História Just Like Fire《Suga》 - O sequestro

________ Miller

Era pra ser apenas mais um dia normal, de um trabalho normal, de uma vida normal.
Mas eu acho que tenho o dom de atrair encrenca.
Assim que cheguei na lanchonete vi que Lisa e sua turminha estavam la.

Droga!

Com certeza ela ia querer dar o troco pela atitude de Luke ontem. Mas foi Luke que se ofereceu para me levar, não fui eu que pedi. Mas vossa "rainha" não ia perder a oportunidade de me culpar por isso.

-Olha, não precisa atende-los se não quiser. -Luke dizia para mim enquanto estávamos no balcão-

-Que isso, Luke. É meu trabalho.

-Eu sei mas...

-Olha, falta pouco para que eu nunca mais olhe na cara deles. -sorri fraco-

-Eu já disse o quanto te admiro? -ele sorria para mim-

-Hoje não. -digo convencida-

-Ih, não se acha não. -Ele ri- olha, leva esse lanche para aquele cara ali. -Luke aponta para um cara de cabeça baixa que mexia no celular-

-Bem estranho esse cara. -peguei o lanche-

-Fala como se ele fosse puxar uma arma e roubar o lugar. -Luke ri-

-Eu não disse isso. -dei a língua e sai rindo em direção ao tal cara-

Não era para menos. Assim que passei pela mesa de Lisa ela passou o pé e la fui eu para o chão e o lanche para o rosto do cara.

-Bem feito, garconete estupida! -Lisa dizia entre gargalhadas-

O homem se levantou e passou pisando forte em direção ao banheiro.
Fui me levantando e Luke veio correndo em minha direção.

-_________, você está bem? Se machucou? -ele me ajuda a levantar-

-Es...estou Bem. -sinto meus olhos cheios de lágrimas-

-Awn, o bebê vai chorar. -Lisa diz com sua voz manhosa-

Sua rodinha de amigos começa a rir.

-Luke, sai de perto dela e vem para cá bebê. -ela sorria cínica-

-Lisa, você está passando dos limites.

-Ah, não me diga que está dando proteção para essa órfã ridícula.

-Ridícula são suas atitudes! -Digo sendo tomada pela raiva- Você pensa que pode rebaixar as pessoas mas você não passa de um lixo. E do pior tipo.

-Nossa, parece que alguém tomou atitude. Fala mais, quero te ver brava. -ela me olhava sorrindo-

Cerrei os punhos.

-_______, não faz isso. -Luke segura minha mão- Lisa, sai daqui. Vocês todos! Não são mais bem vindos aqui.

-Luke, você não...

-Agora. -Ele diz com firmeza-

-Vai se arrepender. -ela diz com raiva- vamos embora.

Lisa se levanta e sai sendo seguida por seu grupinho.

-________, você está...

-Chega. Não quero falar disso. -limpo minhas lagrimas- eu não vou precisar aguentar isso muito tempo. -suspiro- vou ver se o cliente está bem.

-Okay...-Luke diz cabisbaixo-

Eu vou em direção aos fundos da lanchonete. Minha raiva estava muito grande. Eu estava pronta para explodir.
Nunca me senti tão perto de xingar alguém.

{...}

Atrás do balcão, anotando pedidos eu pensava sobre o acontecimento do banheiro.
Como eu fiz aquilo? Como tive coragem? O cara estava armado.
A ficha só foi cair quando percebi que eu poderia ter levado um tiro.
Se bem que um tiro daquele loiro gato não ia doer não.

_______ cale a boca.

Um outro cara apareceu perguntando se eu havia visto o mesmo loiro e eu apontei a mesa em que ele estava. O homem pediu um lanche e eu o preparei e levei com cuidado para não cometer o mesmo erro. Quem sabe esse me dava um tiro né.

Percebi que Luke não estava por perto então fui até a cozinha procurar por ele.

-Luke? -passei pelos cozinheiros- alguém viu o Luke?

Todos fizeram que não.

Onde será que ele se meteu?

Dei ombros e voltei para o balcão.
Quando cheguei la percebi que o loiro havia voltado para a mesa e agora conversava com o outro rapaz.

Passei o resto do dia sendo olhada pelo loiro e cumprindo meu trabalho.
Quando o dia virou noite, eu me troquei, peguei minha bolsa e saí as pressas.
Eu tinha ensaio e também estava a espera de correspondência.

{ Uma semana depois...}

As aulas tinham finalmente acabado.
Eu estava tão feliz que poderia sair dando piruetas mas eu prefiro não quebrar todos os ossos do meu corpo.
Enfim, a semana toda o loiro e o outro cara ficaram na lanchonete.
E se não for coisa da minha cabeça eu posso jurar que eles até estavam me seguindo nos últimos dois dias.
Estranho? Talvez. Mas por algum motivo eu não tinha medo deles.
Tinha...curiosidade.
O que são?  O que  fazem? Por que andam armados? Por que estão na lanchonete todos os dias?
Enfim, talvez eu nunca descobrisse.

-Boa tarde senhorita Miller. -Luke chegava por trás de mim bagunçando meu cabelo-

-Boa tarde Luke. -ri-

-Hoje a lanchonete está  pouco movimentada não é?

-Final de aulas. Estão todos comemorando dormindo.

-Exatamente. Algo que você devia fazer.

-Não entende que preciso trabalhar não é?  -gargalhei-

-Como você é chata. Eu só queria descontrair.

-Tudo bem. -sorri-

-Então...agora que não tem mais aula e nem nada...poderia sair comigo.

-Luke, de novo isso?

-Fala sério, ________! O que tem de mais? Sou feio né?  Me odeia porque sou feio. -Ele finge choro-

-Cale a boca. -ri- Você é lindo, e eu te adoro.

-Então porquê não sai comigo?

Parei para pensar.
Lisa já não estava mais na jogada, Luke era legal e gentil, o que me impedia de sair com meu único amigo?

-Tá bem Luke. Vamos sair .

-FINALMENTE. -Ele grita-

-Luke, estão olhando. Cale a boca. -ri-

-To nem ai!  Depois de um ano você aceita sair comigo e espera que eu não grite?

-Cale a boca! -sorri-

-Verdade. Chamei a atenção do cara que ta afim de você.

-Que?

-Aquele loiro. Ou acha que ele vem aqui todos os dias por causa da batata?

Olhei na direção do loiro que me olhava e ri.

-eu aposto na batata! -dei um tapinha em seu braço e sorri-

-Ah, quase esqueci. Chegou essa carta pra você. -Ele tira um envelope do bolso e me entrega-

Meu coração já começa a bater mais rápido.
Sorri e peguei o envelope.

-Será? -Olhei para ele-

-Será o que? -Luke me olhava confuso-

Meu coração estava acelerado. Olhei o carimbo no envelope e saltei de felicidade.
Era da academia de ballet de Londres. Uma das 3 melhores do mundo.
Era a tão sonhada carta, ali dentro estaria o começo ou o fim do meu sonho.
Abri o envelope e comecei a ler.

-________, o que é isso?

Do nada eu congelei. Meu coração parou e eu olhei para Luke.

-Ha quatro meses eu fiz teste para entrar em uma escola de ballet de Londres.

-E essa carta?

-É o que diz se eu passei ou não.

-E então?

-...Eu passei. -meu sorriso voltou só que dentre a muitas lágrimas- eu não acredito, eu passei.

Luke me abraçou com força.

-Parabéns. -Ele dizia sem ânimo- Londres, não é?...é bem longe.

-Pode me visitar quando quiser. -o apertei e em seguida o soltei- depois de anos de treino duro, dedicação e tudo mais. Eu realmente consegui. -meu sorriso não sumia- hoje vamos comemorar mesmo, sem treinos, sem nada.

Luke me olhava sem reação. Não sabia se me abraçava de novo ou se chorava por saber que em um mês eu partiria.

-Estou feliz por você. -Ele diz, finalmente-

-Obrigada. -acariciei seu rosto-

O resto do dia foi de brincadeiras e sorrisos.
Eu não pensava em outra coisa que não fosse Londres e viver uma nova vida. Tudo ia se encaixar, quem sabe eu até conseguia ser feliz.
Seria meu sonho.

No final do meu expediente eu me arrumei para ir para meu apartamento, Luke ia ficar na lanchonete para fechar e logo em seguida ia me buscar.

Depois de pegar o metrô eu andei um pouco e parei em frente a academia de ballet...sim, meu instinto de dança falou mais alto.
Entrei na mesma que já estava vazia e fui me trocar.
Liguei a música e fiquei dançando na minha sala preferida.
Em Londres teria uma vista tão linda quanto essa para que eu possa dançar? Vou descobrir.

Eu fechava os olhos e viajava na Ponta dos pés. Sentindo a música percorrer meus ossos.
Eu me sentia viva.
Depois de umas meia hora dançando voltei ao banheiro para me trocar.
Assim que terminei, fui até a pia e me olhei no espelho.

Suor.

Abaxei e joguei água no rosto.
Assim que levantei e me olhei no espelho fui atacada com um pano sendo pressionado contra minha boca.
Meus olhos começaram a ficar pesados e eu não conseguia gritar.
Quando foquei o olhar no reflexo do espelho vi o loiro da lanchonete pressionando o pano enquanto eu tentava inutilmente me soltar. Meus olhos ficavam mais pesados e então apaguei.