História Just Starting To Live - Kim Taehyung - Só me deixe cuidar de você, sim?

TAEHYUNG POV's

Era isso mesmo que eu estava ouvindo?

— O-que? — eu estava perplexo, foi inevitável não sentir um aperto ainda mais forte em meu peito.

— É... — Yoongi abaixou seu olhar, colocando sua mão em meu ombro.

— E por quê você é quem sabe disso, e não eu que sou o namorado dela?! — perguntei ainda não podendo acreditar no que havia acabado de ouvir.

— Na verdade, até pouco tempo atrás, nem ela mesmo sabia... na verdade eu que acabei percebendo por saber bem como isso chega — suspirou mordendo o seu próprio lábio com um olhar distante, como se lembrasse de alguns momentos — então, à convenci num dia qualquer a deixar que eu a levasse num psicólogo de minha confiança... — ele agora me olhava, provavelmente esperando por alguma reação.

Como eu nunca percebi que a minha própria namorada estava sofrendo de depressão? Deixando que Yoongi acabasse tendo que fazer o meu papel? E por que ela não confiou em mim para contar assim que descobriu?! 

Eram tantas perguntas sem resposta, porém, o pior de tudo com certeza era lembrar de todas as vezes que ela deu sinais, mas eu não reparei. O desânimo excessivo para tudo que fazíamos ou combinávamos, era evidente que ela só cedia algumas vezes aos meus desejos de sairmos para passear uma vez ou outra, por conta de não querer que eu me sentisse mal. Lembrei também de todas as vezes que eu à cobrei por não fazer mais nada além de dormir, eu me sentia mal pois achava que ela estava de luto, só que também pensava que talvez se eu a cobrasse mais e ela saísse para se divertir, a energia à sua volta acabaria á contagiando e se sentiria como parte daquilo, assim como sempre fora em meio às brincadeiras com o resto dos nossos amigos... Deve ter sido tão difícil pra ela fingir por todo esse tempo (...).

— Eu nunca imaginei... — foi a única coisa que consegui dizer após algum tempo indeterminado que passei perdido em imagens e pensamentos que disparavam em minha mente após tudo que Yoongi havia me dito.

— Tudo bem, cara! Apenas volte lá e converse com ela! — falou Yoongi, sacudindo-me como se buscasse me acordar.

Eu ainda não sabia como fazer para que minhas pernas me obedecessem e se mexessem dali. Elas pareciam estáticas, pesadas, como se cada sentimento do momento pesasse quilos e quilos. Sentimentos estes que iam desde frustração por ela não ter me achado confiável o bastante para contar o que se passava e eu enfim poder apoiá-la devidamente como namorado; dor por apenas imaginar pelo que ela têm sentido todo esse tempo em silêncio; e vergonha por não ter percebido o que se passava com a minha garota, sabe, a garota que eu amo. — Porque você é sempre tão burro Kim Taehyung?! — um nó enorme se formou em minha garganta. E em meus olhos, lágrimas escapavam sem permissão alguma.

— Tae, agora. Ela precisa de você! — Yoongi sacudiu-me novamente para a realidade, dessa vez com mais firmeza.

— O-brigado — foi a única coisa que consegui falar, dando uma leve apertada em seu ombro, balancei a cabeça entendendo o que eu devia fazer nesse momento. Saindo dali às pressas.

Passei por Jimin que parecia nos olhar não muito distante dali, ainda confuso com toda a situação. Subi as escadas ainda correndo, e segui em direção ao corredor onde deixei Alice pela última vez. A mesma agora chorava nos braços de Jungkook, caída no chão, com os olhos petrificados numa direção qualquer. Como me doía vê-la assim.

— A-lice? — perguntei me aproximando, ainda com a voz meio falha.

— Ei cara, porque voltou? Não é por sua culpa que ela está assim? — perguntou Jungkook desconfiado.

— Alice?! Me perdoa por ser um idiota, o Yoongi me explicou tudo — me ajoelhei, ficando de frente para ela que agora pousara seus olhos em mim sem encobrir minimamente que fosse sua expressão de  surpresa em meio às lágrimas que agora eu tentava secar com a ponta de meus dedos, apoiando minhas mãos sobre o seu delicado rosto.

— M-e desculpe — soltou quase como um sussurro enquanto passava suas mãos sobre as minhas.

— Por que não me disse? — perguntei olhando em seus olhos, que se abaixaram em seguida.

— Me perdoe... — soltou novamente em um fio de voz.

— Desculpem interromper, mas acho melhor conversarem em outro lugar... — sugeriu Jimin que chegava agora, com Yoongi logo atrás.

— S-im, está certo — aceitei embora meio relutante.

Olhei para Alice, e a mesma apenas prosseguia com a cabeça baixa, dessa vez tentando ainda limpar os resquícios de suas próprias lágrimas. Provavelmente agora que uma parte do choque havia se passado, deveria estar extremamente constrangida por se mostrar tão frágil na frente de todos. Essa era uma de suas principais características, e creio que nem agora isso se perdeu. Mesmo com a morte de seu appa, ela nunca havia chorado na frente de alguém que não fosse eu. No enterro, notava-se suas olheiras enormes e olhos inchados e avermelhados de tanto chorar, mas se perguntasse as outras pessoas presentes se viram uma ou duas lágrimas caírem de seus olhos, já eram muitas. Ela nunca se mostrava fraca, esse era o tipo de pessoa que ela era.

— O-brigada — agradeci à eles, e segui abraçado à Aly que escondia seu rosto em meu casaco do uniforme.

Andamos um pouco e logo chegamos numa praça pouco movimentada próxima à nossa escola. Olhei em volta, e ninguém por perto então achei que ela já pudesse ficar mais à vontade por ali mesmo. Parei, e a garota aos poucos foi soltando de meu casaco, e ficando à minha frente, ainda com o olhar baixo. Peguei em seu queixo levantando-o calmamente até que ela levantasse seu olhar de encontro ao meu.

— Amor, eu só queria te ajudar... — tentei manter o controle para lhe passar confiança.

Seu olhar abaixou novamente, e vi uma lágrima beirar novamente em seus olhos.

— Me desculpe, por ser tão tonto e incapaz de perceber os problemas da minha própria namorada... ou de não me mostrar confiável o bastante para que ela dividisse suas angústias por conta própria — continuei sem pensar, apenas soltando o meu mais puro sentimento do momento, juntamente à umas lágrimas que foram voltando pouco a pouco.

ALICE POV's

Vê-lo assim, acabava tanto comigo. Meu Deus, era assim que eu havia feito ele se sentir?! Como eu pude?

— Tae... — comecei, engolindo à seco, a fim de afastar mesmo que por alguns minutos aquela imensa dor em minha garganta que me impossibilitava de falar. — Você é a melhor pessoa que já conheci em toda minha vida... — parei por um instante mirando o seu lindo rosto que agora estava encharcado por lágrimas que eu o causei. — O motivo pelo qual eu não te contei assim que descobri, não foi por não confiar em você — passei minha mão em mais uma lágrima que caía em seu rosto, agora, olhando-o nos olhos. — Eu apenas não me sentia no direito de me sentir tão triste, estando ao seu lado. A melhor pessoa que já surgiu em minha vida, lindo por dentro e por fora, alegre, capaz de contagiar à todos ao seu redor, e que sempre apenas quis o meu bem — sorri sem humor — me desculpe por me sentir assim mesmo estando com você ao meu lado — meu olhar se abaixou novamente, e mordi meu próprio lábio, como se tentasse cessar ao menos um pouco das malditas lágrimas que teimavam em cair sem interrupção; como se pudesse naquele ato, ser mesmo capaz de conter aquela maldita dor que parecia queimar em minha garganta.

Senti apenas ele me envolver em seus braços, num abraço tão aconchegante que não duvidaria ser capaz de aquecer com seu calor, qualquer lugar obscuro e frio por conta da ausência de luz. (...) E mais uma vez ele me surpreendia, como sempre, com sua própria energia, em meio àquele momento tão deplorável.

— Como eu poderia continuar alegre sem poder te ver sorrir? — ouvi ele falar baixo, enquanto ainda me abraçava.

— Eu... achei que quando falou que queria conversar comigo hoje à tarde, iria terminar comigo — acabei soltando, e o nó em minha garganta parecia pulsar com mais força, lembrando-me de sua existência.

— Nunca! — ele respondeu na mesma hora. — Eu apenas ia procurar respostas, na verdade, pretendia perguntar à Yoongi, alguma forma para te animar ou apenas me explicar sua visão sobre o que acontecia, já que ele sempre pareceu te conhecer melhor — ele parou por um instante, e jurei ter ouvido o mesmo engolir à seco antes de prosseguir — o que realmente hoje foi confirmado... — suspirou pesadamente e me apertou ainda mais contra seu corpo.

— Ei, você é a pessoa mais incrível da minha vida, e eu realmente sei que não o mereço, e por isso eu não me sentiria no direito de contestar caso decidisse de fato terminar — dessa vez eu que estava engolindo à seco — eu até entenderia, na verdade...

— Aly, pare com isso, por favor?! — ele me libertou de seu forte abraço, agora, olhando em meus olhos e passando sua mão sobre o meu rosto. — Eu te amo, e quero sempre estar ao seu lado! — me falou, seriamente. 

E parecendo notar meu espanto, apenas sorriu, e selou nossos lábios ternamente.

Eu estava sentindo o meu mundo tocar em meus lábios. E mesmo com tantas palavras doces ditas, ainda me sentia tão mal por trazê-lo à este meu mundo... tão depressivo e sem graça. Parecia tão triste deixar que a minha escuridão se aproximasse de sua luz que sempre fora tão radiante.

— O-brigada — soltei num fio de voz. 

Ele merecia ainda mais que isso, mas era apenas o que eu era capaz de oferecê-lo no momento.

— Só me deixe cuidar de você, sim? — pediu por fim, e foi inevitável não apenas assentir em seu desejo.

(...)

Depois fomos para casa dele já que a senhora Kim dificilmente aparece por conta de seus turnos intensos no hospital. Assim, eu evitaria me aborrecer desnecessariamente com a minha mãe, que têm berrado mais do que nunca suas infindáveis futilidades, que na grande maioria das vezes acabavam sempre com críticas e achismos ridículos ao meu respeito.

(...)

— Amor, quer ver mais algum filme? — perguntou Tae que me abraçava, enquanto assistíamos deitados em sua cama "Harry Potter e o Enigma do príncipe".

— Não sei — admiti com um bico de indecisão.

— Aish, porque faz um bico tão bonito, mocinha? — perguntou se aproximando, e depositando ali alguns selinhos lentos.

— Larga de ser bobo — dei um leve sorriso. — Acho que vou tomar um banho, ok? — perguntei.

— Claro, se quiser companhia também... — falou a segunda parte um pouco mais baixo, enquanto abria seu habitual sorriso.

— Tentador, mas obrigada — sorri de sua reação, me levantando e seguindo até o banheiro.

Me despi, entrei no box, e liguei o chuveiro, pensando na vida.

Não é como se tudo estivesse ótimo agora, só por ele saber do que se tratava meus últimos comportamentos. Mas ele estava se esforçando tanto por mim, sabe? Eu não poderia desistir dele, da melhor coisa da minha vida. Quando o mesmo se propunha a estar comigo mesmo após tanta coisa (...). Eu me sentia culpada por fazê-lo passar por algum sofrimento apenas por eu não ser capaz de me controlar como fiz minha vida toda. Mas eu não queria mais vê-lo triste ou decepcionado como vi hoje. Seus olhos apagados e frios. Então decidi que tentaria de verdade me abrir mais com ele, e ser sempre sincera enquanto ao que eu estivesse sentindo, já que ele me fez esse pedido no caminho pra casa. Ele merecia ao menos minha lealdade plena: isso, foi o que tentei botar mais do que nunca em minha mente.

Após o banho, sequei muito bem o meu rosto, e procurei me acalmar, para que meu tom de pele uniforme preenchesse novamente meus olhos e nariz que haviam ficado levemente avermelhados por conta de algumas lágrimas que acabei deixando cair enquanto refletia debaixo do chuveiro. Enrolei-me na toalha, e voltei ao quarto de Tae que agora assistia um anime do qual eu não conhecia.

— Amor, posso pegar uma blusa sua? — perguntei ao pé da porta.

— Claro! Pode até escolher — disse ele apontando a parte do guarda-roupa em que eu deveria olhar.

Assim o fiz, indo até o mesmo, escolhi um blusão cinza que ia até a altura de minha coxa, e sentei-me ao seu lado na cama, que logo me puxou para que eu deitasse novamente ao seu lado, aconchegando-me em seu abraço.

Ele já havia tomado banho mais cedo enquanto eu assistia o episódio novo de One Piece que eu havia perdido e parecia ainda estar sem sono, então, permanecemos nessa posição até que acabei pegando no sono.

(...)