História Just Starting To Live - Kim Taehyung - Conhecendo ele...

ALICE POV's/ on

Acordo com o barulho estrondoso do meu celular, cortando meu sono como quem esfaqueia uma paz constante. Ah... eu odiava essa sensação, era como se todo um equilíbrio do mundo se perdesse devido ao tormento psicológico causado por aquele aparelho tão pequeno.

Me apressei para desligar o mesmo, aproveitando para olhar a hora que marcavam 7:01 da manhã, fiquei um pouco parada tentando situar meu cérebro ao motivo de eu estar sendo acordada tal horário... foi aí que me lembrei. Meus olhos logo se arregalaram, e num pulo saí da cama, correndo para o banheiro que ficava ao lado do meu quarto, este durou apenas 10 minutos. Sequei-me e me enrolei na toalha, indo às pressas ao meu quarto.

Foi então que ao parar e olhar o local, dessa vez já mais disposta. Notei o uniforme que minha mãe havia falado, dobrado logo acima da cadeira. O mesmo consistia numa saia preta com duas linhas brancas nas pontas, uma camisa comprida branca, uma gravata preta, e um casaco branco com um emblema bordado no mesmo. Tratei então, de me apressar e parar de me perder em meus pensamentos, afinal, eu não queria chegar atrasada logo no primeiro dia  — assim como ocorria tanto no Brasil  —. Vesti-me as pressas, penteei meus curtos fios de uma maneira organizada com um leve toque de despojamento, e por fim, passei levemente um batom acerejado, apenas para passar alguma vida ao meu pálido rosto. Peguei a mochila preta com detalhes azuis que se encontrava ali — que aliás, eu tinha adorado —, coloquei meu celular na mesma, e corri escada abaixo.

— Hm, parece que alguém está um pouco atrasada — falou meu pai sentado no sofá com um jornal nas mãos, rindo levemente ao me olhar de canto de olho.

— Quem? Por que eu estou pronta, e linda, por sinal! — fiz uma encenação caprichada e cheia de poses ao pé da escada.

— AÉ MOCINHA?! E por um acaso a senhora vai sair de assim, sem nem so menos tomar um café da manhã? — Perguntou minha mãe aos gritos, com suas mãos na cintura, surgindo na porta que dividia a sala da cozinha.

— Ah ... — bufei, não por ter que comer, isso era ótimo, mas ela sempre fazia eu me atrasar para os lugares que eu queria chegar na hora, por aparecer nos últimos segundos, lembrando-me desse tipo de coisa que deve ser feito antes de sair, mas que no meu cronograma mental, eu havia esquecido de adicionar. — Ok mãe, vou tomar um suco — fui correndo até a cozinha.

— Alice, pega uma torradinha também — sugeriu, logo atrás de mim. 

— Tá — peguei a torrada que vi ali, enfiando na boca, tomando por ultimo todo o copo de suco que eu havia colocado. — Tchau mãe! — saí às pressas — Vamos pai, vou me atrasar e a culpa será sua viu! — falei já saindo da sala, por à fora.

— Claro, minha filha —  acompanhou-me até seu carro.

(...)

Nos perdemos um pouco no caminho, pois meu pai, assim como eu, não era muito bom com direções. Então em 20 minutos cheguei ao colégio. Desci do carro, e entrei pela grande porta de vidro. Parei por um instante, começando a me preocupar quanto a que caminho seguir para encontrar a diretoria, uma vez que, eu nem sabia qual seria a minha sala. Olhei á minha volta a procura de alguém que pudesse me informar, porém, todos pareciam tão entretidos em seus assuntos que fiquei sem jeito de interrompe-los, acabando por seguir alguns passos lentos e incertos pelo corredor, com a súplica no olhar por alguém que me ajudasse, ao menos dando uma direção. Até que percebo um menino correndo passar do meu lado, em seguida sentindo outro me trombar, derrubando as próprias coisas sobre mim.

 — Me desculpe, moça! — Fala o garoto alto já se abaixando para pegar seu próprio material.

 — A-ah...hm-m, magina — digo meio perdida pela situação que ocorrera em questão de segundos, normalmente eu o xingaria no calor do momento, entretanto, o mesmo estava sendo tão educado que eu não teria coragem para isso. Pelo contrário, até pensei em me abaixar e ajudá-lo á catar suas coisas, porém, o garoto parecia mais rápido.

— Você está b-bem? — levantou o garoto de forma atrapalhada, finalmente fitando-me de frente.

— Sim, sem problemas — soltei um leve e inevitável sorriso surgindo em meus lábios, afinal, o garoto era lindo. Cabelo castanho claro despojado, tudo em seu rosto ornava, e sua boca tinha um lindo e singular formato.

— Ah, você deve ser nova por aqui, certo? — falou o mais alto com um lindo sorriso quadrado se formando em seus lábios. — Eu sou Kim Taehyung, e você... — continuou, desta vez me estendendo sua mão.

— Sim, sim, eu sou Alice Chae, cheguei ontem no país — acabei por falar meu nome na ordem que estou acostumada, por viver tanto no Brasil.

— Aliás, poderia me ajudar a encontrar a diretoria, por favor?! É que ainda não sei qual será minha sala... — levantei meu olhar que gritava um "por favor?" bem aflito ao garoto.

— Claro, só temos que ir logo, pois já já tocará o sinal — Taehyung me puxou pelo pulso, guiando-me pelo corredor do colégio.

— Obrigada — agradeci, assim que diminuímos os passos, sendo possível já ver a porta com a placa de "diretoria" em sua frente.

— Relaxa! — Sorriu amigávelmente. — Bom, já vou indo para minha sala. Mas foi um prazer te conhecer... — prosseguiu, dando um leve aceno enquanto se distanciava.

Retribuí o aceno sem dar tempo de pronunciar alguma palavra antes que o garoto sumisse de minha visão. Dei alguns passos em frente, e bati na porta que eu tanto procurei por essa manhã.

(...)

Minha turma seria o 2º C, e a secretária da diretoria já havia me indicado o caminho para a sala. Bati na porta, e um professor me recebeu. Praguejei-me mentalmente por ter atrasado para a escola, pois, se tivesse chegado mais cedo provavelmente chamaria menos a atenção.

— Deve ser a aluna nova, seja bem vinda por favor, sou o professor Youngjae — apresentou-se à mim.

— Sim, obrigada. — Curvei-me em cumprimento.

— A senhorita gostaria de entrar e se apresentar aos demais alunos, por gentiliza? — encorajou-me abrindo caminho para que eu prosseguisse.

— C-claro — tentei dizer as palavras de forma natural. Em vão.

 — Classe, hoje temos uma nova aluna! Entre, por favor — referiu-se a mim que ainda estava parada á porta, mas logo segui alguns passos até o lugar indicado pelo professor em frente a turma.

— Bom dia, meu nome é Chae Alice, tenho 16 anos. Filha de coreano com brasileira, nasci aqui, porém, quando eu tinha 2 anos de idade, minha família retornou ao Brasil... — dei uma breve parada, revirando os olhos como quem estava à vasculhar algo em minha mente. — Até ontem! — nesse momento pude ouvir algumas baixas risadas enquanto eu dava uma breve reverência em cumprimento à todos. Olhei melhor a sala, e foi que notei o garoto, Kim Taehyng que havia me ajudado mais cedo. Ele estava parado me olhando com um leve sorriso nos lábios.

— Obrigada senhorita Chae. Agora, poderia se sentar, por favor? — sugeriu o professor.

— Claro — falei, examinando com o olhar os lugares pela sala, até que meu olhar passou por Taehyung que sorria mais animado, com o braço esticado, indicando-me "discretamente" o lugar vazio à sua frente. 

Sorri me dirigindo ao local, e sentando-me. 

— Estou feliz por ter caído na mesma sala que eu — falou Taehyung em meu ouvido.

Arrepiei levemente, mas fingi não ter sentido nada. E assim, prosseguiu a aula.

(...)

 Passei o intervalo sozinha, não queria passar a impressão de que eu estava sufocando o garoto chamado Taehyung, e na verdade, eu nem havia o visto mesmo... Apenas esbarrei em um garoto de cabelo verde claro, cuja pele era translúcida — sim, já estou perdendo a conta de quantas vezes esbarrei em alguém, só hoje —Mas com este, não conversamos nem nada, apenas pedimos desculpas. 

(...) 

— E aí Alice! Já sabe de qual clube você irá participar? — perguntou Taehyung animado ao meu lado, enquanto fitava-me guardar o meu material para poder ir embora.

— Hm... na verdade não. Nem sei quais clubes têm aqui — falei perdida em pensamentos, já fechando minha mala, e colocando-a nas costas.

— Bom, o que você gosta de fazer no tempo livre? — continuava a me olhar, enquanto andávamos lado-a-lado pelos corredores do colégio.

— Hm, gosto, de ler mangás, assistir animes, filmes e desenhar — falo, tentando me recordar de meus principais gostos.

— Sério?! — Anima-se o garoto demonstrando seus lindos dentes, e o formato quadrado que sempre se formava em seus lábios.

— Sim...

— Um dia quero ver seus desenhos... e animes? Eu amo animes e mangás, qual o seu favorito?

— Bom, para mangás admito ser um tanto preguiçosa para acompanhar, mas depende muito da história porque não resisto a alguns... E animes, o meu favorito sem dúvidas é One Piece! — falo agora já mais animada.

— NOSSA, VOCÊ É A MELHOR PESSOA!— com os olhos brilhando feito os de uma criança, ele me abraça.

— O-brigada? — falo sem graça, apenas sentindo seu abraço, sem retribuir. Eu não era muito boa com abraços, sabe...

—Hm, desculpe por isso, acho que me empolguei  — sorriu sem graça ao fitar o chão — e é muito difícil eu ver alguém que ama One Piece assim e não diz coisas como "Ain, a arte é bosta" ou "Tentei, mas era tão grande e parei no episódio 30" — falou o mesmo, imitando uma voz bem frescurenta em meio à caretas, o que me fez rir alto.

— Relaxa, eu te entendo demais, pode ter certeza! Só não sou muito boa com abraços mesmo — digo entre alguns risos.

— Sei... — dá uns sorriso meio desconfiado. — Aaah, e sobre o começo do assunto, esqueci de citar que temos clube de pintura aqui, caso se interesse?!

— Sério?! — arregalei meus olhos em surpresa. — Meu G-Dragon, queeero — continuei animada.

— Sim, sim — assentiu o mais alto entre risos. — Bom, falar em clubes, eu participo do de dança, então tenho que ir, preciso praticar com os garotos ainda hoje!  — disse o mesmo, com uma careta que deve ter surgido pela preguiça, visto que a maioria já ia para casa, mas ele teria que ensaiar.

— Ah claro, tudo bem... então, até amanhã — despedi-me com um breve aceno.

— Calma — falou o mesmo dando uns passos em minha direção.

— Sim... — o olhei confusa.

— Antes de você ir, queria apenas te convidar para uma maratona de animes que vou fazer amanhã, com alguns amigos. Logo após a escola! — disse o garoto que havia voltado com a expressão infantil no rosto.

— Aah. Ok. Vou sim... — confirmo, abaixando a cabeça e virando-me para seguir o meu caminho.

(...)

O resto do dia foi normal, e logo adormeci.