanto, é mais pro lado de eles pensarem mais neles mesmos e fazerem muita piadinha com a filha, mais ou menos.

Enfim, Camila foi acordada por Sinuhe (nome diferente não? ainda mais no Brasil, mas Sinuhe era cubana, e a familia inteira de Camila com exceção de sua irmã Sophia e seu pai Alejandro (que é do México) também eram cubanos, são, tanto faz) que pediu pra Camila levar sua irmã pro clube, Camila odiava o clube e não queria ver Ally hoje, mas quando Sinuhe mandava, Camila obedecia. E como era sábado de manhã, Camila sabia que ficar em casa significaria ter de ir pro café com seu pai, mas Camila não queria ir pro café porque sabia que havia uma funcionaria nova, e Camila não gostava de pessoas desconhecidas, então ela teve de levar Sophia ao clube.

Camila não tinha idade pra dirigir, então ela pediu um táxi (outra coisa que ela odiava, mas Camila não era autorizada a andar de onibus porque Sinuhe se apavorava com a idéia de sua filha em um onibus publico) chegando no clube a primeira coisa que fez foi levar Sophia até a quadra de volei, então ela foi buscar um refrigerante na lanchonete e encontrou ninguém mais, ninguém menos do que o Marcio.

Marcio era um cara assumidamente apaixonado por Camila, e Camila achava ele um fofo porque os dois amavam Pokémon (SIM, MINHA MELHOR AMIGA É UMA NERD) então, quando Camila chegou perto de Marcio a primeira coisa que fez foi falar:

- Ayo! - Camila falou levantando o polegar direito.

- Ayo!!! - sim, ayo, que raios de saudação é essa? Eu não faço ideia.

- Gostei da tatuagem nova. - Camila falou apontando pro braço do rapaz magrelo e baixinho. Ele sorriu pra ela, e mesmo que eu não o achasse nem um tantinho bonitinho, Camila achava.

- Eu fiz ontem - Marcio falou de uma forma orgulhosa e completou - Harry Potter é irado demais pra ficar longe da pele de alguém.

A tatuagem do Marcio era a Marca Negra do Harry Potter, o que seria algo impressionante pra Camila se ela não fosse tão aficcionada por essa saga e sua casa não fosse a Grifinória

- Eu gostaria mais se fosse algo da Grifinória.

- Os opostos se atraem, já te falaram? - Marcio riu e Camila riu também, quando os dois indicaram que iriam ficar se encarando, Ally (nossa amada Ally) apareceu.

- MILA! - gritou fazendo com que os dois patetas se assustassem, quando Marcio viu Ally, suspirou e disse a Camila que iria dar uma volta.

Sim, ao que parecia, Marcio não era fã de Ally, e Ally tampouco gostava dele.

- Ally. - Camila respondeu de uma forma tão seca que se eu estivesse lá teria jogado um copo de água pra não perder a piadinha.

- Não me diga que você ainda ta brava. Twizzle me disse que era seguro!

- Sim, eu ainda to brava.

- Qual é, Mila, eu precisava que você dissesse sim, eu vou estar fazendo 17 anos, é a idade do Edward! - é, Ally era fã de Crepusculo, esqueci de mencionar né? mas não é muito relevante não. - isso merece uma festa grande com meus melhores amigos.

Camila não respondeu nada, só ficou encarando Ally por um tempo e bebendo seu refrigerante de cola pra criar um suspense. Quando Ally começou a bater o pé direito no chão, Camila suspirou e falou:

- Nah, ta tudo bem, eu vou de verdade, falei que vou né? Só não espere que eu socialize.

- ISSO! Não precisa socializar com ninguém, só comigo. Qualquer coisa ligamos pra Dinah e Twizzle e você fica no Skype. - Camila revirou os olhos e começou a andar na direção das piscinas, Ally a seguiu de pertinho, como se quisesse ter certeza de que Camila não iria derreter e se transformar em um robô.

- Para de encostar, credo Ally. - Camila reclamou quando Ally quase a derrubou na grama do lado da calçada.

- Ok, você não é um robô - Ally respondeu e se afastou um pouco.

As duas finalmente alcançaram as piscinas e se sentaram nas esteiras, Ally puxou o boné de forma que cobrisse seu rosto e Camila arrumou a barra do vestido florido que estava usando, sentando-se de frente pra Ally na esteira.

- Por que ta me olhando? - Ally perguntou depois de longos minutos em que Camila a encarava fixamente.

- Aquele fusca, de quem é?

Ally se sentou e encarou Camila, eu teria tido a mesma reação, Camila se lembrando de algo não relacionado a jogos e estudos no dia seguinte? Impressionante.

- Por que quer saber? Se interessou pela motorista? - Ally piscou abrindo um sorrisinho sacana e Camila revirou os olhos de novo.

- Nem vi a motorista, quero saber de quem é pra eu comprar.

Ally foi menos sutil que eu e começou a gargalhar, mas não gargalhamos pelo mesmo motivo, infelizmente.

- Você ta fora da casinha, minha filha, o fusca é da Lauren, e Lauren jamais vai vender aquele carro. Além do mais, seus pais jamais te deixariam comprar um fusca, eles querem tudo do melhor pra você, lembra?

- Mas aquele carro ta ótimo! Se eu pedisse com jeitinho eles com certeza me comprariam ele.

Ally não respondeu, o que fez Camila começar a se impacientar.

- Por que ela não venderia? - Camila cutucou Ally. - Allyyyyy, por que ela não venderiaaaa? - insistiu cutucando com mais forças quando Ally a ignorou totalmente.

- Porque o carrito tem valor sentimental demais.

- Hmm - Camila se aquietou, mas sua mente não. - Carrito?

- É o nome do carro. - Ally respondeu reprimindo uma risada.

- Eu queria o carrito. Será que se eu falar com essa Lauren ela não me vende ele?

- Desiste Mila. Pelo amor de Deus, ela não vai te vender o carro e esse assunto já ta me dando fome.

Ally nem sempre fazia sentido, mas eu entendia bem os motivos por trás de ela querer cortar o assunto, Camila podia ser insuportavel quando queria, e ela não pararia de perguntar até conseguir a data de fabricação do carro se quisesse.

- Podemos comprar batatas fritas se quiser. - Camila respondeu e Ally se levantou, as duas se encaminharam pra lanchonete. Quando chegaram o celular de Ally começou a tocar freneticamente e Camila o puxou do bolso da baixinha antes que a mesma tivesse a oportunidade de processar o toque.

- Alo, Ally Hernandez aqui, por apenas 2,95 por minuto, eu posso acabar com o seu fôleg... - Camila não conseguiu terminar porque Ally puxou o celular da sua mão.

- Oi! - Ally quase queimou Camila com os olhos antes de rir de forma constrangida - Não Lo, era minha amiga... Sim, não, ok, tá. 15h? Não, tudo bem, tchau.

Quando Ally desligou o celular, Camila estava no chão de tanto rir, literalmente, a cubana tinha escorregado sabe-se Deus como.

- Sua imunda, já falei pra parar com isso! - reclamou Ally ajudando a cubana a se levantar e sorrindo pro atendente que colocou a cestinha de batatas no balcão.

- Desculpa, você merecia. Agora vamos sentar lá pra comer essas batatas antes que esfriem - falou pegando a cestinha e indo até a mesa. Ally continuou sorrindo pro atendende, que também estava sorrindo pra ela, mas parou de olhar quando Camila deu um tapa em seu braço e se sentou na mesa de sempre com a latina.

As duas conversaram sobre provas, os cães de Camila (dois Huskys Siberianos, uma femea chamada Nala e um macho chamado Bud) e a festa. Um assunto bem delicado por sinal.

- Que dia é a festa, Ally? - Camila perguntou vendo Sophia se aproximar, a menor estava suada e cansada de tanto jogar e se sentou na cadeira ao lado de Ally, levantando o polegar, Ally enfiou varias batatas na boca tentando ganhar tempo pra resposta enquanto acenava pra Sophia. - Hein, que dia? - Camila pressionou reconhecendo a tática da baixinha.

- Hojedenoite - respondeu de boa cheia e rapidamente.

- Que?

Ally respirou fundo e terminou de mastigar, engolindo dolorosamente antes de responder, dessa vez de forma mais clara.

- Hoje de noite.

- HOJE DE NOITE, VOCÊ TA BRINCANDO! - Camila gritou levantando-se, Sophia se encolheu na cadeira e Ally a encarou, buscando socorro. - VOCÊ ME CONVIDOU ONTEM, COMO RAIOS VOCÊ ME CONVIDA PRA UMA FESTA UM DIA ANTES?

-Seus pais já sabiam... eu quis te deixar mais por ultimo pra não dar tempo de cancelar, sabe...

- Meus pais já sabiam? - Camila encarou Sophia indignada - Então você também sabia? Sua traidora!

Sophia não respondeu, só deu de ombros e puxou o celular do bolso.

- Vocês tão brincando comigo! Como assim hoje de noite? Ally!

- Bom... pensa pelo lado positivo, você não foi a ultima.

Camila balançou a cabeça, a cubana estava furiosa, e Ally tinha certeza de que iria morrer pelas mãos dela antes da festa. Sophia pigarreou e as duas a encararam.

- Olha, você pode surtar quando chegar em casa, mamãe mandou um táxi aqui já.

- Amém Lady GaGa! - Ally sussurrou, mas Camila ouviu e bufou, levantou, indignada, e começou andar, mas parou quando se deu conta do que Ally disse.

- Quem foi a ultima pessoa? Nem pra isso eu sirvo. - resmungou.

- Lauren foi a ultima, ela tava numa bad trip e tudo mais, mas ela meio que sabia.

- Hm.

- Não faz "hm" pra mim, sua piranha. - as três se encaminharam na direção dos portões de saida pra esperar o táxi com uma Camila resmungando e xingando Ally.

Camila e Sophia chegaram em casa um pouco depois de Ally, as três tinham rachado o táxi e Ally morava mais perto do clube, então Camila teve de esperar até Ally chegar pra que elas e Dinah pudessem jogar League of Legends.

Eu poderia passar horas falando sobre o jogo e detalhando absolutamente tudo nele só pelo que Camila gostava de falar, mas eu não vou perder nosso tempo com isso. Vou até mesmo pular a tarde entediante de Camila (entendiante pra quem não joga) e partir pro momento em que as coisas começaram a ficar interessantes.

- Kaaaaarla - Sinuhe gritou do andar de baixo, a cubana removeu o headset depois de uma partida exaustiva e se despediu de Dinah e Ally, então desceu as escadas e encontrou sua mãe de vestido e com o cabelo feito arrumando uma Sophia inquieta na banqueta da cozinha.

- Oi? - Camila perguntou e sentiu mãos pesadas bagunçarem seus cabelos - Pai! - reclamou batendo na mão direita de Alejandro.

- Vá se arrumar, saimos daqui a pouco. - Sinuhe respondeu sem olhar pra Camila, focada demais nos cabelos da irmã mais nova - Alejandro, para de bagunçar o cabelo dela.

Alejandro não respondeu nada antes de ir até a geladeira e tirar uma garrafa de água de lá. Camila subiu as escadas e começou a se arrumar baseando-se no que Ally tinha dito, ou seja: em nada.

Depois de colocar um vestido preto rendado e saltos da mesma cor, Camila desceu e pediu a sua mãe pra que a maquiasse, quando Sinuhe terminou, Camila voltou a subir e colocou um laço azul escuro, pegou seu celular (um iPhone 5s preto e com a pelicula toda rachada porque nossa queridinha era descuidada e já tinha cansado de trocar pelicula toda semana) e desceu as escadas.

As três Cabello esperaram, impacientes, com uma Sinu resmungando, que Alejandro ficasse pronto, porque aparentemente, Alejandro perdeu a noção das horas jogando Call of Dutty, (já sabemos a quem Camila puxou com essas nerdisses).

Quando os quatro estavam, finalmente, prontos, entraram no Mitsubishi Outlander preto de Alejandro e partiram na direção da Avenida Presidente Getúlio Vargas, no bairro Água Verde, os Cabello moravam a menos de 20 minutos dali, por isso não se atrasaram muito.

A primeira coisa que Camila reparou quando estacionaram o carro na vaga de sempre foi o fusca preto na vaga ao lado. Camila ficou alguns minutos encarando o carro antes de notar que seus pais já estavam entrando no Salão, então tentou correr na direção deles, mas tropeçou e caiu.

- Valha-me Deus, que raios eu fiz pra merecer isso! - então choramingou quando viu seus joelhos ralados e a barra do seu vestido suja de pó.

- Eita caramba, ta tudo bem ai? - perguntou uma garota negra que viu Camila voar até o chão e correu pra socorre-la.

- Tá tudo sim, só ralei os joelhos, nada demais - Camila respondeu encarando a garota com a testa franzida de dor. A garota ofereceu a mão pra ajudar Camila a levantar e quando Camila a pegou, gemeu de dor. - Acho que torci o pé.

A garota soltou uma risadinha e Camila se controlou pra não xinga-la, já que ela era a única pessoa no estacionamento e seus pais nem mesmo notaram que a filha tinha ficado pra trás.

- Vem, eu te ajudo a entrar e podemos ir até o bar pedir um gelo, consegue andar? - Camila colocou o pé no chão e gemeu de novo. - se apoia em mim.

Hesitante, Camila se apoiou na garota e perguntou:

- Como é seu nome?

- Normani, e o seu? - Normani abriu um sorrisinho e Camila a encarou, surpresa.

- Camila - respondeu - já ouvi falar muito de você.

- Camila Cabello? - Normani também se surpreendeu e Camila concordou com a cabeça - Achei que não viria. Ally disse que você odeia socializar...

- Ally me forçou a vir. - Camila cortou e Normani a ajudou a subir o degrau de entrada do Salão. - E que nome curioso você tem.

Normani riu, mas não respondeu, apenas ajudou Camila a se sentar na primeira mesa que encontrou disponivel e disse que ia atras de gelo pra por no machucado, sumindo na multidão de vestidos coloridos e pessoas dançando logo em seguida.

- Que ótima maneira de se começar a noite, mal chegou e já foi sentando! - Ally apareceu depois de alguns minutos, ela estava linda como sempre, seus cabelos loiros estavam soltos e ondulados, seu vestido era bege e seus sapatos também. - Vamos dançar, garota.

- Eu torci o pé - Camila reclamou estapeando os braços de Ally, que tentou puxa-la da cadeira. - estou esperando a garota voltar com o gelo.

Ally não conseguiu se conter e começou a gargalhar.

- Tá brincando? Meu Deus Mila! - Camila apenas manteve seu olhar fixo em Ally até ela parar - tá, parei, quem é a garota?

Antes que pudesse responder, Normani voltou com uma toalhinha com gelo e um copo de água.

- Oi de novo AllyB. - Normani falou depois de entregar o copo e colocar a toalha no pé torcido de Camila.

- Não acredito que vocês se conheceram do jeito errado. - Ally reclamou e as duas se sentaram na mesa junto com Camila.

- Eu já posso ir pra casa? - Camila perguntou apontando pro pé, recebendo uma careta de Ally e uma risadinha de Normani.

- Você acabou de chegar, Camila, fica pelo menos pra ver a banda da nossa amiga. - Normani falou antes que Ally pudesse começar a dar uma bronca em Camila.

- Ok, eu fico. - respondeu e encarou Ally - mas só porque você falou que vai ter uma banda. - terminou sorrindo pra Normani.

As duas ficaram um tempo conversando com Camila, mas por Ally ser a anfitriã, varias pessoas vieram disputar a atenção da baixinha, o que fez com que ela não ficasse parada, deixando apenas Normani e Camila conversando trivialidades.

Camila adorou Normani, e quando descobriu que a garota também estudava no TecPuc (que é o ensino tecnológico de uma faculdade "TOP" do Brasil) quase soltou gritinhos de felicidade, mas Normani estava no último ano do Ensino Técnico de Informatica junto com Lauren, enquanto que Camila e Ally eram do segundo ano, também do Ensino Técnico de Informatica. Então ela não teria uma amiga por tanto tempo se Normani não quisesse continuar estudando na PUC depois de terminar o ensino médio. Isso também explicava o porque de Ally sumir no intervalo.

Camila tinha sérios problemas com as outras pessoas, ela odiava ter que enfrentar as filas dos refeitórios, e odiava ter que conversar mais do que o necessário, então ela sempre se isolava na sala e não conversava com ninguém. Por isso ela nunca conheceu as amigas de Ally, mas isso ia mudar nessa noite. E ia mostrar pra Camila que ela era uma completa idiota por não acompanhar Ally nos intervalos.

As duas passaram tanto tempo ali que sequer notaram que a banda estava se preparando pra tocar, e quando Normani viu, rapidamente avisou Camila, que verificou seu pé antes de tentar se levantar, quando notou que conseguiria, as duas foram pra frente do palco em que a banda estava.

Muitos adolescentes em um lugar só geram caos, já ouviu falar disso? Se não ouviu, ta lendo agora, e foi basicamente isso que aconteceu quando a banda subiu e Ally correu até onde as garotas estavam.

Todos os jovens na festa decidiram que ir pra perto de Ally era uma boa opção, mas Ally estava perto de Camila, e Camila tinha machucado o pé, mas se Normani existe, graças a Deus porque existe! A garota era mais alta que as duas, e também mais forte devido a horas de dança, então pra prevenir um acidente, Normani pegou Camila e a colocou em seus ombros pra que a mesma ficasse segura e pudesse ver a banda.

A cubana agradeceu aos céus por estar de shorts e agradeceu Normani mais de mil vezes em um intervalo curto de tempo, Normani apenas ria e dizia que estava tudo "de boa".

A banda levou um tempo até subir, e quando subiu as pessoas surtaram, não por serem famosos ou coisa parecida, e sim porque todos os integrantes eram absurdamente lindos e estilosos a ponto de parecem uma banda que lotava estádios.

O guitarrista se chamava Lucas, a baterista era Verônica, a segunda guitarrista se chamava Lucy, e a baixista/vocalista era Lauren. Juntos eles formavam a London Thunder.

Camila quase caiu pra trás ao ver Lauren, ela literalmente encarou a garota em choque.

Sim, Camila já tinha ouvido falar de Lauren muitas vezes ao longos dos anos em que conheceu Ally, mas nunca a tinha conhecido, e nunca teve interesse em "stalkear" a garota nas redes sociais, mas Camila não estava em choque por que Lauren era bonita e absurdamente estilosa naqueles coturnos, calça rasgada e jaqueta de couro, e sim porque Camila se sentiu encantada por uma garota.

Uma garota! Que reviravolta.

Camila nunca se viu como hétero ou lésbica, na verdade, a garota nunca pensou em namoros porque nunca se sentiu atraída por ninguém, mas aquilo era algo novo. E ela nem mesmo conseguia começar a entender.

Lauren apresentou os London Thunder, e Camila quase morreu pela segunda vez ao ouvir a voz rouca da garota, ela anunciou que eles tocariam um cover de "Shake The Ground" das Cherri Bomb, e mesmo que Camila nunca tenha ouvido falar da música ou da banda, a cubana gritou eufórica junto a todos os outros jovens no salão.

A apresentação deles foi fantastica. E essa foi a única coisa que Camila conseguiu descrever quando ela me ligou, a garota mais parecia um disparador de bolas de tênis com defeito. Eu nunca tinha ouvido Camila falar tanto! Ela conseguiu memorizar todos as músicas que eles cantaram, mas só me falou duas além da que eu já falei, que foram "The City" do The 1975 (a banda da camisa que Lauren estava usando) e "Hallelujah" do Paramore.

No fim da apresentação, Camila, Normani e Ally foram pra mesa que tinham pegado antes, e o resto do salão se dispersou pela pista dançando as músicas que o DJ colocava pra tocar.

Camila conseguiu achar seus pais em uma mesa com os pais de Ally e mais alguns adultos desconhecidos, e Sophia dançando com crianças da idade dela (12 anos) na pista.

Ally estava pronta pra levantar pra pegar refrigerante pras garotas quando Lauren apareceu. Pela terceira vez naquela noite, Camila quase morreu ao encarar os olhos verdes da baixista.

- Sinto muito pelo atraso Allycat, deixei o carrito aqui mas tive que buscar a Vero e a Lucy porque o Lucas esqueceu elas, então já viu né, ônibus é muito ruim nesses horarios... - Lauren continuou falando mas Camila não ouviu mais nada, só ficou parada encarando a garota tentando gravar todos os detalhes do rosto dela. - E você deve ser a Camila. - Lauren se voltou pra Camila que acordou instantaneamente dos devaneios.

- Eu mesma, tudo bom? - Camila disse a primeira coisa que veio a cabeça dela e eu juro que quase sufoquei de tanto rir quando ela me contou isso.

Lauren sorriu e se sentou ao lado de Normani.

- Tudo bom. E você?

- To bem também. - as duas ficaram paradas se encarando igual umas patetas e só acordaram quando celular de Camila vibrou em cima da mesa, o que fez com que elas notassem que Ally e Normani já não estavam mais ali. - Você canta muito bem.

- Eu tento. - Lauren respondeu sem jeito - Você é diferente do que eu imaginava. - Camila ergueu uma sobrancelha, confusa - Quer dizer, Ally... Ela sempre disse que você não era normal... não sei.

- Você imaginou uma garota desleixada de aparelho dentário e cabelo armado? - Camila fez piada daquilo (!!!!!!!!!). Lauren gargalhou.

- Mais ou menos isso. Mas fico feliz que não é como eu imaginei.

As duas riram e Camila, pela primeira vez naquela noite, se sentiu totalmente confortável conversando com um desconhecido, por mais que Normani fosse incrível, Camila tinha sentido que estava abusando da garota depois de ser socorrida e carregada.

- Você é a dona do fusca.

- Eu sou, e antes que você pergunte, não está a venda. - Camila fingiu estar indignada ao encarar Lauren.

- Ally é uma fofoqueira! - Lauren riu de novo e Camila amou aquele som, era a primeira vez que ela ficava feliz em ouvir alguém rindo "dela" - que pena. Eu amo fuscas.

- Posso te levar pra dar uma volta qualquer dia - Lauren ofereceu abrindo um sorriso sacana e Camila revirou os olhos. - você não me parece tão estranha.

- É porque estamos em público - Camila brincou de novo - quase consigo me arrepender de ter procrastinado tanto pra conhecer as amigas da Ally.

- Eu nunca entendi essa parte, por que você não queria conhecer a gente? - Lauren perguntou demonstrando um interesse diferente, Lauren parecia diferente, ela parecia realmente interessada na conversa com Camila, e não era da forma que os garotos costumavam fazer, ou as pessoas que tentavam forçar assuntos pra o clima não ficar constrangedor.

- Não sei explicar, eu só não sou muito fã de pessoas em geral, normalmente elas são preconceituosas ou idiotas e eu me afasto - Camila respondeu encarando as mãos brancas de Lauren e pensando em quão bem feitas eram suas unhas, mesmo pra uma baixista. - Gostei do seu esmalte.

Lauren sorriu e balançou os dedos na frente do rosto.

- Eu não sei que cor é essa, Vero me obrigou a usar.

As duas garotas riram mais uma vez, e mais tantas outras naquela noite. Camila nunca esteve tão feliz em ter ido a uma festa, mesmo que no começo ela tenha tido que abrir sorrisos falsos e forçar risadas, quando Lauren apareceu, tudo ficou mais leve e brilhante. As garotas estavam tão leves conversando que mais pareciam estar em uma bolha. Era lindo de se ver e ouvir, as risadas, os olhares, os gestos, as duas pareciam encantadas em se conhecer.

Infelizmente, tudo que é bom dura pouco. Por volta das 2 horas da manhã, Alejandro e Sinu decidiram que já estava tarde e precisavam ir pra casa, Sophia até mesmo dormia encostada no braço do pai.

- Eu adorei te conhecer, Lauren - Camila falou depois que seus pais a chamaram e Lauren abriu o sorriso mais lindo que Camila já tinha visto na vida.

- Eu amei te conhecer, Camila, espero que possamos nos ver mais vezes. Você é legal demais pra ficar trancada em uma sala vazia e fria na hora do intervalo - Lauren brincou.

As duas se levantaram e se abraçaram, despedindo-se com a promessa de que se veriam em um futuro próximo. Camila se despediu de Ally e Normani, e até mesmo retribuiu o aceno pra Vero, Lucy e Lucas que tinham visto Lauren com a cubana.

Quando a família Cabello entrou no carro, Camila se permitiu corar, ela ficou se perguntando se algum dia Lauren saberia que ela ficou tão encantada em conhece-lá, sua mente inquieta disparando perguntas do tipo: Quem será que ela ama? Será que ela está apaixonada por alguém? Aquela noite tinha sido perfeita demais, Camila não queria deixar isso acabar.

Por esse motivo, quando chegou em casa, contou-me tudo antes de dormir e me implorou pra documentar todos os passos dela dali em diante.

Naquela noite vibrante, Camila só torcia pra que Lauren não fosse apaixonada por ninguém e que ninguém estivesse esperando por ela.

Vou terminar esse capitulo com uma pergunta importante: Quem não morreria ao encarar Lauren Jauregui pessoalmente?