Annelise:
Chegamos em meu apartamento, decidimos vir para cá já que era mais perto do tal beco do que a casa de Cameron. Falar, sinto ele distante e estou com medo dele estar assim por achar babaquice tudo o que eu havia feito para nos proteger, eu juro que foi tudo por amor e mal pensado, não queria realmente ter feito tudo isso, só queria ser feliz com ele sem ninguém nos perturbando. A galera estava toda espalhada pela sala e eu acabei indo ficar na cozinha, precisava de um copo de água para me acalmar e também para não enlouquecer. Enquanto preparava minha água com açúcar, sinto alguém entrar na cozinha e para mim é Clark.
— Amiga, ainda quer ir no mercado? – pergunto enquanto guardo o açúcar no armário, sem ao menos confirmar se era ela mesmo.
— Não é a Clark, mas se você quiser posso ir contigo. – era Cameron. Disfarçadamente coloco minha mão no coração, pois ele acabará de disparar feito o relâmpago marquinho.
Viro-me para a direção em que ele está, vejo-o encostado na pia de lavar louça e com os braços cruzados, saudade de quando via esta imagem quase todos os dias.
— Não, é que... – passo a mão em meus cabelos – Clark achou que faríamos a ceia aqui, mas acabei de lembrar que seu pai quer ir comer fora. – resolvo beber um gole de minha água.
— Entendi. – sorri – O que está bebendo? – franze o cenho.
— Água com açúcar! – praticamente me engasgo ao responder.
— Lise, foi uma loucura você ter se metido nisto tudo. – ele diz caminhando em minha direção e para de frente para mim.
— Eu sei... – reviro os olhos – Mas poxa Cam, tente entender meu lado, eu só queria poder viver o resto da minha vida em paz contigo, pelo amor, só quero ser feliz com você e mais nada!
— Eu te amo! – ele diz, devagar sinto suas mãos encostar-se às minhas e em seguida entrelaçar nossos dedos.
— Eu te amo, demais, mais do que deveria. – digo e sorrio.
Então ele se aproxima, passa seu braço em volta de minha cintura e roça seu nariz no meu e antes de nossas bocas se encostarem, ele diz algo que me faz delirar completamente.
— Sinto falta do seu corpo se encaixando no meu, você não faz idéia. – enquanto diz em meio a um suspiro, sinto meu coração saltar pela boca e basicamente subir uma chama em meu corpo. Mas antes que eu dissesse qualquer coisa, meu moreno me beija e sentir seus lábios nos meus é inexplicável, sempre que nos beijarmos será como se fosse à primeira vez.
— Lise, o que você es... – tinha que ser a maldita Clark – Opa galerinha foi sem querer! – ri envergonhada.
Afasto-me de Cam e damos risada, em seguida lanço um olhar mortal para minha melhor amiga.
— O que você quer praga? – pergunto e sinto Cameron me abraçar por trás.
— Só queria saber onde você estava, porque senti sua falta na sala. – sorri – Mas te encontrei, olha que incrível? – da uma piscadela.
— Muito babaca cara! – cerro meus olhos e em seguida dou risada.
Clark volta para a sala e ouço uma gritaria dos garotos, de certo ela deve ter falado que eu estava com Cam na cozinha. O restinho da tarde passamos jogados pelos cômodos de meu apartamento, já que pretendíamos descansar para aproveitar a noite, Cameron estava comigo em meu quarto, deitado em meu colo recebendo cafuné da melhor namorada do mundo.
— Estava com saudades disso. – diz e olha-me de relance.
— Do que? – pergunto sem entender.
— Do seu cafuné, de ficar assim com você. – sorri.
— Oras, mas na clínica eu também lhe fazia cafuné. – coloco as mãos na cintura num tom brincalhão e o mesmo ri.
— Eu... – reparo em cada traço de seu rosto e vejo seus olhos se perderem meio ao teto de meu quarto – Mas não é a mesma coisa de estar aqui, no seu quarto, livre!
— Entendi. – sorrio e me abaixo para lhe dar um selinho.
Ouço um celular tocar e vejo que é o de Cameron, pego o mesmo no armarinho do lado de minha cama e lhe entrego.
— Fala pai. – diz atendendo a ligação. E depois de uns três minutos, desliga o celular e nem prestei atenção no que conversaram, já que estava entretida com minhas unhas que estão quebrando.
— O que houve? – pergunto.
— Ele disse que o judiciamento dos três será dia 10 de janeiro, mas que por enquanto os manterão presos. – assento – Você conseguiu, estamos finalmente livres! – sorria de orelha a orelha, enquanto eu acariciava meu rosto.
— Sim, no final das contas, mesmo tudo dando errado deu certo. – ele me olha confuso com o que disse e dou risada, porque nem eu mesma entendi.
— Agora só falta eu sair daquela droga de clínica! – diz cabisbaixo e meu coração quebra em pedacinhos.
— Logo você sairá meu amor, tenha fé. – beijo sua testa e meu momento fofa é interrompido por duas batidas na porta.
— Pode entrar. – grito e vejo a porta se abrir, indicando uma Clark intrusa novamente.
— Telefone para você! – sua cara não era das melhores e fico assustada em saber que tem alguém querendo falar comigo pelo telefone fixo, não pelo celular. Ela me entrega o mesmo e sai porta afora de meu quarto.
— Alô? – digo tensa.
— Anne? – essa voz. Eu ainda conheço essa voz.
— Quem é? – pergunto já sabendo a resposta, mas queria confirmar. Minhas mãos já estavam trêmulas o suficiente para não conseguirem mais segurar o celular.
— Anne, é a sua mãe! – Pronto. Meus olhos se enchem de lágrimas e estou prestes a desmoronar. Cameron se levanta rapidamente de meu colo e me olha sem entender o que esta acontecendo.
— O que você quer? – pergunto ainda estática.
— Filha, por favor, precisamos conversar. – conseguia reconhecer sua voz embargada.
— Depois de seis anos, você quer conversar? – já chorava, sem acreditar no que acabei de ouvir – Você está louca? Você me expulsou de sua vida como se eu fosse uma nada, sem querer conversar. E agora... Agora você quer conversar? – meu semblante deveria demonstrar toda a frustração que senti todos estes anos em que fui expulsa de minha casa. Cameron agora entendia o que esta acontecendo.
— Você nunca entendeu o que a mamãe queria para você filha, sinto tanta a sua falta! – Jasmine chora do outro lado da linha, mas isto não me incomoda nem um pouco.
— Você não faz idéia do que é viver seis anos sabendo que fora expulsa de casa pelos seus pais, você não faz! – eu dizia entre os dentes.
— Anne, eu sei que errei, mas hoje reconheço este erro e quero de alguma forma concertá-lo. – diz.
— Você só pode estar de palhaçada! – chorava de ódio – Este erro você nunca mais concertará, ele deixou marcas apenas em mim, a mágoa e a raiva que sinto de você é maior do que todo o amor que eu sentia antes de me tirar da sua vida... - digo – Agora, faça-me o favor, some novamente e nunca mais ouse ligar para minha casa, nunca mais quero saber de você e de Johnny, vocês morreram para mim! – após dizer tudo isto, desligo o telefone e taco-o contra a parede. Caio sobre a cama, chorando feito uma criança.
— Meu amor, se calma. – Cameron deita ao meu lado, puxa-me para deitar em seu peitoral e começa a acariciar meu cabelo.
— Porque ela resolveu aparecer, Cam? – digo entre soluços – Estava tão bem sem saber deles e agora ela me vem com essa? – as palavras saiem rapidamente, é o desespero de colocá-las para fora e tentar entender tudo isto que acabará de acontecer.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.