Lucy
Eu sabia que estava no hospital. O cheiro e os ruídos característicos e familiares, denunciaram isto rapidamente.
Abri os olhos devagar sentindo um leve latejar em minha cabeça - certamente eu estava cheia de medicamentos, Gajeel, aquele imbecil, obviamente me dopou - e olhando em volta vi minha mãe em pé na janela, de costas pra mim perdida em pensamentos.
_ Mamãe? _ chamei hesitante. Ela pulou num susto no mesmo instante.
_ Graças a Deus! _ exclamou vindo me abraçar, quase gemi de dor no ato, mas engoli. Senti suas lágrimas em meus ombros.
_ Agora eu estou bem..._ murmurei batendo em suas costas.
_ Fiquei tão preocupada!
_ Mas agora já passou…
_Ah quando me ligaram! Deus! Lucy, eu entrei em desespero!
_ Onde está Natsu?
Ela suspirou antes de começar a falar.
_ Está no corredor, ninguém consegue fazê-lo ficar em seu quarto. O tiro não acertou nenhum órgão, foi quase de raspão, então removeram a bala e enfaixaram, fora isso nada demais, só susto… Mas você, por outro lado mocinha, por causa do excesso de nervos,você teve um descolamento ovular, e teve mais alguns efeitos, você não pode sequer se levantar _ ela parecia temerosa ao falar. Minha gravidez tinha se tornado de risco, Meu pobre bebê! Assenti engolindo as lágrimas para incentivá-la a continuar falando._ você quase teve um aborto. Além disso estava muito machucada. Eles te mantiveram sedada quase o dia todo pois estava desidratada, com vários machucados, e acredito que vão querer saber se houve algum golpe na região do abdômen.
_ As garotas estão bem?
_ Se preocupe primeiro com você e com seus filhos. Depois com as outras pessoas. _ a frase chamou minha atenção.
_ Filhos?
_ Eles fizeram sua ultrassom enquanto estava sedada,ao que parece você perdeu sua primeira consulta._ Ela ficou pensativa e me deixou ansiosa.
_ Mãe, como assim filhos?! _ Gritei exasperada.
_ Bom são dois _ Ela sorriu animada. _ Não tem como saber o sexo ainda, está muito cedo e eles estão bem pequenos, mas havia dois corações batendo._ Seus olhos se encheram novamente. Será que Natsu já sabia?_ Natsu ainda não sabe, em teoria ele deveria estar descansando já que perdeu muito sangue mas ele não quis ficar no próprio quarto quando acordou. _ ela respondeu minha pergunta silenciosa e sorriu.
_ Que teimoso..
_ Ele saiu daqui acho que faz uma meia hora, obriguei ele a comer alguma coisa. Ele estava bem preocupado com você. Se quiser eu vou chamá-lo._ Ela deu de ombros, mas em seguida veio e me abraçou.
_ Mãe?
_ Pensei que ia te perder Lucy, seu pai estava quase surtando.
_ Onde ele está? Acho que vai querer conversar comigo…
_ Ele já aparece. _ Eu senti que ela queria me dizer mais alguma coisa, enquanto evitava me olhar e mordia o lábio nervosamente.
_ Tem mais alguma coisa? _ Perguntei tocando a costa de sua mão.
_ Lucy… _ Ela murmurou com os olhos castanhos idênticos aos meus, totalmente aguados.
_ Pode falar mamãe..
_ Me perdoe! Por tudo, eu… Eu sei que não fui uma boa mãe, uma boa amiga, e sei que você acha que sempre te menosprezei ou te amei menos do que seu irmão, ou até mesmo menos do que Lissana _ Ela falou me surpreendendo.
_ Mãe eu…
_ Não, me deixe terminar _ Me cortou rapidamente _ Lucy, você sempre foi tão forte, tão decidida do que queria e do que não queira, desde pequena e ao mesmo tempo sempre foi doce e delicada, e por mais que eu tenha te criticado, eu sempre tive orgulho da garota que foi e da mulher que você é! Eu sempre me irritava com suas roupas desleixadas na juventude e disse muitas coisas ruins sobre seus relacionamentos, em especial sobre Sting, mesmo sabendo que ele não seria um ótimo marido ou o marido que você merecia. Sei que nós brigamos muito, sobre tudo o tempo todo. Mas isso tudo é porque eu sempre quis o melhor pra você, e infelizmente eu pensei que o melhor era te casar com o primeiro que aparecesse, e isso soa muito machista eu sei, mas você sabe que nasci em outros tempos e fui criada dessa forma. Mas eu sinto muito orgulho da forma como você se impôs nas decisões a sua vida e da forma como me mostrou que não precisava de um casamento para ser bem sucedida. Você conseguiu tudo na sua vida com garra e esforço. E eu te amo pelo que você é, pela mulher linda e forte que sempre foi.
Minha garganta fechada me impediu de dizer qualquer palavra ali, senti meus olhos marejados transbordarem e um sorriso brotar em meus rosto. Minha mãe me abraçou com força e eu coloquei meu rosto em seu peito enquanto chorava.
_ Você vai ser a melhor mãe do mundo para essas crianças. Eu sei disso _ Ela murmurou por fim.
Ficamos algum tempo abraçadas antes de ouvir batidas na porta e eu ver meu pai entrando com um café e uma sacolinha onde provavelmente havia um salgado para minha mãe. Ele imediatamente me abraçou chorando e me chamando de princesa. Demorou alguns minutos para que eu conseguisse convencê-lo de que estava bem.
_ Com licença.._ Uma voz masculina entrou no quarto e eu sorri ao ver os cabelos ruivos do meu médico.
_ Aposto que sentiu minha falta. _ Falei sorrindo.
_ Você quase me matou de susto e ainda faltou na consulta, eu não devia nem falar com você _ Ele retrucou calmamente olhando a minha ficha.
_ Não foi culpa minha! _ Reclamei.
_ Vamos esquecer isso, tem procedimentos importantes que vai ter que seguir loirinha. Seguir a risca! _ Falou apontando a caneta em minha direção.
_ Certo.
_ Onde está o pai dessas crianças? Seria bom ele ouvir também.
_ Vou chamá-lo _ Minha mãe se adiantou e meu pai a seguiu.
_ Estou feliz que esteja bem Heartfillia, quando soube fiquei bem preocupado, e considerando todos os seus hematomas, é um milagre essas crianças estarem bem. _ Clóvis sorriu.
_ Já sabe os sexos?
_ Não, estão bem pequenos ainda, se escondendo de mim _ Ele suspirou. _ Já sabe suas condições certo?
Assenti.
_ Então...
Natsu entrou na sala e me prendeu em seu olhar. Havia tantos sentimentos ali que me assustei com a intensidade com a qual nos encaramos, era como se o mundo não existisse e eu podia quase ler sua mente enquanto seus olhos verdes e profundos me prendiam de forma abrasadora.
_ Pombinhos prestem atenção em mim, por favor! Depois podem matar a saudade. _ O ruivo falou depois de um tempo, nos despertando do transe. E em seguida começou a série de recomendações para o meu problema que em tese deveria melhorar logo. Eu deveria tomar muita água, e ficar o máximo de tempo possível deitada ou sentada com as pernas elevadas e mais um monte de recomendações que prometi seguir à risca, além de, é claro, nada de estresse, sentimentos fortes, uma dieta rigorosa e tudo mais. Assim que terminou seu monólogo e me mostrou os exames,o médico se despediu e foi em direção á porta.
_ Ah! E mais uma coisa _ Falou com um sorrisinhos sínico nos lábios _ Nada de sexo por enquanto. _ E saiu me deixando corada e irritada na maca.
_ Esse folgado! _ Reclamei o observando deixar a sala.
Me virei para ver Natsu e perguntar se estava tudo bem, mas antes que o fizesse ele já estava ali, com os lábios sobre os meus, e eu não pude recusar, não quis recusar, somente quando senti o gosto do sal, foi que notei que ele estava chorando, parei o beijo e ele encostou sua testa na minha demorando a abrir os olhos.
_ Eu quase enlouqueci. Se algo tivesse acontecido…. Certamente ficaria louco.
_ Está tudo bem agora _ Repeti as mesmas palavras que venho dizendo desde que acordei.
_ Está, está tudo bem agora _ Ele concordou me dando selinhos antes de voltar a falar. _ Sua mãe me disse apenas que a gravidez se complicou, mas não me deu detalhes.
_ Ah sim, ouviu o que o doutor disse, tenho que tomar algumas precauções, isso foi mais um efeito das surras que levei e do meio estado de nervos _ ele se encolheu enquanto eu explicava.
_ Isso é culpa minha.
_ Não é! _ O cortei _ Enfim, os bebês vão ficar bem se eu me cuidar melhor _ Falei sorrindo e vi seus olhos se arregalando de surpresa.
_ Como?
_ Os nossos bebês vão ficar bem _ repeti.
_ Os nossos… quer dizer…mais de um? ..os bebês _ Ele se levantou e passou as mãos pelos cabelos murmurando, em seguida tão rápido quanto antes ele voltou para onde eu estava e me abraçou. _ Obrigada!
Passei a mão em seus cabelos enquanto ele se recusava a me soltar. Sorri pela sua reação adorável.
_ Quer me contar o que houve com os outros ou você também está no escuro? _ Ele suspirou e me soltou.
_ A polícia veio atrás de mim assim que acordei! _ Se sentou na cadeira ao lado da minha cama _ Levy tirou eles daqui… Mas eles querem nosso depoimento. E estou meio que no escuro também, sei que as meninas estão aqui também, Wendy estava bem machucada..._ Ele me olhou com dor nos olhos. _ E você também está, o que fizeram no seu rosto?!
Foi claramente uma pergunta retórica. Mas por algum motivo, talvez mágoa profunda, eu respondi com uma careta.
_ Lissana me bateu, algumas vezes.
_ Como pudemos ser tão bobos quanto á ela?
_ Foram vinte e sete anos da minha vida sendo uma burra pelo jeito.
_ Ela está aqui também… E pelo pouco que eu soube o filho dela não era realmente meu _ Ele parecia de alguma forma, chateado?
_ Ficou triste?
_ Me sinto um completo imbecil! Eu achei que ela também tinha sido sequestrada… Céus, se não fosse por Erza, nem sei onde estaríamos agora.
_ Sabe… Zeref, um dos capangas disse algo curioso enquanto beijava Lissana em um momento _ Eu o olhei em dúvida. _ Ele te chamou de irmão…
Ele me olhou ponderando sobre algumas coisas.
_ Nate disse algo do tipo também, provavelmente ele é filho de Nate com algum dos casos que ele teve por aí.
_ O filho de Lis é dele, então faz sentido ela ter dito que um exame de DNA daria em alguma porcentagem com você _ Dei de ombros. O ouvi suspirar em seguida.
_ Vamos mudar de assunto? Não quero falar nisso por enquanto.
_ Quer falar no que então?
_ Que tal no quanto eu te amo? No quanto senti sua falta?
_ Hmm que carinhoso.._ Passei os dedo por seu rosto, onde a sombra de uma barba ruiva já era visível.
_ Que tal falarmos sobre o futuro?
_ O que quer falar? _ Perguntei alheia ao tom de voz sério dele.
_ Eu estava pensando… Você é a pessoa com quem quero passar o resto da minha vida _ Disse me olhando sério. E eu sorri com sua declaração sem imaginar o que viria a seguir. _ Casa comigo, Lucy.
No mesmo instante meus olhos se viraram em sua direção e meu coração disparou. Como é? Casar? Assim… Tão rápido?
_ Desculpa…. O que? _ Falei tentando raciocinar, aquilo sequer pareceu um pedido, era como uma ordem.
_ Lucy, eu quero me casar com você, criar nossos filhos juntos, acordar do seu lado todos os dias até que a morte nos separe… Casa comigo.
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