História Just Live - Capítulo 02

Isabella

Porque o tempo tem que ser tão bipolar?

Já li em algum lugar que quando estamos ansiosos, mascar um chiclete ajuda a se acalmar, pois como estamos comendo, o cérebro percebe que não estamos em perigo. Ou coisa assim.

Não sei se é verdade, e infelizmente não tenho nenhum chiclete para descobrir.

Espero impacientemente o horário da execução do meu plano horrível.

Quando chega às 02H00 da madrugada eu decido que é o momento.

Pego a mochila que eu escondi com poucas mudas de roupas e minhas economias, não eram poucas. Sempre economizei para o futuro, mesmo sem a certeza que existiria um, não pensei que ia chegar tão rápido.

Pego o notebook do meu pai e dou um jeito de desligar todas as câmeras por meia hora, tenho que ser rápida.

Vou no escritório do meu pai, onde escrevo um bilhete, quero explicar tudo para ele, e em seguida faço outro para minha mãe.

Vejo dois seguranças em frente a porta principal, pela janela vejo mais alguns no lado de fora da casa.

Começou agora termine Isabella, não seja covarde.

Engraçado que nos filmes tudo é mais fácil.

Joguei a minha mochila pela janela da cozinha, e pulei logo em seguida, fez mais barulho do que eu imaginei, pego minha mochila e corro para minha velha casinha da árvore, costumava brincar aqui quando era criança, quando eu não tinha problemas e meus pais me deixavam ser uma criança normal, faz muito tem que não entro aqui.

Por um momento pensei que seria melhor não continuar com isso...

Pela janela da casinha, vejo que por sorte não chamei atenção, olho em minha volta, vejo tudo como eu deixei.

Adeus lugarzinho.

Olho para o meu relógio e vejo que só tenho 17 minutos para ir embora daqui e acabar com tudo isso.

Desço da casinha e saio correndo para uma parte distante do meu jardim, lá não tem câmeras, então mesmo que o tempo acabe eu ainda terei como fugir.

Procuro com o olhar uma forma de pular o muro, não é fácil assim, não vejo nada que possa me ajudar, de tanto procurar vejo um carrinho em um canto, pego ele e coloco perto do muro, subo e vejo que ainda é baixo demais.

Pego vários objetivos até que eu consigo fazer uma... uma o que? Nem eu sei o que eu mesma fiz.

Tento subir nessa coisa, até que eu estou indo bem para uma pessoa incrivelmente sedentária, chego em cima do muro, pra mim isso é quase uma vitória.

Opa, como eu vou descer daqui? E agora? Oh Deus...

- ACHEI ELA! - Escuto um segurança gritar.

É agora ou nunca. Então eu pulo.

A adrenalina estava circulando no meu sangue, não é hora para pensar, pego minha mochila que estava um pouco distante e saio correndo.

Não sei quanto tempo estou correndo, vejo um ônibus parando e entro nele. Nunca peguei um ônibus na minha vida, mas idaí?!

(...)

- Menina?? - Sinto algo me futucando, ou melhor, alguém, levo e um pequeno susto e abro os olhos e vejo um homem, ele é velho e careca, lábios finos e olhos cor de mel, ele exibe um sorriso gentil, percebo que acabei dormindo. - Desculpe assustar você, mais é a última parada, você tem que descer...

Desço do ônibus olhando tudo em minha volta, vejo que é um lugar pobre, onde estou? Vejo uma mulher vindo em minha direção, talvez seja melhor perguntar que lugar é esse.

- Moça? - A mulher me encara, vejo um leve arquear de sobrancelha.

- Eu? - Ela para e me olha com um ar interrogativo.

- Sim - Confirmo um pouco envergonhada. - Eer.. Que lugar é esse?

- Está perdida? - Ela pergunta.

- Mais ou menos isso..

- Estamos em uma parte pobre de Fyfalls.. - Fyfalls? - Em um bairro chamado Meford - Ela completa.

- Isso é longe de Seminster? - Esperança nascia em meu corpo.

- Sim, muito longe.. És de lá? - O olhar da mulher estava duvidoso.

- Sim, está ficando tarde, é melhor ir andando... Obrigado. - Dou um sorriso de agradecimento, ela retribui e sai andando.

(...)

Lembro de estar andando a muito tempo, já está ficando escuro novamente, a viagem de Seminster para Fyfalls durou um dia, entro em um beco, em um canto perto de várias latas, e sem querer derrubo uma lata, que percebo conter lixo dentro.

- Quem está ai? - Escuto uma voz, e percebo ser uma criança, um menino.

- Entra para dentro Ethan, eu vou ver o que está acontecendo.. - Escuto uma voz falando com autoridade com o menino, vejo pela que é um rapaz, provavelmente poucos anos mais velho que eu, permaneço calada, mais ele acaba me vendo.. - Que interessante, o que uma garotinha como você está fazendo aqui? - Vejo ele dar um sorriso de lado, percebo malícia em seu olhar. - É surda? Me responda caralho. - Ele me puxa pelo braço, e sem querer... apago.