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História Just Believe It - Castelo destruído


Escrita por: hermionemendes_

Notas do Autor


Oiii amores EU T COM IDEIA PRA FIC NOVA HAHAHAHAHAHA mas vou primeiro terminar essa.
Boooooommm estou aqui com um capítulo novoooo que eu realmente gostei de escrever, principalmente porque foi algo diferente, sendo um capítulo que tem emoções diferentes, as quais eu nunca tinha escrito aqui antes e são meio complicadas justamente por isso. Eu, quando estava editando agora há pouco, cheguei a chorar com o que acontece... Nunca me senti mais envolvida com minha história como neste capítulo, não sei porque. Mais uma coisa, vai ter uma hora do capítulo que vou pedir pra vcs darem play em uma música (link nas notas finais). Mas eu já falei demais, espero que gostem e boa leitura!

Capítulo 27 - Castelo destruído


Fanfic / Fanfiction Just Believe It - Castelo destruído

No outro dia, acordo com a cabeça enterrada nos travesseiros. Não quero levantar, mas hoje vou fazer algo diferente. Encontrei um ponto alto onde há um lago ainda congelado, e vou patinar lá.

Me levanto, coloco um collant, encho uma garrafa de água e saio de casa.

Na entrada do prédio, me lembro que estou sem os patins, e estou prestes a ligar para Shawn quando vejo seu carro parado ali na frente.

Ele abre a porta e sai, com a bolsa já nas mãos. Sinto meu rosto esquentar, e tenho vontade de me jogar nele novamente. Mas não o faço. Não tenho coragem.

- Aqui. – Ele me entrega a mochila. – Sei que você vai naquele rio. Tome cuidado, estou com pressa, coisas importantes, reuniões no estúdio, tente não ligar, por favor.

- Shawn... – Chamo, mas ele já está indo embora. Ele segura meus ombros e por um momento acho que vai me beijar, de verdade, mas ele apenas dá um selinho e volta para o carro.

Sorrio enquanto ele se afasta e chamo um táxi para me deixar na rodovia que dá acesso à floresta que vou.

O motorista estranha quando peço para ele parar no acesso ao lago, mas apenas segue os meus comandos e faz seu trabalho.

Ando pela trilha por um tempo, encontrando pequenos tufos de grama de vez em quando. Aqui ainda está um pouco frio, por ser um lugar bem mais alto do que Toronto, por exemplo. Chegando no lago, que está congelado, encontro um banco e deixo minhas coisas ali. Tiro o único casaco que estou usando e deixo ele de lado, me sentando para colocar os patins.

Quando termino de fazer os nós, me levanto um pouco insegura sobre como andar aqui. Não é como se eu pudesse passar uma máquina para alisar o gelo. É apenas no que o lago formou quando congelou.

Piso no gelo e vou para a frente. Realmente é diferente do que patinar em um rinque, mas não é difícil. Consigo sentir algumas ondulações no solo, mas nada que interfira em meus saltos. Começo a riscar o gelo com meus patins, fazendo saltos básicos e depois começando a treinar minha coreografia novamente.

Tudo corre bem. Até eu começar a ir longe demais.

Já estou cansada, e fico frustrada quando não consigo fazer um salto bom. Normalmente eu caio e me levanto na boa depois, mas quando é muito seguidamente... Me estresso. É como se eu ainda pudesse ouvir a vozinha de meu professor me reprovando e dizendo que tenho que melhor, que tenho que fazer isso e aquilo.

Faço o Double Flip trilhões de vezes, mas ele simplesmente não sai. Toda vez que volto ao chão, não consigo completar a volta e sempre caio com um baque forte, tendo que rolar pelo impulso.

Atinjo sempre o mesmo lugar, o lado de minha coxa direita, e começa a doer. Já espalhei muito gelo picado por aqui, e agora ele gruda em minhas roupas quando vou de encontro ao chão.

Me aproximo do banco, patinando, para tentar mais uma vez. Faço a entrada do Flip, bato o freio, pulo e...caio. De novo. Mas desta vez, é muito mais forte. Acho que acidentalmente puxei para fazer três voltas, o que é errado, e a dor se espalha por todo o meu corpo, mas além disso... pânico.

Algo se quebrou sobre mim com um som de rachadura. E acho que sei o que foi.

Bem devagar, fico de quatro, tentando equilibrar o peso em minhas mãos e joelhos. Olhando para baixo, vejo o que temia.

O gelo rachou. E a água gelada se acumula sobre mim.

Tento controlar o medo que me invade. Tenho que pensar. Olho para a frente e vejo que a distância entre o banco não é muito grande, mas não consigo chegar lá.

A alça de minha mochila está caindo do banco, então me estico e puxo a fitinha. A bolsa cai e eu puxo com cuidado para perto de mim. Busco meu celular, digito o número e espero.

Ele atende quase imediatamente.

- Shawn! – Tento controlar minha voz para não tremer.

- Ally eu falei pra não ligar... – Ele começa, irritado, mas não o deixo terminar.

- Shawn, o gelo rachou, logo vai quebrar, não consigo sair daqui, se eu me mexer mais, vou acelerar o processo e não tem ninguém aqui! Por favor me ajuda.

- Estou indo... – Ele desliga com a voz soando preocupada, mas consigo detectar um pouco de impaciência também.

Jogo meu celular e a bolsa para longe. Não quero perder tudo que tem ali dentro. Dou uma espiada para trás e vejo que parte do gelo de lá também está começando a rachar. Estou em um lugar com campo enorme, a floresta à minha frente, e duas montanhas juntas atrás.

O gelo da água atinge minhas mãos e quase começo a tremer, mas me contenho. Tenho que permanecer firme enquanto puder.

Demora quase meia hora até eu sentir que estou afundando.

O gelo está se desnivelando e abaixando, se separando. Agora não tenho mais o que fazer, apenas rezar para que Shawn chegue logo.

Finalmente, tudo se quebra e caio na água, que é mais gelada do que qualquer coisa pela qual já passei. Começo a me debater, tentando nadar, mas o peso e o formato dos patins me impede de fazer qualquer coisa do modo certo, então apenas bato os braços e pernas pelo que parece ser um longo tempo, nem tendo sucesso o suficiente para sair, e nem sendo ruim o suficiente para afundar.

Graças a Deus sou puxada para fora bem quando meus braços perdem a força. Reconheço a pessoa que me segura e me aninho no peito de Shawn. Só agora percebo que estou remendo e meus dentes batem de frio.

- Sua louca! Nunca mais faça isso! – Ele se estica para trás, pega o meu casaco e me cobre. Depois, tira uma de suas jaquetas maiores e faz o mesmo com ela.

Ele me faz sentar sobre suas coxas para que eu possa se inteiramente coberta por seu corpo, e me segura até que minhas quase convulsões passam a ser tremores mais leves. Eu estou consciente de que o estou molhando, porque eu estou completamente molhada e fria até os ossos, mas Shawn não parece se importar. A única coisa que parece importar para ele agora é o fato de que estou fria e devo ser aquecida. Caso contrário, irei morrer.

Quando sinto que estou aquecida, me mexo para me levantar. Ele continua me abraçando do mesmo jeito, mas tenho eu tirar os patins logo e secar as lâminas. Se não, estou ferrada.

(Deem play na música, link nas notas finais)

- Rápido, precisamos ir. – Me sento no banco e começo a desamarrar os nós. – Precisamos voltar logo...

- Você precisa voltar logo. – Ele me interrompe. Isso me surpreende e desvio a atenção dos patins, olhando para ele confusa. – Você esqueceu que eu tinha... ainda tenho uma coisa importante pra fazer no estúdio? Eu pedi pra você não ligar, Ally...

- Como é que é? – Arranco um patins do pé e me levanto, furiosa. – Você, por acaso, viu o meu estado?

- Vi, mas se você não tivesse, não precisasse...

- Não precisasse o que, Mendes? – Eu interrompo ele e falo o nome com raiva, e não com afeto como sempre fiz. Não acredito que ele está fazendo isso.

- Se você não precisasse sempre ser “a melhor” nada disso estaria acontecendo! – Shawn parece saber exatamente do que está falando, mas não estou entendendo nada.

- Como assim? Do que você tá falando??

Ele se vira, passando a mão na nuca e dá uma volta. Quando fica de frente para mim, vejo fúria em seus olhos, e me assusta o fato de que não sei de onde isso veio.

- Você está o tempo todo querendo ser melhor do que todo mundo. Quando fica com Aaliyah, faz questão de mostrar as coisas mais difíceis, e com Cassie a mesma coisa. Passa os dias patinando, e quando se relaciona com alguma pessoa, só fala disso. Daí, você vem e faz isso agora? Imagina o que eu tive que dizer?

- Shawn, eu te chamei porque precisava de você. Não entende isso? – Tento diminuir o tom de minha voz, mas não consigo e de repente começo a gritar. Pelo menos, só há ele aqui para me escutar. – Eu poderia muito bem chamar Cassie ou Isabelle, mas é você que sempre me ajuda nesse negócio. Provavelmente se eu tivesse chamado uma das duas, já estaria no fundo desta porcaria de lago quando elas chegassem, e você já sabia onde eu estava. Me desculpe se tudo deu errado, mas você não pode me culpar.

Consigo suavizar um pouco a raiva dele, e sei disso, mas ele ainda não terminou de falar.

- Eu entendo, mas você não pode o tempo todo depender de mim! E, voltando ao outro assunto...

- Isso, que bom que você quis voltar ao outro assunto. – Interrompo novamente. – Outra coisa que você não consegue colocar nessa sua cabecinha é que eu vim do Brasil. E você sabe o que isso significa? – Ele abre a boca para falar, mas ainda não terminei. – Significa que eu tenho que ser a melhor. É assim que funciona lá no Brasil, Shawn Mendes. Tenho que ser a melhor para ser valorizada, ou sou só mais uma que não foi boa o bastante com sonhos que descem pelo ralo. Porque é assim que aquele país funciona.

- Mas por quê você tem que ser a melhor? – Agora ele não fala mais com a mesma ferocidade de antes. – Já não está bom com o que você tem?

- Porque eu simplesmente preciso. Quero conscientizar as pessoas de que existo. Quero que as pessoas vejam o talento que temos, e que façam investimentos em nós... – De repente, me lembro da menininha com a qual me emocionei na competição do Brasil. A qual me impediu de assistir o show dele. E penso se aquela menina vai algum dia realizar seu sonho. Não consigo acreditar que isso está acontecendo, mas não vou conseguir fazer ele entender porque não é a realidade dele, não é a realidade com que ele cresceu. Minha realidade não é a dele, e nunca será, porque fomos criados de formas diferentes.– Lá não é como aqui... Há desgraça, pobreza, tristeza... E lá, eles não ligam para patinadoras que tem o sonho de se tornar alguém. Lá, isso não existe. E é isso que quero mudar.

Shawn olha para o chão com uma expressão envergonhada, e quando fala, percebo a mesma coisa em sua voz.

- Ally...

- Não. Pare. O que você acha que eu seria se tivesse no Brasil? Quem sabe fosse melhor se eu tivesse ficado?

Ele fica em silêncio por tanto tempo que chega a ser constrangedor. Estou com medo do que ele vai falar em seguida. Não sei se consegui falar tudo o que poderia para deixa-lo irritado. Creio que sim.

- Talvez... – Ele hesita. – Talvez fosse melhor... pra todo mundo... se você tivesse ficado no Brasil.

Eu não esperava isso. Definitivamente não esperava, e parece um tapa na cara. Não achei que ele fosse capaz de falar algo assim para mim. Apenas me viro, termino de tirar o outro patins e guardo na mochila, ainda com o medo de as lâminas enferrujarem. Levo as mãos à minha nuca e abro o fecho. Fecho a mão, tiro o casaco de Shawn e jogo no banco com força, sentindo o frio me atingir em cheio. O que ele falou foi pior do que qualquer coisa que poderia ter dito, o jeito como quase cuspiu o nome. Não entendo por quê falou assim. Ele adora o Brasil e todos os seus fãs de lá. Pode ser um lugar meio ruim para se viver, mas ainda assim, tenho orgulho de ser brasileira. E ninguém vai tirar isso de mim.

Pego minha bolsa e jogo sobre o ombro. Então olho para ele.

Não consigo identificar se Shawn está sentindo culpa, raiva, dor ou pena. Mas não tem volta agora. Deixo meu olhar duro e paro na frente dele.

- Tudo bem. Vou viver minha vida de sonhos destruídos no Brasil. – Passo por ele e dou uma empurrada em seu peito, deixando o conteúdo de minha mão ali. Shawn segura o colar antes que possa cair no chão e olha para mim, mas já passei por ele e estou indo para a floresta, fazendo o caminho de volta.

Não olho para trás e Shawn também não me chama. Acho que entendeu que quando eu falei sobre sonhos destruídos, me referi a ele também, e não só a ser uma patinadora profissional.

Mas agora tenho que enfrentar o pânico e a dor de ter brigado com ele. Justo quando as coisas pareceram começar a se encaixar... Isso não pode estar acontecendo.

Quando já estou longe o bastante para que ele não me ouça ou veja, começo a correr, com todo o meu ser, até chegar na rua, e continuo correndo. Não ouso chamar um táxi porque sei que será perda de tempo. Não sei se deixariam que eu entrasse molhada como estou. Então vou até Toronto a pé, às vezes acelerando o ritmo, outras diminuindo.

Chegando em casa, jogo minhas coisas em um canto e sento no chão frio da lavanderia para secar meus patins, que foram transformados em pesos aquáticos. Nem sei se isso existe, mas é o que está parecendo. Passo uma toalha nas lâminas mil vezes e depois coloco os patins em cima do varal. Pego meu secador e fico um tempão segurando o aparelho na frente das botas. Não sei se isso pode estragar também, mas é melhor do que deixar molhado.

Percebo que ainda estou com as roupas molhadas quando começo a espirrar, e vou correndo tomar um banho. Saindo do banheiro, me tranco no quarto, com o objetivo de evitar que alguém que tenha a chave do apartamento possa falar comigo. 


Notas Finais


Por favor não me matem ):)
https://itun.es/br/K7nm6?i=976281797


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