- Droga ! Por que você invadiu nosso quarto ? – O loiro perguntou pra mim abaixando arma.
- É que... Eu...
- Nada ! Nada explica invadir o quarto dos outros ! – O loiro disse furioso.
- Calma Dean, deixa ela explicar. – O alto disse.
- É que, bom... Vocês, é, eu tava... Eu acho que vocês não são do FBI, o que vocês estão fazendo é muito estranho. Vocês saem e voltam tarde, cheios de livros, eu vi quando você voltou com o rosto cheio de sangue e aquele porta-malas sinistro de vocês. O que são aquelas armas e aquelas coisas ? – Perguntei confusa. Os dois se entreolharam e o loiro me disse.
- Você não devia estar aqui amorzinho. Sammy, a água benta. – O alto foi buscar.
- O que ? – Perguntei confusa.
Eles jogaram água no meu rosto me fazendo ficar mais confusa ainda.
- O que é isso ?
- Não é demônio. – O alto disse.
- Pega a faca de prata. – Agora sim eu tinha ficado assustada.
- Tá bom, eu saio daqui, e finjo que nada aconteceu. – Falei me afastando.
- Olha, não se assusta. Temos que fazer o teste, você pode ser um metamorfo ou qualquer coisa. – O alto disse pegando meu braço.
O loiro me segurou e o alto cortou meu braço fazendo cair uma lágrima dos meus olhos com a dor.
- Ah meu Deus ! Vocês são loucos !
- Vem aqui, eu faço o curativo. – O alto disse. Resisti um pouco mas acabei deixando.
Ele fez o curativo no meu braço e me mandou sentar na cama.
- Olha, nós não somos do FBI, isso é verdade. Nós estamos aqui porque tem uma coisa ameaçando a sua segurança e a da sua família. – O alto disse.
- Um fantasma. – O loiro disse sentando na cadeira e abrindo uma cerveja.
- O que ? – Tá bom, isso já era loucura.
- Você não achou que as mortes daqui estavam muito estranhas. Uma mulher que morre sufocada com um suéter ? Isso sim é muito suspeito. – O loiro disse.
- Tudo bem ! Eu admito que parece loucura, mas uma fantasma ? Isso já é demais. – Falei indo na direção dele, pegando sua cerveja e bebendo um pouco eufórica.
- É a explicação mais lógica. Dá próxima pede com jeito, não vai ser só a cerveja que vai ganhar. – Ele disse piscando pra mim e dando um sorriso malicioso.
- Dean ! – O alto disse o repreendendo.
- Seu nome é Sammy e o seu é Dean ?
- Sam, ele que me chama de Sammy – O alto respondeu sorrindo.
- Quem vocês acham exatamente que seja esse “ fantasma”. – Essa palavra ainda era um pouco estranha, isso era estranho.
- Uma mulher que era dona de um enorme lote de terras aqui. O nome dela era Judith McCoy, aqui era uma enorme fazenda da qual ela tomava conta sozinha, um dia ela morreu no celeiro e foi encontrada por seus dois filhos. Achamos que ela agora quer vingança porque ela nunca gostou que ninguém morasse aqui. Mas, ainda não sabemos onde ela foi enterrada o que dificulta pra nós. – Sam disse.
- Tudo bem, vou ligar pra minha avó amanhã, ela morou aqui, deve saber de algo sobre essa mulher. – Falei me levantando. – Tenho que ir dormir, tenho escola amanhã. – Falei um pouco desconfortável, tava difícil engolir esse papinho de fantasma.
- Só pra prevenir coloca sal em todas as aberturas do seu quarto, tá bom ? – Sam me disse.
- Tudo bem. - O abracei, sim, esse é o meu jeito tosco de agir quando estou nervosa, e vi que ele não esperava por isso. Fui saindo quando senti alguém me puxando.
- E eu ? Não ganho nada ? – Dean disse malicioso.
O abracei, dei um selinho nele e bati a porta mas ainda consegui o ouvir dizendo.
- Hehe maninho, tirei a sorte grande.
Aquilo me fez rir. Fui pro meu quarto e fiz o que Sam me pediu, sal na porta e nas janelas. Deitei na cama e adormeci.
[...]
Acordei de manhã com o barulho do despertador. Eram 6:45 da manhã, ainda tinha tempo de me arrumar, não demorava muito, era só tomar banho, escovar os dentes e me vestir, aproveitei pra pesquisar umas coisas sobre a Judith.
Vesti um short jeans, uma blusa de manga comprida - que dobrei até o meio do braço- e calcei um bota. Desci pra tomar café e Dean estava em uma das mesas comendo um enorme pedaço de torta, então fui lá falar com ele.
- Acordado a essa hora ? – Falei indo por trás e falando em seu ouvido o fazendo engasgar.
Ele tomou uma água e eu me sentei em sua frente.
- Wow, vai pra onde assim ?
- Escola. Fiz umas pesquisas sobre o tal fantasma que estamos enfrentando...
- Nós ? – Sam disse sentando ao lado de Dean.
- Nós ! – Falei convencida olhando pro Sam e voltando o olhar pra Dean – Continuando, ela era egoísta e sádica, posso dizer que ela era selvagem com seus empregados. Não que eu não goste de selvageria as vezes – Falei maliciosa para Dean que retribuiu o olhar – Mas ela era demais, espancava os homens e uma vez matou uma empregada e disse que tinha sido sem querer.
- Nossa ! Parece que vamos gostar de matar essa vadia. – Dean disse dando um meio sorriso.
- Que bom, porque eu tenho mais o que fazer. – Falei levantando e pegando a minha bolsa. – A “criança” aqui tem que ir estudar, senão não ganha brinquedinho final do ano. Tchau caras.
- Tchau, é sempre um prazer trabalhar com você. – Dean disse malicioso.
Lancei o mesmo olhar a ele e fui embora.
POV Dean
Passamos a manhã pesquisando mas não achamos onde a maldita estava enterrada, tínhamos que esperar a Amber chegar pra poder ligar pra sei lá quem, que poderia saber onde ela estaria enterrada. Queria sair logo daqui antes que o Sammy resolvesse que queria ir visitar o túmulo da mãe. Ouvi batidas na porta, peguei minha arma e fui abrir.
- Pronto Ken, sua ligação foi feita. A megera foi enterrada em um cemitério aqui perto, uns 10 minutos daqui.
- Ainda bem que é perto.
- Mas...
- Mas o que ? – A interrompi franzindo a testa.
POV Amber
- Mas nada, só que eu quero ir com vocês.
- Não amorzinho, nem pensar.
- Por favor Dean, vai ser legal. – Eu disse sorrindo.
- Não, isso não é legal, é trabalho.
- Olha, eu fico quietinha, prometo.
- Você não sabe nem como lidar com isso.
- Sei sim. – Falei dando ombros pra ele e sentando na cama.
- Não, não sabe. Não costumo levar crianças pro trabalho.
- De novo com isso de criança. – Levantei indo pra perto dele e tentando ser o mais sensual possível. – Qual é Dean ? Não acha que isso já tá clichê demais ? – Cheguei bem perto dele alternando o olhar entre seus lábios e seus olhos.
- Eu... Pode ir. – Ele disse com a voz um pouco falha.
- OK. – Falei pulando e indo em direção à porta – Vou pegar minha bolsa.
Saí do quarto e ainda o ouvi dizendo “merda” e batendo a porta. Fui pro meu quarto e senti um calafrio enorme, me arrepiei da cabeça aos pés e peguei minha bolsa o mais rápido que pude. Fui pro quarto dos meninos e Dean estava arrumando uma bolsa grande e pondo uma arma na cintura.
- Ui, que sexy. Adoro homens armados. – Falei me apoiando na porta e o olhando dos pés à cabeça.
- Que bom, agora vamos logo que quem tá em perigo é você, não eu. – Ele disse sorrindo cínico e passando por mim
- Cadê o Sam ? – Perguntei o seguindo.
- Vai ficar aqui pra proteger seus tios.
- Por mim, que eles dois morressem.
- Cuidado, ou eu vou começar a achar que você é realmente durona.
- Vai se fuder. – Falei esbarrando nele e apressando o passo.
[...]
Chegamos no cemitério, achamos o túmulo e o Dean começou a cavar, achou o caixão, o abriu, jogou sal, gasolina e queimou os ossos, jeito estranho de afastar um fantasma. Voltamos pro carro e passamos o metade da viagem de volta calados até que eu resolvi falar.
- Vocês fazem isso o tempo todo ?
- Isso o que ?
- Isso de ir atrás de fantasmas. – Perguntei colocando os pés sobre o banco do carro.
- É, nosso trabalho é de tempo integral. – Ele disse sorrindo de lado.
- E como vocês se chamam ? Caçadores de fantasmas ? – Perguntei irônica.
- Só caçadores. – Ele disse fixando os olhos na estrada.
- Você e seu irmão estão nessa há quanto tempo ?
- Muito tempo. – Ele disse sorrindo fraco.
- Muito tempo tipo ?
- Desde que somos crianças.
- Nossa, e seus pais deixaram vocês entrarem nisso ? – Disse curiosa o fazendo rir sem vida, de um jeito perturbador.
- Fomos obrigados a entrar nisso. Minha mãe foi morta por algo quando eu tinha quatro anos, e até hoje estamos a procura do desgraçado que fez isso com ela.
- Nossa, que barra. – Falei desconfortável por ter tocado nesse assunto. – Desculpa por ter perguntado, eu não sabia que...
- Não tem problema. – Ele disse tirando os olhos da estrada e olhando pra mim. – E você ? Por que a raiva dos seus tios ?
- Aah, é coisa de infância também. – Falei me acomodando no banco, virando pra frente. – Quando eu era bebê meus pais me abandonaram e quem me acolheu foram eles.
- E você tem raiva deles porquê seus pais te abandonaram ? – Ele perguntou confuso.
- Não, anta, me deixa terminar de contar a história. Eles só me acolheram porque meus avós os obrigaram. Meus avós sempre foram maravilhosos comigo, eles só não cuidaram de mim porque tinham a pensão aqui, e eles diziam que esse lugar não era pra mim, porque eu tinha nascido pra brilhar. – Ri fraco lembrando de como a vovó ficava quando dizia isso. – E eu tive que ficar com os meus tios em New York, eles gostavam que eu ficasse só pra receber a minha pensão, quando peguei meus 14 anos eu comecei a pegar o dinheiro, não deixei mais que eles o pegassem, e foi então que o meu inferno começou. Se eles já me tratavam mal antes agora tinha ficado pior, eles nem ligavam pra mim e eu tinha que fazer tudo sozinha, até me matricular em escolas, minha tia só ia em dia de reunião pra mostrar o quanto ela era bonita e responsável, aquela vadia! Passei minha infância toda sendo capacho daqueles dois, até que meu avô morreu e deixou a pensão pro tio Adam. Minha vó ainda estava bem mas se sentiu muito abalada com a morte do vovô e começou a entrar em depressão, minha vontade era de cuidar dela até o último segundo da vida dela mas meus tios internaram ela contra a vontade dela e contra a minha vontade também, desde então eu ando tentando me formar logo pra ver se arrumo um emprego pra vazar daqui e voltar pra New York. – Olhei pra ele que estava com o olhar fixo em mim.
- É, acho que em partes nossa infância é um pouco parecida.
- É mesmo. – sorri fraco e voltamos a ficar calados.
[...]
Chegamos na pensão e Sam estava nos esperando escorado na escada que tinha em frente.
- É irmãozinho, mandei a vadia pro inferno. – Dean disse abrindo os braços e sorrindo.
- Que bom que você tá satisfeito né garotão ? Porque eu não sou sua empregada. – Disse entregando à ele a bolsa que ele tinha deixado pra eu carregar
- Seus tios estão bem, mas foi por pouco. Ela apareceu no quarto da sua tia e eu tive que inventar uma história pra ela.
- Ela tentou te agarrar, não é ? – Perguntei rindo.
- Foi. – Ele disse sorrindo.
- Ela não tem jeito mesmo.
Olhei Dean ao longe arrumado umas coisas no Impala enquanto Sam foi pegar o resto das malas.
- Bom, acho que é a despedida. – Falei chegando perto dele com as mãos no bolso detrás do short.
- É. – Ele disse chegando mais perto de mim e colocando as mãos na jaqueta e se apoiando no capô do carro.
- Bom, quer dizer que se tiver uma arma, sal e isqueiro eu me torno uma caçadora ? – Falei sorrindo ficando ao seu lado apoiada no Impala.
- Nem queira ser. Isso não e pra você. Você é melhor que tudo isso. – Ele disse sorrindo de canto e me olhando.
- Brincadeira. – falei o olhando nos olhos.
Ele sorriu fraco e continuamos nos olhando. Os olhos dele me hipnotizavam, era como seu eu estivesse perdida em um só caminho em que todas as saídas me levavam à ele. Ele então tomou a iniciativa e me beijou, era o beijo mais gostoso e envolvente que eu já tinha recebido, o abracei e apressei mais o beijo, ele e agarrou minha cintura e me empurrou sobre o carro me carregando e me colocando em cima do capô.
- Rum rum. – Sam fez um pigarro nos chamando atenção.
Que vergonha ! Se eu pudesse me enterraria no chão.
Nos recompomos e o Dean arrumou o resto das coisas no carro.
- Então agora sim é a despedida. – Falei sorrindo fraco e voltando a ficar triste.
- É, agora é. – Ele disse abrindo a porta do Impala.
- Então eu posso te beijar e não me arrepender ? – Perguntei passando as mãos ao redor do seu pescoço e ele me retribuiu colocando as mãos em minha cintura.
- Por que se arrependeria ?
- Por ficar com um cara que me chamou de criança e por ficar com um cara por mais de uma só noite. – Disse o fazendo rir.
Nos beijamos e ele entrou no carro de novo.
- Tchau Sam. – Disse apoiada no vidro do carro. – Obrigada por tudo meninos.
- Se cuida. – Dean disse.
Me afastei do carro e dei tchau sumindo em meio a noite. É ! Agora eu percebi que eu estava realmente perdida. Foi aí que a ficha caiu, eu gostava mesmo de Dean se é que o nome dele era esse mesmo, de repente me veio um vazio imenso e eu fiquei sem saber o que fazer agora que eu sabia que fantasmas existiam. Entrei em casa e fui pro meu quarto. É Amber, você realmente precisa ser livre.
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