História Juro Solenemente - A Toca

Rodopiei nas chamas, enquanto passava por várias lareiras, até que parei em uma, só que nessa não existia saída nenhuma, era um espaço apertado e escuro que eu dividia com o Sr. Weasley, Fred e Jorge que falavam sem parar.

– AI ! Annie, volte depressa e diga ao Rony...

- Sr. Weasley, meninos, escutem – falei na tentativa de calar todos, sem ser grossa – Talvez Harry esteja do outro lado.

- Annie tem razão, talvez Harry possa ouvir a gente papai...abrir para a gente passar...Jorge falou.

E começamos a socar as tábuas.

- Harry? Harry, você está ouvindo a gente?

Derrepente uma voz, que parecia furiosa, começou a falar.

- Que é isso? Que está acontecendo?

Pude ouvir vagamente a voz baixa de Harry em meio a de Fred e Jorge que discutiam, pelo que dava a entender, Jorge tinha aterrissado em cima dos pés de Fred.

- Sr. Weasley? O Senhor está me ouvindo? – Psiu ! – Sr. Weasley, é o Harry...a lareira está bloqueada. O senhor não vai conseguir passar por ai.

– Droga! – exclamou o Sr. Weasley – Para que foi que eles inventaram de bloquear a lareira?

– Eles tem um forno elétrico – explicou Harry.

– Verdade? – o Sr. Weasley se remexeu animado entre nós.

– Elétrico, você disse? Como uma tomada? Nossa, eu preciso ver isso...vamos pensar...

- Ai, Rony!

A voz de Rony agora se juntava a dos gêmeos.

- Que é que estamos fazendo aqui? Deu alguma coisa errada?

– Claro que não Rony – Falei com a voz carregada de sarcasmo.

– Era exatamente aqui que queríamos chegar – Fred terminou minha frase.

- É, e estamos nos divertindo de montão – acrescentou Jorge. A voz dele saia abafada, Rony o esmagava sem querer contra a parede.

- Meninos, meninos...estou tentando pensar no que fazer – disse o Sr. Weasley vagamente – e é...é o jeito. Afaste-se Harry.

O Sr. Weasley esperou alguns segundos para Harry ter tempo de se afastar, e novamente a voz esganiçada do Sr. Dursley voltou a falar, mas antes que terminasse... BAM! Alguma coisa foi arremessada junto com parte da lareira que estava bloqueada, assim que o Sr. Weasley lançou um feitiço para rompê-la. Caímos no chão da casa imediatamente, mas o Sr. Weasley logo se recompôs, limpando a poeira das vestes verdes e endireitando a postura e se direcionando ao homem e a mulher (reconheci ser os tios de Harry, pela descrição que ele fazia). Mas eu estava mais preocupada em sair de cima de Fred e agarrar meu malão que tinha se aberto com o impacto daquela confusão.

- Hey Annie, deixa que eu te ajudo com isso. – Fred tinha se levantado e vinha em minha direção com os cabelos e as roupas sujas de poeira.

- Você está encantador – falei sorrindo em tom de brincadeira.

– Ah, é? Você deve ter me superado então , porque a sua blusa está rasgada.

– Ah que droga – falei olhando o rasgo esfiapado que saia da manga da roupa – Depois eu dou um jeito...

- Olá, Harry! – o Sr. Weasley falou animadamente, tirando minha atenção do rasgo da blusa - A mala está pronta?.

- Sim – respondeu o garoto , retribuindo o sorriso.

– Eu ajudo você Harry – Jorge falou na mesma hora. Sai da minha posição de estátua ouvinte.

- Olá Harry – cumprimentei-o com um abraço, ele retribuiu um pouco encabulado , pude ver os Dursley olhando incrédulos, de eu abraçando Harry para o Sr. Weasley, soltei-o e vi os gêmeos levando o malão de Harry para perto da lareira, eles olhavam na direção de um garoto que surgiu do nada na sala, ele era imensamente gordo e rosado, reconheci ser o primo de Harry, Duda Dursley.

- Hey, Harry, ele se parece mesmo com um presunto – eu nem estava ligando se os tios de Harry ouviriam, porém fui repreendida pelo olhar do Sr. Weasley.

- Ah, esse é o seu primo, não é, Harry? – ele estava sendo extremamente educado, talvez para tentar distrair a tensão do meu maravilhoso comentário.

- É, o Duda – Rony e Harry se entreolharam, e pareciam se segurar para não rir, talvez fosse pelo meu comentário, ou, pelo fato do garoto estar segurando as nádegas desde que entrou na sala. Percebi os gêmeos ainda olhando para Duda, seus rostos expressavam sorrisos malvados idênticos, depois lançaram o mesmo olhar pra mim , retribui mesmo sem saber exatamente o que significava, só sabia que iam aprontar.

– Ah, certo...melhor irmos andando – disse o Sr. Weasley – com um feitiço conjurativo fez romperem chamas da lareira destruída, jogou um pouco do Pó de Flu que estava em um saquinho em seu bolso, senti Fred passar suavemente ao meu lado.

- Observe... – ele sussurrou – Pode ir, Fred – disse o Sr. Weasley.

- Estou indo – respondeu o garoto – ah, não...espera ai... Nesse momento caiu “acidentalmente" um saquinho de seu bolso e vários caramelos se espalharam pelo chão, ajudei Fred a juntar, mas ele fez com que alguns continuassem pelo chão, ele se levantou e deu um tchau animado para os Dursley, o ajudei carregar a minha mala até as chamas.

- A Toca! – ele disse, se ouviu um barulho de deslocamento de ar e Fred sumiu. Jorge pegou o malão de Harry e assim também foi engolido pelas chamas.

- Agora você Annie – peguei o Pó de Flu.

– A Toca! E mais uma vez naquele dia girei no fogo esverdeado.

Depois de algum tempo rodopiando nas chamas e passar por mais e mais lareiras, estiquei os braços para frente, para parar em tempo de evitar cair de cara na lareira da casa dos Weasley.

– AI ! – tentativa inútil, cai de joelhos no chão, Fred me puxou para o lado segundos antes de Rony aparecer e quase cair por cima de mim.

– Vamos esperar o Harry – Fred falou parecendo animadíssimo.

– O que eram aqueles doces? - sussurrei, pois parecia algo a não ser comentado em voz alta.

– Ah, você já vai descobrir...Virei para a mesa da cozinha e me deparei com dois rapazes ruivos que nunca tinha visto antes, mas soube na hora quem eram, os dois irmãos Weasley mais velhos, Gui e Carlinhos.

 - Como vai Annie? – um dos ruivos que estava mais perto se levantou e me cumprimentou, tinha as mãos cheias de calos e uma grande cicatriz de queimadura em um dos braços, com certeza era Carlinhos, o que trabalhava na Romênia, com Dragões, Gui repetiu o gesto de Carlinhos. Ele era alto, tinha cabelos compridos presos em um rabo de cavalo baixo, e no geral tinha um estilo rockeiro e descolado. Nesse meio tempo, Harry havia chegado e Gui e Carlinhos também o cumprimentaram, fui para perto de Fred e Jorge.

- Então...Agora me digam, para que serviam aqueles doces? Mas antes que qualquer um dos dois respondesse alguma coisa, ouviu-se um leve estalo e o Sr. Weasley apareceu de repente junto ao ombro de Jorge. Parecia mais zangado do que nunca.

 - Não teve graça alguma Fred ! – gritou ele – Que diabo foi que você deu aquele garoto trouxa?

- Eu não dei nada a ele – disse Fred, com outro sorriso malvado. – Só deixei cair um caramelo... foi culpa dele se o apanhou e comeu, não o mandei fazer isso.

Dali em diante se passou uma série de acusações da parte do Sr. Weasley e os gêmeos rebatiam com perguntas sobre o que os caramelos fizeram com a língua do garoto, de inchar e chegar a um metro e meio de comprimento, rimos imaginando a situação bizarra que aquele presunto humano ficou.

- Espere até eu contar à sua mãe...

- Contar o quê? - perguntou uma voz às costas dele.

Opa Sr. Weasley...

- Ah! olá, Harry, querido – disse ela sorrindo ao vê-lo.

– Annie! Ah, querida , que bom que você veio – disse ela sorrindo igualmente para mim. Então ela se voltou olhando para o marido.

– Contar o quê, Arthur?

Por mais zangado que o Sr. Weasley estivesse, acho que ele não pretendia realmente contar a Sra. Weasley o que tinha acontecido, ele a encarava nervoso. Então duas meninas apareceram à porta da cozinha atrás da Sra. Weasley, Hermione e Gina. A Sra. Weasley insistia em querer saber o que os gêmeos tinham aprontado, perguntou se era algo relacionado as “Gemialidades Weasley”. Hermione sugeriu para subirmos para saber aonde dormiriamos, Rony foi um pouco lerdo , mas acabou entendendo o recado, Jorge tentou livrar ele e Fred, mas por ordem da Sra. Weasley ficaram para trás, saímos de fininho de dentro da cozinha, ziguezagueando pelos corredores da casa, era cheia de andares e tinha inúmeros objetos curiosos em todas as partes. Pedi para me mostrarem onde ficava o banheiro, ainda estava coberta de poeira e com a blusa rasgada, precisava me trocar, depois pensei em ir atrás de Rony, Hermione, Harry e Gina, mas como nunca tinha estado ali, não fazia ideia para onde tinham ido .

Fui para o quintal na esperança de encontrar alguém, assim que sai ouvi barulhos de algo batendo contra a madeira, era Gui e Carlinhos, eles estavam com as varinhas em punho e faziam com que duas mesas duelassem, vi Fred e Jorge observando e aplaudindo e me juntei a eles.

- O que aconteceu? – me referi a bronca que tinham levado.

- Ah, foi menos pior do que quando ela descobriu sobre tudo – disse Jorge – Já estamos quase nos acostumando – completou Fred, em tom conformado.

– Não vamos desistir do nosso projeto.

- Hm, então, que tal me contarem o que é exatamente as “Gemialidades Weasley”?.

- Ah, claro – Jorge começou – tivemos uma ideia brilhante, estamos planejando por em prática assim que conseguirmos uma boa quantia de galeões – disse em tom sonhador – estamos fazendo vários artigos de Logros e Brincadeiras – continuou Fred – planejamos testar em Hogwarts esse ano, mesmo que a mamãe tenha jogado fora boa parte dos formulários e dos produtos – completou Jorge - ainda temos um estoque guardado e podemos recuperar o resto – os gêmeos se entreolharam em meio a sorrisos e se viraram novamente para mim – temos alguém muito especial que com certeza gostaria de nos ajudar e não consigo imaginar essa pessoa se recusando a fazer algo desse tipo – retribui o sorriso maroto, entendendo o recado.

– E eu com certeza aceito meninos.

Almoçamos no quintal mesmo, Gui e Carlinhos conseguiram quebrar a perna de uma das mesas mais logo arrumaram, a Sra. Weasley insistia para cortar os longos cabelos de Gui, na minha opinião poderia ficar do jeito que estava, pois lhe dava um ar descolado, Percy estava mais mala sem alça do que nunca , não se cansava de ficar repetindo sobre seu “incrível” trabalho no Ministério e sobre algum evento secreto que haveria em Hogwarts esse ano, ele não parava de dar indiretas só para ficarmos perguntando o que era, e eu estava conversando com os gêmeos e Carlinhos sobre nossa animação em relação a Copa Mundial de Quadribol, eu estava crendo que a Bulgária ganharia, pois o apanhador, Viktor Krum, era realmente muito bom, talvez o talento dele encobrisse a falta dos outros jogadores.

No final do maravilhoso jantar (a Sra. Weasley cozinhava incrivelmente bem) e sobremesa, ela nos mandou ir deitar se não, não conseguiríamos acordar no outro dia, pediu a lista de materiais minha e de Harry e disse que compraria junto com o dos meninos, porque talvez não daria tempo depois da Copa, pois a última partida tinha durado cinco dias. Percy parecia preocupado demais com que isso acontecesse, dizia que “Estremeceria só de pensar no estado da caixa de entrada dele se, se ausentasse cinco dias no trabalho".

- É, alguém poderia deixar bosta de dragão nela outra vez, hein, Percy? – comentou Fred.

– Aquilo foi uma amostra de fertilizante da Noruega! – protestou Percy, corando. – Não foi nada pessoal!

- Foi – Fred cochichou para Harry – Fomos nós que mandamos – ele se virou para mim e piscou. Eu sabia totalmente que tinha sido pessoal, pois a ideia tinha sido minha.