Evanora
Depois de conversarmos mais um pouco, escuto um bip vindo de Diana, a olho, ela tira um pequeno aparelho circular metálico de dentro do bolso da calça, o leva até a orelha, diz que já vamos e o guarda novamente.
Dinah e Barry estão tão entretidos conversando, que nem notaram Diana, ela me olha e sorri.
- Temos uma reunião pra ir, prometo que vamos te ajudar. -diz ela.
- Tudo bem. -respondo num suspiro ansioso.
- Canário, Barry, vocês vão com a gente? -pergunta ela.
- Vamos sim, adoraremos ajudar a jovem Eva. -responde Dinah sorridente.
E assim voltamos para a sala de justiça, na grande mesa em forma de "U", Arthur e Shayera estão sentados um do lado do outro, e sorriem pra mim assim que entro. Bruce e Clark estão sentados na parte central da mesa e conversam baixo, Bruce me lança um rápido olhar e sinto um arrepio instantaneamente. Kara me dá leves tapinhas amigáveis nos ombros quando passa por mim, e se senta ao lado de Shayera. Barry e Dinah se sentam ao seu lado e um homem loiro se senta ao lado de Canário e ela sorri.
E quando penso que ninguém mais vai chegar, um homem negro e alto vestindo um macacão preto verde e branco, entra no recinto, cumprimenta Diana me dá meio sorriso e vai em direção a Clark e Bruce, se sentando próximo aos mesmos. E para meu espanto, um homem completamente verde, careca, com o corpo coberto por uma capa azul e de olhos laranjas brilhantes, passa por mim, para alguns centímetros a minha frente se vira e me encara.
- Por quê está bloqueando sua mente, minha jovem? -diz ele.
- Por quê está tentando lê-la homem verde? -respondo/pergunto tentando parecer calma diante do meu repentino nervosismo, pois até então ninguém demonstrara ter a mesma habilidade que eu tenho de ler mentes, e ele percebera que eu bloqueara a minha, por questões de segurança.
- Não precisa ter medo, não vou te machucar.
Não respondo e ele continua andando se sentando ao lado do homem negro.
- Eu vou me sentar, mas não se preocupe, vai ficar tudo bem. -diz Diana amigavelmente.
Ela se senta ao lado de Bruce, me lança uma piscadela rápida, e depois que todos se acomodam, sinto um profundo frio na barriga por saber que a hora de falar chegou.
- Se apresente. -diz Clark estendendo a mão para o centro da sala.
Dou alguns passos pra frente e paro.
- Bom, pra quem não me conhece, me chamo Evanora.
- E de onde você veio? -pergunta Bruce rapidamente sem me dar chance de sequer pensar.
Respiro fundo e continuo.
- Vim de um lugar chamado Lurd Corporations.
O homem negro e Shayera fazem anotações em seus tablets e voltam a me olhar.
- Alguém já ouviu falar desse lugar? -continua Bruce.
O silêncio reina na sala.
- E o que fazia lá? -pergunta Clark.
- Eu fui criada lá. -digo encarando um a um e analisando suas feições.
- Como assim querida? -pergunta Shayera apoiando os braços na mesa.
- Eu era o que eles chamavam de projeto AS-1.
- E o que isso significa? -começa o homem negro.
- Arma Suprema 1. -respondo.
As caras que antes estavam sérias, agora mudaram para receosas, e eu não gosto nenhum pouco disso.
- Você disse arma? -começa Barry. - Mas você não parece uma.
- Mas fui criada para esse fim. -digo meio sem jeito.
- Jura? -começa Kara um tanto aturdida. - Sem ofensa Eva, mas você tá mais pra modelo do que pra arma.
- Sei falar quase todos os idiomas do planeta, sou treinada em todo tipo de combate, sendo eles com ou sem armas, tenho resistência, força e velocidade anormais para minha estrutura, sei todas as táticas de sobrevivência e isso nem é tudo, tenho outras habilidades também.
- Como por exemplo? -começa o homem loiro ao lado de Dinah.
Não encontro motivos pra esconder minhas principais habilidades dessa gente.
- Sou telepata e telecinética.
- Só pode estar de brincadeira. -diz ele rindo debochadamente.
Não gosto quando duvidam de mim, faz parecer que eu quero chamar a atenção, e não é isso. Então deixo meu leve momento de estresse transparecer, ergo minhas mãos e levito tudo o que está na mesa, copos, folhas, tablets, tudo, e então vejo os olhares de espanto da maioria das pessoas presentes.
- Não, não estou Oliver Queen, ou melhor, Arqueiro Verde. -digo séria.
Coloco tudo de volta em seus lugares, e pelo que parece ser um longo tempo, ninguém fala nada. Até Diana me olha espantada, pois ela não tinha sequer tocado no nome Oliver.
- Ok. -diz Barry. - Isso foi intenso.
- Sei que pra vocês pode parecer estranho, mas eu tive que lidar com isso a minha vida toda, e quando eu pensei estar fazendo tudo certo eles mandaram me matar. -digo sentindo meus olhos lacrimejarem.
- Eles quem? -diz Bruce.
- Os responsáveis pela minha criação.
- Mas você fugiu. -continua ele. - Como?
- Eu e... -tenho um lampejo de Heather correndo, e depois a vejo caída morta no chão coberto de folhas. Meu coração fica acelerado e minha respiração também.- Eu consegui sair e correr por um bosque.-continuo, decidindo não falar sobre Heather, por hora. - Não me lembro de como saí da instalação, minha memória falha nessa parte, só me lembro de estar correndo molhada, cercada por árvores e arbustos.
- E depois você foi resgatada por Diana e Bruce? -pergunta Clark.
Assinto em afirmativo e o silêncio reina novamente.
- A propósito o que os dois faziam juntos? -indaga Dinah.
- Isso não vem ao caso agora Dinah. -responde Diana. - O foco aqui é a Eva.
- Olha... -digo intervindo. - Eu sei que é pedir muito de vocês, mas por favor, não me entreguem, ou eles vão me matar. -continuo, sentindo meus joelhos tremerem.
- Fique tranquila, ninguém vai te machucar. -diz Diana me olhando calma e em seguida dirigindo um olhar sério, quase ameaçador para todos.
- Bom, acho que temos um bom material para trabalharmos. -continua Clark. - Se lembra de algum nome que tenha escutado Eva? Isso pode nos ajudar.
- Hector Fiennes, Edward Chapman e Steve O'connor. -digo olhando ao redor sem jeito.
- Só esses? -pergunta Bruce.
- São os únicos de que me lembro. -respondo, não me sinto a vontade na presença de Bruce.
- Certeza de que não se lembra de mais nada? -continua ele.
- Bruce, dê um tempo pra menina, ela mal acabou de sair de um perrengue e lá vem você intimá-la. -interrompe Arthur. - Se ela souber mais coisas, ou se lembrar de algo, ela vai falar, não é Eva?
Estou tão encantada com a atitude de Arthur, que demoro alguns segundos para responder. Quando percebo que estou em silêncio por mais tempo do que deveria, assinto com a cabeça em afirmativo rapidamente.
Bruce volta a falar com Clark e eu encaro Arthur, que me olha com um amigável meio sorriso nos lábios. Digo um silencioso "obrigado" e ele tomba a cabeça em afirmativa basicamente dizendo "disponha".
É bom saber que com algumas pessoas eu posso contar.
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