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História Just Another Way - Bem-vindo à Santa Monica


Escrita por: 4sevendevils

Capítulo 23 - Bem-vindo à Santa Monica


Fanfic / Fanfiction Just Another Way - Bem-vindo à Santa Monica

   Gaga dirige atentamente pela Fairfax Avenue. Impacientemente ela desvia dos carros em nossa frente costurando o trânsito em alta velocidade. Abaixa o vidro ao seu lado, ajeita os óculos escuros e volta a prestar atenção no tráfego. Eu a observo disfarçadamente. Ela é habilidosa sob o volante, dirigi apenas com uma das mãos, enquanto a outra descansa apoiada na porta do veículo, vez ou outra ela estrala os dedos e troca a marcha alternando entre o acelerador e a embreagem. 

 

Não sei para onde vamos e nem quero perguntar, mas estou animada. Eu gosto disso nela, essa vontade que ela tem de me surpreender quando estamos juntas, parece gostar de me ver feliz, de ser o motivo da minha felicidade e isso ela sabe fazer muito bem. Eu me sinto bem quando estou com ela, talvez bem até demais e isso me assusta um pouco, mas confesso que esse medo é estimulante. Ela é corajosa, tem apreço pelo risco, pela adrenalina, é quase o oposto de mim e talvez seja essa diferença que nos atrai. Gaga é simples, mas incomum, é impossível compará-la com alguém porque ela tem um jeito próprio de fazer as coisas e isso a torna diferentemente​ única. 

 

É perceptível o quanto o silêncio a incomoda, ela gosta de barulho, agitação e não consegue parar quieta, suas mãos estão sempre em movimento. Ela aperta a buzina, batuca o volante até que finalmente opta por ligar o som do carro. Na rádio toca "Only for you" de Heartless Bastards

“Faz um tempo desde que me senti assim por causa de alguém

  Eu gostaria de conhecer mais você, de verdade 

 Oh, oh, de conhecer você, mais Oh,

seus olhos, eles cantam uma música para mim
E eu gostaria dançar ao som dela de verdade,

oh, curtir, oh

E eu irei, oh, abrir meu coração

E eu irei, oh, só para você”

 

Ela cantarola a música em voz baixa, ajusta o espelho retrovisor e ajeita os cabelos abaixo do chapéu. Sua mão agora está sobre o câmbio do veículo. Acaricio o seu braço de forma suave e apoio a minha mão sobre a dela, segurando-a. Sua pele nesta região é áspera e a ponta de seus dedos são cheias de bolhas e pequenos cortes, provavelmente decorrentes do violão. Ela me olha por cima dos óculos e sorri voltando-se para a direção. 

– Estamos chegando – ela diz. 

Apoio-me sobre a janela, observando a paisagem. Los Angeles tem uma natureza diversificada; é cheia de enormes fazendas, jardins e plantações quilométricas entre um edifício e outro. O sol parece mais baixo nesse lado da cidade porque o calor é quase insuportável. Sob o horizonte é possível avistar os relevos montanhosos característicos da Califórnia. O céu é completamente azul e quase sem nuvens, estico o pescoço para fora da janela a fim de observa-lo melhor, mas não há nada além de uma imensidão azulada.

            O farol da avenida se fecha e Gaga para o veículo atrás da faixa de pedestre. Ao meu lado há uma placa com um enorme letreiro que diz: "Bem-vindo à Santa Monica". Não me lembro de ter passado por aqui em minhas turnês. A cidade parece agitada e as belas paisagens agora são substituídas por bares, restaurantes e áreas de exercícios, até que por de trás de uma plantação de enormes coqueiros é possível observar algumas ondas que se desfazem na areia. Mais à frente há uma extensa pista para bicicletas que se inicia na orla e percorre por toda Ocean Avenue, que dá acesso a praia. 

Gaga continua a seguir pela avenida, até que desvia da movimentação, entrando em uma área totalmente deserta e litorânea. Ela estaciona na contramão debaixo de uma das árvores, sai do carro e posiciona-se a frente do veículo observando o seu alinhamento. Em seguida ela vem em minha direção, abre a porta do passageiro e estende a mão, convidando-me para sair 

– Você gosta de praia? – ela me pergunta

– Claro! – respondo-a eufórica – Acho que eu nunca vim aqui.

– Quase ninguém vem – ela caminha em minha frente – Essa parte da praia é totalmente deserta. 

– Deserta e linda! – observo admirada – Por que ninguém vem? 

– Não sei – ela ri – As pessoas preferem o cetro. 

 

Caminhamos por uma estreita rua de terra que se divide em um pequeno rio que nos leva até a praia. A vista é simplesmente incrível: um imenso mar esverdeado de ondas mansas e areia macia de pouca vegetação. Há apenas um quiosque e um píer com poucos barcos afastados. O lugar é calmo, sem nenhum movimento a não ser pelo barulho das ondas e dos pássaros que desenham o céu. Gaga corre em minha frente. Eu retiro os sapatos e caminho logo atrás dela, observando cada parte do cenário. Ela encosta em uma enorme rocha próximo a beira da praia e me encara atentamente.

– Vem, Florence! – ela grita.

– Esse lugar é lindo – aproximo-me.

– Não é não – ela me puxa pelo braço – Você que é linda! 

Ela me beija calmamente na boca abraçando-me pela cintura. Sua língua quente se esfrega na minha aumentando o ritmo do beijo. Suas mãos deslizam sobre as minhas costas, apertando o meu corpo contra o dela que se contorce. Depois de alguns minutos ela para. Passa a língua em meus lábios e em seguida os morde suavemente, terminando com um longo beijo estalado. 

– Você é incrível – sussurro. 

– Deixa disso, Flo – ela coça os olhos.

– Seu rosto é tão lindo – retiro seus óculos – Não sei porque você o esconde.

– Eu não escondo nada! – ela tira o chapéu colocando-o em minha cabeça – Satisfeita? 

– Melhor! – ajeito seus cabelos – Você sempre vem aqui? 

– As vezes... – Gaga tira os sapatos – Você gostou? 

– Muito... É lindo! 

Subo a barra de minha calça até a altura dos joelhos e caminho devagar na beira da praia. Olho para trás e sinalizo para Gaga que vem logo atrás de mim. 

– Da para ver o oceano Pacífico daquele lado – ela aponta para o leste – E o sol se põe sempre no sentido contrário. 

– Deve ser lindo – suspiro.

– Você vai ver! – ela segura a minha mão.

 

Apesar do calor a água está gelada. Gaga brinca com as ondas, chutando-as e nos molhando ainda mais. Acho graça de sua forma infantil de interagir com a natureza, ela não consegue parar quieta, precisa sempre mudar o curso das coisas, mostrar uma perspectiva menos entediante da realidade e isso é admirável. Caminhamos por um bom tempo na beira da praia, ela não desgruda da minha mão por nada e vez ou outra paramos para pegar algumas conchas enterradas na areia. 

– Essa daqui é enorme, olha – ela me mostra – Enorme e colorida.

– Sabe de onde vem as conchas? – questiono-a.

– Não. De onde?

– Elas são a parte protetora dos moluscos marinhos – olho para ela – Quando eles nascem uma concha provisória cresce ao redor do corpo deles, aí quando eles crescem elas caem dando lugar a uma definitiva.

– Um casco? Como as tartarugas?

– Quase! Mas os moluscos são esses bichinhos pegajosos como as lesmas e o caracóis.

– Engraçado – ela ri – Como sabe dessas coisas? 

– Eu li em um livro – encaro-a – Gosto de biologia marinha. 

– Interessante... Você está cansada? – ela puxa o meu braço.

– Um pouco. Por que não nos sentamos ali? – aponto para uma das árvores afastadas da agua.

Andamos rapidamente até o local. Sento-me apoiada sobre o tronco, Gaga se senta ao meu lado, enterra os pés na areia e se escora em meu braço. Ela deita a cabeça em meu ombro e olha para cima com uma expressão satisfeita. 

– Eu poderia ficar aqui para sempre – ela diz 

– Eu também - admiro a paisagem. 

 

Ela passa o braço em minhas costas​ e coloca as pernas sobre as minhas. Em seguida afasta os meus cabelos aos ombros e beija o meu pescoço, cheirando-o posteriormente. Arrepio-me e desvio o meu rosto para o lado, olhando para baixo. Ela percebe e ri afastando-se devagar. Retiro um papel do bolso de minha calça e desembrulho-o, colocando-o sobre a areia. 

– Acho que terminei de compor – olho para ela.

– Leia para mim! – ela pede. 

 

Começo a ler cada estrofe da música. Gaga se debruça novamente sobre o meu ombro, mas dessa vez com os lábios voltados para a região esfregando-os em minha pele. Ela me beija sutilmente no braço, subindo para o pescoço até a ponta de minha orelha mordendo-a. Eu não perco o ritmo da leitura, apesar da dificuldade e da respiração contida. Ela me aperta com força enquanto a sua boca percorre cada canto do meu rosto. Eu continuo lendo, de forma arrastada, até que ela suga a minha pele com tanta força que me faz parar e soltar um gemido baixo. 

– Está ouvindo o que estou dizendo? – questiono-a em meio a suspiros.

– Sim – ela sussurra em meu ouvido. 

– Não está não – seguro o seu rosto – você não está nem prestando atenção. 

– Seus olhos são tão verdes quanto o mar – ela me encara – Impossível prestar atenção.

– Pode pelo menos tentar? – sorrio timidamente. 

– Tudo bem! – ela puxa o papel de minhas mãos e o lê – Parece ótimo... Gosto das suas palavras.

– Que bom que você... 

 

Ela me interrompe, calando-me com um demorado beijo na boca. Suas mãos empurram-me contra o tronco da árvore e o peso de seu corpo me força a deitar sobre areia. Ela se põe rapidamente sobre mim, encaixa as pernas no meio das minhas enquanto ainda me beija. Sua língua se move com uma habilidade que me deixa atordoada, ela desliza as mãos sobre os meus seios, apertando-os com força e rapidez. Desce os dedos para a minha barriga, esfrega as minhas coxas e abre o fecho da minha calça na intenção de tocar-me. 

– Stef, não – seguro a sua mão – Alguém pode nos...

– Não tem ninguém aqui, Flo – ela insiste. 

 

Ela sabe os meus pontos fracos e faz uso disso. Suas mãos são rápidas e ágeis, percorrem o meu corpo todo em questão de segundos. Minha respiração está ofegante, é difícil até para falar. Estou tomada por uma mistura de excitação e medo quase incontrolável, mas sei que preciso para-la... e se alguém nos pega aqui? Como explicaremos? Não gosto nem de imaginar. Ao mesmo tempo a sensação do corpo dela sobre o meu, de sua boca tirando o meu ar é algo enlouquecedor.  

Ela enfia bruscamente as duas mãos por de baixo da minha camiseta, acariciando os meus seios por cima do sutiã e em seguida desce uma delas para o meio de minhas pernas em outra tentativa falha de me tocar. Desvencilho-me de suas mãos e a beijo devagar segurando os seus braços sem muita força, apenas para acalma-la. Ela então recupera o fôlego, retribui o meu beijo e por fim descansa a cabeça sobre o meu ombro, suspirando devagar. Acaricio seus cabelos observando o arco íris que aponta sobre o céu.

– Olha que lindo – aponto para cima.

– Realmente! – ela diz em voz baixa ainda de olhos fechados.

– Mas você nem viu – solto uma gargalhada.

– Não preciso – ela me encara e em seguida se levanta – Eu tive uma ideia.

– Qual? – levanto-me.

– Por que a gente não entra na água? 

– Não, eu não trouxe roupa para isso – sorrio.

– E quem disse que precisa?

Gaga tira a roupa sem nenhum pudor, ficando apenas de calcinha e sutiã em minha frente. Ela corre até a praia e mergulha sobre as ondas. Eu apenas a observo de longe... Junto suas roupas, dobrando-as e colocando-as ao lado da árvore. Ajeito os meus cabelos e caminho devagar para vê-la de perto. Ela parece se divertir sobre as águas, ri e chama o meu nome a todo momento, mas eu não a respondo, me limito a apenas olha-la de longe. 

Tudo é tão surreal que eu custo a acredita que seja verdade, a praia, Gaga, nossa música... Acho que nunca esquecerei esse momento, queria eterniza-lo e viver isso aqui para sempre, é uma pena que isso seja impossível. 

Sobre o céu avisto uma ninhada de pássaros voando baixo, viro-me para acompanha-los. Gosto dos barulhos​ escandalosos​ que eles emitem, ecoam sobre todo o espaço cortando o silêncio e a tranquilidade do local. Observo-os atentamente até que eles somem no horizonte. De repente sinto os braços molhados de Gaga me envolverem por trás. Ela acaricia a minha barriga fazendo-me cócegas. Solto uma gargalhada contida segurando as mãos dela. 

– O que foi? – ela pergunta.

– Isso faz cócegas.

– Ah faz? – ela pergunta em um tom malicioso enquanto repete os mesmos movimentos. 

– Para com isso! – solto uma gargalhada alta.

 

Ela acha graça dos meus risos e continua a provoca-los enquanto andamos de volta para a árvore. Solto-me de seus braços e calço os meus sapatos, ajeitando a roupa. Ela retira o sutiã e se seca com a camiseta colocando-a, e em seguida veste o short e os sapatos. 

Voltamos para a estrada de terra. Caminho rapidamente até o carro, apoiando-me sobre o capô. Gaga vem logo atrás de mim e se posiciona distante, mas em minha frente, ela pega o celular e aponta para mim aproximando-se em seguida. 

– Você combina com o meu carro – ela me mostra a foto – Não combina?

– Não sei – sorrio para ela – Eu posso te fazer uma pergunta?

– Faça! – ela se senta sobre o capô.

– Por que você sempre estaciona na contramão? 

– Porque é mais fácil para sair depois – ela me puxa entrelaçando as pernas em minha cintura – Você dirige, Flo? 

– Não...

– E nunca tentou? 

– Parece difícil demais.

– Bobagem! – ela desce de cima do veículo – Por que você não tenta? Eu te ajudo. 

– Não sei se isso é uma boa ideia – encaro-a com uma expressão duvidosa.

 

Gaga me puxa pela mão convidando-me a sentar no banco do motorista. Eu a obedeço, apesar de não ter certeza do que estou fazendo. Ela se senta no banco do passageiro e começa a me dar as coordenadas:

– Lá embaixo, nos pedais, temos a embreagem, o freio e o acelerador – ela apalpa a minha coxa – Você pisa na embreagem, engata a primeira e acelera devagar.

Faço o que ela diz, mas o carro não sai do lugar. Tento pela segunda vez e o veículo anda invadindo a plantação que o cerca. Gaga puxa o freio de mão e cai na gargalhada constrangendo-me.

– Nada mal – ela apoia as mãos no volante. 

– Foi péssimo! – encosto a cabeça em seu braço.

– A gente pode tentar uma próxima vez. 

– Nem pensar! – sorrio.

 

Seus olhos voltam-se para os meus e ela me beija sorrindo, aquele sorriso sincero de sempre. 

 

– Você confia em mim? – ela pergunta.

– Tenho algum motivo para não confiar? 

Rapidamente ela se senta em meu colo, de frente para mim, posicionando-me no meio de suas pernas. Suas mãos seguram o meu rosto fortemente e ela me beija sem sutileza, mordendo a minha boca e sugando a minha língua. Eu a empurro contra o volante e em seguida deslizo os dedos sobre o seu rosto. 

– Por que você tem tanta pressa? – seguro a sua mão – Não precisa dessa pressa...

Beijo as suas mãos, seus braços, ombros e pescoço, em um ritmo lento, porém continuo. Aproximo o meu rosto do dela e passo a língua em seus lábios, lambendo-os devagar. Ela solta um suspiro e se contrai. Abraço-a levemente, apoio meu queixo em seu ombro e assopro o seu pescoço sussurrando baixo em seu ouvido:

– Devagar, ok? Eu não vou a lugar nenhum agora. 

Ela não responde, apenas acena com a cabeça. Gaga é controladora, gosta de ter tudo sob o seu comando, mas ao mesmo tempo é fácil controla-la, basta um beijo, um toque e pronto, ela se desmonta completamente e eu gosto de usar dessa sua fraqueza. Agora ela se inclina sobre o volante e apenas me observa, parece entender o que eu quero. Seguro as suas mãos firmemente, levando-as aos meus seios e a beijo sutilmente enquanto levanto a sua camiseta retirando-a. Seus seios são lindos e estão rígidos e frios, os observo por um tempo e em seguida coloco-os em minha boca, chupando os seus mamilos devagar.

Seu corpo está com um leve gosto de sal da água do mar e isso me faz chupa-la com mais avidez enquanto ela se contrai em meu colo. Desabotoou​ o seu short e adentro vagarosamente, esfregando as mãos sobre a sua calcinha molhada. Ela puxa os meus cabelos, debruçando-se em meu tronco. Aumento o ritmo dos meus dedos e a penetro levemente, sem muita profundidade. Gaga agora geme baixo, movimentando-se sobre as minhas pernas. Permaneço com dois de meus dedos dentro dela, estocando-a e acariciando o seu clitóris e adjacências. Ela respira ofegante em meu ouvido, mordendo a minha orelha com força enquanto me aperta contra o banco do carro. Seus movimentos aumentam na medida em que eu toco o seu sexo e quando percebo que ela está prestes a atingir o orgasmo, eu deixo de toca-la inesperadamente. Ela então se esfrega em minha coxa, implorando por mais.

– Ah não, amor – ela coloca a mão sobre a minha apertando-a – Não para não... Por favor.

Não há nada mais prazeroso do que dar prazer a alguém, e confesso que é extremamente excitante ouvi-la implorar para que eu a toque, para que eu acabe com os seus desejos. As expressões do seu rosto demonstram o quão em êxtase o seu corpo se encontra e quando eu torno a toca-la outra vez ela se movimenta rapidamente rebolando em meu colo. Eu a penetro profundo e com força. Ela geme mais alto e sussurra:

– Sua mão é tão gelada.

– Você gosta? – pergunto em voz baixa.

– Bas... bastante – ela responde com dificuldade.

 

Agora introduzo mais um dedo dentro dela, com mais força e mais velocidade. Ela implora para que eu não pare e em seguida crava os dentes em meu pescoço, mordendo-o ferozmente. Seu corpo atinge o limite do prazer e ela goza em minha mão, gemendo alto e contorcendo-se por inteira​. Retiro os meus dedos de dentro dela e a beijo ajudando-a recuperar o fôlego.  Seu corpo ainda treme. Ela deita em meu ombro e permanece ali por um tempo em silêncio e com os olhos semiabertos. Eu sinto que a tenho, agora mais do antes e isso me dá um prazer sem igual. 

– Acho que devemos ir – falo em voz baixa – Está escurecendo. 

– Sim – ela solta um longo suspiro.

 

Trocamos de lugar no veículo e ela acelera de volta para a estrada. Gaga liga o som e na rádio toca “Each Time You Fall In Love” de Cigarettes After Sex

"Cada vez que você se apaixona

Claramente não é o suficiente

Você dorme o dia todo e volta para Los Angeles

Não é seguro

E cada vez que você beija uma garota

Você nunca sabe o que isso vale

Você diz todas as palavras que elas querem ouvir

Não é real

Ela te levou para um passeio em algum lugar, querido

Perdeu todo o seu dinheiro para ela

Tudo o que eu quero saber é se você a ama

Como é que você nunca cede?

A música parece conversar com os meus sentimentos confusos. Mantenho os meus olhos sobre a janela, observando a movimentação, Gaga coloca a mão em minha coxa, apalpando-a enquanto dirige. Eu me aconchego em seu braço alisando-o. Estamos na Colorado Avenue, onde é possível avistar o movimentado mirante de Santa Mônica. O calor agora é substituído pela leve brisa litorânea que exala um cheiro de maresia inconfundível. O sol já está quase terminando de se pôr, sumindo atrás da imensidão do mar. 

– Ali já é o Pacífico – ela aponta – Perdemos o sol.

– É lindo! – observo admirada. 

 

Chegamos no estúdio as oito em ponto. O lugar é simples, mas acolhedor. Mark nos aguarda na porta de entrada e parece surpreso.

– Achei que vocês não vinham – ele me  cumprimenta e em seguida Gaga – Ash disse que você não se sentia muito bem, Stef.

– Não se sente bem? – questiono-a.

– Me sinto ótima – ela nos olha –  Muito bem, na verdade, melhor impossível. 

 

Mark nos convida para entrar na área acústica, enquanto ele equaliza os recursos sonoros sempre nos observando através da parede de vidro a cima da mesa de som. 

 

– Tem certeza que está bem? – sussurro. 

– Tenho, não se preocupe – ela passa a mão em meu rosto. 

 

Desembrulho o papel novamente e aproximo-me do microfone cantando os versos. Num primeiro momento Gaga apenas observa, parece maravilhada com a minha extensão vocal. Em seguida ela se aproxima e dividimos o mesmo microfone, com nossos rostos quase colados um no outro. Ela canta sorrindo para mim e eu para ela, nossos versos conversam entre si e os nossos olhos também, parecem familiarizados com cada palavra. Mark nos aplaude do lado de fora, diminuindo a frequência do som. 

– A voz de vocês combina demais – ele diz – Como ninguém pensou nisso antes?  

– Você acha? – ela ri. 

– Óbvio – ele responde – Eu gravei, quero mostrar para o Kevin. 

– Você não acha que estou alta demais? – questiono-o.

– Um pouco, Florence... Talvez você devesse diminuir um tom...

– Claro que não – Gaga o interrompe – Já viu Florence desafinar? 

– Não – ele ri – Mas ela cobre a sua voz. 

– Eu não me importo de cantar a baixo, Stef – sorrio para ela. 

– Você​ nunca se importa com nada, não é? – ela brinca com os meus cabelos.

 

Os olhos de Mark nos observam desconfiados, talvez ela tenha contado algo para ele, ou talvez ele tenha olho clínico para essas coisas. Ele se dispõe para me levar até o hotel, mas Gaga o impede, alegando ser caminho de sua casa.

– Florence está a salvo comigo, Mark – ela ri.

– A salvo? – ele nos encara desconfiado – Curioso... Vocês vão para casa mesmo?

– E para onde mais iriamos? – pergunto-o.

– Não sei... – ele se despede – Mas tenham juízo...

 

Deixamos o estúdio uma hora depois. Gaga dirigi pelo centro badalado de Los Angeles. Há diversos parques, boates e muita gente, gente de todos os tipos, L.A é quase um símbolo da diversidade e da liberdade, talvez seja a forte influência de Hollywood. Ao chegarmos na Sunset Boulevard, ela estaciona na porta do hotel e estica o corpo na tentativa de me beijar, mas eu me esquivo: 

– Não, alguém pode ver a gente aqui. 

Ela solta uma gargalhada e liga o carro novamente dando a volta no quarteirão. 

–  E agora? Aqui não tem ninguém – ela diz aproximando o rosto. 

A rua é escura e deserta. Nos beijamos ali mesmo, sob a luz baixa do farol do carro. Em seguida ela se afasta e destrava o veículo, abrindo a porta ao meu lado. 

– Boa noite! – ela se despede.

– Stef, você está bem para dirigir sozinha? – questiono-a descendo do carro. 

– Já disse que sim – ela puxa a porta.

– Pode me avisar quando chegar? – lhe peço em voz trêmula – É que se por um acaso você não...

Ela sorri, mas não me responde.

– O que foi? – pergunto. 

– Você falou igual a minha mãe – ela ri – Mas eu estou bem... você me deixou bem, não precisa se preocupar. Agora você deveria entrar, está escuro. 

Afasto-me do carro, olhando para trás, Gaga acena para mim e em seguida sobe o vidro observando-me entrar pelos fundos do Chateau Marmont. Subo as escadas devagar e ouço o ronco do motor de seu carro se distanciar, até que some por completo. 



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