Cameron:
Após sair do carro, sigo a rua escura em direção ao beco. Estou puto por conta da teimosia de Lise, minha vontade é socar a sua cara e ao mesmo tempo beija-lá.
Enquanto caminho com estes pensamentos inusitados, me deparo com Gilinsky e Nate sentados na beira da calçada em frente ao beco, quando me aproximo os dois se levantam rapidamente.
— Achei que não viria, seu merda! - Gilinsky vai logo dizendo irritado.
— Estou aqui, não estou? - digo no mesmo tom - O que está acontecendo? - pergunto.
— Algum infeliz nos denunciou, agora os caras podem chegar aqui a qualquer momento... - Nate diz - Não dá para ficarmos em nossas próprias casas esta noite e nem fugirmos, pois eles estarão atrás de nós!
— E eu com isso? - os dois me olham putos da vida - Qual é galera, não passo de um mero frequentador do beco!
— Tá se esquecendo que ainda está nos devendo? - Gilinsky joga na minha cara e eu reviro os olhos, maldita hora que não paguei logo tudo de uma vez para estes caras - Terá de arranjar um lugar para ficarmos ou então irá pagar de uma maneira nada legal, Dallas! - seu tom é ameaçador e sei bem de qual maneira ele está dizendo.
— Caras... - digo seguro de mim, não tenho medo do que eles possam fazer - Não tenho lugar algum para abrigar vocês! - digo calmo. Mas é a verdade, o que posso fazer?
— Sua casa, Dallas. - Nate diz se aproximando - Não é um bom lugar? - ele sorri cínico.
— Você pirou? - pergunto, soltando um riso nervoso - Moro com meu pai ainda e ele no mínimo ajudaria a polícia encontrar vocês! - eles estão malucos, só pode.
— Então arranja uma merda de lugar, inferno! - Gilinsky grita e eu me assusto.
— Seus amigos, filhinhos de papai, que tal? - Nate diz, me pegando pelo colarinho.
— Não vou metê-los nisto Nate, eles podem pagar por algo que nem se quer um dia tentaram chegar perto! - digo irritado, pelo fato de quererem meter meus amigos nisso.
— Vai ser pior para você, Dallas. - Gilinsky solta uma risada sarcástica.
— Tudo bem porra. - grito, enquanto empurro Nate e consigo tirar ele de perto de mim - Pode me matar, me bater, vamos... - solto um riso e abro meus braços, me expondo por inteiro.
— Não quero ter que te bater seu merda... - Nate se aproxima novamente e vejo a raiva em seus olhos - Só quero que você arranje um inferno qualquer para ficarmos, caralho! - ele explode completamente e me empurra contra a parede. O baque foi tão forte, que caio sem forças no chão.
Foi aí que vejo minha brasileirinha correr para perto de mim. O quão teimosa essa garota é? Meu Deus.
— O que ta fazendo aqui Lise? - pergunto devagar para ela, sem força alguma para me mexer e ela tenta me ajudar a levantar.
— Vai, eles podem ficar lá em casa! - ela diz calmamente, mas seu rosto demonstra o nervoso que está sentindo, enquanto passa as mãos pelos meus cabelos.
— Porra Lise, não mandei ficar no carro? - digo irritado e a olho sério.
— Eu sei, caramba... - ela grita e tenta mais uma vez me levantar, conseguindo desta vez - Deixa eu ajudar, ninguém mais poderá fazer isso e você sabe muito bem! - o pior, é ter que concordar com esta cabeça dura.
— Será que vocês podem parar com a briguinha de casal aí... - Gilinsky diz apontando para nós - A loirinha está querendo nos ajudar, não? - Lise concorda com a cabeça. Me lembram de matar esta garota?!
— Então, é isto aí Cameron... - Nate se manifesta - Anda, vamos logo! - os dois vão até o beco, de certo buscar suas coisas.
Enquanto eles estão lá dentro, ajeito minha roupa e fico encarando Lise.
— Te pedi para ficar no carro, não pedi? - praticamente berro no meio da rua e Lise se assusta, seus olhos se enchem de água e eu me sinto um monstro por estar prestes a fazê-la chorar.
— Eu sei que você pediu Dallas, não sou surda... - ela passa a mão nos olhos e seu rosto se encontra vermelho - Estou tentando te ajudar, qual é o problema? - ela pergunta, deixando uma lágrima escorrer. Tem ideia de como estou me sentindo horrível?
— Me desculpa... - me aproximo dela e limpo sua lágrima, ela vira o rosto para o outro lado - Não quero te meter nisso Lise, meu Deus, acabei de te conhecer e olha o mal que estou te fazendo! - trago seu rosto de volta para mim.
— Eu não me importo, Cam! - ela sorri. O que esta garota esta me causando? Oh céus - Você estando vivo, é o que me importa e pode levá-los lá para casa.
— Meu Deus... - me afasto dela e coloco minhas mãos sobre a cabeça, viro-me de costas e fecho meus olhos. Porque eu quis isto para mim?
Vejo Nate e Gilinsky saírem de dentro do beco e vir até nós, puxo Lise para perto de mim novamente e à abraço de lado.
— Vamos logo ou tem mais alguma coisa para protestar contra Cameron? - Nate diz com seu sorrisinho sínico no rosto. Minha vontade de socar ele é tão grande que acabo fechando minha mão em punho, Lise ao perceber pega na mesma e entrelaça nossos dedos, me fazendo acalmar.
— Anda! - digo e começo a caminhar na rua com Lise, à frente dos dois.
Ao chegar no meu carro, Lise tira as chaves do bolso de sua calça e destrava o carro para mim, abro o porta malas e os dois colocam as coisas no mesmo. Lise pede para dirigir o carro, já que ainda sinto dores no corpo e eu concordo com ela, entramos e seguimos para sua casa.
Merda! Eu me odeio por ter metido Lise nisto, eu sou um completo imbecil, meu Deus.
•••
Annelise:
Depois de ouvir os gritos de Cameron, pedindo para matá-lo, o máximo que pude fazer era sair daquele carro e seguir os gritos. Eu já havia ouvido boa parte da gritaria e entendido que os caras estavam procurando um lugar para se refugiar, Cam não tinha ninguém para ajudá-lo neste quesito e então eu com a minha boca aberta como sempre, propus que eles ficassem em meu apartamento.
Cameron está puto comigo e com razão, claro, mas eu sei que mais tarde ele irá me agradecer por isto. O caminho todo fomos em silêncio, ao chegar em frente ao meu prédio, me viro para trás e mesmo sabendo que esses merdas podem ser perigosos, terão que seguir as regras de minha casa.
— Vou deixá-los ficar na minha casa, mas terão que seguir algumas regras! - digo e eles me olham sem entender nada - Iram dormir na sala, deixarei os quartos trancados, podem comer o que tiver na geladeira, podem assistir a tv e usufruir do telefone/internet! - eles sorriem, acho que esses malandros são viciados em redes sociais - Porém, se algo sumir do meu apartamento... - faço o melhor olhar mortal que posso - Eu mesma chamarei a polícia! - eles desmancham os sorrisos e ascendem com a cabeça, enquanto vejo Cameron do meu lado dar uma leve risada.
Descemos do carro, eles tiraram as coisas do porta malas e subimos para o meu apartamento. Ao entrarmos, vão deixando as coisas pelo chão e eu subo para os quartos, arrumo uma mochila para mim e Clark, com pijamas, roupas íntimas e tudo o que precisarmos para passar o dia fora amanhã, enquanto faço isto, Cameron bate na porta e entra ao me ver arrumando as coisas.
— Onde vão ficar? - ele pergunta, bagunçando seu próprio cabelo.
— Algum hotel por aí! - respondo, ainda arrumando as mochilas.
— Vamos lá para casa, sei que meu pai não irá se importar. - se senta na cama e fica me encarando.
— E dirá o que à ele? - meu tom é de irritação. Não estou brava com Cameron, porque fui eu que acabei me intrometendo nisso tudo, mas me causa raiva saber que ele foi fraco para se meter nessa merda toda.
— Invento qualquer desculpa. Por favor, ficarei mais calmo se vocês estiverem comigo lá! - ele suspira e eu me sento ao seu lado, fico olhando-o quão lindo é, mas olha o que faz com a própria vida, como pode?
Me aproximo dele e envolvo meus braços em seu pescoço lhe dando um abraço, ele me corresponde apertando forte minha cintura.
— Tudo bem... - digo, ainda abraçada com ele - Só não sei o que direi para Clark! - me afasto e mantenho meu olhar no seu.
— Pode dizer a verdade, não irei me importar! - ele passa a mão em meus cabelos e eu concordo com a cabeça.
Me levanto, Cameron me ajuda com as mochilas, antes de descer, tranco as portas dos quartos e guardo a chave em meu bolso, voltamos a sala e encontramos os dois idiotas que ficarão em meu apartamento, sentados no sofá.
— Bom... - olho séria para eles - Já disse as regras e já sabem, se não respeitá-las, serão prejudicados! - digo de braços cruzados e os dois continuam em silêncio.
— Só por amanhã ficarão aqui, entenderam? - Cameron diz e os dois ascendem - Vamos! - Cameron me olha e eu saio porta à fora, com ele vindo logo atrás de mim.
Entramos em seu carro e seguimos de volta para casa de Aaron, desta vez Cam dirige, olho no relógio e já marcava três horas da manhã, suspiro e fico observando as ruas pela janela. Que dia está sendo esse?
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