P.O.V Camila
TRIM! TRIM! TRIMMMM!
- Porra! - abri meus olhos com força, os fechando logo em seguida devido à claridade insuportável do quarto e estiquei o braço em busca do celular que tocava sem parar - Alô?!
- Bom dia, Camila - revirei os olhos ao escutar o tom irônico na voz grave tão conhecida.
- O que você quer? Espero que seja importante para ter me acordado a essa hora da madrugada.
- Madrugada? São quase 11 horas da manhã ai nos Estados Unidos - grunhiu, fazendo toda a minha cabeça de ressaca sacudir.
- Que seja. Já posso voltar a dormir?
- Dormir? Você não deveria estar na faculdade? - revirei os olhos mais uma vez, e ao ver que eu não iria responder, respirou fundo - Camila, eu te fiz uma pergunta.
- É, eu ouvi.
- Chega, pra mim já chega. Não é possível que você não vai se consertar nunca, Camila! A diretora da sua faculdade acabou de me ligar para dizer que você não dá as caras lá a quase duas semanas.
- Achei que você tivesse coisas mais importantes pra fazer do que ficar de papinho com aquela vadia.
- Olha o palavriado, garota! - reclamou e eu ri - Não foi esse o nosso acerto e você sabe bem! Nós combinamos que se eu deixasse você ir estudar ai você se formaria e voltaria com o diploma administrar minha empresa! É o nome da nossa família que está em jogo!
- Pra começar eu nunca fiz acordo nenhum com você! Quando é que você vai entender que eu não ligo pra nada disso? Eu to pouco me fudendo pra essa sua empresa de merda!
- Ah, é? E como você acha que eu ganho dinheiro para bancar todos os seus luxos, sua mimadinha? A cada dia que passa você se torna mais irresponsável e me mostra que não é digna de minha confiança! Mas agora já chega! Se você quer fazer do seu jeito, que faça, mas não será com o meu dinheiro! A partir de hoje seus cartões estão cortados, pode dar adeus a sua mesada.
- O que?! - me sentei na cama, com os olhos arregalados - Mas você não pode fazer isso!
- Não só posso como já fiz.
- E como você espera que eu sobreviva aqui?! Sem comida, sem dinheiro pra pagar o aluguel?!
- Se vire! - riu - Eu te dei várias chances e você desperdiçou todas, uma a uma, Camila. Foi você que quis assim. Tenha um bom dia.
E desligou.
P.O.V Lauren
- Lauren, sua irmã está ai - Lucy, uma das garçonetes, anunciou rapidamente, entrando na cozinha para pegar uma porção de macarrão a bolonhesa com destino ao cliente barbudo e barrigudo da mesa 6.
- Ah, certo, obrigada - respondi baixinho, enxugando as mãos no tecido grosso do meu vestido. Arrumei os cardápios na pilha perto da porta e segui para dentro do restaurante apressadamente, observando o movimento, e não pude deixar de abrir um imenso sorriso ao ver de longe os longos cabelos castanhos de minha irmã mais nova, que balançava com calma um carrinho azul claro - Tay!
- Laur! - me abraçou forte e eu me afastei ao ouvir um gritinho estridente já tão conhecido.
- Acho que alguém também quer um abraço da tia Laur...
- Calminha meu amor, acha que eu esqueci de você? - abaixei, tirando Connor do seu carrinho coberto de brinquedos e o enchi de beijos - Como está meu sobrinho favorito?
- Ele é seu único sobrinho, Lauren - revirou os olhos, rindo.
- Por enquanto...
- Nem pensar! Esse capetinha ai já vale por quatro! Até hoje não consigo entender como você teve coragem de ter dois.
- Nem eu mesma consigo! - balancei a cabeça, rindo nasalmente - Mas aquelas duas pestes são minha vida, você sabe disso. Olha só, eu os vi a algumas horas e mesmo assim já estou morrendo de saudades.
- Ué, eles ainda estão na escola? - checou o relógio em seu pulso, estranhando.
- Não, hoje eles vão passar a tarde na casa de uma amiguinha do Logan...a mãe dela foi bem gentil em olhar eles para mim essa tarde...já faltei muito semana passada e a última coisa que eu preciso agora é perder meu emprego - suspirei fundo, brincando com a mão quentinha e rechonchuda que balançava em minha frente.
- Laur, eu já disse que posso muito bem ficar com eles nos dias que eu não tiver que dar aula.
- Eu sei, e agradeço muito, mas você já ajuda demais. E além disso você tem o Connor, seus compromissos, seu marido...não quero te ocupar mais do que já ocupo, de verdade. Deixa que eu dou conta disso sozinha.
- Tudo bem - suspirou, se dando por vencida.
- Obrigada. Eu te amo, Taytay - sorri um sorriso fraco e amarelo, me esticando para tocar de leve em sua mão fria. Tirando os meninos, a Taylor é a única família que eu tenho, e as vezes parece que ela é que é a irmã mais velha.
- Eu te amo também, você sabe disso.
- Lauren, você pode dar uma chegadinha aqui por favor? - Veronica, minha chefe, esticou sua cabeça pela porta da cozinha, me chamando, e eu estranhei. Ela só ia diretamente ao restaurante quando tinha algo muito importante para resolver.
- Tay, eu preciso ir.
- Tudo bem, vai lá. Você vai jantar lá em casa hoje, não é? - perguntou e eu assenti - A gente se vê mais tarde então.
Balancei a cabeça, concordando, e passei Connor de volta para seus braços, correndo para voltar ao trabalho.
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