História Kagome e Inuyasha - Pertencentes um ao outro - Capitulo XXIV

Shangai, China.

Na arena de terra vermelha, o mestre e seus aprendizes reuniram-se para iniciar o treinamento.

- Gakushū-sha Inuyasha! – O Sensei chamou com voz grave. – Saque a Tessaiga. Ataque-me com toda a sua força.

- Mas Sensei... Não temos treinamento algum, não podemos vencê-lo.

- Kéh, pare Kagome, isso vai ser fácil.

- AGORA! – Bradou fazendo o hanyou e a Miko se sobressaltarem.

O meio-youkai desembainhou a Tessaiga, correndo na direção de Wu, golpeando-o com toda sua força, quando sentiu sua espada chocar-se com a dele, emitindo um alto som metálico, soltando faíscas em seguida.

- FRACO! DE NOVO!!! – O mestre não sentiu-se abalado, mesmo vendo o hanyou com as sobrancelhas chamuscadas.

O hanyou usou a Kaze no Kizu, a Bakuryuuha, largou a espada e usou as Sankon Tessou e as Hijin Kessou.

Desistiu de atacar, visto que suas investidas nem coçavam no mestre.

- E sem a espada? Acredita poder derrotar-me?

- De jeito nenhum eu posso derrota-lo! – O hanyou disse de cabeça baixa. – Ensine-me a ser forte e a lutar como o senhor mestre.

- A 2ª Lição foi aprendida. Humildade. De nada adianta ser o mais forte dos guerreiros na Terra, e ser presunçoso a ponto de subestimar um oponente, dando-o a vantagem sobre si. - O mestre dirigiu-se à Kagome. – Vamos trabalhar o espírito, agora é a sua vez. Gakushū-sha Kagome, ataque-me com tudo o que tiver.

- Sensei... não sei o que fazer.

Wu assentiu, correndo ao encontro da Miko a toda velocidade, fazendo-a respirar pesadamente de ansiedade, todo o corpo da jovem arrepiou-se abaixando-se em seguida, fechando os olhos e erguendo os braços para proteger-se, e quando ele estava a um metro de distância foi repelido por uma barreira que surgiu do nada, jogando-o longe. Assim que se recuperou o mestre desembainhou Seishin, revestindo-a com energia espiritual, o que tornou a lâmina em uma luz azul incandescente. Voltou a atacar a Miko, cortando sua barreira, encurralada ela começou a correr mas foi alcançada facilmente, ele levantou sua Katana contra ela que quase no último momento foi pega, mas conseguiu desviar-se rolando pelo chão e pegando uma flecha de sua aljava lançando-a contra Wu, que protegeu-se com Seishin, surpreendendo-se ao ver a lâmina da mesma tremer com o dardo repleto de energia espiritual da Miko. O mestre sorriu de satisfação o que a distraiu, fazendo-o surpreende-la jogando a aljava de flechas longe de seu alcance, voltando a golpeá-la com Seishin, mas agora a Miko protegeu-se usando seu arco como escudo, o mesmo estava Lilás e brilhava intensamente, emanando uma poderosa energia.

- A 3ª Lição foi aprendida. Coragem... Nunca desista de uma batalha sem antes ter certeza de que não será capaz, e ainda assim, deve lutar para lavar sua honra. - O mestre fez uma reverência seguida de uma saudação samurai. A Miko curvou-se, ainda absorta pela adrenalina que experimentara momentos atrás. – Agora podem ir cada um para seu aposento, tomem banho e troquem de roupa, depois encontrem-me na ala leste da propriedade para meditação.

O casal fez uma reverência e obedeceram à ordem do mestre, que ficou muito satisfeito em ter conseguido aplicar três lições logo no primeiro período, e ficou ainda mais admirado com a yome de Inu no Thaishou, uma mulher que aparenta tanta fragilidade e insegurança, na realidade é uma verdadeira Hime guerreira, ela apenas não se enxergava como tal, cabia a ele mostra-la qual o verdadeiro lugar dela no clã Thaishou.

......

Kagome saiu de seu quarto, já de banho tomado e com roupas limpas, tinha em um armário uma infinidade de trajes iguais, todos brancos para treinamentos, com algumas roupas intimas e toalhas. Soltou os cabelos e caminhou lentamente pelo corredor que ligava a sala de entrada com os outros cômodos, com a intenção de ir até a ala leste para a meditação, mas ao passar pelo quarto de Inuyasha, assustou-se com a Shoji sendo aberta de repente. O hanyou ficou observando-a por um tempo, enquanto ela prendia-se à parede com as mãos no peito, podia ouvir as batidas aceleradas do coração sobressaltado.

- Aii! Que susto Inuyasha! – A Miko protestou com a voz esganiçada.

- Susto? Kéh! Vamos aproveitar que estamos aqui. – E num movimento rápido, colocou-se frente a Miko, apoiando as duas mãos na parede uma em cada lado da cabeça da jovem, aproximando-se para beijá-la.

- Não!!! O Mestre Wu está esperando.

- Mas que droga Kagome! Maldição. – O hanyou afastou-se saindo em passos pesados.

A Miko ficou um pouco confusa, mas decidiu continuar seu caminho. Chegando ao destino, pôde contemplar o cômodo com atenção. A sala era aconchegante, com esteiras amarelas e algumas almofadas vermelhas ao chão, com as Shojis abertas para uma pequena varanda, onde tinha a vista belíssima do lago que circundava a casa, com carpas nadando na água cristalina, o ambiente em si proporcionava paz de espirito com o agradável aroma dos incensos que foram acesos. O Sensei estava sentado em posição de lótus, os olhos fechados respirando serenamente, enquanto Kagome aproximava-se em silêncio sentando-se frente a ele em uma esteira ficando na mesma posição meditativa.

Music 1 Play*

- Onde está seu Shujin? – Wu se pronunciou com voz serena, sem alterar sua postura.

- Eu não sei Mestre.

- Compreendo. Por que não sabe?

- Eu não quis... bem eu... Gomennasai, não sinto-me à vontade para dizer.

- Compreendo. Por que não?

- É uma coisa íntima. – A Miko sentia-se incomodada com as perguntas, mas ao abrir os olhos o viu exatamente do mesmo jeito que o encontrou, então relaxou um pouco mais.

- Compreendo. Por que julga que não posso saber?

- Meu Shujin queria beijar-me e eu o rejeitei...

- Compreendo. Por que o fez?

- Eu sabia que o mestre estava esperando, não quis demorar.

Wu abriu os olhos encarando a Miko por alguns momentos, enquanto o hanyou entrava na sala de meditação com expressão irritadiça, sentando-se na mesma posição que eles.

- Gakushū-sha Kagome, por que não quis deixar-me esperando?

- Não seria justo.

- A 4ª Lição foi aprendida. Respeito... Não se deve deixar de fazer o que é prometido a alguém, por mais que nosso desejo seja de fazer o contrário. Quando respeitamos alguém mostramos força e discernimento para transpormos os obstáculos de nossos próprios instintos. Agora, ambos devem permanecer olhando para a frente até que eu ordene que mudem de posição.

- Por quanto tempo? – O hanyou questionou aborrecido.

- O tempo que for necessário.

Ambos ficaram olhando para a paisagem do exterior, por um tempo que já não discerniam mais, não notando que já havia anoitecido. O hanyou teve a brilhante ideia de mover os olhos na direção da Miko, que estava concentrada em sua tarefa, quando baixou um pouco mais as vistas pode ver a parte interna da coxa da jovem, desnuda por conta da abertura do traje que ela vestia de forma que chamou tanto sua atenção, que ele acabou virando a cabeça para olhar melhor, com o movimento percebeu uma serpente ao seu lado, tendo um sobressalto que a alertou, fazendo com que a víbora lhe picasse a perna. O mestre interveio imediatamente, retirando o animal da sala, enquanto o hanyou debatia-se de dor.

- Aiii, que droga! Maldição!!! – O meio-youkai resmungava segurando o ferimento.

- Mestre o que devo fazer? – A Miko perguntou alarmada.

- Curá-lo com seu poder. – A resposta veio simples, trazendo-a para realidade, no mesmo instante a Miko concentrou-se irradiando energia espiritual nas mãos, onde uma luz lilás fluía de suas palmas aproximando-as do ferimento, curando-o em seguida. Naquele momento Inuyasha entendeu que se tivesse obedecido não teria sido picado pela serpente.

- A 5ª Lição foi aprendida. Disciplina... quando somos disciplinados denotamos obediência, que é uma forma de amor tanto com o próximo como a nós mesmos. Estão liberados para descansar e meditar pelo resto da noite, sigam para seus aposentos. Amanhã cedo nos encontraremos para o desjejum. Konbanwa. – O mestre levantou-se e já estava saindo quando fora chamado.

- Sensei, eu sinto muito por ter desobedecido, não vai acontecer novamente. – o meio-youkai declarou seriamente.

- Eu sei. – Wu assentiu, e continuou com seu trajeto até os próprios aposentos.

O casal trocou um olhar carinhoso e em silêncio o hanyou acompanhou a Miko até o quarto dela, deixando-a na entrada do mesmo e virando as costas quando sentiu ser puxado pela manga do traje. A Miko aproximou-se colando os lábios macios aos do meio-youkai, trocando um beijo suave tocando levemente as línguas. Se soltaram com um ar de sofrimento.

- Konbanwa meu amor. – A Miko sussurrou.

- Konbanwa minha amada tsuma. – Respondeu levando uma das mãos delicadas aos lábios e depositando um beijo, em seguida caminhando com passos decididos para o próprio quarto. A Miko observou-o se afastar, e quando o perdeu do campo de visão fechou a Shoji delicadamente.

.....

Oriente Médio

Em uma banheira de mármore, Zayn tentava relaxar imerso na água morna, a inseparável taça de Arak continuava a acompanhá-lo, bebia cada vez mais conforme passavam-se os dias. Tentava esquecer os problemas, fugia de enfrentá-los sem ter a menor vontade de resolver os impasses de sua existência. Batidas na porta o fizeram sair de seus devaneios.

- Zayn! Zayn! Deixe-me entrar, quero falar com você. Fazem 6 meses que não o vejo! – Soraya batia à porta insistentemente, gritando para chamar a atenção do Jinn. O mesmo a estava evitando desde a última vez que a youkai vermelha falou com a irmã. Não suportava olhá-la nos olhos, sentindo-se fraco e impotente para continuar com seu destino. – Abra agora! Tire esses malditos espectros daqui, por que rejeita sua amira?

Amira...

- Saia daqui! – Bradou.

- Eu nem acredito que ouvi sua voz... – A youkai chorava entre os tapas que dava na porta. – Eu vou morrer sem você não aguento mais, sua falta está me destruindo meu emir. Por favor, eu imploro! Eu preciso vê-lo!

O Jinn massageava as têmporas, era torturante ouvir as súplicas de Soraya, que só queria estar em sua presença. Seis espectros vigiavam as portas do quarto de banho, e também a mantinham longe de seu Senhor, mas podia ouvi-la adormecer aos prantos, e ficava angustiado quando o vento traiçoeiro trazia o cheiro ardente às suas narinas, embriagando-o muito mais do que um oceano inteiro de Arak. Tamborilou frenéticamente os dedos na borda da banheira, então resolveu não resistir mais.

- Deixem-na entrar. – Ordenou enquanto os espectros afastavam-se do local, deixando-os a sós.

A Youkai vermelha abriu as portas de uma vez, entrando no ambiente cheia de ira nos olhos perfeitos. Os lábios estavam contraídos como se ela reprimisse um milhão de ofensas, o poder emanando em uma aura ameaçadora.

- Por que Zayn? – Perguntou encarando-o nos olhos.

Music 2 Play*

Ele perdeu-se em seus pensamentos, observando a beleza ímpar daquela fêmea recriminando-se por tê-la rejeitado por tanto tempo. Ela vestia uma roupa impressionante em formosura, que emoldurava o corpo escultural, com tecidos esvoaçantes em tons rubros, que ficavam magníficos em composição com os cabelos intensamente sanguíneos.

- Por que?  - Ela ajoelhou-se ao lado da banheira, segurando-o pelo rosto com ambas as mãos. – O que eu fiz? Não pode fazer isso comigo, eu estou sofrendo. – Chorando lágrimas de angustia, a youkai tentava entender os motivos para ser esquecida por tanto tempo.

- Seu emir está perdido preciosa.

Ela sorriu com a resposta, encolhendo os ombros levemente como se o compreendesse.

- Sim meu emir, estou aqui para encontrá-lo. Achei que tivesse me esquecido...

Como poderia eu fazê-lo? Maldita alma humana...

O Jinn puxou Soraya pelos braços beijando-a intensamente, e afastando-se para olhá-la nos olhos mais uma vez, segurando-a com força para apoiar o corpo esguio trazendo-a para dentro da banheira ainda vestida, voltando a unir os lábios com os dela, sendo correspondido intensamente em meio às lágrimas que ela derramava. Estava perdido, quando foi que isso aconteceu, ele ainda não sabia como responder, só queria viver aquele momento com ela, mais uma vez.

Rasgou as vestes sensuais que a youkai vestia, cobrindo-a de beijos cheios de desejo com suas mãos passeando pela extensão da tez ardente, fechando os olhos com o toque das mãos delicadas porém experientes em sua virilidade.

- Eu o amo. – O Jinn abriu os olhos num sobressalto ao ouvir o sussurro em seu ouvido. Continuou abraçado a ela, aproveitando das carícias intimas voltando a beijá-la nos lábios quando a mesma sentou-se sobre sua excitação inserindo-a em seu interior, gemendo sensualmente com o contato. Voltou a fechar os olhos enquanto desfrutava dos movimentos habilidosos dos quadris sobre si, odiando-se por permitir que essas emoções o deixassem vulnerável, mas adorando ter cedido aos encantos hipnotizantes dessa serpente do deserto, que o enfeitiçava em questão de segundos, bastava olhar para ela e pronto, estava derrotado.

Gemeu alto quando se satisfez no interior daquela bela criatura, que o abraçou com força envolvendo-o pelo pescoço, enquanto voltava a chorar.

- Pare de chorar amira, por favor. – Pediu acariciando os cabelos flamantes, com ela ainda sentada em seu colo.

- Eu não estou mais sofrendo meu amor. – Novamente Soraya confessava seu amor pelo Jinn, que ficou sem saber o que faria em relação à ela de agora em diante. Decidiu não pensar mais nisso, aproveitaria a companhia de sua amira ao máximo, mesmo sabendo que se apegaria mais a ela, porém não tinha como evitar, não mais. Sabia que não duraria para sempre, sua sede de vingança não o deixaria existir em paz, e ela retornaria a sua forma original, mas enquanto estas coisas não acontecessem, ele aproveitaria desses momentos com muito mais afinco.

Levantaram-se da banheira, rindo dos trajes luxuosos que foram rasgados e que estavam imersos na água. Secaram os corpos e foram ao quarto vestir roupas confortáveis, Zayn vestiu um Kaftã de linho e Soraya uma camisola cor de rosa, com rendas negras nas extremidades, feita de seda pura. Sentaram-se na imensa cama do aposento principal, onde os serviçais de sombra, trouxeram uvas frescas e alguns pães recheados para que eles comessem.

Music 3 Play*

- Deixe-me ficar com você? – A youkai pediu com um olhar suplicante.

- Você está comigo.

- Não, deixe-me ficar sempre com você... eu sei que tem um propósito que justifica suas atitudes, e eu sei muito bem onde estou me inserindo... só quero que saiba que eu não me importo.

Zayn riu de forma anasalada, parecia perturbado. Em um movimento puxou o lenço do pescoço da youkai, liberando a memória esquecida dela. Cada momento desde quando ela surgiu e como se conheceram, ele abusando de sua irmã e em seguida abusando dela repetidas vezes, tudo foi recordado e lágrimas escorreram pelos olhos femininos.

- Ainda me ama Soraya? – Questionou desafiador.

A jovem o olhou nos olhos e usando de todo o seu poder, tocou-o no rosto com as duas mãos e trouxe-lhe à lembrança uma conversa que haviam ouvido* pelo espelho da alma:

“- Quando amamos alguém, por mais ruim que a pessoa seja, ela deve ser perdoada e amada com todos os seus defeitos.

- Mesmo se ele for um monstro cruel?

- Mesmo assim.”

Zayn surpreendeu-se tocando as mãos pequenas e afastando-as do seu rosto.

- Soraya eu não...

- Eu sei que não pode. Faça-me esquecer novamente... Eu já sei o seu futuro, e não gosto do que vi.

O Jinn fez uma expressão de sofrimento, mas estava resignado a cumprir até o fim sua missão, sua vingança seria levada até as últimas consequências e mesmo já sabendo que iria fracassar, tentaria a sorte de conseguir dominar as Eras. Tocou-a novamente no lenço fazendo-a retornar a consciência anterior. Abraçando-a em seguida.

- Eu não consigo senti-la.

- Quem? – A youkai vermelha perguntou.

- A estrela... sumiu dos meus olhos em seu espelho da alma... é como se estivesse protegida em algum lugar, e o mestiço filho daquela mulher, também não consigo vê-lo.

- Devem estar juntos...

O Jinn assentiu, puxando o ar com força aborrecido, teriam que esperar. Não seria ruim, pois isso significava mais tempo com Soraya. Sua decisão era de aproveitar mais o tempo com ela, então não negaria esse golpe de misericórdia do destino.

.....

- Não ter nenhuma notícia está me matando! E justo agora que eu tenho tantas coisas maravilhosas para contar pra ela... – Sango suspirava debruçada em uma janela.

- Ora meu amor, não fique assim garanto que logo eles estarão de volta! – O monge tentava animar sua esposa.

- Mas já passaram 6 meses... e não pode ser que este treinamento dure tanto assim!

- Se depender das habilidades do Inuyasha, eles nunca mais vão voltar. – Shippou disse pensativo, mais para si mesmo.

Eles riram um pouco, mas quando pensaram que era verdade, o hanyou era meio “monte” as vezes, isso significava que ficariam mais tempo treinando longe da aldeia.

- Como vou contar pra Kagome que ela vai ser tia? –A exterminadora estava feliz, sua gestação fora uma surpresa abençoada, que tirou-a do estado depressivo que se encontrava. – Será que ela volta antes do nosso bebe nascer?

- Acredito que sim meu amor. – O monge a tranquilizava acariciando o ventre de 5 meses de gestação.

- Não fica triste Sango, eu estou aqui e Kirara também! – O pequeno youkai-raposa subiu no colo da exterminadora e a gatinha esfregou-se em suas pernas.

........

- Sesshoumaru-Sama, quanto tempo a Kagome vai ficar fora? – Rin perguntou assim que o youkai pisou na aldeia, sem tê-lo ao menos cumprimentado.

- Não sei Rin. – A resposta do Lorde foi simples e sincera, ele estava imerso em pensamentos, confuso por não conseguir captar a presença de nenhum dos dois. Não sentia também mais o cheiro da Miko, que aos poucos foi se dissipando da aldeia, mas ainda estava presente na casa em que ela vivia com o hanyou. Toda vez que o Lorde ia à aldeia para visitar Rin, entrava discretamente na casa vazia durante a madrugada, onde entrava no quarto e sentia o aroma suave da fêmea do meio-irmão, odiando-o por conseguir sair na frente mais uma vez.

O Senhor do Oeste ainda odiava os humanos, mas Rin e Kagome eram diferentes em sua classificação. Era como se fossem criaturas de outro mundo, então em sua sistemática, elas não se enquadravam como simples e patéticas humanas. Sentia-se amargo por não tê-la notado antes de seu patético concorrente, mas não tinha como reparar em uma adolescente irritante, que só sabia desafiar e ser desagradável, mas a maturidade fez essa linda flor desabrochar, sendo a mais rara de todas.

Ficava mais irritado ao pensar que nem mesmo seu nome, sua imensa fortuna e posses, a fariam trocar a vida simples que ela levava com o hanyou. Ele poderia enchê-la de mimos e presentes, ouro e kimonos da mais pura seda. Seria a sua sacerdotisa guerreira, ela era boa demais para o maldito hanyou, mas fora ele quem conseguiu a melhor prenda de todas... ponderou que se tivesse sido menos frio e calculista, talvez hoje ele pudesse  tê-la em seus braços.

Em um cabide tinha um kimono de sacerdotisa, igual ao que a sacerdotisa de barro usava, provavelmente não era usado há muito tempo. Tocou-o puxando uma manga até o nariz, e fechando os olhos ao conseguir discernir o cheiro da Miko. Pressionou o tecido entre os dedos, refletindo sobre o que fazer, então pegou-o dobrando cuidadosamente e colocando sob sua yukata. Virou as costas e saiu do interior da moradia, e em uma esfera de energia retornou às Terras do Oeste, emanando uma claridade esverdeada.

Ao chegar em seu castelo recriminou-se infinitas vezes, pensando que estava enlouquecendo, aquilo estava tornando-se uma obsessão. Subiu as escadas rapidamente e ao chegar ao seu aposento, fechando porta atrás de si desdobrou o kimono branco e vermelho, novamente aspirando o cheiro da jovem, em seguida levou-o ao a um imenso quarto repleto de vestimentas, uma espécie de closet, e depositou as vestes da Miko em um cabide próximo às suas roupas de dormir. Respirou profundamente e dirigiu-se até a sacada, onde ficou admirando a lua até a mesma se recolher dando lugar ao astro rei, nem mesmo toda uma noite em claro o fez entender sua atitude.

- Este Sesshoumaru perdeu a razão... – O Lorde voltou ao aposento, aborrecido com as próprias atitudes, ficara uma noite em claro tentando raciocinar em uma maneira de livrar-se da desagradável necessidade de pensar nela, mas só conseguiu concentrar-se mais ainda nas lembranças de quando a conheceu e achou-a insuportável, quando a viu pela primeira vez depois de 3 anos, surpreendendo-se com a maturidade física e psicológica que ela alcançara, o corpo perfeito que teve o azar de contemplar certa vez, quando sentiu seu cheiro de mulher madura pela primeira vez tocando-lhe os longos cabelos sedosos, negros como uma noite sem lua, o toque suave e quente da tez macia da mão delicada contra seus lábios e os olhos confusos, intrigando-o profundamente permitindo sua invasão apesar de estar perceptivelmente assustada.

Mas o pior de tudo não era o fato de desejá-la, o que o torturava profundamente era a certeza absoluta de que ela amava o hanyou, com toda a sua alma pura. Trocaria a própria existência pela dele, a parceira ideal para qualquer nobre. Deu um sorriso amargo, como ele uma criatura insensível se deixou atrair por alguém tão diferente, um oposto perfeito? Com amargura pensou no meio-irmão, ele a veria amá-lo, gerar filhos para ele e envelheceria ao seu lado até o fim. E este Senhor do Oeste, talvez jamais se recuperasse disso, afinal viveria para sempre, tendo toda a eternidade para se arrepender.

Este Sesshoumaru não se deixará levar por emoções ridículas, será frio o máximo que puder, se afastará de forma a nunca mais vê-la novamente. Aceito que ela o quer, meu orgulho é muito mais importante que qualquer outra coisa neste mundo.

O Lorde simplesmente desistiu de sentir algo pela Miko, não poderia lidar com isso se alimentasse essa ideia absurda, e não admitia perder para o meio-irmão. Simplesmente abriu mão dela, se enganando com a ideia de que seria capaz disso.

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