História Just Wright - Me desculpe

Aquele idiota, quem ele acha que é? Ele não pode me agarrar assim. Sem mais nem menos. Argh. Ainda mais depois das barbaridades que me disse, quão sem noção o Natsu pode ser?

_ Então…Quem pisou no seu pé? _ Loke perguntou enquanto dirigia. Eu o olhei com cara de dúvida._ Ah, é que você está resmungando sozinha e está com a cara fechada._ ele deu uma risada e eu voltei a mim. Estou num encontro. Vou fazer isso direito.

_ Desculpa, eu fiquei irritada com algo que aconteceu.

_ Entendi, quer falar sobre isso?

_ Não , vamos falar sobre outra coisa, eu quero mais é esquecer tudo.

_ Farei você esquecer tudo então._ ele piscou para mim.

~°~

Tá, eu admito. Nunca me diverti tanto num encontro antes, Loke é realmente divertido. Conseguia fazer tudo ser algo engraçado e conseguia falar comigo com muita facilidade. Mas como sempre tudo o que é legal dura pouco.

_ Não vou te roubar um beijo agora. Embora eu queira muito, mas quer sair comigo de novo? _ Ele  perguntou passando a mão pelos cabelos e dando um sorriso torto absurdamente lindo. Eu sorri.

_ Quero, claro. Me liga marcando, pode ser?

_ Não posso só vir aqui na sexta? Ás…. Nove?

_ Pode ser também. Eu adoraria, me diverti muito com você hoje._ eu disse olhando para ele. E ele se abaixou para dar um selinho em meu rosto.

_ Vou embora antes que perca o controle.

_ Se eu estivesse na minha casa não ia me importar com isso. _ Ele ele deu um sorriso safado ao me ouvir e eu entrei na casa dando risada do que aconteceu hoje. Foi incrível. Subi as escadas para o meu quarto, tudo em completo silêncio, todos devem estar dormindo.

Subi as escadas no total silêncio. Apesar de já ter passado algumas horas desde a minha discussão com Natsu, eu ainda estava muito chateada. Não pretendo voltar atrás no que decidi. Vou sair dessa casa depois de amanhã, não vou trabalhar mais sequer uma semana com alguém que diz coisas rudes com tanta facilidade e depois me agarra sem motivo aparente, nem mesmo Natsu Dragneel irá me usar dessa forma.

Entrei em meu quarto fechando a porta em seguida. Coloquei um pijama qualquer e fui ao banheiro lavar o rosto. Assim que meu rosto tocou o travesseiro eu achei que conseguiria dormir. Que boba.

Como ele pode dizer que nunca fomos amigos? Ele não lembra do posto de gasolina? Ou da pizza que comemos juntos? Não lembra sequer daquela noite em que ficamos conversando sobre o passado. Eu sou tão idiota á ponto de pensar que ele sentiu o mesmo que eu. Ri de mim mesma, desde quando algum cara sente algo por você além de desejo Lucy?

Me levantei da cama, não vou ficar com esses pensamentos rodando em minha mente, talvez se eu comer alguma coisa. Quem eu quero enganar? Só vou conseguir descansar se falar com ele, mas não tenho coragem para isso, não quero também dar meu braço a torcer. Quem deve me pedir desculpas é ele, eu não fiz nada.

Desci as escadas com o celular na mão olhando a mensagem que tinha recebido de Sting. Não sei ainda se devo responder, respondi as de Loke. Abri a geladeira e peguei um pouco de sorvete com tudo o que eu tinha direito. Meu celular começou a tocar.

_ Sabe que horas são? _ perguntei para Sting ao atender.

_ Ainda dá tempo de eu ir aí te ver se quiser.

_ Não quero, obrigada.

_ Como foi seu encontro?

_ Como sabe que fui a um encontro?

_ Levy

_ Tinha que ser. Foi bom, na verdade foi um dos melhores que já tive, vou sair com ele de novo na sexta._ eu disse mordendo a colher. Até que não estava indo tão mal conversar com esse babaca.

_ Deve ter sido o máximo pra você querer repetir.

_ Foi mesmo, é bom saber que ainda existem caras que sabem tratar bem uma garota, ao contrário de uns e outros.

_ Se me desse uma chance ia ver que eu sei tratar bem uma garota também.

_ Não vamos fazer uma contagem das chances que você já perdeu.

_ Pra quem já deu tantas,devia me dar mais uma.

_ Não vamos falar disso.

_ Vamos falar do que então?

_ Porque me ligou? _ me joguei no sofá, ás vezes eu penso que não devia sequer olhar na cara dele, mas conversar com ele era gostoso, eu sei que é bobeira minha mas, me fazia ficar bem. Infelizmente me fazia lembrar de todas as coisas que fizemos juntos, o quanto éramos bons juntos, nosso primeiro beijo, a primeira vez, as outras vezes. Tudo era bom quando éramos nós dois. Provavelmente isso foi o que me deixou cega, me fez desculpar tudo o que ele fazia.

_ Eu senti sua falta, e você nunca me atende então não tinha nenhum motivo, só quis ligar. Porque atendeu?

_ Eu não tinha nada melhor pra fazer.

_ Grossa.

_ É a verdade, ela dói mas sempre é melhor do que mentir.

_ Você não consegue ficar sem as suas indiretas quando fala comigo?

_ É mais forte que eu.

_ O que está fazendo?

_ Tomando sorvete.

_ Me deixa adivinhar. Está encostada no balcão ao lado do banco, mas não sentou, e está mordendo a colher quando vai falar. _ Eu me endireitei a medida que ele começou a falar e soltei a colher.

_ Como pode saber?

_ Eu sei tudo o que tem pra saber sobre você, foram quatro anos ,não?

_ Foram quatro anos de noivado apenas, que nos conhecemos eu nem sei quantos são, desde a escola. _ Eu sorri com as velhas lembranças. 

_ Nós ficamos bem juntos _ Eu ouvi um barulho na escada.

_ É.._ respondi distraidamente enquanto olhava para a porta da cozinha esperando quem quer que fosse aparecer e torcendo para que não fosse Natsu.

_ Viu só , ainda concordamos em alguns pontos.

_ Uhum _ respondi ainda sem ouvir o que Sting dizia, olhava para a pessoa parada em minha frente parecendo não saber o que fazer também, com os cabelos bagunçados e a cara de sono. Me olhando sem querer falar nada, não parecia mais ter mágoa em seu rosto, mas ele não parecia que ia sorrir para mim.

_ Lucy você não está me ouvindo mais?

_ Tenho que desligar agora Sting _ Eu falei ao celular e desliguei antes que ele respondesse. Me levantei desviando os olhos de Natsu e coloquei tudo o que eu sujei na pia começando a lavar. Fiz o mais rápido que pude enquanto ele mexia na geladeira sem me dirigir nenhuma palavra.

Terminei o que estava fazendo e reprimi toda a minha vontade de falar com ele, saí o mais rápido que pude da cozinha. Assim que finalmente cheguei no meu quarto encostei na porta e me sentei no chão e respirei fundo.

_ Você é muito patética _ falei para mim mesma antes de ir para a cama.

~°~

_ Lucy acorda.._ ouvi uma voz a me chamar.

_Hmm..

_ Acorda logo! _ a voz ficou menos suave do que antes._ Lucy! _ abri o olhos e olhei em volta procurando quem estava a me chamar. Vi Natsu sentado na beira de minha cama e me sentei passando as mãos no rosto e depois olhando o relógio ao lado da minha cama. 05h30 puta que pariu.

_ Tá muito cedo, meu horário começa em duas horas ainda. _ Me deitei de novo e cobri a cabeça. Mas senti o cobertor sair de mim.

_ Olha, só quero fazer uma pergunta. _ Ele disse com os braços um de cada lado do meu rosto, confesso que essa proximidade mexeu comigo.

_ Primeiro: sai de cima de mim. Segundo: aqui é o meu quarto, você não pode entrar quando bem quiser. E terceiro : Só respondo perguntas no meu horário de trabalho. _ respondi irritada com ele, depois de ontem eu só quero distância dele. Além de tudo o que me disse ainda não falou comigo na cozinha. Ele revirou os olhos e se afastou.

_ Só queria saber se posso fazer ao menos uma caminhada, acho que não posso correr logo de cara, mas caminhar eu posso, né? _ eu me levantei, apesar de tudo ele está mancando um pouco ainda, vou ter que fazer uma avaliação rápida nele e acompanhar sua caminhada pra ter certeza de que não vai doer de forma anormal. Droga, não posso bancar a despreocupada quando ele quer tanto voltar, e eu quero tanto ajudar ele a isso.

_ Me espera na sala de ginástica, só vou colocar uma roupa e faço uma avaliação em você. Se estiver tudo certo a gente vai fazer alguns exercícios lá fora.

_ Ok. _ Ele saiu sem dizer mais nada e eu me joguei na cama reclamando sobre levantar tão cedo. Fui ao banheiro e lavei o rosto. Isso não vai adiantar, preciso de um banho para acordar de verdade.

Entrei no chuveiro morno e lavei até mesmo o cabelo, quando passei a me sentir mais alerta, sai e me vesti com uma legging e uma camiseta para ir caminhar com ele. Não me preocupei em secar o cabelo e fui até onde o pedi para me esperar.

_ Que demora, eu nao gosto de ir quando o sol já está aparecendo._ ele reclamou sentado em uma das cadeiras que havia ali.

_ Eu precisava de um banho para acordar. Eu vou querer sair mais cedo por isso.

_ Vai sair de novo? Com quem hoje? O Sting? Estava no maior papo com ele ontem.

_ Não vou sair com ninguém, e se fosse isso não lhe diria respeito. Deita na maca._ ele não me respondeu e deitou esticando as pernas. Eu fiz alguns movimentos na perna lesionada, e perguntei se ele sentia alguma dor conforme eu fazia os testes._ Eu diria que não tem problema se formos caminhar hoje, não está tão ruim mas você vai ter que usar a meia de compressão.

_ Eu uso, de boa.

_ Eu vou com você hoje, porque você está mancando as vezes quando anda.

_ Tudo bem. _ Eu coloquei meu fone no ouvido para que não houvesse nenhuma conversa entre nós. Provavelmente iríamos brigar de novo. Ele passou a minha frente e fomos andando pelas ruas de Magnólia. Minha casa parece tão distante da dele olhando daqui. Percebi que ele andava até o parque. Eu adoro aquele parque, traz muita calma andar por lá. Quando chegamos senti meu fone ser puxado.

_ Hey _ reclamei pegando os fones de novo.

_ Me desculpe._ ele disse sem rodeios, e eu sabia que ele não estava falando dos fones, mas não vai ser tão fácil assim.

_ Pelo que? _ ele fechou as mãos em punho e suspirou alto.

_ Você sabe o porquê.

_ Não sei não, você pode ser mais específico?

_ Me desculpe, eu gritei, eu falei besteira, pisei na bola tá legal? Me desculpa.

_ Tudo bem.

_ Pode ficar até o fim do tratamento? Não quero ficar sozinho.

_ Eu não sei, acho que você consegue alguém melhor.

_ Eu sei o que está fazendo. Sabe que não quero alguém melhor, preciso de você.

_ Estou gostando do rumo dessa conversa.

_ O que quer ouvir de mim? _ me perguntou com um sorriso maroto.

_ Diga o que você pensa que quero ouvir.

_ Achei que queria um pedido de desculpas.

_ Eu quero um pedido decente.

_ Vou te comprar alguma coisa legal.

_ Tipo..?

_ Você parece gostar de comida _ ele disse me medindo. Eu lhe dei um tapa pela insinuação.

_ Está dizendo que estou gorda?

_ Você chegou a essa conclusão por conta própria.

_ Vamos fazer o seguinte então, corrida até o lago. Se você perder vai ter que fazer tudo o que eu pedir e ser muito legal e educado comigo.

_ E de você perder?_ o sorriso dele estava enorme.

_ Se eu perder, eu te desculpo. Mas acho difícil perder de você.

_ Bom acho que tenho boas chances de ganhar, essas suas perninhas não vão ganhar das minhas.

_ Você está a pouco de entrar na minha lista negra, e se de entrar vai se arrepender de ficar zoando meu tamanho.

_ Eu acho que vou sobreviver.

_ Eu não teria tanta certeza._ eu disse enquanto ainda estávamos caminhando, ele provavelmente está esperando algum tipo de sinal de largada, coitado._ no três a gente corre...1 _ olhei para o rosto dele cheio de expectativas e saí correndo._ tchau Dragneel!

Corri o mais rápido que pude e ouvi os protestos dele atrás de mim. Mas não demorou nada para ele estar ao meu lado. Faltava pouco e ele ficava dizendo que eu roubei, enquanto tentava me segurar. Mas não deixei que me pegasse. Quando vi o lago tentei acelerar mais, minhas pernas já estavam doendo, não sabia que estava tão fora de forma. Quando entrei no gramado onde havia a cerca que separa as pessoas do lado e dos patos, achei que já havia ganhado. Mas então senti um peso sobre mim e eu caí rolando na grama.

_ Seu idiota!_ bati em Natsu caído ao meu lado rindo como um idiota._ você podia ter batido o joelho, podia ter se machucado!

_ Empatamos.

_ Empatamos porra nenhuma. Eu ganhei! _ reclamei, no segundo seguinte ele estava em cima de mim.

_ Quer tanto assim que eu faça tudo o que você pedir? Há outras formas de conseguir isso.

_ Seu… seu tarado! Não diga coisas assim! _ dei tapas em seus braços e o joguei para o lado o tirando de cima de mim.

_ Só queria que você soubesse.

_ Engraçadinho _ suspirei irritada e então me lembrei que estávamos testando a perna dele. _ o seu joelho, doeu? Acho que forçamos muito ele, não está doendo?

_ Relaxa, se estivesse doendo eu não teria corrido, eu não sou tão burro assim.

_ Para mim você é bastante burro na verdade.

_ Você é muito indelicada.

_ Tem quem goste _ dei a língua para ele. Ele riu antes de sentar também na grama, ao meu lado. Ele encostou a cabeça em meu ombro e eu me senti quente no mesmo instante. Aquilo estava errado. Não estava? Eu gostar de cada pequeno coisa que ele faz, não deve fazer nem duas semanas desde que ele terminou um noivado, e aqui estou eu, querendo mais dele do que posso pedir. Me lembrei de ontem, hoje a cabeça dele está deitada em meu ombro, ontem seus lábios depositavam beijos ali próximo. Os pelos de meus braços estavam arrepiados com essas proximidade repentina. Até que não aguentei mais.

_ Porque fez aquilo ontem? _ perguntei olhando para frente e senti ele se afastar de mim devagar.