História Just Like Fire - Capítulo 37

• 24 de setembro - 11:00 a.m •

Cameron:

Está perto do meu horário de almoço, os horários de alimentação são as melhores coisas dessa clínica, as comidas são muito boas e saborosas, é o que me faz feliz aqui dentro.

— Hey, Cam... - era Megan, minha enfermeira vulgo “babá” - Posso entrar? - pergunta ao meio da pequena fresta que abrirá na porta.

— Pode entrar, Meg. - sim, já estamos neste estágio de intimidade.

— Como vai meu paciente preferido? - entra com uma bandeja em mãos, eram meus medicamentos diários e tudo indica que já está na hora de eu tomar um deles.

— Esta noite, não passei muito bem... - faço careta - Meu corpo entrou em abstinência e eu não conseguia dormir de jeito algum.

— Entendi... - sorri - Seu corpo está se habituando com o fato de não encontrar o que quer, é normal, este efeito é um dos que mais acontecem! - responde.

— Mas, é torturador. - digo - Acontecerá mais vezes? - pergunto intrigado.

— Talvez sim... - diz preparando meu remédio para eu beber - Terá de se acostumar! - responde.

Me estende o pequeno comprimido e um copo de água, enquanto tomo, ela observa para ver se realmente estou engolindo.

— Ah. - abro a boca, para ela verificar que tomei e a mesma dá risada.

— Tudo bem... - sorri - Daqui a pouco é o almoço hein! - diz divertida, pois ela sabe que adoro os horários de alimentação.

— E as 17:00, meu passeio contigo pelo jardim. - pisco e ela solta uma pequena risada.

— Yeah... - diz animada - Ta precisando tomar um sol, ta mais branco que uma lagartixa. - rimos.

— Sou moreno, sensação do verão... - me gabo - Você que é branquela e anã. - brinco e Meg faz cara de ofendida.

— Só não sou mais branca que sua namorada! - diz e no mesmo momento meu sorriso se desmancha.

Lise, que saudades dessa garota. dezessete dias sem vê-la, dezessete dias sem sentir seu cheiro, o gosto de seus beijos ou seu abraço gostoso. Nada para mim tem sentido sem ela aqui comigo.

— Er... - vejo Meg torcer os lábios - Me desculpe Cam, não queria tocar no assunto.

— Tudo bem! - tento sorrir - Você acha que ainda não posso receber visitas? - pergunto receoso.

— Olha, não sei... - estala a língua - Irei ver na recepção e te falo. - sorri.

Apenas retribui o sorriso. Vejo Meg pegar sua bandeja e se preparar para sair de meu quarto.

— Irei nessa, tenho mais pacientes para cuidar... - faz bico e dou risada - Até Dallas! - diz.

— Até mais ver, Meg! - digo antes dela sair do quarto.

Após Meg sair, olho para a mesa que havia no quarto e reparo no meu quadro de fotos, onde havia fotos minhas com Lise, os garotos, meu pai e minha mãe. A saudade apertava meu peito e eu só queria estar com eles agora.

Vou até a pequena sacada e começo olhar o grande jardim, havia várias pessoas passeando por ele e daqui de cima, consigo ver Megan passeando com um de seus outros pacientes.

Megan, uma das enfermeiras mais jovens da clínica, morena e bonita, não irei mentir, ela realmente é atraente. Seu jeito animado e delicado, sempre me lembra Lise, acho que isso é uma das coisas que mais atraem nela.

Fico um tempo observando o jardim e quando ouço o sinal indicando horário de almoço, tento sair o mais rápido possível de meu quarto. Ao sair, tranco-o e chamo o elevador, desço até o 6° andar e vou até o refeitório. Já havia bastante gente ali, trato logo de pegar uma bandeja para me servir, hoje o almoço seria: arroz, carne mal passada, batatas fritas e alguns legumes, eu amo este almoço. Após me servir, procuro uma mesa vazia para me sentar, ao fazer isto, começo devorar a comida .

— Tem algum problema eu me sentar com você? - um cara, baixo e loiro diz. Apenas balanço minha cabeça, negando.

Observo-o se sentar e reparo em seu prato de comida, maior que o meu, quem foi que disse que tamanho é documento?

—  Prazer, meu nome é Jack Johnson... - estende a mão e aperto-a - Mas, pode me chamar de Jack J!

— Eaí, me chamo Cameron Dallas... - sorrio - Pode chamar de Cam! - digo e o loiro apenas concorda.

— Você está aqui a muito tempo? - pergunta - Nunca te vi por aqui!

— Estou a duas semanas e meia... - respondo e limpo minha boca com o lenço de papel que havia na mesa - Não sou muito de andar por aí!

— Certo. Deve ser por isso então. - diz e coloca mais uma colherada de comida na boca - Faz três meses que estou aqui. - diz após engolir.

— Caraca... - me surpreendi - Seu estado é grave? - pergunto e volto a mastigar.

— Mais ou menos... - faz careta - Já tem três anos que andava consumindo drogas, porém, este ano meu estado se agravou.

— Passou a consumir bem mais? - digo, apoiando meus cotovelos sobre a mesa.

— Sim! - responde e abaixa o olhar para a comida - Cheguei a entrar em overdose.

— Oh... - digo sem saber o que realmente dizer - Sinto muito!

— Relaxa cara... - dá um pequeno sorriso - Hoje estou bem melhor! - sorrio.

— Sente falta de casa? - resolvo mudar de assunto.

— Muita! - responde após terminar seu almoço - O foda de estar trancado aqui, é isto, a saudade corrói. - responde e eu concordo.

— Eu, que nem estou tanto tempo aqui, estou com uma saudade enorme... - digo - Imagina você!

— Pois é... - diz - Só recebo visita de minha mãe, pois é a única que pode vir me ver!

— Eu recebo apenas a de meu pai, queria poder receber meus amigos e minha namorada. - respondo.

— Você ainda está melhor que eu... - faço uma cara confusa - Eu não tenho mais amigos e muito menos namorada!

— O que houve com eles? - pergunto e me sinto inconveniente.

— Meus amigos eram tudo drogados e por conta do internamento, nunca mais os vi... - vejo-o olhar pela janela a fora - E minha namorada... Ela morreu, em um acidente de carro, a três anos atrás! - abaixa seu olhar.

Tudo faz sentido, após o falecimento de sua namorada, Jack deve ter se metido com drogas.

— Foi por este fato que se meteu com drogas, não? - pergunto, empurrando minha bandeja para o lado.

— Sim... - responde - Foi culpa minha a morte dela, e para me lamentar ou tentar fugir da dor que foi saber que sou culpado pela sua morte, entrei nesse mundo. - tenta sorrir, mas estava transparecido sua dor.

— Oh, sinto muito! - digo e ele apenas assente.

— Tudo bem... - sorri - Agora fala de você aí cara, só eu estou tendo meu momento desabafo aqui. - rimos.

Passei um tempo conversando com Jack, lhe contei sobre minha mãe e tudo o que me trouxe para esta clínica. Jack é um cara legal! Será meu mais novo amigo aqui dentro?