Depois que foi deixada sozinha no quarto, com o pequeno Raijin nos braços Kagome chorava copiosamente, beijava ao bebê que dormia com seus acalentos, imerso na inocência angelical e alheio ao sofrimento da pobre mulher, que balançava o corpo em notório sinal de perturbação psicológica. O desespero era tanto, que ela cogitou tirar a própria vida, porém, por amor aos filhos não o fez.
Olhou na direção da janela, seus olhos inchados e vermelhos só lhe permitiram ver o borrão verde, que representava a floresta pela qual seu marido foi visto pela última vez. Saiu irado sem saber o que falava, a ofendeu profundamente e dessa vez, foi longe demais, pois envolvera seu filho, o indefeso bebê que tinha cada gota do sangue do pai, o pai que o rejeitou por ele ter a aparência de um youkai completo. Quão irônica a vida poderia ser, justo ele que fora maltratado por ser um hanyou, rejeitou o próprio filho por não ter aparência esperada por ele.
Ela olhou amarga em sua volta, ouviu as gotas da chuva baterem no telhado da casa dos youkais-lobo, ela queria voltar para casa, para o próprio mundinho, seu aconchego, mas seu coração estava pesado e não queria encontrar com Inuyasha, pelo menos, não agora. Suaves batidas à porta, chamaram lhe a atenção.
- Entre...
- Kagome-Sama? – Rin entrou no quarto silenciosamente, sentando na beirada da cama. – Como se sente?
- Morta... – Uma lágrima escorreu de seu olho, e ela a secou com o dorso da mão.
- Não fique assim, por favor. – A jovem se aproximou, abraçando a Miko com ternura e beijando lhe a face.
- Obrigada Rin.
- Deixe-me ficar com ele, e vá tomar um banho. – A jovem estendeu os braços e pegou o pequeno Raijin no colo, levantando-se da cama para niná-lo.
A Miko ergueu-se do leito lentamente, apesar de estar bem, um parto normal mesmo que sendo mais saudável e a recuperação seja relativamente rápida, ainda assim o corpo fica muito sensível, por este motivo ela gatinhou para fora do colchão meticulosamente, e ao entrar na banheira, teve dificuldade para sentar. Vendo todo o sofrimento da Miko, Rin saiu do quarto ainda com o bebê nos braços, pediria a Sango que a auxiliasse.
A jovem encontrou a exterminadora sentada na varanda com Miroku, Shippou, Sesshoumaru, Kohaku, Nara e Noemi estavam ali também.
- Sango?! – Chamou a cunhada, recebendo um sorriso. – Por favor, ajude Kagome a se banhar, ela está com dor.
- Hai. – Levantou-se do banco rústico de madeira, e ao passar pela jovem gestante, deu um beijinho no topo da cabeça do bebê.
- Deixe-me ver esse rapaz. – O monge pediu, tomando o pequenino no colo, enquanto Rin se dirigia ao banheiro.
- É lindo mesmo... – Shippou disse, sorrido ao admirar o pequeno ser.
O filhote acabou acordando com toda a movimentação, e se pôs a chorar com todas as suas forças, a plenos pulmões Raijin reclamava por ter sido tirado do soninho.
- Faça ele parar Miroku! – Shippou exclamou olhando na direção do corredor. – Kagome não vai conseguir descansar desse jeito.
- Estou tentando, mas ele é teimoso. – O monge disse balançando o bebê no colo.
- Igual ao pai imbecil dele. – Sesshoumaru falou soltando o ar dos pulmões com força, se aproximando e pegando o filhote dos braços de Miroku. – Chega Chippokena, basta. – Sua voz grave e serena fez o pequeno Raijin abrir os olhinhos marejados, e encarar ao Lorde, os orbes castanhos presos aos âmbares do tio. – Assim está melhor, os ouvidos deste Sesshoumaru estavam irritados.
Miroku e Shippou trocaram um olhar admirado, o pequeno abria as mãozinhas e segurava as mechas dos cabelos prateados do tio, que pacientemente o acarinhava na barriga, segurando-o com o outro braço, percebeu que a criança parecia tristonha apesar da pouquíssima idade. Kouga e Ayame chegaram na varanda e trocaram um olhar cheio de significados, e isso incomodou a Sesshoumaru, que os lançou um olhar assassino, saindo da presença deles.
A porta do quarto da Miko estava aberta, e ela já estava deitada na cama e Sango penteava os seus cabelos.
- Sesshoumaru. – A Miko sorriu ao vê-lo entrar com o bebê nos braços, o entregando para ela com todo o cuidado do mundo, e ela o olhou com ternura mesmo ele parecendo ignorar, mas só ele sabia como o coração ardia ao tê-la tão próxima e dependente de seus cuidados. – Quero ir embora daqui...
- Este Sesshoumaru não acha sensato uma viagem agora, mas detesta esse lugar que fede a lobos intrometidos. – Arqueou uma sobrancelha aborrecido.
- Aconteceu alguma coisa? – Expôs o seio, e começou a amamentar o filho.
- Irrelevante. – Ele não se importou ao vê-la alimentar ao filhote, para ele era um momento divino e algo totalmente natural.
- Onde estará Inuyasha? – Ela disse magoada, olhando para o pequeno que mamava.
- Isso não importa agora. – Sango disse passando a mão no ombro da amiga, que lhe sorriu forçado. – Também quero ir embora.
- Sango... – A Miko mordeu o lábio inferior.
- O que foi?
- Não quero ir para casa, mas quero sair daqui... – Olhou para o cunhado que suspirou.
- Este Sesshoumaru não se importa com o que os outros digam, porém, vai alimentar a indiscrição dos seus conhecidos. – Franziu o cenho minimamente.
- Desculpem minha intromissão, mas eu acho que o baka do Inuyasha merece isso. – Sango cruzou os braços. – Eu fico com você na casa de Sesshoumaru. – Depois olhou para o Lorde. – Se ele permitir é claro.
- Façam como quiserem. – Virou as costas para sair do quarto.
- Sesshoumaru! – A Miko o chamou, e ele virou para encará-la. – Arigato.
Ele apenas assentiu, e se retirou com a intenção de ordenar os preparativos para a partida. Sango saiu logo em seguida para avisar ao marido da nova decisão, teria que convencê-lo de alguma maneira.
- Miroku querido...
- O que você está querendo Sango? – O monge volveu desconfiado.
- Vamos embora meu amor.
- Mas e Kagome-Sama?
- Eu vou com ela para a casa, castelo, ou sei lá o que, do Sesshoumaru...
- Você vai? – Ele coçou o queixo. – E por que ela não quer ir para casa?
- Não quer encontrar com o baka do shujin...
- Não tiro a razão de Kagome-Sama. – Coçou a cabeça. – Mas acho que devo procurá-lo e conversar com ele.
- Hum... – Ela estreitou os olhos desconfiada. – Olha só monge sem vergonha, pervertido, não esqueça que é um homem casado!
- Não se preocupe meu docinho, prometo que vou pensar em você sempre. – Piscou sedutor. – Quando eu voltar, você vai ter outro filho meu!
- Mas... – Ele não a deixou terminar, virou as costas e a deixou ali, com aboca aberta e totalmente indignada.
O grupo com Rin, Kohaku, Shippou, Miroku, Nara e Noemi, voltaram para as Terras do Leste. Já Sango, Kagome, Raijin, Tsunade, Kaede, Sesshoumaru, Satori e Doragon, se dirigiram às Terras do Oeste.
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O hanyou estava possesso, depois que saiu da casa de Kouga e Ayame, se embrenhou em uma floresta sem olhar para trás, seu sangue fervia e o ciúme o deixou totalmente cego. Depois de algumas horas ele já estava arrependido do que tinha feito, e pensou que se o bebê fosse realmente filho de Sesshoumaru, carregaria a meia-lua na testa, mas o pequeno Raijin tinha características de seu pai, ele não conhecia Touga, mas sua mãe Izayoi sempre o descrevia e falava dele, então ele chegou à conclusão de que seu filho tinha as características herdadas do avô.
Naquele momento o hanyou já estava agoniado com a falta que a Miko o fazia, o desejo de protegê-la e estar próximo dela gritava em seu ser, tudo como reflexo da marca que havia feito em sua tsuma. A deixara para trás, magoada e com um filhote nos braços, filhote esse que ele havia rejeitado pela fisionomia, e isso o tocou fundo no peito, justo ele que sempre fora maltratado pela aparência, agora havia feito o mesmo com a própria cria.
Sentiu o coração sangrar a cada batida, e pensava também em sua filha mais velha, como Tsunade o encarava agora, se perguntava se ela já sabia que o pai havia sido um ignorante para com o irmãozinho dela.
Coçou a cabeça impaciente sem saber o que fazer, em sua consciência o mesmo assunto martelava, e ele tinha que tomar uma atitude, mas não tinha coragem de voltar para lá, retornaria para seus domínios e esperaria até que os seus retornassem, então pediria perdão à sua família e amigos por sua atitude.
Chegou em sua casa depois de correr e saltar pelas árvores, encaminhou-se diretamente para o Ofurô, tomando um banho quente e relaxante. Em seguida se encaminhou até o quarto, onde deitou em sua cama macia e acabou adormecendo.
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Depois de algumas horas de viagem, o grupo da Miko chegou às Terras do Oeste, e todos foram devidamente alojados em quartos espaçosos, Kagome dividiu um quarto com Sango e os filhos, não queria ficar sozinha. Depois de um tempo Kaede também resolveu ficar com eles no mesmo cômodo. Satori e Doragon dormiriam sozinhos em outro aposento, e o Lorde passaria a noite acordado em sua sala de negócios como de costume.
- Menina, você precisa se alimentar por mais que não tenha fome, como vai amamentar seu filho? – Kaede disse enquanto ninava Raijin, colocando-o no futon.
No castelo de Sesshoumaru haviam camas, porém, ele gostava de futons. Por mais que ele não dormisse por não ter essa necessidade, quando ele raramente descansava, o fazia em confortáveis futons de pele, que eram enormes e macios, realmente leitos de luxo.
- Vovó, não estou com fome...
- Pare Kagome! Precisa comer, todas nós comemos. – Sango ralhou enquanto fazia uma trança nos cabelos de Tsunade.
- Hahaue, onde está Chichiue? – A hanyou questionou dando um bocejo.
- Em casa minha querida. – A Miko sentiu o coração arder com as palavras.
- Por que estamos aqui então?
- Ora querida, nós viemos fazer uma visita ao seu Oji-San. – Kagome disse tentando não deixar transparecer sua dor.
- Ele é tão sozinho, não é hahaue?
- Sim minha musume, ele é.
- Vá comer Kagome. – A exterminadora falou enquanto colocava Tsunade deitada ao seu lado. – Eu cuido das crianças, qualquer coisa a Vovó Kaede está aqui para ajudar.
- Vá criança. – A velha senhora sorriu.
- Está bem, vocês venceram.
A Miko ergueu-se do futon, e depois de vestir uma espécie de robe, saiu do quarto com a intenção de encontrar a cozinha, ou alguém que pudesse dar lhe essa informação. A jovem passava pelo corredor, quando ouviu a voz de Jaken enquanto ele saía de uma sala, que provavelmente era onde Sesshoumaru estava.
Ela continuou com sua caçada até a copa, e a encontrou depois de algumas voltas pelo castelo, estava deserta o que ela estranhou, o lugar era infestado de youkais e impressão que dava era de que todos haviam evaporado, mas ela deixou a desconfiança de lado quando encontrou frutas, pão, suco e carne posto na mesa coberto por lindas telinhas bordadas.
Pensou em comer sozinha, mas não lhe agradou a ideia. Voltou todo o caminho percorrido e bateu a porta da sala de negócios de Sesshoumaru, e depois de ter a permissão para entrar, abriu a porta lentamente e com um sorriso ao romper no cômodo, o encontrou imerso em vários pergaminhos, com o cenho franzido e levemente irritado.
- Estou atrapalhando? – Ela sussurrou sentando-se na poltrona em frente.
- Hai. – Respondeu sem tirar os olhos dos documentos.
- Vamos até a cozinha, assaltar a geladeira...
- Este Sesshoumaru está ocupado, e não faz a menor ideia do que seja uma geladeira. – Ele ergueu as vistas e a encarou.
- Você vai ver, no futuro. – Ela levantou da poltrona e delicadamente pousou sua mão sobre a dele. – Mas por enquanto, nós vamos assaltar a sua cozinha.
- Este Sesshoumaru está na própria morada, não faz sentido dizer que vou roubar alguma coisa.
- Tsc. – Revirou os olhos. – Vamos logo, vamos comer alguma coisa. – O puxou pela mão, porém, sem sucesso.
- Não preciso. – Arqueou uma sobrancelha.
- Pare de trabalhar um pouco, e fique comigo enquanto eu assalto sua cozinha.
- Pedisse companhia de uma vez, seria mais fácil compreender. – Ele levantou e parou diante dela, assim que ela se afastou ele começou a andar, totalmente desinteressado até a cozinha.
Ao chegarem naquele cômodo, o Lorde sentou num dos bancos de imbuia e ficou observando enquanto a Miko preparava sanduiches, colocou um prato na frente dele com o alimento vendo-o torcer o nariz, mas mesmo assim o ignorou ainda o servindo de suco em um copo.
- Eu disse que não preciso. – Falou pausadamente, como se explicasse algo a uma criança.
- E eu disse que não estou nem aí para o que você disse. – Ela falou repetindo o modo dele de falar.
Depois de um suspiro pesado, ele acabou por começar a comer o pão, franzindo o cenho ao vê-la sorrir triunfante, com um discreto revirar de olhos continuou a comer, quanto antes terminasse, mais rápido poderia voltar ao seu trabalho.
- Sesshoumaru? – Ela começou o olhando nos olhos, ele nada disse, apenas sustentou o olhar dela. – Arigato, por tudo. Por acolher a mim e aos meus filhos, e também meus amigos em sua casa.
- Fique o tempo que precisar, desde que não incomode a este Sesshoumaru, enquanto estou ocupado.
- Por um momento, eu achei que você seria carinhoso. – Ela terminou de comer e limpava a boca com um guardanapo.
- Achou errado, não sei ser carinhoso. – Falou friamente e estava distraído, não falou de si mesmo na terceira pessoa.
- Não sabe, ou não quer ser?
- Não sei. – Ficou um tempo em silêncio e depois continuou. – Não acho prudente ser....
- Não acha prudente? – Ela franziu o cenho e se aproximou um pouco. – Como assim?
- Assim... – Estendeu a mão e a tocou no rosto, depois defluiu os dedos pelo ombro dela, até alcançar uma mecha dos cabelos negros, levando-os ao nariz e aspirando o perfume.
O choro do bebê os chamou para a realidade, neste momento o Lorde soltou a mecha dos cabelos negros e virou as costas, ela o acompanhou nas passadas rápidas, até tocá-lo delicadamente no braço esquerdo.
- Espere! - O chamou, ele estacou porém, não virou-se. – Você e eu somos amigos, não vejo mal algum em sermos carinhosos um com o outro.
- Este Sesshoumaru não deseja somente sua amizade. – Disse com um timbre de voz sereno, pausado e grave. – Prefiro não ficar dependente de você. – Virou-se olhando-a nos olhos. – Não demora e o hanyou estará aqui para buscá-la, ou você mesma irá ao encontro dele.
- Gomennasai Sesshoumaru... – Baixou os olhos, era verdade. Ela amava Inuyasha com todas as suas forças, sabia que ele se acalmaria e que se reconciliariam.
- Este Sesshoumaru compreende. – Tomou lhe uma mão beijando lhe a palma, virou as costas e seguiu para sua sala de negócios.
Ela ficou ali se sentindo mal, gostava muito da companhia desse youkai frio, calculista e aborrecido, porém, para ela, ele era o melhor amigo do mundo, e tinham faces dele que somente ela fora permitida conhecer. Ela detestava vê-lo magoado e sempre era ela que conseguia tal proeza, machucava o coração dele igual Inuyasha machucava o seu, mas não podia evitar, amava ao hanyou intensamente desde a primeira vez que o viu naquela árvore, e nesse momento percebeu o círculo vicioso em que estavam.
Kikyou magoou Inuyasha, que magoava Kagome, que magoa a Sesshoumaru que com certeza magoou alguém. Como quebraria aquele elo negativo? Estavam fadados a algum tipo de destino? Se Kikyou não tivesse morrido, Inuyasha e ela estariam casados e apaixonados, ou ela teria voltado para sua Era vivendo uma vida comum?
Infelizmente a morte sempre estava presente, e isso abria um novo ciclo de vida, agora estava na Era feudal casada com dois filhos lindos e perfeitos, sua filha já estava noiva e com 13 anos. Correu para o quarto onde Raijin ainda chorava, o pegando dos braços de Sango e dando lhe o leite que ele tanto queria, o pequeno segurava com uma mãozinha uma mecha dos cabelos negros da mãe, e os levava ao narizinho sentindo o cheiro das melenas caliginosas, uma lágrima fugiu de um dos olhos da Miko molhando a bochecha do filhote, que com aqueles olhinhos castanhos a encarava profundamente, também parecia triste o seu bebê.
- O que foi meu musuko? – Sussurrou ouvindo-o mamar e fazer os sons característicos infantis. – Está triste? Saudade do Chichiue?
Sango já havia dormido, abraçou-se à Tsunade que também dormia profundamente. Olhou para o lado e viu Kaede dormindo com a boca aberta, riu com a feição da velha senhora. Continuava sem sono e resolveu levar o bebê para um passeio no castelo.
- Raijin! Você irá passear com sua hahaue! – Levantou do futon, e saiu do aposento na pontinha dos pés, e quando encostou a porta olhou para os lados, tudo deserto.
Não pensou duas vezes e entrou na sala de negócios de Sesshoumaru, que revirou os olhos quando a viu sentando agora em um sofá.
- Não vou incomodá-lo, aliás, não vamos não é Raijin? – Ergueu o bebê para o Lorde, e o pequeno sorriu para ele.
Ele tentou resistir e ignorar, mas o filhote era muito bonito, e além de parecer muito com seu Chichiue Touga, também era filho dela. Estendeu uma mão e o pequeno segurou-lhe um dos dedos, ele arqueou as sobrancelhas, ele era forte e fazia uma expressão enfezada muito angelical.
- O que houve Chippokena? Está com ciúme? – Disse pausadamente, balançando o indicador mas o menor não o soltou.
- Por que com ciúme? – A Miko pegou na mãozinha do filho, soltando o dedo do Lorde.
- Não deixe que ele segure a mão de algum humano, ele pode quebrar os ossos de alguém sem querer.
- O quê? – Olhou-o indignada.
- Ele é um filhote youkai, não é frágil como os filhotes humanos. – Olhou em sua mesa, procurando alguma coisa, enfim levantou indo até uma estante e pegando um pergaminho, tirando o papel e ficando apenas a haste de madeira, balançou o objeto diante das vistas do filhote, que o agarrou com força, quebrando-o ao meio.
- Meu Kami! – Ela levou a mão livre à boca. – Tem razão, não posso deixá-lo sem supervisão.
- Vai precisar tirar lhe o leite Kagome. – Dessa vez ela ficou irritada.
- Não posso parar de amamentar meu filho!!!! – Ele revirou os olhos se aproximando e com a ponta dos dedos, abriu a boquinha do bebê expondo as gengivas onde os dentes que já estavam nascendo, logo os caninos estariam expostos. – Mas o que...
- Ele é um filhote youkai, cresce mais rápido e diferente do que você esperaria. – Deu a volta na mesa, sentando-se em sua cadeira novamente. – Vai lhe arrancar o seio se não parar de amamentá-lo.
- Coitadinho dele....
- Ele vai ficar bem. – Voltou novamente sua atenção aos documentos na mesa.
Ela ninou o pequeno até que o mesmo adormecesse, ela não percebeu nem soube quando isso aconteceu, mas o cansaço venceu seu corpo e ela caiu no sono com o filho nos braços. Depois de mais algum tempo Sesshoumaru a empurrou delicadamente sobre o sofá para que deitasse, saiu da sala e voltou com uma manta nas mãos, cobriu aos dois e voltou para as burocracias dos seus domínios.
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O hanyou acordou com o cheiro conhecido de seus amigos, mas haviam essências em especial as quais não estavam presentes, intrigado com essa assertiva levantou-se de imediato, e teve a pior certeza das suas desconfianças, sua esposa e filhos não voltaram para casa.
- Miroku, onde está Kagome e as crianças? – Questionou entrando na sala onde os amigos estavam.
Rin e Kohaku foram para casa deles, ela estava cansada da viagem e precisava repousar. Shippou e Miroku estavam sentados nas almofadas da sala, recebendo chá e alimentos dos servos da morada.
- Eles estão com Sango e Kaede. – O monge respondeu coçando a cabeça, gotas de suor escorriam pelas têmporas grisalhas, e não fazia calor.
- Estão na casa de Kaede? - O hanyou insistiu percebendo a ansiedade do amigo.
- Não, mas estão em total segurança...
- Estão na toca do lobo fedido? – Se aproximou deles.
- Você está de bom humor Inuyasha? – Shippou perguntou fazendo com que os dois olhassem para ele.
- Kéh! Sempre estou de bom humor. – Cruzou os braços fechando o semblante.
- Estamos vendo... – O ruivo continuou. – Como você é um idiota e imbecil, a Kagome não quis voltar pra casa.
- Onde ela está? – Insistiu e o monge não aguentava mais aquela conversa.
-Estão com Sesshoumaru. – Inuyasha trincou a mandíbula e cerrou os punhos. – Nos castelo dele, no Oeste...
- Espere seu baka!!! Está anoitecendo, onde pensa que vai? – Shippou tentou chamá-lo.
- Buscar a minha família das mãos daquele maldito!
- Mas, vamos chegar lá só amanhã... – O monge reclamou suspirando.
- Vamos seu pervertido, sua tsuma também está lá. – E sem olhar para trás, novamente eles partiram mas agora o Oeste era o destino.
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Sesshoumaru virou a noite lendo e estudando mapas, pela manhã, o barulhinho pueril de Raijin chamou sua atenção, ele movia os bracinhos e com um biquinho nos lábios, soprava o ar na tentativa de um assovio. O Lorde levantou-se da enorme cadeira de mogno, e aproximou-se do sofá onde Kagome dormia com o filhote nos braços. O pequeno estendeu os pequenos bracinhos para o Dai-Youkai, que o pegou no colo depois de alguns momentos, saindo da sala de negócios.
- Ohayou Sesshoumaru, oh! – Satori abriu a boca ao ver que o Lorde estava com Raijin no colo.
- Veja só, o pequeno Raijin! – Doragon tomou a criança dos braços do Lorde. – Ele gosta de mim, mas está triste.
- Sente falta do hanyou imprestável. – O Dai-Youkai replicou friamente.
- Onde está a hahaue dele? – A youkai questionou, olhando para o filhote.
- Está na sala do Sesshoumaru, passou a noite lá enquanto ele... – O youkai-dragão começou a falar, mas foi interrompido.
- Basta! – O Lorde falou seco olhando-o severamente. – Este Sesshoumaru já ordenou que parasse de ler meus pensamentos.
Raijin riu do jeito dele falar, levando os outros youkais a rirem também, exceto o Senhor do Oeste, que continuava com o semblante grave.
- Gomennasai Sesshoumaru. – Doragon começou. – Mas somos uma família tão linda, eu até esqueço do seu mau humor.
- Vamos Dogo. – Satori puxou ao companheiro pelo braço, delicadamente. – Vai se juntar a nós no desjejum? – Perguntou ao Lorde que negou com a cabeça. – Vamos levar Raijin conosco.
O casal saiu levando o filhote com eles, pouco tempo depois Kagome saía da sala do Lorde despenteada, e olhando para os lados a procura do filho, resolveu ignorar, provavelmente aquele anjinho estaria nos colos, aproveitando a delícia que é ser criança. Foi ao quarto em que estava hospedada e o mesmo estava vazio, todos já haviam levantado, ela aproveitou para banhar-se e usar o banheiro. Vestiu um kimono azul claro com algumas borboletas bordadas nas mangas, e penteou os cabelos colocando uma presilha de prata em formato de flor, para orná-los e prende-los parcialmente.
Chegando ao salão de refeições, o mesmo também estava vazio, o que a deixou preocupada. Onde estariam todos? Ela sentou e se alimentou rapidamente e seguindo o som das vozes de Sango e Tsunade, saiu para o imenso jardim que circundava o castelo. Estavam todos, até mesmo o Lorde Sesshoumaru tomando sol sentados na grama, ele estava em uma cadeira de dois lugares, feita de ferro fundido com lindas almofadas roxas.
- Dorminhoca! – A exterminadora disse sentada ao lado de Tsunade e Kaede, estavam em uma esteira forrada com tecido, bebendo chá. – É de hortelã, venha! – Estendeu uma xícara para ela.
- Ohayou hahaue. – A hanyou deu um beijo na mão da Miko, quando esta sentou ao seu lado.
- Ohayou meu amor.
Doragon estava com Raijin na sombra de uma árvore, dava a ele pedacinhos de um morango para que ele experimentasse, rindo com as caretas que o pequeno fazia com o sabor avesso em sua boca.
A Miko encheu duas xícaras de chá, levantando e entregando uma a Sesshoumaru.
- Não quero.
- Problema seu, vai beber. – Riu com o olhar fulminante que foi dirigido à ela. Sentou-se ao lado dele na confortável cadeira rústica com almofadas.
Tsunade levantou da esteira e foi até onde a Miko estava, sentando em seu colo, depois sentou seus pés para que a mesma, lhe fizesse uma trança nos longos cabelos prateados. Vendo toda aquela movimentação ao redor da mãe, o pequeno Raijin começou a chorar desesperadamente, e Doragon o levou para perto da Miko, mas Tsunade fez uma careta de desgosto, não queria dividir a mãe com o irmão, e mais uma vez Sesshoumaru o tomou nos braços, não queria que a sobrinha se magoasse com o sentimento venenoso que era o ciúme.
- Ele está enciumado. – Doragon disse antes de se afastar. – Todos estão. – Ria voltando para baixo da árvore onde estava Satori.
O Lorde olhou nos olhos do pequeno, que ficou mudo diante àquele contato severo, sentia que sua atenção tinha sido chamada apenas com os olhos âmbares do tio sobre si.
- Chega Chippokena. – Falou tranquilamente porém, sério.
Levou a xícara de chá, que já estava morno, aos lábios do bebê mostrando lhe um novo sabor, o pequeno bebia pondo a linguinha para fora vez ou outra, fazendo com que a Miko e a filha rissem das caretas que ele fazia.
E foi nesse contexto que Inuyasha, Miroku e Shippou chegaram aos domínios de Sesshoumaru, com Sango e Kaede deitadas na grama aproveitando a manhã de sol, Satori e Doragon trocando um beijo discreto à sombra de uma árvore, e Tsunade ganhando uma trança nos cabelos que era feita por Kagome, que estava sentada ao lado de Sesshoumaru, que tinha o bebê no colo e estava dando chá a ele, como uma perfeita família feliz, a sua família, não dele. Sua filha e esposa riam alto, o que fez o sangue do hanyou ferver.
Ele entrara passivamente, Jaken permitiu que eles fossem liberados, pois a Miko estava no castelo do Lorde com a família, e não lhe deram ordens para que o evitasse adentrar na propriedade.
- Kagome... – O sorriso morreu nos lábios da Miko, assim que ela levantou os olhos e viu que quem lhe chamava, estava tomado pelo ódio.
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