História Just One Day (VKOOK) - Fora Do Barco E Mergulhando No Rio

                                                                                                                  "   Descendo pelas águas o leito do rio

                                                                                                                      Alguém te chama alguém diz

                                                                                                               nade com a corrente e flutue para longe

                                                                                                                      Descendo pelo rio todos os dias "  

Acordei e fiz carinho nos cabelos de Tae. Ele respirava devagar, como um sopro. Ainda tinha manchas de lágrimas em suas bochechas, ele tinha passado a metade da noite chorando. Minha mãe nem mesmo voltou para casa. O que foi bom, mas a pior parte daquela noite foi escutar o Tae dizer entre lágrimas:

- Ah, Jungkook. Eu amo tanto o Hoseok. Tanto. Porque ele terminou...

Eu não falava nada. Nem mesmo abria minha boca. Porque eu sabia que se eu falasse alguma coisa, nada iria sair dela, mas iria sair muitas lágrimas de meus olhos.

- Hmm. Tenho que ir para casa. – disse Tae.

Ele levantou e me olhou, o olhar triste.

- Obrigada. – continuou. – De verdade.

- Tudo bem.

Então ele saiu. Voltei e deitar, inalando o perfume de Tae entre os lençóis. Fui até o banheiro e me olhei no espelho, meus cabelos castanhos estavam bagunçados, e eu até imaginei pássaros saindo dele. Tomei um banho e me vesti, pegando minha mochila, eu poderia ir de carro, já que na noite anterior minha mãe tinha saindo de táxi.

Bebi chocolate quente e entrei no carro. Eu dirigia um pouco devagar, pensando em Tae. Assim que o sinal fechou recebi uma mensagem.

“Loren,

Pode vim me buscar? Meu carro emperrou com neve, esqueci de colocar o maldito na garagem...e puta merda Jungkook, puta merda.”

Eu estava tão distraído que nem mesmo percebi que estava nevando, a neve caia lentamente. Fiquei preocupado com Tae, caminhando com frio. O sinal abriu e fui até a casa de Loren. Como sempre ela segurava seu copo de café. Com outra mão ela tentava inutilmente tirar neve do carro.

- Obrigada. – disse entrando e fechando a porta. – Então como vai?

- Bom, nada demais.

- Fez a tarefa de matemática? – perguntou.

- Não. Cheiro de chocolate.

- Ahh, pega. – ela tirou uma garrafinha da bolsa e colocou um pouco em uma caneca.

- Pensei que preferisse café. – falei pegando a caneca e bebendo um gole.

Loren começou a ler um livro para a aula de literatura, que eu não tinha lido pois fiquei ocupado consolando Tae.

Chegando na escola, fui para minha sala e assim que entrei com Loren, avistei Tae e Hoseok em um canto, abraçados e trocando selinhos.

AI MEU CORAÇÃO. </3 </3

Assim que me viram fecharam a cara e voltaram ao que estavam fazendo. Tae estava zangado comigo?

Ele sempre sentava ao meu lado, mas ele não veio. Então chamei Loren. Não era apenas Tae que não falava comigo, mas todos os meninos. Eles olhavam para mim com cara ruim. E meu interior sangrava. O que eu tinha feito?

- Teste surpresa. Quem leu “O sol é para todos” vai saber. – disse o professor.

- Aishh, esqueci. – murmurei. Mas eu não tinha esquecido, eu apenas preferi ficar cuidando do Tae.

- Li apenas o começo. – disse Loren.

O professor entregou os testes e eu ainda tentei responder, mas nada. Eu apenas queria saber o porquê de não falarem comigo? Vi Loren escrevendo algo no papel e me entregando.

“ 1 QUESTÃO (B) 2 QUESTÃO (C)...”

Ele me deu todas as respostas. Depois guardei discretamente nos meu bolso. Na saída eu entreguei meu teste e Loren foi até a cantina. Avistei uma pessoa de cabelos castanhos em embaixo de uma árvore.

- Tae?

- Não. Hoseok.

- Ahh.

- O que você quer com o Tae?

- Eu...

- Não queremos falar com você. – disse ele.

- Mas...

- Você pensou mesmo que poderia estragar meu relacionamento com Tae, não é?

- O que?

- Fala sério. Tae não quer falar com você. Nunca mais.

Tae apareceu e arregalou os olhos ao me ver, pegando na mão de Hoseok.

- Isso é verdade Tae? Porque? – perguntei.

Ele tirou o celular de Hoseok do bolso e me mostrou. Eram fotos do nosso beijo naquela dia no banco da praça.

-  Hoseok não tinha me falado o motivo de ter terminado comigo, mas agora eu sei. JUNGKOOK EU NÃO GOSTO DE VOCÊ. VOCÊ TENTOU ESTRAGAR MEU RELACIONAMENTO COM A PESSOA QUE MAIS AMO. COMO PÔDE?

- TAE, EU JURO QUE...

- APENAS NÃO FALE MAIS COMIGO. SAIA.

Sai correndo dali, e entrei no meu carro. Como assim eu tinha enviado fotos? Porra, as lágrimas queriam cair... Naquele carro, entre neves comecei a chorar. Muito. EU soluçava.

O amor é uma péssima idéia.

Ver Tae me maltratando me matou. Eu me sentia apenas como um fantasma ambulante.

Meu pai sempre me dizia que eu era um rio que corria, e ao mesmo tempo eu observava ás águas irem ara longe. Ele me dizia que eu ficaria sempre nas margens do rio, esperando o barco certo para entrar.

Descendo à margem do rio perto dos barcos

Onde todo mundo vai estar sozinho

Onde você não verá nenhum sol nascendo

Descendo ao rio correremos

Eu pensei que eu tinha embarcado no barquinho de papel que era Tae, mas não. Eu continuei na margem.

Quando junto às águas bebemos até a última gota

Olhamos para as pedras no leito do rio

Pelos seus olhos posso dizer

Você nunca esteve às margens do rio

Mas eu teria que nadar contra a corrente que ameaçava me levar para longe.

Descendo pelas águas o leito do rio

Alguém te chama alguém diz

nade com a corrente e flutue para longe

Descendo pelo rio todos os dias

Eu sentia meu coração partido. Sabe quando AQUELA pessoa te decepciona muito? Pois é. Eram pequenas agulhas.

No rio que eu me joguei estava tudo tão despedaçado e dividido. Aquela escuridão.

Oh meu Deus eu vejo como tudo está dividido no rio profundo
E eu não sei porque eu vou pelo caminho
Descendo pela beira do rio  

Quando esse antigo rio corrente passar por teus olhos
Para lavar a sujeira à beira do rio
Ir para a água tão próxima
O rio irá ser seus olhos e ouvidos

Eu ando até as fronteiras de mim mesma
Para cair na água como uma pedra
Ossos nele gelados até a medula
Por que eu vou aqui sozinho.

Parei o carro na frente de minha casa e saí. Fiquei parado no jardim. No meio da neve.

No meio de todo aquele branco. Meu coração sangrava.