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História Just Another Girl - Capítulo 28 - Descobertas


Escrita por: footballergirl

Notas do Autor


GENTE, DOIS CAPÍTULOS PARA O FIM ♡♡♡♡♡♡♡
AQUI VAI MAIS UM

Capítulo 28 - Capítulo 28 - Descobertas


- Negado?

A tela do computador na minha frente parecia piscar em vermelho. As palavras se confundiam em minha frente conforme eu lia o maldito email pela décima quinta vez, sem entender ainda como aquilo tudo tinha acontecido.

- Mas como assim, Nicole? - Lisa estava aflita atrás de mim, inclinada sobre o sofá para chegar mais perto do notebook em meu colo. - Quanta barbaridade escrita aqui! Eles podem até não ter gostado do seu projeto, mas dizer que foi "uma brincadeira de mau gosto" não é um pouco de exagero?

Thomas, sentado na cadeira acolchoada no outro canto da sala, observava a cena com um vinco na testa e a expressão de indignação. Ninguém acreditava no que tinha acabado de acontecer, mas Thom tinha sempre que encontrar uma explicação racional para as situações, até se sentir bem consigo mesmo.

- Eu sei, Lizz. Isso aqui não faz o menor sentido. Passei meses trabalhando nessas plantas!

- Você conferiu tudo? - ela levantou uma sobrancelha, se abaixando perto de mim para ter acesso ao computador. - Talvez tenha mandando os arquivos errados e...

Suspirei. - Não. Eu mandei copias físicas para garantir que a experiência da fábrica com o projeto fosse mais substancial, embora tenha enviado algumas apresentações em slides 3D para o caso de alguma exposição do produto.

Thom, que tinha se levantado em completa frustração por não conseguir chegar à uma resposta satisfatória, retornou da cozinha da minha pequena casa com um copo de água com açúcar e alguns envelopes de analgésico, conforme as instruções de Robert, mas eu neguei ambos. Meu estado de nervos era tão intenso que um analgésico provavelmente faria mais estrago do que reparos no meu bem estar.

Lisa mordia o lábio fortemente, as narinas dilatadas com raiva, e lia o email de novo e de novo, procurando alguma falha. Quando terminava, bufava e voltada, reiniciando o processo. Como se eu já não tivesse feito isso antes. Rolei os olhos.

- Esse não é o seu projeto.

A pequena sala de tons terrosos parecia pequena demais, de repente, quando uma voz inesperada foi ouvida da mesa de jantar atrás de nós. Lisa praguejou com o susto, embora Thom não parecesse muito surpreso quando foi tocar o ombro do amigo. Eu, por outro lado, senti o coração disparar no peito como um cavalo de corrida pronto pra fugir. A voz era, talvez tanto quanto surpreendente, estupidamente conhecida - e eu odiava a sensação de familiaridade que percorria meu corpo com aquele timbre juvenil.

- Como assim? - Thom questionou, agora em pé ao lado da imagem de um Marco que se sentava na cadeira da sala de jantar, com o pé engessado e uma muleta de apoio, tão naturalmente que era como se estivesse ali o tempo inteiro. A cadeira de mogno não era tão confortável quanto bonita, e eu duvidava que o loiro não tivesse armado toda essa entrada teatral.

O envelope que recebi como retorno da indústria aeroespacial, contendo meu projeto e ainda algumas instruções sobre a quebra de contrato, estava jogado de qualquer maneira num canto no chão, e as grandes folhas de gramatura especial estavam espalhadas por sobre a mesa. Marco passava os dedos sobre elas, analisando como se fosse algum tipo de especialista.

- Como você entrou aqui? -  minha voz parecia mais abalada do que eu pretendia. Eu mesma identificaria facilmente a nota de felicidade com a simples presença dele no ambiente - entretanto, sabendo o que a decisão me impunha, era preciso tirar Marco dali logo. De preferência para fora da minha vida.

Seus olhos verdes viajaram na minha direção por um instante tão curto que ainda me pergunto se foi só a minha imaginação. Era o encontro que faltava - o nosso olhar, refletindo ambos despedaçados por dentro - para que a ficha caísse. Bastava uma frase, três palavras dele, e eu iria desistir de tudo.

No entanto, como sempre, Marco não fez o que eu esperava. Ao contrário, ele continuou como se aquela fração de segundo nunca tivesse existido. - Eu já vi o seu projeto várias vezes. - ele digitava alguma coiss freneticamente no celular, com o olhar atento de Thom seguindo cada palavra, e eu soube que eles estavam conversando alguma coisa que eu e Lisa não devíamos saber. - Isso aqui não é o seu projeto. Esse não é nem o mesmo papel.

A reação que se seguiu foi surpreendente mesmo pra mim. Num segundo eu estava ao seu lado, a sobrancelha franzida e a boca escancarada com raiva e incredulidade pela cena que eu presenciava.

Marco estava certo: aquele não era o meu projeto.

Eu podia entender agora porque tinham chamado aquilo de piada de mal gosto. Qualquer adolescente com um compasso e um AutoCad faria muito melhor do que aquele monte de rabiscos simétricos. O desenho era petulante - quiçá infantil: a tentava frágil de estruturar a aeronave em três dimensões dava numa visão menos que plana, com ângulos distorcidos e proporções absurdas. O tipo de coisa que nem um recém formado faria; quem dirá algum concorrente em potencial.

- Esse não é o meu projeto. - concordei numa voz fraca, um murmúrio desesperado escapando dos meus lábios quando pensei em todo o prejuízo que aquele rabisco infantil poderia trazer se fosse associado ao meu nome no mercado. - O que raios está acontecendo aqui?

Meu olhar não vacilou nem um instante para Thomas - sendo um dos meus melhores amigos, deveria ser o primeiro a ter a ajuda requisitada, mas o olhar de Marco era quase um imã sobre mim. Podia sentir meus olhos lacrimejarem com o simples pensamento do que aquele desastre representava na vida.

Ele suspirou. - Bom, você tem cópias do original certo? - ele perguntou num serenidade quase perfeita, deixando passar em algum momento o quanto alguma parte dele desconfiava que eu poderia ter me esquecido desse detalhe. Quando eu concordei com a cabeça, ele expirou aliviado. - Então o melhor que você tem a fazer é dormir. Bem cedo vamos precisar do seu email para fazer contato com a gerência da fábrica e conseguir acesso à correspondência com a diretoria, então sugiro que deixe o computador desbloqueado. No mais, reze para que a nossa tentativa dê certo.

Eu assenti, mas em nenhum momento meus olhos deixaram os seus. Por que raios ele está me ajudando? Era tudo o que eu gostaria de perguntar. O que ele pensava que podia fazer? Por que não me dizia nada? Por que ele estava aqui, na minha casa, em primeiro lugar?

- Nic. - Thomas me chamou a atenção com um toque no antebraço. - Marco tem razão. Você devia dormir. Eu fiz um chá pra você - está na sua mesinha de cabeceira.

A idéia de um chá quentinho me esperando pra acalentar e apaziguar toda essa raiva e frustração do meu corpo realmente não parecia uma idéia ruim. - Obrigada, Thom. - eu sorri pra ele com doçura. Seu cuidado me lembrava da nossa relação quando éramos adolescentes, e a minha fragilidade no momento trouxe lágrimas aos meus olhos. - Mas não precisa se preocupar, ru já me sinto muito melhor.

Eu menti, obviamente, dado que qualquer um teria certeza do meu estado físico só de olhar para o meu rosto. Mas, por outro lado, eu estava emocionalmente muito melhor. A dor no meu peito tinha diminuído consideravelmente, minha respiração normalizada e a nenhum sinal da dor de cabeça que eu sentia dez minutos atrás poderia ser percebido. O fato de tudo isso estar relacionado à simples visão daquele homem me despertava um medo apavorante, o mesmo de dez anos atrás.

Como eu conseguiria viver sem ele?

- Claro. - Thom revirou os olhos, me empurrando de volta pra escada.

Eu subia as escadas pacientemente -  tentada a olhar pra trás a cada segundo só pra confirmar se a sensação que eu tinha de estar sendo seguida com os olhos era real - quando ouvi a voz dele outra vez.

- Nicole.

Meu corpo todo travou na posição, o que fez Thom trombar em mim e quase nos levar escada abaixo. Os dedos que seguravam o corrimão foram a única coisa me impedindo de cair - um murmúrio baixo foi o melhor som que a minha garganta conseguiu produzir.

- Hm... - ele prosseguiu, a voz vacilando, mas eu era incapaz de observar sus expressão agora. - Você tem alguma objeção em voar até Dortmund amanhã? Seria muito mais fácil se você pudesse ir lá pessoalmente conversar com os russos.

- Não. - eu concordei. - Me avise o que conseguirem resolver até a manhã. Eu compro as passagens prla internet e...

Sua voz, mais grossa do que o esperado naquele momento, me cortou no meio da frase. - Eu resolvo isso.

Meus olhos vacilaram para Thom e o seu nervosismo me deu a certeza de que havia algo que eu não estava sabendo. Antes que eu pudesse protestar, Thomas me escoltou escada acima, para o meu quarto, me impedindo de ter até o menor vislumbre do rosto de Marco.

~°~

A casa estava completamente silenciosa quando eu acordei.

Os pouco raios de luz que entravam pelas frestas da cortina iluminavam o quarto o suficiente para saber que Lisa não tinha dormido comigo. Alguém claramente tinha passado tempo na cadeira da minha escrivaninha, no mesmo lugar há mais de dez anos, mas não tinha nem sinal de alguém na casa. Eu desci as escadas devagar, ainda tonta por conta do sono, mas não precisei me esforçar muito. Em cima da mesa, meu computador estava ligado, um post-it colado na tela e uma mensagem numa letra completamente desconhecida.

" Imprima isso e esteja no aeroporto até 10h. As passagens estão no meu nome, então mandei alguns dados por mensagem para o seu celular. Você pode retirá-las no guichê da companhia; sabe o que fazer."

Meu peito apertou por um momento e eu senti um nó se formar na minha garganta: por que Marco estava fazendo tudo aquilo? O que ele ganharia me ajudando?

Não sabia se eu deveria ir. Qualquer coisa que envolvesse Marco fazia meu coração acelerar e o medo tomar conta de mim... Uma ligação rápida pra Lisa, no entanto, me deu coragem de seguir em frente.

- Nicole. - ela bufou. - Em todo esse tempo, Marco alguma vez te forçou a alguma coisa que você não queria?

Suspirei. - Não, mas...

- 'Mas' nada! Ele está tentanto te ajudar, Nicole.

- Eu entendo, Lizz... mas por quê? Uma semana atrás ele praticamente me expulsou do hospital! Pra que toda essa compaixão agora?

- Ele te ama, mulher! Nicole, Marco está tentando cuidar de você simplesmente porque ele te ama. Juntos, separados, seja como for, ele ama você e vai continuar amando. - ouvi sua respiração profunda causar chiados na linha. - Deixa ele te ajudar, amiga.

Agora, parada na sala de espera do aeroporto de Munique, eu ainda tentava entender o que diabos eu estava fazendo ali. Alguém tinha trocado meu projeto, ok. Mas qual a chance de alguém da diretoria me receber depois da barbaridade que foram aquelas plantas? O que Marco poderia ter feito de tão especial pra me garantir a chance de me explicar?

A chamada pro embarque me transportou pelo tempo de volta ao mesmo momento, mesmo lugar, quase um ano antes. O desespero que eu sentia em voltar para aquela cidade, encontrar aquele rapaz outra vez... Quem diria que agora eu estaria voltando por livre e espontânea vontade? Atendendo a um pedido dele?

Depois de seguir todo o procedimento de entrada, desci as escadas e entrei no avião. Foi quando me atentei para a passagem - primeira classe? De onde ele pensava que eu iria tirar dinheiro pra pagar aquilo?

A aeromoça me sorriu, alegre demais, perguntando de maneira simpática se eu desejava alguma coisa. - Tudo por conta da casa, senhorita. - Minhas sobrancelhas se uniram num vinco. Eu não lembra de serem tão cordiais assim na primeira classe; na realidade, da última vez eu paguei trinta euros por uma taça de vinho importado. Mas que já que ela ofereceu...

A decolagem estava sendo absurdamente demorada. Aparentemente, algum milionário babaca que se achava melhor que os outros resolveu atrasar e deixar todos nós esperando. A aeromoça simpática - Adele, seu nome - trouxe meu chocolate quente, ainda com aquele sorriso gigante. - Aqui, senhorita. - ela me entregou, trazendo também um cobertor dobrado na outra mão e o estendendo pra mim. - Espero que você aproveite o vôo. O seu namorado já está chegando.

O vinco na minha testa ficou mais profundo. - Namorado? Eu n...

- Nós pedimos perdão pela demora. O aeroporto realmente não tem uma estrutura tão boa para transportar passageiros com dificuldades de locomoção - até consideramos trazê-lo num vôo privado, mas ele insistiu em vir com você. Acho tão bonito um amor como o de vocês... sabe, não conseguir ficar longe um do outro e tudo o mais. Oh, me perdoe a intromissão. Devo estar falando demais.

Eu pisquei repetidas vezes, tendo associar todas as palavras que ela despejou em mim com uma rapidez impressionante. Namorado? - Não, tudo bem. - respirei. - Eu só não entendo... Você está me confundindo. Eu vim parar aqui por acaso; minha passagem nem era pra primeira classe...

- Ah, aqui está! - ela suspirou, aliviada por não ter levado uma bronca de mim. - Pode se acomodar senhor; eu vou ajudá-lo durante este vôo. Obrigada pela compreensão. O senhor foi muito educado, apesar de toda a demora.

Espreitei a cabeça entre os bancos da frente, tentando ver quem era o homem causando toda aquela confusão - e quem era a tal namorada que eles estavam confundindo comigo.

A voz chegou a mim antes da visão, entretanto. Como naquela manhã, eu senti o coração acelerar e o suor escorrer pelas minhas mãos conforme o som grave atingia os meus ouvidos. - Ah, sim. Tudo bem. Eu deveria ter pesquisado sobre o aeroporto antes, também. Ela já está aí?

O olhar da aeromoça de dirigiu a mim por um instante, e os meus batimentos ficaram tão fortes que foi impossível ouvir qualquer coisa por uns bons segundos. - Não! - eu gritei, muito mais alto do que o esperado, atraindo olhares pra mim. De repente, a privacidade da primeira classe não era tão ruim. Ele não tinha feito isso... Duas horas presa numa caixa de metal do lado dele. O filho da mãe ainda me colocou sentada na janela!

Nós teremos um assassinato nesse vôo. Escrevam isso.

 


Notas Finais


NO PROXIMO CAPITULO TEREMOS "A CONVERSA"
AI MEu DEUS


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